O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador) - Senador João Pedro, que preside esta reunião de segunda-feira do Senado da República, Parlamentares presentes, brasileiros e brasileiras que nos assistem aqui no plenário e os que nos acompanham pelo sistema de comunicação do Senado.

Senador João Pedro, Cícero, o maior orador, disse: nunca fale depois de um grande orador. Vou ter que falar depois de Pedro Simon. E não é só um grande orador, não; ele é um grande gaúcho. Gaúcho não é qualquer um, não, brasileiras e brasileiros. Se nós temos a República foram os gaúchos; Bento Gonçalves; dez anos da Guerra dos Farrapos; se nós temos a liberdade dos negros, foram os lanceiros negros, sofridos, os avós do Paim lá, sacrificados, que despertaram. Se nós temos esse amor ao trabalho, foi lá, o Getúlio, o Alberto Pasqualini, o João Goulart. E lá nasce esse movimento do aperfeiçoamento da democracia, não deixando vulgarizar o maior partido do renascimento da democracia, o PMDB.

Quis Deus que estivesse aqui o nosso João Pedro, que representa aqui o Partido dos Trabalhadores. Mas ele é suplente de Alfredo Nascimento. Alfredo Nascimento é um líder novo, foi Prefeito de Manaus e ele é o responsável e dinâmico Ministro dos Transportes. Então, há um reconhecimento dele.

Mas sempre adverti Luiz Inácio que os meninos lá do Piauí são muito aloprados. Então, olhem: Diário do Povo. Ainda existe imprensa livre neste País. Este jornal aqui é de um empresário; ele faz isso só por hobby, ele não precisa disso. Ele é um empresário, talvez tenha sido o brasileiro que mais vezes foi à China. Ele, nesta área de comercialização de motos, bicicletas, peças, deve ser o maior do País. Então ele tem este jornal e ele é livre. Isso é raro no Brasil, Senador Expedito Júnior. Em geral, os órgãos ficam dependentes do Governo.

Diário do Povo do Piauí

TSE descobre desvio de 10 milhões em obras de estradas

Olhem as manchetes, olhem as estradas.

A PI-113, que liga Teresina a José de Freitas foi uma das inspecionadas pelos técnicos. Piauí tem “estrada sonrisal” - bota bem grande aí! Quer dizer, o Ministro cumpre e manda os recursos, e os aloprados não cumprem. Está aqui o TCE: PI-113 é só buraco, lama e matagal. Este grande jornal independente e as três primeiras manchetes, todas sobre estradas:

TCE descobre desvio de R$10 milhões em obras de estradas

Piauí tem “estradas sonrisal”

PI-113 é só buraco, lama e matagal

Pronto... Aqui dentro do jornal tem um artigo bom do grande jornalista Mário Rogério, Visões Distintas, não é? Mas, na terceira página: TCE identifica desvio de R$10 milhões de obras em estrada.

Expedito Júnior, está vendo este prédio bonito aqui? Não foram os aloprados que fizeram, não! Fui eu, quando governei o Estado do Piauí. Valeu a pena. Tribunal de Contas do Estado. Está vendo? Eu transferi, independentemente dos valores exigidos pela lei. Está vendo, Pedro Simon? Tribunal de Contas do Estado. Isto é de um Governador que investiu na moralização e na fiscalização. Além daquilo que é obrigatório de lei, eu dei para o Ministro Jesualdo Cavalcanti, grande líder, e ele fez esta beleza. Não foi só o físico, não; foi instrumentalizado. Valeu a pena, olha aí! TCE constata que estradas são sonrisal

         Olhe ali, Rosalba Ciarlini, estrada sonrisal. Quer dizer, não tem nada a ver com o nosso Ministro, viu? É porque os aloprados são de lá, como eu estava dizendo.

Vamos adiante no jornal. Eu não vou cansá-los, mas tem aqui na página 9: A PI-113 está esburacada e sem sinalização. As estradas estão cheias de buraco e não sei o quê. Tudo, tudo, tudo. Não é o Sr. Ministro Alfredo Nascimento. São os aloprados de lá. É uma verdadeira aventura e risco ir até José de Freitas, a rodovia que liga Teresina. A cidade está completamente tomada pelos enormes buracos. Os buracos são enormes.

Então é este o Governo que nós temos no Estado do Piauí. Eu quero ver que o Governo perdeu-se totalmente. Eu vou aqui ver neste jornal. E vou ler um editorial muito importante de um dos jornalistas, sem dúvida alguma, dos mais acreditados do Piauí, Zózimo Tavares. Olhe aqui, olhe como o Governo perdeu o nexo.

Está ouvindo, João Pedro? V. Exª, Expedito Júnior... A Rosalba está para ser governadora. Expedito Júnior também vai ser. Olha aqui, além das três manchetes das estradas, olha isto aqui, como perderam a cabeça os aloprados do Piauí: “Wellington dá um milhão para filme de Frank Aguiar”. Eu não tenho nada contra ele não. Eu até gosto dele. Eu até gosto do Frank Aguiar. Mas...

Nós vamos agora vamos ler um editorial sobre o que significa isso numa administração pública: Um milhão para Frank Aguiar.

Frank Aguiar é político, foi Deputado Federal - está ouvindo, Pedro Simon? -, é do PTB, é coligado lá, é político. O Governador deu-lhe um milhão, além de passagens para fazer um filme para ele.

         Então, esse negócio de Constituição, João Pedro, é como Ulysses, que beijou... Desobedecer a Constituição é como rasgar a Bandeira do Brasil.

         Está na Constituição Federal, nos artigos ligados à Administração, um que diz que a administração pública tem que ter legalidade, moralidade, publicidade, impessoalidade, e - vamos dizer - excelência do serviço público, e eficiência do serviço público.

Pedro Simon, impessoalidade. Então, dá-se um milhão, quando o povo todo está morrendo nas terras alagadas, as professoras estão sem aumento e médicos em greve - está certo, é artista, é bom dar para fazer um filme pessoal. Então, não tem impessoalidade. Foi Deputado e é vice-Prefeito em uma cidade de São Paulo.

Mas olhe o que diz Zózimo Tavares! Nem tudo está perdido, João Pedro, nesse negócio, nesse trator que é o Governo, principalmente em cima dos órgãos de comunicações. Não é opinião pública, não; é opinião publicada. Existem jornais como o Diário do Povo e existem intelectuais e jornalistas como Zózimo Tavares, que vai analisar isso. Eu gosto do cantor. É meu amigo pessoal, mas entre gostar e rasgar a Constituição...

Expedido Júnior, pode ler, ela está aí. No artigo sobre a administração diz que tem de ter moralidade, legalidade, impessoalidade, publicidade e eficiência no serviço público. Não é isso, Pedro Simon? Não é a Constituição? Então, impessoalidade. Não pode dar dinheiro para fazer um filme, não pode. Já tinham flagrado passagens inúmeras. Isso é pessoal. Por que é aliado? Não. Tem-se de respeitar as coisas. A Constituição é para ser respeitada. Gosto do rapaz.

Agora não poderia deixar, porque já recebi lá na Assembléia... Um Deputado já leu, já falou, já comentou... E eu recebi muito e-mail disso aqui, e dos artistas - estão aqui os nomes - reclamando. Por que se dá a um e não se dá aos outros? O direito não é igual para todos? Não é assim, Pedro Simon?

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Perfeitamente.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Como é que se dá só para um? E os outros artistas? Por que está em São Paulo? É vice? Por que é aliado do Governador?

Então, o que diz Zózimo Tavares, que é um homem de moral? V. Exª conheceu, Pedro Simon, Carlos Castelo Branco, o Castelinho? Pois esse aqui é o castelinho nosso. É de moral. É da Academia Brasileira de Letras. É autor de livros. Então ele escreve independentemente e assina aqui: “Além do fato”. Então, é honroso para mim ler, porque ele tem moral; é um castelinho para nós. O Castelinho era piauiense. E esse é o nosso castelinho lá. Está aí um homem que deveria ser candidato a Senador da República. Eu daria a minha vaga a ele, mas a esses bichos aí, esses aloprados, que estão lá tomando... O PT engolindo o PMDB, não. Mas esse é um homem de bem. Podia até se filiar e tal. É um jornalista que enriqueceria, como Carlos Castelo Branco.Vou ler:

Muitos piauienses se escandalizaram quando noticiamos que, entre os contemplados com a farra de passagens do Governo no Estado, quase meio milhão de reais em março passado está o cantor...

Além desse dinheiro teve as passagens. No Estado está todo mundo embaixo d’água, famintos, sem casa, sem cobertor, sem remédio. Isso não é brincadeira.

Eu sei que é importante, que é do PTB, que foi Deputado, que é Vice-Prefeito de uma cidade de São Paulo.

[Quase meio milhão de reais, em março passado] está o cantor Frank Aguiar, ex-deputado federal e vice-prefeito do próspero Município de São Bernardo do Campo, no rico ABC paulista. O artista meteu na cabeça de fazer um filme sobre ele mesmo, intitulado "Os sonhos de um sonhador.

Luiz Inácio, tem muita gente querendo imitar. Acredito que nosso Presidente não tenha feito isso. Pegar um dinheiro e fazer um filme. Eu acredito. Acho que ele não seguiu não.

O artista meteu na cabeça de fazer um filme sobre ele mesmo, intitulado "Os sonhos de um sonhador”.

A doação das passagens, pelo Governo do Estado, para o transporte da equipe do filme, de São Paulo para o Piauí, surpreendeu porque Frank Aguiar é hoje um artista milionário, com muitos contatos no meio empresarial, onde poderia perfeitamente captar recursos para financiar o seu longa-metragem. Além disso, o Governador Wellington Dias anunciou, justamente em março, que estava em contenção de despesas. Um dos cortes de gastos seria justamente nas passagens aéreas”.

Quer dizer, não tem para doente, não tem nada.

Pois bem. A ajuda do Governo do Estado para o filme do forrozeiro Frank Aguiar não fica apenas na doação de passagens:

O Governo fechou um contrato no valor de R$1 milhão como patrocínio para o filme, cujo orçamento total será de R$5 milhões.

Pedro Simon, não fizeste nenhum filme sobre a tua vida? Já vais fazer quase 80 anos.

E não fez. O Pedro já foi Governo, já foi Governo, mas... Pois, está lá.

... no valor de R$1 milhão como patrocínio de um filme, cujo orçamento total será de R$5 milhões. Não seria repreensível que o Governo do Piauí procurasse, de alguma forma, apoiar o filme de um filho da terra que alcançou o sucesso com a carreira artística. Mas o Piauí vive uma crise financeira com milhares de flagelados das enchentes e precisando de ajuda. O Estado também está sem dinheiro para cumprir o plano de cargos e salários de várias categorias de servidores públicos.

         Então, o que cabe indagar é de onde o Governo do Piauí vai tirar R$1 milhão para o filme de Frank Aguiar - dos alagados, dos servidores públicos que estão com seus direitos públicos sendo desrespeitados ou de alguma conta secreta onde junta todo esse dinheirão que diz receber de Brasília?

A revista Veja desta semana traz uma nota sobre a morte do cantor e compositor Zé Rodrix, autor, entre outras, da canção Casa no Campo, celebrizada na interpretação de Elis Regina. O artista morreu na sexta-feira passada. No breve perfil que ela traça, a Revista conta que o músico era opositor de patrocínios governamentais. Veja relata que o músico abandonou um musical ao saber que ele seria bancado com dinheiro público. Sua justificativa: “Não acho honesto que o dinheiro de todos seja gasto no financiamento da aventura pessoal de alguns.

A revista enfatiza que só por isso Zé Rodrix já merecia uma estátua.

Para encerrar, um filme da história de Frank Aguiar é para promoção do Piauí ou para sua promoção pessoal?

         Zózimo Tavares, editor chefe do jornal.

         Agora, vem a mim o seguinte: isso é natural. Então, há outros artistas, ouviu, Pedro, que se acharam com o direito também - eu que represento o povo do Piauí - de pedir a S. Exª que desse tratamento igual, igual: João Cláudio Moreno, humorista que nós temos; Edinho Neiva; Fonseca Júnior; Pituca; Teófilo; Dirceu, Francis Lopes, que está também em São Paulo; Lázaro, do Piauí; Assis e outros intelectuais também, o reviver Torquato Neto da Costa Silva e Assis Brasil. Então, são essas as maneiras.

É, por isso, Pedro Simon, que eu acho que o nosso PMDB não pode ser rabo dessa gente. Nós somos a cabeça. Foi assim que nós surgimos para derrubar o movimento militar, que tinha os seus tropeços da perda da liberdade.

Mas quero dizer que o PT do Piauí tem em corrupção batido todos da História do Brasil.

Essas são as nossas palavras.

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