Discurso durante a 79ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Realização, sábado próximo, de Congresso Estadual do PMDB, em Porto Alegre/RS. Participação do PMDB no Governo Federal. Análise das eleições que se aproximam, da responsabilidade do PMDB e da tese da candidatura própria à Presidência da República.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA.:
  • Realização, sábado próximo, de Congresso Estadual do PMDB, em Porto Alegre/RS. Participação do PMDB no Governo Federal. Análise das eleições que se aproximam, da responsabilidade do PMDB e da tese da candidatura própria à Presidência da República.
Aparteantes
Cristovam Buarque, Garibaldi Alves Filho.
Publicação
Publicação no DSF de 22/05/2009 - Página 19057
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • COMENTARIO, REALIZAÇÃO, CONGRESSO ESTADUAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), MUNICIPIO, PORTO ALEGRE (RS), ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), DEFESA, PROPOSIÇÃO, APRESENTAÇÃO, CANDIDATURA, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.
  • QUESTIONAMENTO, CONDUTA, LIDER, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), CAMARA DOS DEPUTADOS, DEFESA, RENOVAÇÃO, MANDATO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, POSSIBILIDADE, APOIO, CANDIDATURA, MINISTRO DE ESTADO, CHEFE, CASA CIVIL, OBTENÇÃO, FAVORECIMENTO, COMANDO, EXPLORAÇÃO, PETROLEO, RESERVATORIO, SAL.
  • CRITICA, MANUTENÇÃO, CORRUPÇÃO, ILEGALIDADE, BRASIL, COMPARAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), GRÃ-BRETANHA, DEMISSÃO, PARLAMENTAR ESTRANGEIRO, ACUSADO, IRREGULARIDADE, UTILIZAÇÃO, FUNDOS PUBLICOS.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, a Direção Nacional do PMDB, sua Executiva, e a Fundação Ulysses Guimarães estão coordenando a realização de grandes congressos estaduais em todos os Estados do Brasil, para ouvir, para tomar conhecimento do pensamento das bases do PMDB e preparando um grande congresso brasileiro que haverá de se reunir aqui, em Brasília, no mês de junho.

Nós, em Porto Alegre, vamos nos reunir sábado. Será um número interminável. Em cada um dos quatrocentos e tantos Municípios do Rio Grande do Sul, em cada um, nós realizamos o debate. E a grande tese que será proposta ao PMDB do Rio Grande do Sul será a proposta de o PMDB do Rio Grande do Sul apresentar à Direção Nacional candidatura própria a Presidente. O PMDB do Rio Grande do Sul apresentaria uma candidatura sua à Presidência da República.

Muitos candidatos já estão na rua. O PSDB tem Aécio e Serra; o partido do Governo tem a candidatura da ilustre Ministra Chefe da Casa Civil; o Partido Socialista tem a candidatura do Deputado Ciro Gomes; e o PMDB quer propor o seu candidato. Nada mais natural. Em um País que tem eleição em dois turnos... O que é eleição em dois turnos? É uma eleição na qual os partidos, no primeiro turno, apresentam os seus candidatos, os seus nomes, as suas idéias, as suas propostas, o seu programa partidário com o qual pretendem administrar o País, se tiverem o voto majoritário. No segundo turno, os dois que tiverem mais votos concorrem. Os outros partidos que se sucederem escolherão entre um e outro a quem apoiar.

O PMDB é o maior partido do Brasil: maior número de Vereadores, de Deputados Federais, de Deputados Estaduais, de Prefeitos, de Governadores, de Senadores. Nas últimas eleições, o PMDB teve seis milhões de votos a mais do que o partido que estava em segundo lugar. A candidatura à Presidência da República é natural no PMDB.

O que a gente está vendo hoje? De um lado, o PMDB empolgado. No Brasil inteiro debatendo, discutindo, para fazer uma proposta de governo que seja um rumo com relação ao futuro, na ética, na moral, na dignidade, na sociedade, na educação, na saúde, na segurança. Este País precisa de rota, de rumo, de determinação futura com relação a essa matéria.

É impressionante verificar, por onde a gente anda, pelos cantos do Brasil pelos quais a gente anda, a vontade e o entusiasmo que se tem com relação à tese “candidatura à Presidência da República”.

Domingo, reunimo-nos em Porto Alegre - mentira, sábado. Em alguns Estados já se reuniram. E a tese dominante, aplaudida e aprovada em todas as Convenções estaduais tem sido “candidatura própria”, o PMDB vai ter o seu candidato. Esse candidato pode ser o Ministro Nelson Jobim, que ainda agora deu lição de ética, de moral a um grupo partidário que precisava aparecer, aprender - espero que tenha aprendido -; tem um homem da estatura do Governador do Paraná - duas vezes Prefeito de Curitiba, três vezes Governador do Paraná, excepcional -; temos a figura do Governador do Rio de Janeiro, que está fazendo uma administração revolucionária naquele Estado. Nomes é que não nos faltam. Não, nomes não nos faltam.

Agora, em meio a essa batalha, em meio a essa discussão, o que a imprensa publica? O PMDB se reúne - o PMDB, Sr. Presidente Mão Santa - e discute terceiro mandato para o Presidente Lula.

Nosso Líder do PMDB na Câmara dos Deputados defende a tese, discute a tese de um terceiro mandato para o Presidente Lula. Esse mesmo Líder de bancada, há dez dias, defendia que o PMDB tinha que decidir de uma vez o que ia fazer: Vice do Lula, através da Ministra, ou Vice do Serra, ou Vice do PSDB, via Governador Aécio. Dizia com a maior tranquilidade.

O Líder do Governo nesta Casa, do PMDB, Senador Jucá, disse, semana passada: “Temos que escolher! A minha posição é que o candidato a Presidente seja a Ministra, e nós devemos entrar com o Vice”. Líder do Governo no Senado: do PMDB; Líder na Câmara dos Deputados: do PMDB.

E agora, sem mais nem menos, o Líder, na Câmara, vem com essa afirmativa: “Devemos defender a reeleição do terceiro mandato do Presidente Lula”. Em nome de quem ele fala? Ele é um Líder de bancada, presume-se que fala em nome da bancada. Em nome de quem ele fala? De onde ele traz essa tese da reeleição terceiro mandato do Presidente Lula?

O que machuca, o que machuca é que são duas manchetes, as duas do PMDB. “O Líder do PMDB, na Câmara, defende terceiro mandato para o Lula”. E o PMDB quer o comando do pré-sal para apoiar o terceiro mandato e para defender o Governo na CPI da Petrobras.

Mas onde é que nós estamos?

Mas numa hora como essa, numa onda de moralidade, quando a imprensa está a cobrar um aspecto de seriedade, de honradez, de significação do que é o partido político, qual é sua responsabilidade, vem o PMDB Nacional e, por duas de suas Lideranças, diz: “O PMDB defende terceiro mandato para o Presidente Lula”, mas o PMDB, para defender o terceiro mandato e para defender o Governo na CPI da Petrobras, exige o comando do pré-sal. Com a maior tranquilidade: “Entregue para nós o comando do pré-sal”. Afinal, afinal, são bilhões e bilhões que vão ser colocados em jogo. Vamos colocar talvez um outro cunhado de um Deputado, ou uma outra ex-esposa de um outro Deputado. Gente não falta.

Olha, Sr. Presidente, eu não consigo aceitar.

Repare o que aconteceu nos Estados Unidos, o que é uma demonstração, Sr. Presidente. Eu venho dizendo que o Brasil é o País da ilegalidade. O Brasil é o País em que só ladrão de galinha vai para a cadeia. Mas não é que só tenha corrupção no Brasil e no mundo não tenha. Há uma semana apareceu corrupção. Um Deputado Federal da Câmara dos Comuns da Inglaterra usou dinheiro público, num absurdo, em compras ridículas para a sua casa, mas perdeu o mandato. Perdeu o cargo que ele tinha no ministério. Uma série de anomalias estão aparecendo na Câmara dos Comuns na Inglaterra. Uma série de escândalos estão aparecendo na Câmara dos Comuns na Inglaterra. Primeira coisa: o presidente da Câmara que estava lá - há 30 anos que ele era presidente da Câmara - caiu. Foi obrigado a renunciar.

Corrupção existe, Sr. Presidente, mas o povo da Inglaterra, que viu, boquiaberto, olhando nos jornais, os escândalos da Câmara... O povo está olhando que esse Deputado, que fez o escândalo, já está na rua, não é mais nem Deputado e nem Ministro. O ex-Presidente da Câmara, que estava vendo essas coisas acontecerem - não era o Presidente da Câmara -, foi embora.

No Brasil, nada! Mas, no Brasil, com a maior cara de pau, aparece no Estadão uma manchete de capa. O PMDB vai defender, vai fazer força para controlar e defender o Governo na CPI da Petrobras, mas quer o comando do pré-sal.

Há aqui uma coisa grave, Sr. Presidente. Ao ilustre Presidente da Petrobras farei uma pergunta quando ele vier aqui: Foi uma boa, Presidente Gabrielli, de repente, abrir as portas da Petrobras, como abriram as portas do Banco do Brasil, para diretorias partidárias?

Uma coisa é importante ser esclarecida. É uma coisa importante de ser esclarecida. Quando se diz “o PMDB quer o controle do pré-sal”, o povão que está me assistindo pode dizer: “Ah! Mas o PMDB quer o controle do pré-sal. Vai se reunir, vai se discutir.” Não vai se reunir, não vai discutir coisa nenhuma. Um chefão vai indicar quem ele quer. Provavelmente nem faça parte do MDB, nem tenha ficha no PMDB, nem tenha nada que ver com o PMDB, como em muitos casos os senhores vão ver.

Traga o pré-sal da Petrobras, que está lá na Petrobras, para ver qual é a ligação que ele tem com a gente. Nunca a bancada do PMDB no Senado, nunca o diretório nacional se reuniu para escolher, para indicar um nome para a Petrobras, e estão diretores aí, Presidente da Petrobras, Presidente da Eletrobras. E agora essa!

O PMDB concorda com o terceiro mandato. Concorda até em fazer a defesa do Governo na Petrobras, a CPI, mas quer o comando do pré-sal. isso acontece assim. Nem a imprensa comenta, nem ninguém comenta e nem ninguém diz nada.

Olha, Sr. Presidente, a que estado nós chegamos, aonde nós chegamos. E, com todo o respeito, este é o clima geral. Isso acontece porque o Presidente Lula dialoga com essa gente, é com quem ele gosta de conversar. Todo mundo diz que um dos grandes nomes da intimidade do Presidente Lula é o Sr. Jader, senador que saiu, renunciou a esta Casa em um processo de cassação de seu mandato e que agora quer indicar o seu filho a Governador do Pará.

São os homens da confiança, a intimidade do Presidente Lula: Sr. Jader, Sr. Renan, o cidadão lá do Ceará. Essa é a gente que faz esse esquema.

Diga-se de passagem: quando Fernando Henrique foi Presidente, durante oito anos, era esse tipo de esquema que ele tinha também com o PMDB. O Renan é o grande líder amigo do Lula e foi Ministro da Justiça do Fernando Henrique. O Sr. Geddel, que é o homem que diz que não tem culpa de ter se apaixonado pelo Lula - é uma questão de paixão, sobre a qual ele não tem controle -, era apaixonado pelo Fernando Henrique; era o homem da maior intimidade do Fernando Henrique e o maior adversário do Lula. Essa gente é fantástica! Eles têm um grupo que está aqui com o PSDB e um grupo que está aqui com o PT, e vão se olhando um para o outro.

Então, o que está em jogo hoje é o seguinte: o Lula tem 80% de prestígio popular - 80% é muita coisa! -, então vamos namorar o Lula; mas o PSDB tem 45% de intenção de voto a Presidente da República. Então, não podemos jogar fora. E há um sistema de vasos comunicantes entre o PMDB do Lula e o PMDB do PSDB. Ou vai para cá, ou vai para lá. Mas tanto o PSDB do Fernando Henrique quanto o PT do Lula namoram essa mesma gente. É o mesmo Jader, é o mesmo Renan, é a mesma gente.

O homem que está lá na Pebrobras, um dos homens mais fortes do PMDB do Ceará, foi indicado no Governo do Fernando Henrique, mas continua no Governo do Lula; é a mesma pessoa, na mesma posição, encarregada da construção dos navios para transporte de petróleo.

E falam em reforma, Sr. Presidente! Essa gente fala de voto em lista e essa gente não quer uma campanha com a verba pública; quer que o fundo partidário tenha uma verba especial para a campanha, entregue ao comando do Partido, que depois fará a divisão.

Olha, é fantástico! É fantástico! Nós defendemos verba pública para a campanha. Cada candidato recebe a mesma verba, a mesma quantia e não pode gastar um tostão a mais. Pode ser o Sr. Antônio Ermírio de Moraes, bilionário; o Sr. Jorge Johannpeter, bilionário, é candidato e só pode gastar o dinheiro da verba pública, nem um tostão a mais, nem dele. Isso é verba pública de campanha.

O que eles querem? Hoje, temos o fundo partidário. O fundo partidário é para a manutenção da máquina partidária: ter sede, impressos, telefone e tudo o mais. Não pode um tostão da verba do fundo partidário ser usado em campanha política.

O que os Partidos querem? Os Partidos querem... Exatamente o que os Partidos querem é que, em anos eleitorais, o fundo partidário seja multiplicado por cem e entregue na mão da direção partidária, e a direção partidária vai distribuir como é que ela quer, como ela quer, onde ela quer a verba partidária.

Este Congresso vive uma vergonha, Sr. Presidente...

(Interrupção do som.)

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - O que recebo de convite, de provocação, no sentido de dizer o que acho de o Superior Tribunal ter decidido que existe a fidelidade partidária e que o partido é o dono do cargo, quer dizer, o mandato é do partido, não do candidato. O meu mandato não é meu, é do meu partido. Quando o Supremo tomou essa decisão, foi uma decisão violenta. Dizer isso cabe ao Congresso Nacional, que legisla. O Congresso, quando saiu a Constituinte de 88, deveria ter regulamentado e dito: o mandato é do partido. Mas nunca regulamentamos, nunca regulamentamos, e veio o Supremo e regulamenta. Alguém ia gritar? Ninguém pode gritar. Vieram cobrar de mim para eu gritar, mas como é que vou gritar se não fizemos nada?! É um caso de desespero.

Então, vem o Supremo e diz: existe fidelidade partidária, o cargo é do partido, não é do candidato. Se o deputado troca de partido, perde o mandato. Então, está todo mundo agitado, todo mundo agitado. Vamos encontrar uma solução? Vamos, vamos encontrar uma solução. Qual é a solução que os Parlamentares, na Câmara, estão encontrando? Vamos cumprir a decisão do Supremo Tribunal - o mandato é do partido, fidelidade partidária, ou seja, se troca de partido, perde o mandato -, mas vamos criar a janela partidária. Às vésperas de uma eleição, abre um espaço de trinta, quarenta, sessenta, noventa dias - ainda não decidiram qual é o tempo -, e aí todo mundo muda como quer. Aí todo mundo pula o galho como quer, para lá, para cá, vem, vai... Este é o Congresso: não é sério. Nós não somos sérios!

(Interrupção do som.)

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Com tudo que está acontecendo, nós não temos a mínima preocupação com o caráter, com a seriedade da coisa pública.

         Ora, Sr. Presidente, nós estamos preparando um grande congresso para domingo. O velho Rio Grande do Sul, que tem as suas teses de tradição, de história, de biografia, estamos preparando um grande congresso. Estou indo agora, estou embarcando para Porto Alegre, mas meu telefone não para de tocar: “Mas como é que vai ser, Sr. Presidente, vamos votar a candidatura própria?”. “Sim, vamos votar”. “Mas está lá a direção partidária dizendo que eles vão defender o terceiro mandato para o Lula. Nós, que vamos votar a candidatura própria, que estamos no caminho certo ou são eles que estão no caminho certo?” O que eu vou responder? Vou responder que nós do PMDB do Rio Grande do Sul vamos votar candidatura própria. Vamos. Eu não nego que vejo com muito respeito. Acho que é uma campanha até que eu vejo com muito interesse. Eu acho que o Serra é um grande nome. Eu acho que o Aécio é um nome excepcional. Eu tive a honra de ser amigo íntimo do seu avô. Na época em que lançamos a candidatura de Tancredo, e Tancredo foi escolhido Presidente da República, o Aécio era seu secretário particular. A gente ficava impressionado, naquelas reuniões, madrugada adentro, aquela velharia ali, e o Aécio sentado tomando nota de tudo. O Presidente Tancredo, qualquer coisa, olhava para ele, e ele tinha resposta para tudo. É um grande nome. Eu acho que a Dilma é um grande nome. Rezo todos os dias para que Deus lhe dê força e fé. Acho que ela tem todas as condições. Mas eu acho que o PMDB deveria entrar nisso pela porta da frente. Pela porta da frente! Poderia ser um grande Partido.

O PMDB não tem é comando. O PMDB não tem...

(Interrupção do som.)

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - É triste este momento em que a Presidência nacional, as lideranças estão aí vendendo o Brasil como se fosse no varejo, vendendo a prestação o PMDB. Que triste sina essa nossa! Que triste sina a nossa!

O Presidente, Deputado por São Paulo... São Paulo, em que nós tínhamos, durante quatro mandatos seguidos, quatro governadores, quarenta Deputados Federais. Na Bancada de São Paulo são oitenta, o PMDB tinha quarenta e dois; hoje, tem três: um, eleito por uma Igreja Evangélica, com 500 mil; outro, eleito por outra Igreja Evangélica com mais 400 mil ou 500 mil; e o terceiro, que é o Presidente atual do Partido, eleito na sobra, com 60 mil. É esse o PMDB de São Paulo.

O Sr. Presidente do Partido querendo ser vice de A ou de B. Primeiro, ele queria ser Presidente da Câmara; e foi. Jogou a alma para ser Presidente da Câmara. Trocava, vendia, queria porque queria ser Presidente da Câmara. E ele tinha condições, era um jurista, um homem competente, um homem sério, era o maior partido o PMDB. O PT estava com ele, o Lula estava com ele, não precisava fazer o papel vexatório que fez, humilhando-se para ser Presidente. Agora, o negócio dele é ser vice-Presidente da República, desse ou daquele, seja de quem for.

         Por amor de Deus! Seria muito bem se esse Líder da Bancada na Câmara, seria muito bem se o Presidente da Câmara, Presidente licenciado, deixasse hoje para falar em nome do PMDB a 1ª Vice-Presidente em exercício, a Deputada Íris. A Deputada Íris, uma Deputada brilhante, competente, capaz e responsável...

(Interrupção do som.)

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - É a Vice-Presidente quem deveria estar na presidência do Partido. Quem deveria falar hoje em nome do comando partidário era a Deputada Íris. Deixam-na isolada, um falando em nome dos Deputados, sem ouvir os Deputados, e outro falando em nome do Partido, sem ouvir o Partido, e lançam essas teses. Então, o Brasil inteiro está discutindo. É só o que a imprensa fala. Todos os telefones de todos os jornais, de todos os colunistas políticos, estão tocando. “Mas essa decisão, essa declaração do Líder do PMDB na Câmara é para valer? Quer dizer que o PMDB é favorável ao terceiro mandato para o Lula? É isso? Mas essa decisão do PMDB, de que vai fechar apoiando o PT na CPI da Petrobras, mas vai exigir e vai ganhar a direção do pré-sal, é verdade isso?”

(Interrupção do som.)

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Qual é a resposta que a gente pode dar?

V. Exª está pedindo um aparte ou cansou de esperar?

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Não vou cansar de esperar para dar um aparte.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Com o maior prazer.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - E espero não cansar, apesar do quadro que o senhor está mostrando com tanta ênfase. Mas, Senador, o senhor falando, mostrando esse troca-troca, essa maneira como se rasga a Constituição dependendo do preço que se paga, é preciso lembrar que se pagou alto preço para mudar a Constituição para ter o segundo mandato, agora deve ser mais caro ainda se vier o terceiro mandato, eu estava lembrando que, no final da semana passada, essas caminhadas que tenho feito nas sextas-feiras por algumas cidades do interior do Brasil na defesa do movimento educacionista...

(Interrupção do som.)

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - (...) eu fui de Ourinhos para Londrina, tomar o avião para voltar a Brasília, e, na frente do aeroporto, eu vi um adesivo, Senador Mão Santa - e acho que isso vai merecer alguns minutinhos a mais. Tinha a bandeira do Brasil no adesivo e, ao lado, a frase: “Tenho vergonha dos políticos brasileiros”. Eu não sei se esse slogan já se espalhou ou se é uma coisa específica de Londrina ou do Paraná. No primeiro momento, a minha reação foi de dizer: “Eu tenho vergonha dos motoristas brasileiros, porque somos o País que mais assassina pedestres em todo o mundo”. Mas, depois, eu pensei: “Esse motorista está generalizando, como se todos os políticos fossem corruptos”. Mas eu pensei: “Talvez não. Talvez ele tenha razão; talvez a vergonha que ele sinta seja metade por aqueles que ele acha, sabe”...

(Interrupção do som.)

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - (...) “metade talvez seja por aqueles que ele acha, sabe que são corruptos, mas vai ver que a outra metade é por aqueles que não são corruptos, mas não conseguem mudar o Brasil”. E, nesse sentido, ele tem que ter vergonha mesmo, tem direito a ter vergonha, porque hoje nós estamos divididos entre aqueles que fazem parte de um bloco que desmoraliza o Congresso pelo comportamento, mas há um outro, que desmoraliza o Congresso pela omissão, pela ineficiência, pela incompetência nossa de mudar essa realidade. É triste, mas nós não estamos conseguindo mudar uma realidade desse tipo, de trocar o voto, rasgando a Constituição por um poço de petróleo, que vai dar muitos bilhões. O que está por trás não é o petróleo, é o dinheiro que isso vai dar.

(Interrupção do som.)

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Senão, era até a pré-escola, e não o pré-sal. Se alguém quisesse fazer um acordo para mudar o Brasil, teria que dizer: “Eu quero a pré-escola”. Mas, não: “Eu quero o pré-sal”. Significa o dinheiro que o pré-sal vai dar. É lamentável que a gente faça discursos - o senhor, eu, outros e outros e outros - e felizmente a gente não esteja cansando, mas a gente não está conseguindo mudar. Onde é que a gente vai e quando é que a gente vai conseguir parar com isso? Será que a gente vai ter que esperar que o slogan: “Tenho vergonha dos políticos brasileiros”, que eu vi no sábado em Londrina, se espalhe por todo o País e, de repente, a mudança venha de fora para dentro, por incompetência nossa, como já veio outras vezes, ou será que a gente vai conseguir mudar isso?

Eu insisto: enquanto continuar uma Casa vazia pela omissão...

(Interrupção do som.)

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - O problema nosso não é apenas a corrupção no comportamento de alguns. O problema está na corrupção das prioridades das políticas públicas e não no comportamento dos políticos brasileiros apenas. O senhor tem sido o que mais dá ênfase. Quando vamos fazer com que este salão fique cheio, debatendo as ideias? Esse seu discurso deveria estar sendo debatido aqui por muita gente, mas a gente não faz. É claro que a gente tem de respeitar as bases, mas respeitar as bases é ficar trabalhando aqui dentro também, debatendo. E não estou dizendo que são outros, não, porque estou aqui, mas fico muito tempo fora também, até que haja uma regra que nos obrigue a ficar aqui. Nenhum aqui é mais presente do que o outro, nenhum. Não me sinto nem um pouquinho melhor do que os outros nesse aspecto de ficar aqui. Aliás, talvez o Mão Santa talvez seja o único que fique aqui realmente...

(Interrupção do som.)

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - (...) que fique aqui, quase de maneira permanente. Nós temos de mudar a maneira como trabalhamos, a maneira como agimos, não apenas para, com isso, impedir que haja situações desse tipo. Finalmente, quero dizer-lhe que não é só o senhor que está insistindo para que o PMDB tenha candidato, para que as bases do PMDB tenham candidato. O Mão Santa fala também, outros falam. Quero dizer-lhe que, no PDT, está crescendo a ideia de se ter um candidato próprio. No PSB, está crescendo a ideia de se ter candidato próprio. Deveria haver uma regrinha dizendo que todo partido é obrigado a ter candidato próprio para Presidente, para Governador, para Prefeito. Partido que não tiver candidato próprio para os cargos fundamentais não é partido. E, sem isso, a gente não tem o debate que precisa. O Brasil não precisa de um debate para saber quem é o melhor gerente; precisa de um debate para saber quem é o melhor líder; precisa de um debate para saber qual é o Presidente que vai trazer a melhor inflexão na história do Brasil daqui para frente, quem vai trazer uma proposta de dobra, porque a crise que está aí não é apenas do sistema financeiro, é de um modelo social, econômico, que exige uma nova postura, como fez o seu conterrâneo Getúlio Vargas, para tirar o Brasil da crise de 30, tirando o Brasil da agricultura e do rural para o urbano e o industrial. A gente vai ter que tirar o Brasil dessa indústria mecânica, depredadora e concentradora, para uma indústria do conhecimento, distributiva e equilibrada com o meio ambiente. Nós temos que ter um debate entre propostas de futuro para o Brasil. E os candidatos que estão aí, a meu ver, vão, cada um, colocar um PowerPoint e tentar descobrir quem vai investir mais dinheiro, inclusive no pré-sal, talvez dando ao PMDB, para conseguir eleger-se.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Agradeço muito a V. Exª, Sr. Presidente. Tenho que ir, porque tenho que pegar o avião. Senão, termino faltando à reunião do Congresso, e fica complicado.

O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - Senador Pedro Simon...

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Com o maior prazer. Até agradeço a V. Exª a gentileza de ter-me cedido tempo na troca, para poder falar antes de pegar meu avião.

O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - Senador Pedro Simon, meu aparte é rápido. É só para dizer a V. Exª que, a despeito de ter o maior apreço, o maior respeito pelo Líder do PMDB na Câmara, que é meu primo, o Deputado Henrique Eduardo Alves...

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Ele deveria segui-lo mais, Senador; deveria segui-lo mais.

O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - Até que deveria, porque sou mais velho.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Então, nem se discute.

O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - De modo que queria dizer a V. Exª que discordo inteiramente dele. Não cheguei a ler essa declaração, mas discordo dela com relação ao terceiro mandato. Acho que isso não deve prosperar de maneira nenhuma. É um debate que a Nação não deveria admitir. Por mais que o Presidente tenha hoje um índice de popularidade notável, é uma manifestação de autoritarismo, é fazer com que o Brasil, que está consolidando uma democracia, veja-se diante de um grande retrocesso. Então, queria falar a V. Exª desses dois pontos abordados. Sou favorável a que não se tenha, claro, nenhum debate, que se silencie, mas não à força...

(Interrupção do som.)

O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - (...) que se silencie pela manifestação da maioria do povo brasileiro contra o terceiro mandato. Também sou favorável ao candidato próprio, mas já dizia, na segunda-feira, ao Senador Mão Santa que esse candidato próprio deveria ter condições de empolgar a Nação, porque já há uma polarização. V. Exª há de reconhecer que há uma polarização muito grande entre o candidato do PSDB e a candidata do sistema governista. Mas gostaria também que o PMDB tivesse um candidato próprio, porque, inclusive, isso incentiva as bases nos Estados. Era só, Senador.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Acho muito importante o pronunciamento de V. Exª, porque, assim como V. Exª é o grande líder do Rio Grande do Norte e diz que é favorável à candidatura própria; assim como V. Exª, Senador Mão Santa, é o grande líder do PMDB no Piauí e diz que é favorável à candidatura própria; assim como o Governador Requião é o grande líder do Paraná e diz que é favorável à candidatura própria; assim como o Prefeito Iris Rezende é o grande líder nosso em Goiás e diz que é favorável à candidatura própria, por onde andarmos, vão dizer isso. As bases são favoráveis.

Esse comando, Sr. Presidente, esse grupinho que distribui... É interessante: estão reunidos numa sala de jantar: esse, esse, esse, esse. E não é nada, não é nada, Sr. Presidente, estão distribuindo: Ministro de Minas e Energia és tu; Ministro da Agricultura és tu; Ministro da Saúde és tu; Ministro... Estão distribuindo sete a oito Ministérios. O homem do pré-sal és tu; o Diretor da Petrobras és tu. Estão ali.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - E cá entre nós, Sr. Presidente, esse é o mal do Lula. O Lula distribui esses cargos da maior importância para o País entre essa meia dúzia de pessoas. Se era para ter um Partido, se é para ter um Presidente da República eleito, esses cargos vão ser discutidos com a presença do comando partidário, e não com essa meia dúzia que fala em nome do Partido. E o Lula sabe que eles não falam em nome do Partido, mas dá a entender que aceita que eles falam em nome do Partido.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


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