O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Jefferson Praia, Sr. vice-Prefeito de Rio Preto da Eva, no Amazonas, Exmº Sr. Manoel da Paixão, Srªs e Srs. Senadores, senhora cunhada do Senador Jefferson Perés, representando a Srª Marlídice, viúva do Senador, convenhamos, Srªs e Srs. Senadores, que esta homenagem tão justa, tão legítima decorre em um momento não muito feliz deste Senado Federal.

Fico até a me perguntar, diante do que está acontecendo agora no Parlamento, o que diria o Senador Jefferson Péres? Qual seria sua atitude? Como caminharia o Senador Jefferson Péres pelos corredores desta Casa, ele, que sempre mostrava e demonstrava aquela serenidade de um homem íntegro, de um homem puro, de um homem tranquilo?

Ah, Srªs e Srs. Senadores, como eu gostaria que tivéssemos aqui o Senador Jefferson Peres. Em vez de celebrarmos ou manifestarmos nosso pesar estivéssemos tendo ele ao nosso lado, porque ele era daqueles que inibia, intimidava a quem protegia atos de corrupção, atos de falta de ética. Quem olhava para Jefferson Péres, não é que se dissesse agora que se estava olhando para a cara feia, que ninguém tem medo de cara feia, mas havia quem tivesse medo de Jefferson Péres. Sr. Presidente, medo por quê? Medo de quê? Medo porque sabia da sua intransigência frente ao desafio da corrupção, do desvio do dinheiro público. Medo por quê? Medo porque ele não cedia. Ele era um homem coerente.

Srªs e Srs. Senadores, se há um homem que está fazendo falta na vida pública do País... Muitos homens fazem falta. Aqui já se falou que Mário Covas está fazendo falta; aqui já se falou que Djalma Marinho está fazendo falta, mas, se há um homem que está fazendo falta neste momento da vida política do País, este homem chamou-se Jefferson Péres.

Que saudade, Senador Jefferson Péres! Saudade de um homem implacavelmente denodado na sua luta por fazer uma melhor política. Saudade eu tenho - eu tenho, pessoalmente - pelo apoio que ele me deu quando exerci a Presidência desta Casa, num período curto. Tive o apoio decidido dele durante as minhas manifestações, sobretudo aquelas que diziam respeito à independência desta Casa.

Senador Jefferson Praia, V. Exª, que substitui nesta Casa o Senador Jefferson Péres, quero dizer que nunca tive tanto orgulho na minha vida pública - e não é das mais brilhantes, mas até que já fui Deputado, Prefeito, Senador, Governador -, mas nunca tive tanto orgulho como quando recebi o apoio de Jefferson Péres naquelas manifestações com relação à independência do Poder Legislativo, principalmente à condenação da enxurrada de medidas provisórias que chegavam aqui e deixavam todos nós verdadeiramente estarrecidos e atônitos.

Por isso, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho hoje a esta tribuna dizer como muitos já disseram aqui, muitos homens públicos. Foi o Senador José Sarney, Presidente desta Casa, que disse há pouco que muitos homens públicos passaram por este Senado, mas um homem público merece destaque: chamou-se Jefferson Péres. A ele dedico essa manifestação, sobretudo de gratidão, pelo apoio que me deu.

E digo: reforma política neste País, quando teremos reforma política neste País? Quando teremos, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a reforma dos costumes políticos neste País? Os verdadeiros partidos? Teremos quando verdadeiramente seguirmos o exemplo de homens como Jefferson Péres.

Eu digo a V. Exª: vi também o pesar com que seu corpo foi recebido na sua cidade, na cidade dele, na cidade de V. Exª, na cidade de Manaus. Vi o pranto, vi a dor, vi tudo isso e cheguei à conclusão de que vão-se os homens, ficam instituições como a nossa, mas há homens que engrandecem as instituições, e esses homens, certamente, nós temos que assinalar, devem ter a têmpera, a coragem, Senador João Pedro, o destemor do Senador Jefferson Péres.

Gostaria de deixar aqui essas palavras, gostaria de dizer mais. A plateia até que está inspiradora quanto a isso. Nós temos os trabalhadores deste País nas nossas galerias, temos uma representação de Prefeitos, de Vereadores. Gostaria de dizer: a vida pública deste País perdeu muito, mas poderá não ter perdido nada se atentarmos, como diria Mão Santa, para o que disse Jefferson Péres na sua lição imortal.

Muito obrigado.

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