Discurso durante a 70ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários a matéria intitulada "A Fada Encantada", de autoria do jornalista Abelardo Jurema Filho, publicada no Diário de Pernambuco, edição de hoje, em homenagem a D. Creuza Pires, recentemente falecida. Registro da aprovação de projeto, na Comissão de Educação, Cultura e Esporte, de autoria de S.Exa., que institui o Dia Nacional do Sanfoneiro.

Autor
Efraim Morais (DEM - Democratas/PB)
Nome completo: Efraim de Araújo Morais
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA CULTURAL.:
  • Comentários a matéria intitulada "A Fada Encantada", de autoria do jornalista Abelardo Jurema Filho, publicada no Diário de Pernambuco, edição de hoje, em homenagem a D. Creuza Pires, recentemente falecida. Registro da aprovação de projeto, na Comissão de Educação, Cultura e Esporte, de autoria de S.Exa., que institui o Dia Nacional do Sanfoneiro.
Publicação
Publicação no DSF de 13/05/2009 - Página 16758
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA CULTURAL.
Indexação
  • LEITURA, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, DIARIO DE PERNAMBUCO, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), HOMENAGEM POSTUMA, MULHER, COMERCIANTE, MUNICIPIO, JOÃO PESSOA (PB), ESTADO DA PARAIBA (PB), ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO, ASSISTENCIA SOCIAL, ATENDIMENTO, POPULAÇÃO CARENTE.
  • COMENTARIO, APROVAÇÃO, COMISSÃO DE EDUCAÇÃO E CULTURA, ESPORTE, PROJETO DE LEI, AUTORIA, ORADOR, CRIAÇÃO, DIA, MUSICO, INSTRUMENTO MUSICAL, IMPORTANCIA, VALORIZAÇÃO, CULTURA, MUSICA POPULAR, BRASIL, ESPECIFICAÇÃO, REGIÃO NORDESTE, ESTADO DA PARAIBA (PB).

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. EFRAIM MORAIS (DEM - PB. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Senador Mão Santa.

Srªs Senadoras, Srs. Senadores, Senador Mão Santa, quando se conhece uma pessoa que se estima, que se quer bem e que se sabe que é uma pessoa que passou a vida para fazer exatamente aquilo de que ela mais gostava: fazer o bem-viver, procura-se homenageá-la. Eu procurei fazer uma homenagem a essa pessoa, que faleceu recentemente, há mais ou menos 10 dias.

O que seria um voto de pesar? É pouco. Eu acho que é pouco e não iria bater com aquilo que ela pensava, porque era uma pessoa que não admitia isso. Era uma pessoa feliz, que não pensava exatamente nesse tipo, e não queria, de homenagem.

Hoje, eu voltava da Paraíba e tive a oportunidade, ao ler os jornais, de encontrar no Diário de Pernambuco de hoje, na página 11, onde tem Opinião, uma matéria que era tudo de que eu precisa para fazer essa homenagem ao nome dessa figura extraordinária.

A matéria tem o título de “A Fada Encantada”.

“A Fada Encantada” é um artigo de autoria do jornalista Abelardo Jurema Filho, filho do ex-Ministro Abelardo Jurema, e está vazado nos seguintes termos, e peço seja registrado na íntegra em nossa ata de trabalhos.

Ela parecia um personagem de Walt Disney, daqueles que distribuem vida e alegria para crianças e adultos. Sua vida não se limitava a si mesma: o seu principal foco era alimentar os outros, nutrir os seus semelhantes de esperança e de amor. Quando a conheci, era uma mulher poderosa, rica, que morava num castelo encantado na Avenida Epitácio Pessoa, em João Pessoa, onde se hospedavam os homens mais influentes do País. Fiquei surpreso ao conhecê-la: ao invés de uma rainha encontrei uma mulher simples, despojada, que nem de longe parecia a dona do império que construíra com o suor do seu trabalho. No GranPires, o Lojão da Lagoa, a primeira grande loja de departamentos da Cidade, dona Creuza Pires agia como se estivesse numa mercearia a receber os seus fregueses com carinho e intimidade. Em época onde as máquinas já substituíram os homens, dona Creusa ainda adorava o seu caderninho para anotar os fiados.

Não tinha clientes, apenas amigos fraternos e queridos.

Naquele tempo, quando podia frequentar os mais sofisticados salões de festa em qualquer parte do mundo, dona Creuza passava os seus fins de semana na sede da Amen - a Associação Metropolitana de Erradicação da Mendicância, entidade que protegia como uma fada madrinha.

Nos fins de semana, religiosamente, ela estava lá ao lado do seu grande companheiro Adrião Pires, que com ela comungava todas as suas ações.

Acompanhei, como toda a cidade, a débâcle financeira da família, que não resistiu à pressão dos grandes grupos econômicos e às constantes mudanças da economia. Isso em nada alterou a personalidade nem o estilo de vida de dona Creuza, que jamais queixou-se do infortúnio. Certa vez me confessou que jamais teve mais do que dois pares de sapatos, “um, para sair, e outro, para ficar em casa”.

A mulher dona do GranPires era a mesma que estava por trás do balcão entre artigos de ponta de estoque da Bagunça, uma loja de fundo de garagem que montou com o que ainda sobrou após o vendaval que lhe varreu tudo o que tinha, menos o seu espírito inquieto e realizador.

Símbolo da humildade, da alegria e da vontade de viver, dona Creuza Pires era uma mulher singular, feliz, que se comprazia em fazer o bem sem olhar a quem. Um exemplo que ficará para sempre de um ser humano amplo, plural, generoso, solidário e coletivo cuja primeira providência que vai tomar quando se apresentar a São Pedro será propor a formação de um bloco de carnaval para amparar e alegrar as almas mais carentes do purgatório.

Srªs Senadoras, Srs. Senadores, quero, aqui, evidentemente, parabenizar o jornalista Abelardo Jurema Filho, porque, em poucas palavras, ele traduz, Senador Mão Santa, a história, o perfil, a trajetória de uma mulher extraordinária, uma mulher que, há mais ou menos dez dias, nos deixava, lá na nossa querida João Pessoa.

Dona Creuza tinha 80 anos de idade, mas parecia uma jovem de 15. Nunca vi alguém que gostasse tanto de viver como dona Creuza.

E ela tinha um objetivo: fazer o bem e não queria saber a quem.

Por isso, eu fazer esse registro, peço a transcrição, na íntegra, nos Anais da Casa desse artigo publicado hoje no Diário de Pernambuco, na sessão “Opinião”, de autoria do jovem jornalista Abelardo Jurema Filho

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Ele é filho do ex-Ministro...

O SR. EFRAIM MORAIS (DEM - PB) - Filho do ex-Ministro Abelardo Jurema, que, ao fazer essa homenagem, traduz exatamente tudo aquilo que era dona Creuza. Então, ele fala, aqui, em nome de milhares de paraibanos que tiveram a felicidade de conhecer essa mulher extraordinária.

Sr. Presidente, faço essa homenagem à fada encantada, dona Creuza, que era, eu diria, uma mulher feliz, uma mulher alegre, foi Vereadora na cidade de João Pessoa, fazia de tudo, porque ela queria bem a João Pessoa e queria bem aos paraibanos.

Para concluir a minha fala, Presidente, com muito orgulho - talvez alguns não entendam nossa homenagem, até critiquem o nosso trabalho - tive a alegria, hoje, de aprovar, na Comissão de Educação, Cultura e Esporte, projeto de minha autoria, que instituiu o Dia Nacional do Sanfoneiro.

E ali, quando subi, encontrei-me com alguns cearenses, e lembrei-me da história do nosso Nordeste, lá na divisa com a nossa Cachoeira dos Índios, na Paraíba, e recebi aparte do Senador Inácio Arruda, que contou um pouco da história do Ceará em relação à nossa cultura, à nossa sanfona.

O nosso intento precípuo, Senador Mão Santa, com esse projeto, é prestar homenagem ao talento e à importante contribuição dos sanfoneiros para a sempre crescente valorização da cultura nacional.

A música popular brasileira, Senador Mão Santa, é uma das mais relevantes expressões da cultura pátria, constituindo um dos nossos maiores patrimônios, produto número um da pauta de exploração cultural do Brasil. A música tem contribuído de maneira inequívoca para a expansão das fronteiras nacionais.

Neste contexto, Senador Mão Santa, ao nos referirmos à música como bem cultural, estamos nos reportando também à sua feição popular, à sua esperança na espontânea manifestação do nosso povo.

Assim, Srªs e Srs. Senadores, no rol dos bens culturais brasileiros estão incluídos o baião, o forró e outros ritmos regionais. Em consequência, a sanfona e o sanfoneiro figuram no mesmo rol. Por que aqui não lembrarmos das mãos dos seus mais brilhantes executores, como o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, Hermeto Pascoal, Dominguinhos, Caçulinha, Pinto do Acordeon, Amazan, Flávio José e tantos outros que usaram esse instrumento para se tornar populares?

A sanfona reafirma sua condição de um dos mais peculiares e indispensáveis instrumentos para essa expressão.

E o dia que eu escolhi, Sr. Presidente? Escolhi o dia 26 de maio para fazer essa homenagem. Por que 26 de maio? Porque a data de 26 de maio, eleita para a homenagem proposta, requer atenção. Ocorre que, ao nos referirmos à sanfona e ao sanfoneiro, um nome nos vem de pronto: o de Sivuca, o maestro Sivuca, o mestre Sivuca, um dos maiores músicos brasileiros de todos os tempos. Nascido Severino Dias de Oliveira, a 26 de maio de 1930, na guerra de 30, em Itabaiana, na minha Paraíba, e falecido em dezembro de 2006, em João Pessoa, também na Paraíba, Sivuca, como passou a ser chamado e internacionalmente conhecido, contribuiu de maneira decisiva para o enriquecimento da música regional e popular brasileira e para a divulgação da sanfona mundo afora.

Por isso, Senador Mão Santa, eu quero primeiro agradecer aos meus pares, Senadoras e Senadores, que votaram essa matéria por unanimidade. Na realidade, estamos resgatando uma das coisas mais belas que o sertanejo e o nordestino conhecem. E devo dizer, para que V. Exª tenha uma idéia, que na minha Paraíba, Senador Tião Viana, nós temos a Orquestra Sinfônica da Paraíba e temos a Sanfônica - Orquestra Sanfônica da Paraíba. É uma orquestra formada por dezenas de sanfoneiros tocando a mesma música no mesmo tom, algo que impressiona a quem não teve oportunidade de conhecer. A nossa TV Senado já teve a oportunidade de transmitir algo nesse sentido.

Por isso é que faço esta homenagem ao sanfoneiro de todo o Brasil, principalmente neste momento em que nós, os nordestinos, estamos iniciando, agora no mês de junho, as festas juninas, que vão começar em junho e só vão terminar lá para o começo de agosto, porque nós temos as festas juninas e as festas de Santana.

Por isso, deixo essa homenagem e tenho certeza de que cumpro com a minha obrigação de reconhecer esses homens e essas mulheres que fazem a alegria e espalham a nossa cultura pelo País afora.

Muito obrigado a V. Exª pela tolerância.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. EFRAIM MORAIS EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do inciso I, § 2º, art. 210 do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Projeto de Lei nº 207, de 2008”.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/05/2009 - Página 16758