Discurso durante a 76ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Elogios a municípios sergipanos, pela decisão de incluir a laranja na merenda escolar. Proposta de campanha pública para incentivar o aumento do consumo nacional da fruta.

Autor
Antonio Carlos Valadares (PSB - Partido Socialista Brasileiro/SE)
Nome completo: Antonio Carlos Valadares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO. SAUDE. POLITICA AGRICOLA.:
  • Elogios a municípios sergipanos, pela decisão de incluir a laranja na merenda escolar. Proposta de campanha pública para incentivar o aumento do consumo nacional da fruta.
Publicação
Publicação no DSF de 20/05/2009 - Página 18118
Assunto
Outros > SENADO. SAUDE. POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, PRESENÇA, SENADO, VEREADOR, SUPLENTE.
  • ANALISE, VANTAGENS, CONSUMO, LARANJA, SAUDE, PREVENÇÃO, DOENÇA.
  • DEFESA, CAMPANHA, IMPRENSA, ESTABELECIMENTO DE ENSINO, INCENTIVO, INCLUSÃO, LARANJA, ALIMENTAÇÃO, POPULAÇÃO.
  • APRESENTAÇÃO, DADOS, SUPERIORIDADE, PRODUÇÃO, EXPORTAÇÃO, LARANJA, ESTADO DE SERGIPE (SE), VANTAGENS, CLIMA, ANALISE, BAIXA, PREÇO, MERCADO INTERNACIONAL, DEFESA, INCENTIVO, CONSUMO INTERNO, INCLUSÃO, MERENDA ESCOLAR.
  • SAUDAÇÃO, REUNIÃO, Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), CONGRESSISTA, ORADOR, AUTORIDADE MUNICIPAL, DECISÃO, ADOÇÃO, SUCO NATURAL, LARANJA, ESCOLA PUBLICA, APOIO, GOVERNO FEDERAL, REPASSE, RECURSOS, EFEITO, PRESERVAÇÃO, EMPREGO, RENDA, SAUDE, POPULAÇÃO.
  • CONCLAMAÇÃO, GOVERNO, ATENÇÃO, PROBLEMA, PRODUÇÃO, LARANJA, FALTA, ESTABILIDADE, PREÇO, ESPECIFICAÇÃO, PERIODO, CRISE, SUGESTÃO, REUNIÃO, MINISTERIO DA AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO (MAPA), REPRESENTANTE, PRODUTOR, BUSCA, MEDIDA DE EMERGENCIA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

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O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco/PSB - SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, antes de dar início ao discurso que vou proferir nesta tarde, sobre o aproveitamento do suco de laranja, que é um dos grandes produtos do Estado de Sergipe, gostaria de dar as boas-vindas a todos os vereadores e suplentes de vereadores que hoje se encontram em Brasília e aqui, participando desta sessão do Senado Federal.

Sr. Presidente, quero ocupar-me hoje do problema da produção e consumo da laranja, um assunto que reputo da maior importância para a economia do meu Estado e, ao mesmo tempo, da maior importância para a saúde pública do povo brasileiro.

Estas duas dimensões estão completamente entrelaçadas: a laranja, na sua condição de uma fruta excepcionalmente nutritiva e no seu papel medicinal de alimento-medicamento (ou alimento funcional, como dizem tecnicamente), é um produto natural que, se for incorporado à dieta cotidiana, produzirá, como resultado, um impacto muito positivo na esfera da saúde pública, especialmente em relação a idosos, crianças e jovens.

Em jovens, por exemplo, a introdução de duas a três laranjas na alimentação diária teria um efeito especialmente crucial, se considerarmos o aporte de cálcio, cálcio de alta digestibilidade, através da adoção deste novo hábito, do consumo regular da laranja no cotidiano. Além de muito rica em cálcio, além de ser notoriamente conhecida pelo seu teor em vitamina C (três laranjas, por exemplo, cobrem com folga as necessidades diárias de qualquer pessoa), a laranja é riquíssima em uma fibra dietética, a pectina, que é particularmente importante para o funcionamento intestinal e que contribui para a redução do colesterol, além de ser fator de redução do risco de câncer digestivo de uma maneira geral.

         Muitos pensam aqui, pela defesa que faço da saúde, que sou formado em Medicina. Inclusive, fui o Relator e também autor de uma proposta que terminou na aprovação da PEC nº 29, que concede financiamento público ao setor saúde. Mas, na realidade, sou advogado e sou formado em Química, pelo Estado de Sergipe.

Centenas de estudos científicos demonstram esse poder medicinal da nossa laranja, seja ela a pêra, a baía ou a seleta.

A laranja e os cítricos em geral - como tem sido demonstrado cientificamente - são protetores do sistema imune, das nossas defesas orgânicas, e, em épocas como a que está se iniciando (inverno), assumem um papel estratégico diante da onda sazonal de gripe e resfriado que atinge centenas de milhares de pessoas nessa época mais fria.

O que proponho é que se promova, em escala de governo federal, de ministério, uma campanha maciça, pela mídia e através dos professores de todos os graus na área da Educação, em favor do consumo popular da laranja, em favor de um novo patamar do consumo da laranja, portanto em defesa da adoção do hábito de consumir de duas a três laranjas por dia, seja in natura, seja em forma de suco integral. Aqui o governo pode perfeitamente intervir suscitando a demanda ampliada.

Esta recomendação médica e econômica, se fosse desenvolvida em escala de massa, teria o poder de reduzir o impacto negativo das quedas de temperatura do inverno sobre sistemas orgânicos indefesos e carentes da vitamina C; teria um impacto inegavelmente positivo sobre a saúde pública. Qualquer epidemiologista, analisando o quadro nosológico (o perfil das doenças, as respiratórias, por exemplo) antes e depois da incorporação da laranja na mesa, principalmente da população mais carente, poderia constatar esse efeito da laranja sobre a saúde das pessoas.

Temos que assumir uma política desse tipo, de grandes proporções, no sentido da incorporação da laranja, de forma permanente, na dieta da população.

E, em especial, no caso de Sergipe, temos que chamar a atenção para as condições favoráveis ali reinantes para a produção de laranja. A laranja consta da pauta de exportações agrícolas do meu estado como o produto que mais se exporta. Ela representa mais de 50% das exportações do estado, gerando 40 mil empregos e abarcando uma área colhida de 53 mil hectares - para um estado pequeno como Sergipe, é uma área razoável, uma área muito grande. A produção da laranja, em Sergipe, chega a 772 mil toneladas com uma boa produtividade (de quase 15 toneladas por hectare).

É famosa a nossa “laranja de boquim” - Boquim é um município central da produção de laranja em nosso Estado -, e é conhecido o potencial do sul do estado de Sergipe, dos municípios de Riachão, Boquim, Lagarto, Salgado, Cristinápolis, Pedrinhas, Itaporanga d’Ajuda, Arauá, Estância, Itabaianinha, Tomar do Geru, Umbaúba, Indiaroba, Santa Luzia do Itanhy na produção de laranja.

Em Sergipe, comparado com a região Sudeste, temos uma série de vantagens, inclusive geoclimáticas, que permitiriam uma alavancagem do setor com custos bem mais baixos.

Vejam que temos laranjais - nas condições naturais e climáticas do meu estado - com menor ocorrência de doenças, o que implica menor custo com controles fitossanitários. Lembrem que temos um período de oferta mais extenso devido à ocorrência de duas a três safras por ano. Tudo isso nos favorece se desatarmos aquele nó. E a hora é essa se considerarmos que o preço do suco de laranja anda em baixa no mercado internacional; já esteve em torno de US$2,5 mil e hoje está abaixo de US$1 mil, com algumas flutuações. Temos que promover o consumo interno e, com essa política, promover a saúde pública, a prevenção das doenças. Temos que incorporar a laranja maciçamente na merenda escolar.

Abro um parêntese para anunciar que alguns municípios de Sergipe, ao todo catorze, do sertão e do litoral, abrangendo o município de Santa Luzia do Itanhy como centro dessa preocupação, reuniram-se com a Conab há quinze dias em Santa Luzia do Itanhy, com a presença do Deputado Federal Jackson Barreto Valadares Filho e com a minha presença. Lá nós participamos desse ato com muita alegria, porque catorze municípios de Sergipe vão adotar o suco de laranja nas escolas, com o apoio do governo federal, que está transferindo recursos para as prefeituras administrarem essa atividade que não é só social, mas tem também fundamento econômico, porque vai gerar emprego e renda, vai ajudar os pequenos produtores de laranja do nosso estado de Sergipe.

Parabéns, portanto, aos prefeitos municipais de Sergipe, que se reuniram lá em Santa Luzia do Itanhy com o nosso prefeito do Amor Divino - o próprio nome já diz que é um homem preocupado com as crianças do seu município, com as crianças da região centro-sul do nosso estado de Sergipe.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco/PSB - SE) - O que está nos faltando, Sr. Presidente - já estou encerrando -, é precisamente um forte apoio de todos os governos para desatarmos o principal nó do problema da produção de laranja, para deslancharmos de vez a produção da laranja não só em nosso estado, mas em todos os estados que têm essa atividade como fundamento de sua economia. E esse problema se chama preço de mercado, esse problema se chama escoamento da produção.

Se tivermos uma campanha maciça em uma ponta da cadeia e contarmos com o apoio do Estado na outra, lá na ponta do produtor, lá junto aos trabalhadores da laranja, teremos a chave para romper com as dificuldades de um setor cujo potencial já ganhou força na pauta de exportação, por exemplo, mas que vive, atualmente, dificuldades. Seria crucial um encontro do setor com representantes do governo federal, com o ministério da Agricultura por exemplo, para tomarmos medidas de emergência para o debate urgente dessa questão.

Não podemos permitir que essas dificuldades levem os produtores a migrarem para outros itens, outras lavouras, outros setores menos atraentes. Precisamos, isto sim, reverter o problema do subconsumo da laranja pela população, um problema que tem repercutido não apenas nos altos índices de doenças respiratórias e outras (vinculadas à falta da vitamina C), mas também tem tido repercussão no aumento dos gastos em saúde pública, em hospitais, em internações, em medicamentos, custos que se abatem - principalmente no inverno - sobre uma população que já padece de tantos males.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/05/2009 - Página 18118