Discurso durante a 79ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Início da recuperação econômica brasileira, após a recente crise financeira mundial.

Autor
Gerson Camata (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Gerson Camata
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA NACIONAL.:
  • Início da recuperação econômica brasileira, após a recente crise financeira mundial.
Publicação
Publicação no DSF de 22/05/2009 - Página 19078
Assunto
Outros > ECONOMIA NACIONAL.
Indexação
  • IMPORTANCIA, SITUAÇÃO, MERCADO DE TRABALHO, MANUTENÇÃO, AUMENTO, CONTRATAÇÃO, TRABALHADOR, INDUSTRIA DE ALIMENTAÇÃO, BORRACHA, FUMO, CALÇADO, INDUSTRIA TEXTIL, REDUÇÃO, ECONOMIA INFORMAL, BRASIL.
  • COMENTARIO, ESTUDO, FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS (FGV), INSTITUIÇÃO DE PESQUISA, UNIVERSIDADE, PAIS ESTRANGEIRO, ALEMANHA, CONFIRMAÇÃO, SITUAÇÃO, RECUPERAÇÃO, ECONOMIA, AMERICA LATINA, POSTERIORIDADE, CRISE.
  • EXPECTATIVA, CAPACIDADE, BRASIL, INCENTIVO, CRIAÇÃO, EMPREGO, INVESTIMENTO, SETOR, PRODUÇÃO, VIABILIDADE, TOTAL, RECUPERAÇÃO, EFEITO, CRISE, ECONOMIA INTERNACIONAL.

  SENADO FEDERAL SF -

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O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não é o caso para demonstrações de euforia, mas também devemos reconhecer que teve início na economia brasileira um processo de recuperação que, embora caracterizado pela lentidão, poderá ganhar impulso nos próximos meses - caso sejam mantidas as tendências que começam a ser reveladas pelos indicadores de desempenho.

Não há especialista que se atreva a prever que 2009 será um ano de bons resultados, tanto no Brasil como no resto do mundo. O fato é que este ano deverá ter como particularidade exatamente essa lenta caminhada em direção à normalidade, e os primeiros sinais começam a aparecer. O mercado de trabalho registrou 106 mil e 200 contratações a mais do que demissões, no terceiro mês consecutivo de saldo positivo de empregos formais. Em março, as vagas abertas foram apenas 34 mil e 800, três vezes menos.

É um saldo suficiente para estimular o otimismo? Não, se levarmos em conta que, de janeiro a abril, foram criados 48 mil e 500 novos empregos, quantidade insignificante se comparada aos 848 mil e 900 do mesmo período do ano passado. Mas também deve-se levar em conta que, no mês de abril, só na indústria de extração de minerais o número de demissões superou o de contratações.

Nos demais setores, houve mais admissões que demissões.

É verdade que a oferta de empregos na indústria, o setor que a crise atingiu com maior força, é muito pequena para superar os efeitos de cinco meses de saldos negativos no emprego. Ela voltou a contratar, mas o saldo positivo é de apenas 183 novas vagas. As novas contratações foram de quase 19 mil vagas na indústria de produtos alimentícios, 3 mil vagas na indústria de borracha e de fumo, 1 mil e 300 vagas na indústria calçadista e 328 na indústria têxtil. Já o setor metalúrgico suprimiu 9 mil vagas em abril.

O crescimento das vagas formais por 3 meses seguidos é um dado positivo. Ele está sendo puxado principalmente pelos setores do agronegócio, devido ao início do plantio e moagem da cana-de-açúcar e ao cultivo do café. Na área de serviços, pela área de alimentação. O comércio também fez contratações em abril, aparentemente superando 4 meses de resultados negativos.

Claro que são números tímidos, se comparados aos do ano passado ou aos de anos anteriores, quando não havia crise. Estamos bem aquém da média histórica, mas precisamos levar em conta um fato importante: em boa parte do resto do mundo, especialmente nos países desenvolvidos, o que se vê são anúncios da eliminação de postos de trabalho, em dimensões só vistas raras vezes na história. O Brasil é um dos raros países a apresentar alguma alta de emprego. Por menor que seja, é um bom sinal.

Junta-se a esses números um estudo divulgado esta semana, a Sondagem Econômica da América Latina, elaborada pela Fundação Getúlio Vargas e pelo Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de Munique, na Alemanha. De acordo com o estudo, a economia da América Latina, e também a mundial, teriam atingido o chamado “fundo do poço” e agora estariam caminhando para a recuperação. O clima econômico nos países latino-americanos melhorou em abril, chegando ao nível de 3,6 pontos, acima dos 2,9 pontos registrados em janeiro, o mais baixo desde que a pesquisa começou a ser feita, em 1990.

O índice abaixo de 5 pontos ainda sinaliza que a situação é considerada ruim, mas o Índice de Expectativas, um dos componentes do índice do clima econômico, subiu de 2,3 para 4,6 pontos, um avanço significativo, indicador de retomada da atividade econômica.

Aplicado em 16 países, o estudo mostra que, com exceção da Argentina, Bolívia, Uruguai e Venezuela, o índice do clima econômico subiu em abril, comparado com janeiro. Ou seja, embora o cenário ainda seja insatisfatório, há expectativa de que a fase recessiva esteja perto do fim.

Não teremos uma recuperação rápida do ritmo de produção, como indica a própria revisão, pelo governo federal, da estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto. É difícil prever a intensidade da recuperação, e os próprios economistas mostram-se inseguros. Mas uma síntese dos diagnósticos permite arriscar a previsão de que as catástrofes que presenciamos no cenário econômico desde o final de 2008 chegaram ao fim.

Se o Brasil for capaz de estimular a criação de empregos e os investimentos produtivos, poderá emergir em 2010 recuperado em grande parte dos estragos provocados pelo colapso da economia mundial.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/05/2009 - Página 19078