Discurso durante a 80ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Elogio ao Jornal do Senado pela publicação de matéria de autoria de S.Exa. intitulada "Mão Santa critica autorização para criar carvoaria no Piauí". Críticas ao apoio do Governo brasileiro à indicação de um egípcio para o cargo de Diretor-Geral da Unesco.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DO MEIO AMBIENTE. POLITICA EXTERNA. SENADO.:
  • Elogio ao Jornal do Senado pela publicação de matéria de autoria de S.Exa. intitulada "Mão Santa critica autorização para criar carvoaria no Piauí". Críticas ao apoio do Governo brasileiro à indicação de um egípcio para o cargo de Diretor-Geral da Unesco.
Aparteantes
Mozarildo Cavalcanti.
Publicação
Publicação no DSF de 23/05/2009 - Página 19126
Assunto
Outros > POLITICA DO MEIO AMBIENTE. POLITICA EXTERNA. SENADO.
Indexação
  • ELOGIO, COMPETENCIA, FUNCIONARIOS, ESPECIFICAÇÃO, AREA, COMUNICAÇÃO SOCIAL, SENADO, COMENTARIO, NOTICIARIO, JORNAL, JORNAL DO SENADO, DISTRITO FEDERAL (DF), COBRANÇA, AUTORIA, PAULO PAIM, CONGRESSISTA, EXAME, VETO (VET), CRITICA, ORADOR, AUTORIZAÇÃO, SECRETARIA DE ESTADO, CRIAÇÃO, INDUSTRIA CARBONIFERA, ESTADO DO PIAUI (PI), PROXIMIDADE, PARQUE NACIONAL, PREVISÃO, AMPLIAÇÃO, SECA, ANTERIORIDADE, RECUSA, LICENÇA, MARINA SILVA, EX MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO MEIO AMBIENTE (MMA), OPOSIÇÃO, SENADOR, APOIO, GOVERNO BRASILEIRO, CANDIDATURA, ESTRANGEIRO, DIRETOR GERAL, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO A CIENCIA E A CULTURA (UNESCO).
  • DIVULGAÇÃO, DOCUMENTO, ASSINATURA, SENADOR, DEFESA, CANDIDATURA, CRISTOVAM BUARQUE, CONGRESSISTA, CARGO PUBLICO, DIRETOR GERAL, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO A CIENCIA E A CULTURA (UNESCO), MOTIVO, DEDICAÇÃO EXCLUSIVA, EDUCAÇÃO, COMENTARIO, NOTICIARIO, COBRANÇA, ORADOR, REVISÃO, POSIÇÃO, ITAMARATI (MRE).
  • ANALISE, DEFASAGEM, EDUCAÇÃO, BRASIL, MAIORIA, MUNICIPIOS, AUSENCIA, LOJA, LIVRO.
  • IMPORTANCIA, VALORIZAÇÃO, FUNÇÃO, SENADO, REFORÇO, DEMOCRACIA, COMENTARIO, CRISE, MA-FE, GESTÃO, DIRETOR, FUNCIONARIOS.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Paulo Paim, que preside esta sessão de sexta-feira, não deliberativa, em que os Senadores falam ao País através do sistema de comunicação do Senado, brasileiras e brasileiros aqui presentes e os que nos assistem pelo nosso sistema de comunicação: televisão, rádio AM, rádio FM, a rádio de ondas curtas do Senado, a Hora do Brasil, Parlamentares da Casa, Senador Cristovam Buarque, este Senado é realmente uma instituição que se atualizou. Dentre os muitos instrumentos que temos, há a imprensa escrita do Senado. Fabulosa, chega quase às raias da perfeição. O Jornal do Senado, diário, o semanário, a agência de notícias.

O Jornal do Senado é uma beleza! Às vezes, ficamos aqui, Cristovam Buarque, até na calada da madrugada. Às sete horas da manhã, já está no nosso apartamento a síntese de todos os acontecimentos, uma perfeição. Eu nunca vi - o Cristovam que é professor - um erro de português. Eu nunca vi uma incorreção. Síntese perfeita. Esses profissionais, temos profissionais extraordinários aqui, mas esses que fazem o Jornal do Senado tanto o diário como o semanário são fabulosos.

Então, vamos ver aqui o Jornal do Senado e o tema que eu vou usar. Primeiro, Mozarildo, na última página - Paim, olha aí, Paim - olha a câmera; pode botar grandão aí, como se fosse o Mercadante, que é do PT, porque quando é ele, aí eu vejo, parece um outdoor. Vejam Paim: “Paulo Paim cobra exame de veto”. V. Exª não pode fugir, não pode ser derrotado. Já chegou a Ideli querendo enterrar os vetos e os velhinhos tudo de uma vez, e neste mês de maio, mês do trabalhador, do amor, de Maria.

Outra manchete: “Mão Santa critica autorização para criar carvoaria no Piauí”.

Qual é o partido, Mozarildo, do Governador de Roraima?

O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - O Governador de Roraima é do PSDB; o do Estado de V. Exª, o Piauí, é do PT.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Pois é. Então, está aqui. E isso não sai na imprensa brasileira, na televisão, porque não é opinião pública, é opinião publicada, paga antecipadamente. Então, sai no Jornal do Senado: “Mão Santa (PMDB - PI) lamentou que a Secretaria do Meio Ambiente do Piauí tenha autorizado [empresa a desmatar área próxima ao Parque Nacional, a fim de produzir carvão vegetal]”.

           Está aqui: “Empresa derrubará cajueiro da Serra da Capivara”. Então, os aloprados lá do partido, rapaz, eles são doidos por dinheiro, famintos por dinheiro; essa turma, desculpa aí, mas é uma doença, é uma tara.

           A Ministra Marina Silva, na sua postura de firmeza e de mulher corajosa e decente, eles, às vésperas da eleição, venderam a Serra Vermelha lá na Serra das Convulsões, uma floresta vermelha, com 70 mil hectares, para uns “picaretas” lá do Sul fazer a floresta em carvão para a siderúrgica. Ela freiou. Essa mulher aí tem coragem, lutou, nós reivindicamos, mas eles não tem mesmo vergonha não. Ganharam o dinheiro, se elegeram, negociaram, são aloprados mesmo. São aloprados! E parou lá, ela consegui deter aquele crime.

           Mozarildo, você que é da Amazônia, lá tem muitos vegetais, é planta que não sei o quê, eu vi você, em uma vigília, chorando porque fazem uma queimada! Imagine lá no Piauí, que a vegetação é escassa! A temperatura do Piauí, lá na região de Gilboes, do Professor doca, então, lá, tinha diamante, é uma área desertificada. No Piauí, o clima é quente porque tem pouca vegetação, e o pouco que temos, o Partido dos Trabalhadores vendem, para transformar os coqueiros que eu plantei em vegetais. Olha a miséria que fica.

Concedo o aparte ao Senador Mozarildo.

O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Senador Mão Santa, V. Exª, que é um assíduo orador nas sessões do Senado, traz denúncia interessante, por que, partindo de um Governador do PT, essa atitude, realmente, destoa com a pregação, como V. Exª diz, da Senadora Marina Silva, e diria que, quase a unanimidade do PT, que é extremamente ecoterrorista, no que tange o meio ambiente.

Fico preocupado, porque se o PT está agindo, lá, dessa forma, e fui informado, por amigos que tenho lá no Piauí, de que, por exemplo, o PTB, lá, é aliado do Governador do PT; e o PTB pretende lançar a Governador o nosso Senador Vicente Claudino. Mas soube que o Presidente do PT de lá não aceita, e que vai lançar o Secretário da Fazenda, Sr. Antonio Neto, se não estou enganado. Então, acho isso interessante, porque quando é para apoiar o PT os partidos da base aliada servem; quando é para o PT apoiar, no caso, o PTB lá no Piauí, aí não serve. Aí, realmente, o PTB fica numa situação de que companheirismo é esse? Como dizia o ex-Senador Roberto Freire, parece - e eu não posso generalizar, porque, aqui, tem um companheiro presidindo a sessão que é um petista com bastante coerência - mas parece que o que o PT quer não são aliados, são subalternos. E eu, quero, aqui, como petebista, dizer que lamento que se estejam tramando essa jogada para prejudicar um companheiro do PTB, que é companheiro do Governador, que foi aliado do Governador inclusive. Então, queria fazer esse registro no pronunciamento de V.Exª.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Muito oportuno o aparte de V. Exª. O PTB, através da Liderança do Senador João Vicente, foi o Partido que mais cresceu, foi o Partido que mais fez prefeituras. Acho que a inveja mata. E, por felicidade, ele participou do meu Governo, Mozarildo, como Secretário da Indústria e do Comércio. Ele implantou, no Estado do Piauí, mais de 200 indústrias no nosso Governo; só fábricas de castanha - e no Piauí não havia nenhuma - foram 27.

            Nós plantamos cajueiro para garantir, pois eles já estão vendendo os cajueiros para transformá-los em carvão. O pior é que são useiros e vezeiros. Eles já foram, pegaram um sinal vermelho da Ministra Marina Silva, ganharam dinheiro, elegeram-se e agora estão procedendo da mesma maneira.

            Quanto ao João Vicente, eu antevejo perspectivas invejáveis na política do Piauí e do Brasil. E quero dar o testemunho, todo mundo sabe que ele é de uma família empresarial muito forte, mas tem uma formação intelectual forte. Dos anos em que eu governei o Piauí - seis anos, dez meses e seis dias -, ele demonstrou muito zelo com a coisa pública.

Eu queria dizer o seguinte: como o jornal é bom. Na primeira página, ó Senador Cristovam Buarque, olha o nosso jornal aqui: “Senadores criticam apoio a egípcio para chefiar a Unesco”. E, lá dentro... Há pouco, Heráclito Fortes fez o mesmo pronunciamento, e nós voltamos aqui. “Apesar de dois brasileiros pleitearem a direção-geral de organismo da ONU, Itamaraty decidiu apoiar nome de ex-Ministro da Cultura do Egito, Hosni Farouk”. Isso é com o Boris Casoy, quando podia dizia: “Isso é uma vergonha!”. Lá no Piauí nós tínhamos um jornalista, Deoclécio Dantas, independente, que dizia: “Isso é uma lástima!”. Então, eu acho que o Luiz Inácio... Eu não acredito que ele esteja nessa.

É porque os aloprados... Os interesses são por todos. Dois candidatos brasileiros, pela primeira vez, para presidir a Unesco, que é o órgão que cuida do desenvolvimento educacional e cultural. Dois! Um deles está aí: Cristovam Buarque. Cristovam Buarque! Olha, você está ficando mais famoso do que o Cristóvão Colombo. Cristovam Buarque, quem não conhece?

Este Senado tem 184 anos. A história diz que Pedro Calmon, João Calmon, Darcy Ribeiro e ele são os brasileiros que por aqui passaram e que mais se dedicaram à educação. Ele vive a educação. Ele respira educação e cultura. Ele, sem dúvida alguma, foi o que promoveu mais desenvolvimento quando foi Reitor da UnB de que todos nos orgulhamos, a Universidade de Brasília. Eu tenho uma filha formada - ouviu, Cristovam? - em Medicina lá. Acho que ninguém mais do que você a fez crescer por acreditar nela.

V. Exª era o nosso candidato. Então, isso é um desrespeito ao Senado da República, que não é para isso. Está tudo descompensado.

Agora, na Turquia, o nosso Presidente falou de todos os reis, inclusive de Pedro II.

Pedro II, Senador Paim, na sua humildade, na sua grandeza e na sua inteligência - este País é grandão e uno, falamos só uma língua -, ia ao Senado - lógico, era no Rio de Janeiro -, mas ele deixava a coroa e o cetro na antessala para não mostrar que era superior aos Senadores. Ele ia, sentava e ficava ouvindo.

Do Partido dos Trabalhadores só está o Paim, está no lugar que merece: na Presidência. Você é o maior Líder desse seu PT. Faça as primárias para ver como você sairá na frente; seria como o Barack Obama aí surgindo.

Mas ninguém entende como o nome de Cristovam Buarque, que simboliza a educação, que simboliza a cultura... Ele teve até um amor, e todo amor é paixão, é tresloucado: ao iniciar uma campanha quis tirar “Ordem e Progresso” e pôr “Educação é Progresso” na nossa Bandeira. Teve - é paixão, eu não estou dizendo? - essa ousadia, e todos nós nos orgulharíamos: Cristovam Buarque na Unesco.

Este País, Luiz Inácio, é uma vergonha. Tudo é mentira. Tudo é mentira e mentira. Eles estão aqui governando como Hitler, como Goebbels. O comunicador de Hitler dizia que uma mentira repetida várias vezes se torna verdade.

Este País, Luiz Inácio, eu aprendi de uma professora, Senadora Marisa Serrano, numa sessão como esta, em que os Senadores fazem suas reflexões - atentai bem! -, mas que 5567 cidades, Luiz Inácio, ou seja, 90% das cidades brasileiras, não têm uma livraria.

Ô Mozarildo, Luiz Inácio é, aqui... Paim, leve esse número que eu estou oferecendo para ajudar o Presidente. Nós somos os pais da Pátria; 90% das cidades do Brasil não têm uma livraria!

Então, no momento em que este País tem a grande oportunidade de, pela primeira vez, nunca antes, como ele diz - nunca dantes, dizia Camões -, de sentarmos na Unesco, que preside o desenvolvimento cultural do mundo - as bibliotecas, os livros, a informática -, nesse instante, houve uma desgraça irrecuperável, por isso que esta sociedade é uma barbárie. Isso não é civilizado... Nós estamos nos matando é por brincadeira, e não era assim não; piorou. Eu estudei no Rio de Janeiro, ia namorar na Rua do Ouvidor, no Aterro do Flamengo, naquela grama. Vá agora, meu Presidente Luiz Inácio com a sua encantadora Primeira-Dama! Não é? Vão namorar lá no Aterro do Flamengo, andar na Praça Paris, na Rua do Ouvidor. Getúlio Vargas saía a pé para ir ao cinema na Cinelândia.

Essa barbárie é de agora. Então, estão enganando os brasileiros. O mundo está se civilizando; nós estamos é nos barbarizando, e fica o brasileiro e a brasileira... Eu não iria falar em Primeiro Mundo - Suíça, Suécia, França, Itália, Inglaterra. Olha aqui, eu não iria, eu iria bem ali na Argentina, bem ali. Mozarildo, eu vou muito lá com a minha Adalgisa; quatro horas da manhã a gente sai de mãos dadas, as livrarias abertas... Não tem esse negócio de bala perdida, bandido, não. Isso aqui é uma barbárie. Estão enganando os brasileiros. Bem aí no Uruguai...

E eis a vergonha.

Pedro II, Luiz Inácio - V. Exª falou dele na Turquia, eu exalto -, deixava a coroa, o cetro e ia ouvir os Senadores. Pedro II, que criou o Colégio Pedro II, assistia às aulas, Luiz Inácio. Então, todos os colégios do Brasil eram iguais ao Pedro II.

Mozarildo, V. Exª se lembra do Waldemiro Potsch, autor do livro Biologia Geral e Botânica e Zoologia? Pedro II era padrão, e lá no Piauí eu estudava no Waldemiro Potsch. Os livros eram os mesmos.

Este foi um País sério. E olha, enquanto Pedro II deixava o cetro e a coroa e adentrava para ouvir os Senadores... Somos os pais da Pátria, somos porque somos. Essa campanha contra o Senado é por que nós, só nós e mais ninguém, mais ninguém, ninguém!, talvez a Maçonaria, mas, pelo que antevejo - não quero acusar -, todas foram cooptadas pelo dinheiro, mas só nós é que defendemos a democracia. Este País não é Cuba, não é Venezuela, não é Bolívia, não é Equador, não é o Paraguai, com aquele Bispo; não é a Nicarágua, porque nós não permitimos, nós não permitimos o enterro da democracia. Democracia é divisão de Poder porque nós somos o Poder. Democracia é alternância de Poder. Se não tem alternância, é voltar aos reis. Eternidade: Fidel Castro está aí, o rei Chávez está aí, e nós aqui não deixamos. Por isso que bate. O que nós temos que ver com a corrupção que houve aí de funcionário? O que o Paim tem que a ver com essas casas majestosas? Com a malversação de diretores, funcionários? O que o Cristovam, Mozarildo e Mão Santa têm? Nada. Isso é para desestabilizar.

Mas atentai bem, olha aí, amigo, psiu, você da câmera, bota bem grande, como se eu fosse Mercadante, a Ideli, do PT, para sair em outdoor, porque o instrumento que temos é este. Nós somos o povo. Cícero falava: “O Senado e o povo de Roma”. Eu falo: “O Senado e o povo do Brasil”. Nós somos filhos dos votos, da democracia. Os votos aqui somados dão muito mais do que os do Luiz Inácio - eu já os somei.

Olha aqui: lista de apoio de todos os Senadores para a Unesco.

As Senadoras e os Senadores da República, signatários deste documento, apóiam o nome do Senador Professor Cristovam Buarque, hoje Presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal, para ocupar o cargo de Diretor-Geral da Unesco, em gabinete situado em Paris, com o objetivo de garantir mais uma presença do Brasil em um segmento técnico, político e científico, com dimensão e comando internacional.

Então estão aqui todas as assinaturas, e o Governo do Brasil comete a ignomínia, a maior palhaçada, a maior “aloprada”. Não quer ele; não quer outro brasileiro, cientista, que se candidatou, funcionário da Unesco. Como é o nome dele, o outro? E despreza dois brasileiros para escolher um do Egito - eu e o Mozarildo, que somos médicos, podemos dizer que num psicotécnico ele não passaria -, que queimou os livros hebraicos. Nós somos do povo hebreu, de Abraão. Queimou lá, na pátria dele, todos os livros hebraicos; Cristovam Buarque jamais faria isso.

           Então, está aqui o nosso Presidente da Comissão de Relações Exteriores. Azeredo e Rosalba Ciarlini, ontem, na reunião:

O Senador acha “frágeis” as justificativas apresentadas pelo governo.

Ele queimou os livros e isso o distancia “dos propósitos da Unesco, que busca a paz por meio de entendimento e pelo conhecimento - afirmou Azeredo.

           O candidato é ruim mesmo, não presta mesmo! Isso foi uma negociata aí que eles fizeram. Esses aloprados que a gente não sabe... O Senado é que denuncia. Porque o candidato não é melhor do que o nosso, não. É pior! Queimou os livros hebraicos! E nós vamos votar nele? Vamos abandonar os nossos dois candidatos? Então, o nosso repúdio ao Ministro do Exterior nessa política. Em vez de apoiar um dos dois brasileiros, o Governo optou por votar no ex-ministro egípcio, da Cultura, Hosni Farouk, uma figura controversa, na opinião do Senador. Ele ainda está magoado, porque Moisés livrou os povos hebreus de ser escravo... Tocou fogo em tudo que é livro e, agora, o Brasil quer botar no trono maior da cultura.

Alegou, ainda, que o Egito nunca ocupou a direção-geral da Unesco, esquecendo-se de que o Brasil também não - disse Azeredo, que fez discurso sobre esse tema.

         Fernando Collor, Presidente, nosso Senador, sofrido... Olha o que diz: “O PTB” [do seu Partido, não é Azeredo? Ô, Mozarildo, do seu Partido? Mas o Líder maior do PTB é V. Exª mesmo] “foi o primeiro a apoiar a iniciativa”.

Foi o primeiro a apoiar a iniciativa, observando que seria difícil para a comissão e para o Congresso admitirem que o Brasil opte pelo candidato egípcio quando conta com dois nomes como os de Barbosa e Cristovam. Collor lembrou ainda que Hosni já defendeu a queima de livros publicados em hebraico, uma postura que considerou “absurda”, em pleno século 21.

Paulo Duque [aquele que substitui aqui o Governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, experimentado - a mulher dele era Chefe de Gabinete de Getúlio Vargas -, homem muito experimentado do Rio de Janeiro, do PMDB] também apoiou o requerimento, sob o argumento de que a eleição de um brasileiro para o cargo de diretor-geral da Unesco, fundada em 1945, poderia ser considerada uma “grande vitória diplomática.

Já falou aqui o Heráclito Fortes, que é o ex-Presidente da Comissão, repudiando isso.

Cristovam, olha aqui o que eu recebi quando disse que ia falar: o portal de notícias da Globo: “Apesar de brasileiro estar na disputa, país apoia egípcio em eleição na Unesco”.

Esses portais todos condenam a postura do Presidente Luiz Inácio e seu Ministro.

Aécio Neves, presidenciável, olhe a manifestação dele: “Aécio Neves se encontrou em Paris com Koichiro Matsuura, Márcio Barbosa e o deputado Nárcio Rodrigues”. Ele apoiou os brasileiros.

Brasil. Últimas edições. Notícias. Jornal Nacional: “Brasil apoia egípcio em vez de brasileiro na Unesco”.

Tudo condenando. Ainda tem uma fotografia pejorativa do Ministro por essa atitude. “CCTCI aprova Moção de Apoio à indicação de Márcio Barbosa para a Unesco”, porque o Cristovam educadamente, civilizadamente - não é? - cristãmente, humildemente, recuou a dele; então estão dando apoio para o Márcio Barbosa para a Unesco. É uma pessoa brasileira que foi galgando cultura, conhecimento e, por méritos próprios, está na ONU e na Unesco. Zero Hora, São Paulo: “Apoio do Brasil a egípcio polêmico gera desconforto”. O Zero Hora lhe apoiando e lembrando o erro dessa medida. Gazeta do Povo: “Comissão pede retirada de apoio a egípcio na Unesco”. A Comissão de Relações Exteriores. Então são portais...

Olha, Cristovam Buarque, V. Exª se lembra do livro Dom Quixote de La Mancha? Dom Quixote de La Mancha, ele, Mozarildo, ele deu uma ilha, a Ilha Bravataria, para o Sancho Pança governar. Sancho Pança disse, Paim, que era homem de pouca cultura e não tinha capacidade de governar. E Dom Quixote disse: não, você é temente a Deus e isso é uma sabedoria, e sabedoria é fundamental. E o ensinou a governar: seja trabalhador, acorde cedo, seja asseado, arrume uma mulher, uma Adalgisinha, direita, para se casar. Ensinou, instruiu. E o homem, temente a Deus, fez até um bom governo. E, quando ele ia saindo, antes das aulas que Dom Quixote dava a Sancho Pança, aí ele voltou e disse: “Olha, eu esqueci de lhe ensinar uma coisa: só não tem jeito para a morte”. Só não tem jeito para a morte. Só não tem jeito para a morte. Luiz Inácio, tem jeito. Recue. Esses aloprados lhe enganaram. Cristovam Buarque, seu companheiro de tantas lutas, de tantos sonhos, foi um dos lutadores desse Partido dos Trabalhadores, conseguiu firmar-se na Capital da República, beleza de Ministro da Educação. Não fica bem a imagem de V. Exª com ressentimento, rancor e ódio. Nós não acreditamos. Então, eu faço ao Luiz Inácio, Mozarildo, aquele ensinamento de Dom Quixote a Sancho Pança: olhe, lembre-se: só não tem jeito para a morte. Ainda há tempo, Luiz Inácio. Reaja!

O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Senador Mão Santa, eu quero me solidarizar com V. Exª. Realmente - eu até já me manifestei em um aparte anterior ao outro orador -, não dá para entender essa posição do Governo brasileiro: preterir um ilustre Senador da República, ex-Ministro da Educação, aliás, demitido por telefone, e agora sendo preterido pelo Governo...

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Possuidor do maior abaixo-assinado que já houve no Senado.

O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Perfeito. Com o apoio do Senado, e que tem, portanto, toda uma condição para representar bem, ex-Reitor da UnB, seria uma excelente indicação. Mas agora, realmente, é preterido, e pior, é que há um comentário, na verdade, de que o Governo brasileiro gostaria de apoiar o que está lá na Unesco atualmente, mas, como a candidatura do Senador Cristovam estava posta, eles resolveram fazer uma terceira alternativa e vieram com essa justificativa de apoio ao Egito. Portanto, eu quero aqui reiterar a minha indignação e o meu inconformismo com relação a essa posição do Governo brasileiro.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Incluo todas as palavras de V. Exª ao meu pronunciamento.

Paulo Paim, V. Exª tem sorte. Esse é um dos documentos da vergonha desta Casa. V. Exª é o primeiro signatário. Eu sou o quarto. Estou sempre atrás de V. Exª. Então eu levaria ao nosso querido Presidente Luiz Inácio. O Senado é para isso, é para gente aconselhar. Nós somos os pais da Pátria. Luiz Inácio, inspire-se no livro Dom Quixote de La Mancha, de Cervantes, que ensina a um homem humilde Sancho Pança, a governar a Ilha de Bravataria, que ganhou como prêmio.

Só não tem jeito para a morte. Luiz Inácio, ainda tem jeito. Recupere e dê essa oportunidade de crescimento ao Brasil.

Era o que eu tinha a dizer.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/05/2009 - Página 19126