Discurso durante a 75ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro da realização da quinta edição do Fórum Novos Líderes Empresariais, ocorrido na cidade de Ipojuca - PE, com a participação de expressivas lideranças políticas e empresariais do Brasil. Breve referência ao Movimento Novos Líderes e suas principais abordagens.

Autor
Marco Maciel (DEM - Democratas/PE)
Nome completo: Marco Antônio de Oliveira Maciel
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIAL.:
  • Registro da realização da quinta edição do Fórum Novos Líderes Empresariais, ocorrido na cidade de Ipojuca - PE, com a participação de expressivas lideranças políticas e empresariais do Brasil. Breve referência ao Movimento Novos Líderes e suas principais abordagens.
Publicação
Publicação no DSF de 19/05/2009 - Página 17915
Assunto
Outros > POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • REGISTRO, OCORRENCIA, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), FORO, EMPRESARIO, JUVENTUDE, LIDERANÇA, DEBATE, RENOVAÇÃO, SETOR, ANALISE, MOVIMENTAÇÃO, LIDER, DISCUSSÃO, PROBLEMAS BRASILEIROS, BUSCA, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL, AMBITO, EDUCAÇÃO, POLITICA, REFORMA TRIBUTARIA, MEIO AMBIENTE, INFRAESTRUTURA, ANEXAÇÃO, ENTIDADE, COMUNIDADE, ASSOCIAÇÕES, PROPOSTA, LEGISLAÇÃO, RESPONSABILIDADE, DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL, POSSIBILIDADE, INICIATIVA PRIVADA, REPASSE, RECURSOS, ENSINO PUBLICO, RELAÇÃO, DEDUÇÃO, IMPOSTOS, SEMELHANÇA, INCENTIVO FISCAL, AREA, ESPORTE, CULTURA, ELOGIO, CRIAÇÃO, CURSOS, INCENTIVO, ALUNO, PARTICIPAÇÃO, DESENVOLVIMENTO NACIONAL, CIDADANIA.
  • DEFESA, INCENTIVO, JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO, POLITICA NACIONAL, RENOVAÇÃO, LIDERANÇA, IMPORTANCIA, PARTIDO POLITICO, MOBILIZAÇÃO, SETOR, INCLUSÃO, MULHER, VIDA PUBLICA.
  • ELOGIO, PARTIDO POLITICO, DEMOCRATAS (DEM), CRIAÇÃO, FUNDAÇÃO, PROMOÇÃO, ESTUDO, BENEFICIO, DIRETRIZ, PROGRAMA PARTIDARIO.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, nobre Senador Mão Santa, Srs. Senadores Papaléo Paes, Mário Couto, Cristovam Buarque, Srªs e Srs. Senadores, venho hoje, nesta tarde, à tribuna do Senado Federal para registrar um acontecimento que considero relevante, a realização do Fórum Novos Líderes, ocorrido no Hotel Enotel, na cidade de Ipojuca, Pernambuco, onde, como sabem V. Exªs, se encontra a praia de Porto de Galinhas. Lá verificou-se a segunda edição do Fórum Novos Líderes, que reúne jovens empresários. Contou o evento com a presença, entre outros, de empresários jovens e de expositores. Eu gostaria de destacar, entre os presentes, o Prefeito de Ipojuca, Pedro Serafim; d empresário André Skaf, filho do Presidente da Fiesp, um dos coordenadores do Fórum; e registrar as presenças do Governador de Pernambuco, Eduardo Campos; do Senador Sérgio Guerra; do Senador Marconi Perillo; do Dr. Paulo Skaf, Presidente da Fiesp; do Deputado Nilson Pinto; do Deputado Federal Paulo Bornhausen, filho do Senador Jorge Bornhausen, atual Presidente da nossa Fundação, intitulada Liberdade e Cidadania.

Desejo fazer uma breve referência ao Movimento chamado Novos Líderes.

Trata-se de um movimento que surgiu há cerca de cinco anos quando um grupo de lideranças da nova geração brasileira começou a se reunir para debater temas de relevância não apenas para o futuro dos seus negócios, mas para o futuro do País. Cinco temas principais foram identificados como primordiais para o desenvolvimento sustentável da Nação: educação, política, reforma tributária, meio ambiente e infraestrutura.

Atualmente, Sr. Presidente Senador Mão Santa, fazem parte do movimento importantes lideranças comunitárias como Cufa (Central Única das Favelas), Afroreggae, Todos pela Educação e associações de bairro; as empresariais Instituto de Estudos Empresarias (IEE), Conaje (Confederação Nacional dos Jovens Empresários) e CJE (Conselho de Jovens e Empreendedores).

Em 2008, aconteceu o primeiro Fórum Novos Líderes. Lideranças de 18 Estados brasileiros participaram e discutiram os cinco assuntos que formam o eixo de sustentação do movimento. Dois projetos surgiram a partir das discussões do Fórum. A segunda edição aconteceu nos dias 14 a 17 de maio, como disse há pouco, na praia de Porto de Galinhas, no Enohotel.

O Movimento Novos Líderes teve oportunidade de suscitar, através de Parlamentares que integram o Congresso Nacional, uma proposta de Lei de Responsabilidade na Educação, possibilitando que a iniciativa privada repasse recursos à educação pública mediante o cumprimento de metas e parâmetros previamente definidos.

As verbas para investimentos no ensino estariam relacionadas à dedução fiscal, nos moldes das leis de incentivo ao esporte e da Lei Rouanet. Além disso, o curso Novos Líderes está sendo implantado no Colégio São Lourenço Castanho, em São Paulo. Dizem os organizadores do movimento - à frente, André Skaf - que “queremos contribuir com a formação desta geração, despertando nos alunos, ainda que de forma incipiente, o interesse e o desejo de se aprofundar ainda mais em questões fundamentais, como os cinco temas do movimento”, que são justamente aqueles a respeito dos quais já me referi: educação, política, reforma tributária, meio ambiente e infraestrutura.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, sabemos que o Brasil é um País jovem, mas também é um País de jovens. É necessário, portanto, dar-lhes acesso à educação, às novas tecnologias e também é importante, a meu ver, suscitar o interesse dos jovens na participação do projeto de desenvolvimento do País.

Há várias formas de cidadania: a cidadania política, talvez a mais importante, a primeira delas; a cidadania sindical; a cidadania através de organizações não-governamentais; das profissões liberais; e daqueles que buscam, na comunidade em que vivem, trazer sua contribuição para melhorar o País e, por que não dizer, melhorar a qualidade de nossa vida. .

Certamente, Sr. Presidente, a mais importante forma de cidadania é a cidadania política, a primeira, aquela que se relaciona, como diziam os romanos, a polis, ou a civitas, isto é, as formas de organização de governo, de gerenciamento das cidades, dos países. É lógico que, dentro desta cidadania política, há também uma cidadania partidária, através da ação dos partidos, que é um meio de fazer com que os jovens possam participar da vida pública, é uma forma de suscitar novas lideranças. É fundamental motivá-los e, talvez, criar estímulos para que as presenças dos jovens e das jovens ocorram.

No Brasil, ainda é muito reduzida a participação dos jovens nos partidos políticos. É lógico que a vida pública não se faz somente através dos partidos políticos. Mas o partido político é om canal de articulação entre o governo e a sociedade. Daí por que é fundamental que busquemos fazer com que possamos despertar novas vocações para a vida pública, para política. Enfim, essa é uma contribuição que o jovem é chamado a dar.

Refiro-me, sobretudo, a praticar a política como ciência, virtude e arte do bem comum, que, aliás, é, na sua essência, a forma mais nobre de exercer a atividade política. Fazer a política com “p” maiúsculo, com “p” grande, como dizia Joaquim Nabuco. Joaquim Nabuco sempre insistia - e isso está expresso no seu livro Minha Formação - que ele fazia a política com “p” grande, isto é, política como ciência, virtude e arte do bem comum. Se não me engano, este é o primeiro capítulo do livro Minha Formação, de Joaquim Nabuco, cujo centenário de desaparecimento vamos celebrar no próximo ano, em 2010.

Sr. Presidente Senador Mão Santa, Srªs e Srs. Senadores, a liderança é um carisma, isto é, um dom. Aliás, “carisma” é uma palavra de origem grega que quer dizer que a pessoa, de alguma forma, nasce já vocacionada para uma atividade.

Há um ditado latino que diz poeta non fit, sed nascitur, quer dizer, o poeta não se faz, nasce. A mesma coisa poderíamos aplicar aos políticos. Aqueles que nascem vocacionados, com carisma para a ação política, esses devem ser estimulados para que possamos estar sempre renovando nossos quadros dirigentes, ou seja, trazendo sempre seiva nova ao ato de praticar a democracia.

Acho que no Brasil os jovens precisam ser cada vez mais estimulados à prática da política, como forma de melhorar a qualidade da política que se pratica no Brasil. De mais a mais, é bom lembrar também que a verdadeira, a autêntica liderança não é imposta. A melhor e verdadeira liderança é “internalizável” por livre aceitação dos liderados.

Daí por que, Sr. Presidente, consideramos fundamental criar condições para que os partidos políticos, das mais diferentes formações doutrinárias ou ideológicas, interessem-se, cada vez mais, pela mobilização dos jovens.

Quando falo dos jovens, diria também das jovens, pois também é importante estimular a participação da mulher na vida pública. No Brasil, cedo, demos o voto à mulher. O voto feminino ocorreu já após a Revolução de 1930, em 1932, com o Código Eleitoral. É bom lembrar que, quando surgiu o Código Eleitoral em 1932, concomitantemente com ele, surgiu também a Justiça Eleitoral. Já à ocasião, estabelecera-se a questão do voto feminino. O Brasil, sob esse aspecto, antecipou-se a muitos países da Europa e do chamado Primeiro Mundo, mas ainda é muito baixa a participação da mulher na política, em que pesem os estímulos para que haja maior participação da mulher na vida pública brasileira. Não obstante a lei de cotas, ainda é muito reduzida a presença da mulher na vida pública do nosso País, tanto no Executivo quanto no Legislativo. De alguma forma, esse mesmo raciocínio poderia ser aplicado ao Judiciário.

Mas, Sr. Presidente, diria que, segundo Max Weber em uma das suas obras, em definição clássica, ele distingue os líderes tradicionais, os carismáticos e os racionais legais. A Humanidade não percorre propriamente estágios ou ciclos. Eles se apresentam geralmente mistos, com ênfase em cada tipo, fundamentando a respectiva legitimidade, para isso tendo de apresentar resultados positivos concretos.

É ainda de Max Weber o raciocínio de que o prestígio também é uma forma de poder, como se vê no caso de artistas e cientistas mais conhecidos, que exercem considerável influência na opinião pública, mesmo sem se envolverem diretamente na política, nos negócios e na religião.

Sr. Presidente, com isso, Max Weber num dos seus livros, observa que é fundamental que o exercício da atividade política se faça de forma correta, através da desejada legitimidade da ação pública.

Sr. Presidente, as lideranças brotam dentro de culturas. O que parece carismático em uma pode não o ser em outra. O mesmo se aplica ainda mais às tradições. Elas costumam corresponder aos antecedentes históricos de cada cultura.

Ortega y Gasset, o pensador espanhol, cujas leitura e releitura são sempre necessárias, foi o primeiro a demonstrar a importância das gerações na sucessão das lideranças culturais, políticas, empresariais e religiosas. Aliás, Ortega y Gasset desenvolveu o conceito de geração, dizendo que o espaço entre uma geração e outra deveria ser calculado em torno de 15 anos. Cada geração tende a gerar seus próprios líderes, dentro das respectivas culturas e realidades sociais e econômicas.

Sr. Presidente, os partidos políticos devem preparar suas lideranças para o exercício da atividade política em nosso País. Somos um País de enorme extensão territorial, com população que chega perto de 200 milhões de habitantes e precisamos despertar a consciência cívica dos jovens, homens e mulheres. Considero que, cada vez mais, devemos renovar quadros e suscitar o interesse dos jovens e das jovens pela participação política. Sem isso, obviamente, não vamos promover adequadamente a renovação dos nossos quadros, o aparecimento de novas gerações que estejam habilitadas e bem formadas para o desempenho dos seus mandatos, das suas atividades públicas.

O que vimos na reunião ocorrida entre 14 e 17 de maio foi uma manifestação do interesse de jovens de diferentes atividades, porque não eram apenas empresários, mas também executivos, pensadores, intelectuais, políticos, que lá estavam discutindo a problemática brasileira, sacrificando o lazer do fim de semana; De alguma forma, dando emprego positivo ao tempo que lhe foi destinado para discutir os problemas do País, buscar solucionar as graves desigualdades sociais.

Assim penso que esse movimento dá uma contribuição para que consigamos melhorar o País. Esse é o apelo que gostaria de deixar aqui: estimular a prática da atividade política por parte dos jovens. Para isso, os partidos, de acordo com lei específica já dispõem de mecanismos e meios para fazê-lo. Desde a Lei Eleitoral de 21 de julho de 1971, estabeleceu-se que os partidos políticos devem fazer suas fundações de estudos políticos e sociais.

O nosso partido, o DEM - convém exemplificar com o partido ao qual pertenço - já possui uma fundação, que se chamava Fundação Tancredo Neves. Posteriormente, em função da nova legislação passou a chamar-se Fundação Liberdade e Cidadania. Nessa fundação, presidida pelo Senador Jorge Bornhausen com muito talento, fazemos uma pregação do nosso ideário, não diria da nossa ideologia, porque a atividade política não reclama, necessariamente, um viés ideológico.

O intelectual Alcide De Gasperi, um dos grandes pensadores da Itália no período da Segunda Grande e que teve papel muito relevante no pós-guerra, disse, certa feita, que o democrata tem ideias e não, necessariamente, ideologia. De Gasperi, um modelo de homem público, de alguém que pensava o país e o mundo em uma perspectiva correta, sempre insistia que não há necessidade de um componente ideológico para que a pessoa possa ou deva participar de uma atividade política. O importante é que as pessoas adiram a um programa.

A nossa lei partidária não exige uma ideologia dos partidos. Exige, apenas, que tenham um programa. Eles primeiro devem lançar um manifesto, como documento inicial e, depois, um programa.

Não há necessidade de um viés ideológico, como, muitas vezes, se pensa que um partido deva ter uma base ideológica. O partido deve ter uma base programática, isso sim, e esse programa deve ser visto e revisto, deve ser lido e relido tantas vezes quantas necessárias, para que possamos acompanhar as mudanças que ocorrem no mundo, e são mudanças muito velozes, em função das novas tecnologias da informação.

Daí por que, Sr. Presidente, encerro as minhas palavras, registrando a realização desse encontro que se realizou entre 14 e 17 de maio corrente no Enotel, na praia de Porto de Galinhas, durante o qual os novos líderes - e esse é o nome da instituição -, os Novos Líderes Empresariais tiveram a oportunidade de discutir as questões ligadas ao País, as suas instituições, sobretudo porque estamos nos aproximando de 2010, um ano eleitoral. E é fundamental que estejamos atentos ao fato de que democracia é rotatividade.

É necessário pensar que, no próximo ano, vamos ter, consequentemente, a eleição do novo Presidente da República, de novos Governadores, novos Senadores, novos Deputados Federais e Estaduais. Então, devemos ter presente que democracia é rotatividade, mas democracia não é apenas rotatividade, democracia também exige alternância. São coisas distintas: uma coisa é rotatividade e outra coisa é alternância.

Precisamos consolidar a necessidade da alternância no poder, E essa é uma das características que estão ínsitas à natureza na definição de uma correta sociedade democrática.

Ao final, gostaria de felicitar a todos aqueles que participaram do encontro. .

Meus agradecimentos ao Presidente Mão Santa, pelo tempo que me destinou.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/05/2009 - Página 17915