O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Presidente Mão Santa.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, pedi a palavra para fazer um comunicado, um registro, porque entendo que a publicidade e a propaganda já ensina isto: quando se repete uma mentira muitas vezes, termina, parte das pessoas, acreditando que isso pode ser verdade...

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Goebbels, comunicador de Hitler.

 O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR) - Goebbels, comunicador de Hitler, foi mestre em fazer isso.

Quero aclarar aqui um fato e deixar registrado inclusive nos Anais, para a posteridade, que diz respeito a esse embate ou esse registro feito pela imprensa nos últimos dias sobre a questão da Infraero e do PMDB.

Eu me vi envolvido nessa questão, Sr. Presidente, porque, mencionado em todas as matérias, foi registrada a demissão de um irmão meu, Oscar Jucá Neto, que mora em Recife e que ocupava uma assessoria intermediária - ele é formado em administração pública - na Infraero, em Recife.

Dessa realidade, dessa verdade, surgiram algumas afirmações, muitas delas capciosas, outras mentirosas, outras eivadas de asneiras, e que precisam ser registradas aqui e esclarecidas, pelo menos do meu ponto de vista e da minha posição. Não falo aqui pelo PMDB. Quem fala pelo PMDB é o Deputado Michel Temer.

Mas quero registrar primeiro algumas verdades. A primeira delas: não pedi ao Ministro Nelson Jobim, nem ao Presidente da Infraero, nem ao Ministro da Defesa, a contratação de meu irmão na Infraero. Ele ocupou esse cargo a convite, em Recife, de pessoas que trabalhavam na Infraero.

Meu irmão é casado com uma arquiteta da Infraero, que trabalhava lá também, a Taciana.

E quando tomei conhecimento da demissão dos dois - até porque não acompanhava esse caso -, tomei conhecimento da demissão que ocorreu da seguinte forma: alguém o chamou na Infraero do Recife e disse que estavam demitindo todos os indicados políticos ou cargos comissionados, ou “cargos de confiança”, e que essa demissão era porque a empresa iria se livrar das indicações políticas, ou da relação política.

Eu disse a ele que assinasse a rescisão do trabalho, porque era isso que cabia a ele fazer. E registrei ao Coordenador Político do Governo, Deputado José Múcio, que entendia que essa não era forma correta de demitir ninguém, falando mal dos políticos, independente de ser meu irmão, ou de qualquer outro político. Foi esse o registro que fiz. Não pedi para o meu irmão voltar, não falei com o Presidente Lula para o meu irmão voltar. E sou de certa forma surpreendido pelas matérias na imprensa de que haveria uma grande pressão do PMDB pedindo a volta das pessoas da Infraero.

Quero dizer aqui o seguinte: não estou pedindo nada ao Ministro Nelson Jobim, não falei com o Ministro Nelson Jobim nenhuma linha pedindo a volta do meu irmão. O que registrei dentro do Governo foi a falta de cortesia, a falta de educação, a falta de civilidade que se fez ao demitir, não o meu irmão, mas qualquer pessoa que trabalhasse na Infraero, da forma como fizeram, porque nós, políticos, não podemos entender que a classe política seja motivo para demissão de alguém. Acho que se deve limpar a Infraero. Se houver, e aqui o termo usado é faxina, é limpeza, na Infraero, o Ministro Jobim tem a obrigação, se tiver algo errado, de desvio, de qualquer irregularidade, de vir a público e dizer quem é.

Acho que dizer que está limpando, que está faxinando sem dizer quem está sujando ou que tipo de irregularidade ocorreu é algo que gera muita leviandade e é injusto com quem trabalhava. O meu irmão dava expediente e trabalhava lá todos os dias. Então, se vai sair, é um problema da gestão da Infraero. Que saia, não estou aqui questionando a decisão. Se a Infraero vai ser preparada para ser privatizada, ótimo, vamos discutir o modelo de privatização. Se a Infraero só vai ter diretores da Casa, ótimo. Agora, vamos fazer um concurso público para botar os melhores servidores da Casa e não pessoas indicadas ou de panelinhas ligadas a grupos políticos dentro da Infraero. Vamos botar os melhores. É isso o que temos de fazer e é isso o que vou defender. E ontem, para culminar toda essa exacerbação, vejo matéria do Ministro Nelson Jobim dizendo: “Se não for sério, não é para mim.” Eu acho que, se não for sério, não é para ninguém.

         E, se alguém não está agindo com seriedade, o Ministro Nelson Jobim deve dizer quem é.

E mais: “Jobim ameaça sair caso pressão do PMDB consiga frear enxugamento da Infraero”. Eu quero dizer ao Ministro Nelson Jobim que, se depender de mim, ele fica. Aliás, fica até eu aprovar a minha PEC, que define que o Ministro da Defesa precisa ser militar da ativa ou da reserva para entender de defesa. Mas, enquanto não, o Ministro Nelson Jobim está fazendo uma grande obra, é um grande Ministro e, portanto, deve continuar no Ministério da Defesa, trabalhando. Não será por minhas mãos ou por pressão de que eu participe que o Ministro Nelson Jobim terá desculpa ou terá motivos para sair da Infraero. Não será.

Agora quero que essas coisas fiquem claras. Mais do que isso: tem alguém do PMDB, que não se identifica para o jornalista Gerson Camarotti, que diz: “Para o PMDB, Planalto fica devendo”. Quero dizer também que o Presidente Lula e o Planalto não me devem nada, Presidente Mão Santa. Essa questão, para mim, está encerrada.

Agora nós devemos, sim, privatizar, ou priorizar, ou profissionalizar todos os órgãos, não é só a Infraero, não. A Anac também. Nós temos que ter na direção da Anac servidores da Anac. Nós temos que ter no Ministério da Defesa militares experientes com a visão de defesa do País, da ativa ou da reserva, porque os militares da reserva também precisam ser respeitados. Nós temos que discutir a estratégia nacional de defesa de uma forma ampla, com todos, e é isso que nós vamos defender aqui.

Então, eu estou usando da palavra exatamente para, primeiro, esclarecer os fatos com muita tranquilidade. Não quero celeuma com o Ministro Jobim, mas quero que a verdade seja restabelecida.

Não pedi para entrar e não pedi para voltar. Se alguém está fazendo pressão, que o Ministro diga quem é. E, se alguém cometeu irregularidades, que o Ministro tome providências e diga quem é também. Da minha parte, ele terá toda a parceria para melhorar a Infraero, para atuar em conjunto com a Infraero. O que eu fiz com a Infraero foi pedir que fizesse e ampliasse o aeroporto de Boa Vista, que está feito; eu pedi obras para o meu Estado, para a capital Boa Vista - e não sei nem quem é que está fazendo a obra.

O meu irmão, em Recife, não ocupava nenhum cargo de direção, de comando, de gestão ou qualquer outro ação que pudesse ter qualquer tipo de ingerência ou qualquer comando na direção da Infraero. E os dirigentes da Infraero, hoje, são todos eles indicados pelo Ministro Nelson Jobim.

Portanto, eu acho que é importante colocar os pontos nos is exatamente para que não pairem dúvidas sobre, pelo menos, a minha atuação. Não posso falar pelo PMDB, mas duvido que os membros do PMDB estejam agindo da forma como foi noticiado ou como foi plantado na imprensa.

Portanto, restabelecida a verdade, Senador Mão Santa, eu agradeço a oportunidade de fazer aqui esse desabafo, fazer esse registro, não para polemizar, como eu disse, mas para ficar registrado na Casa, nos Anais do Senado. E, se no futuro for preciso cotejar algum tipo de informação ou acusação leviana, que a verdade possa ser restabelecida pelos Anais desta Casa.

Muito obrigado.

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