Discurso durante a 73ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Repúdio às lamentáveis "marchas da maconha", passeatas em favor da legalização da droga em todo o país.

Autor
Gerson Camata (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Gerson Camata
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DROGA.:
  • Repúdio às lamentáveis "marchas da maconha", passeatas em favor da legalização da droga em todo o país.
Publicação
Publicação no DSF de 15/05/2009 - Página 17333
Assunto
Outros > DROGA.
Indexação
  • REPUDIO, REALIZAÇÃO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, DEFESA, LEGALIDADE, CONSUMO, DROGA, ESTADOS, PAIS, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), PRESENÇA, MINISTRO DE ESTADO.
  • COMENTARIO, PESQUISA, INICIATIVA, ENTIDADE, PREVENÇÃO, CONSUMO, DROGA, INSTITUIÇÃO DE PESQUISA, PAIS ESTRANGEIRO, GRÃ-BRETANHA, CONFIRMAÇÃO, RISCOS, SUPERIORIDADE, UTILIZAÇÃO, AGROTOXICO, ACELERAÇÃO, CRESCIMENTO, PLANTAS PSICOTROPICAS, PROVOCAÇÃO, USUARIO, PERDA, CAPACIDADE, POSSIBILIDADE, DESENVOLVIMENTO, CARACTERISTICA, PSICOPATA, PREJUIZO, ORGÃO HUMANO.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, repetiu-se mais uma vez, no início de maio, o espetáculo das passeatas em favor da legalização da maconha, em cidades como Rio de Janeiro, Porto Alegre, Brasília, Belo Horizonte e Juiz de Fora. Na capital carioca, a chamada “marcha da maconha” contou até mesmo com a participação entusiasmada de um ministro de Estado, defensor aberto da descriminalização. Ele se juntou a jovens de classe média e classe média alta, para reivindicar o livre consumo da droga em todo o País.

Notável foi a ausência de pobres na passeata, de moradores das favelas. Eles com certeza não compareceram porque vivem, em sua rotina diária, os dramas decorrentes do uso de drogas por seus filhos. A degradação, a morte precoce, a violência das quadrilhas de traficantes, tudo isso está presente em seu cotidiano. Já na Praia de Ipanema, onde ocorreu a manifestação, a história é outra - os privilegiados que exigem o direito de fumar seu cigarro de maconha sem que a polícia os importune contam até com serviços de tele-entrega de drogas...

Proibida em várias capitais, por decisão judicial, a marcha só contou com um número expressivo de participantes no Rio de Janeiro, talvez devido ao estímulo da presença do ministro. Tanto ele quanto os demais manifestantes não devem ter lido os resultados de uma pesquisa realizada pelo Serviço Nacional de Orientações e Informações sobre a Prevenção ao Uso Indevido de Drogas, conhecido pela sigla Vivavoz. A pesquisa, por coincidência, foi divulgada poucos dias antes da realização da marcha.

Os dados revelam que a maconha é a porta de entrada para o uso de cocaína e de crack no Brasil. Nada menos que 49 por cento dos usuários que ligam para o serviço dizem ter começado fumando maconha. Em pouco tempo, partem para drogas mais pesadas, como a cocaína e o crack. Ao comprarem maconha, ganham acesso a estas últimas, também vendidas pelos traficantes, e decidem experimentá-las. Daí para se tornarem viciados, é um passo.

Os malefícios da maconha, diz a professora Helena Barros, coordenadora do Vivavoz, já começam pelo plantio. Quem a cultiva utiliza pesticidas e agrotóxicos em enormes quantidades, para que a planta cresça bastante, e cresça com rapidez. O usuário inala todas essas substâncias nocivas adicionais, além das já conhecidas, presentes na droga. Calcula-se que, de cada 10 pessoas que a experimentam, pelo menos metade acaba viciada. As conseqüências são muitas: perda da capacidade cognitiva e de memorização, apatia e grandes possibilidades de desenvolvimento de sintomas psicóticos.

Já tive oportunidade, no ano passado, quando as mesmas passeatas foram realizadas em cidades brasileiras, com escasso número de adesões, de expor as conclusões de um extenso número de estudos médicos sobre os males da maconha. São pesquisas realizadas por instituições de renome, européias e norte-americanas, que chegaram a conclusões surpreendentes - uma delas, de autoria de pesquisadores canadenses e da Fundação Britânica do Pulmão, concluiu que fumar maconha pode ser até mais prejudicial aos pulmões que fumar cigarros de tabaco.

Enfim, a maconha não é reprimida apenas por um capricho autoritário, como querem fazer crer os manifestantes. Mas evidências tão fortes como as que provêm das pesquisas científicas são sumariamente descartadas pelos defensores da legalização. Para eles, o livre consumo da maconha seria até capaz de acabar com a violência. Devem acreditar que, com a droga disponível em maços vendidos em bares e padarias, os traficantes se dedicariam a atividades legais e inofensivas, como a venda de sanduíches naturais, em vez de intensificar o comércio de drogas mais pesadas - que com certeza aumentaria de maneira vertiginosa, estimulado pela disponibilidade da maconha.

São os consumidores de drogas, como já se cansaram de dizer os estudiosos da questão, que financiam a compra de armas pesadas contrabandeadas pelas quadrilhas de traficantes. Estas, por sua vez, não se limitam ao tráfico. Com o dinheiro obtido, dedicam-se também a outros ramos de atividade lucrativos, como a prostituição, assaltos e roubos. A legalização da maconha não prejudicaria esses criminosos. Pelo contrário, proporcionaria um formidável impulso aos seus negócios. Não seria surpreendente se eles estivessem entre os maiores incentivadores dessas lamentáveis “marchas da maconha”...


Modelo1 5/18/245:17



Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/05/2009 - Página 17333