Discurso durante a 82ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem a memória do Senador Jefferson Peres, pelo transcurso do primeiro ano de sua morte.

Autor
Marco Maciel (DEM - Democratas/PE)
Nome completo: Marco Antônio de Oliveira Maciel
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem a memória do Senador Jefferson Peres, pelo transcurso do primeiro ano de sua morte.
Publicação
Publicação no DSF de 27/05/2009 - Página 19629
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • CUMPRIMENTO, PRESENÇA, SENADO, AUTORIDADE, HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE MORTE, JEFFERSON PERES, EX SENADOR, ELOGIO, ATUAÇÃO, EXERCICIO, MANDATO PARLAMENTAR, LUTA, ETICA, BUSCA, GARANTIA, TOTAL, ACESSO, POPULAÇÃO, EDUCAÇÃO, SAUDE, TRABALHO, PREVIDENCIA SOCIAL, APERFEIÇOAMENTO, INSTITUIÇÃO DEMOCRATICA, MANIFESTAÇÃO, SOLIDARIEDADE, FAMILIA.

  SENADO FEDERAL SF -

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SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, nobre Senador Jefferson Praia, eu gostaria de aproveitar a ocasião também para saudar o Sr. Manoel da Paixão, Vice-Prefeito de Rio Preto da Eva, que se encontra presente e representa o povo do Amazonas.

Srªs Senadoras, Srs. Senadores, Sr. Presidente, fazer memória do Senador Jefferson Péres, no instante em que se registra o primeiro ano do seu passamento, é ocasião para recordar que sua vida se caracterizou pelo zelo, através de palavras e ações, pelas virtudes republicanas, cujos valores muitas vezes estão sendo ignorados nos diferentes campos da atividade pública.

Jefferson Péres era a um só tempo, pode parecer paradoxal, uma personalidade singularmente múltipla. Sabemos, como pregara Camões, num dos seus cantos de Os Luzíadas, que “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda o ser, muda-se a confiança; todo o mundo é composto de mudança”.

Se é verdade, sobretudo nesses tempos de grande aceleração histórica em que vive o mundo, a velocidade das mudanças é ainda maior, isso não nos deve levar a desconhecer , no campo da política, a prática da coerência.

Não foi sem motivo que o ex-Vice-Presidente Aureliano Chaves disse que preferiria que duvidassem da sua inteligência, a desprezarem a sua coerência.

Sr. Presidente, em todos os campos de sua atividade - jornalista, advogado, escritor, professor, Secretário de Estado, duas vezes Vereador e duas vezes Senador da República -, Jefferson Péres foi invariavelmente um cidadão vertebralmente coerente.

Movia-se consciente do compromisso moral que representa para todo homem público de nosso País o exercício da política - política entendida como virtude, ciência e arte do bem comum; não como poder, não como um fim, mas como instrumento das transformações que a Nação tanto reclama em busca de uma sociedade solidária e de uma economia mais justa. Nós, Sr. Presidente, temos essa obrigação, esse dever e esse destino. Podemos divergir quanto aos caminhos para alcançá-las, mas temos de concordar na necessidade de buscá-las.

Para Jefferson Péres, a sua pregação nas tribunas, quer do Legislativo municipal de sua cidade de nascimento, Manaus, quer nesta tribuna do Senado Federal, sempre expressou que o exercício da cidadania não pode, nem deve, cingir-se ao ritual das eleições periódicas. Democracia é mais do que isso. É a garantia de que mecanismos de correção social assegurem a possibilidade de que todos tenham acesso à educação, à saúde, ao trabalho, à Previdência Social adequada na velhice, na doença, no infortúnio. Tudo isso, Sr. Presidente, ressalte-se, reclama a necessidade de aperfeiçoar as instituições, de corrigi-las, ajustá-las às demandas da sociedade.

No momento em que nos preparamos para comemorar a passagem do bicentenário da Independência do Brasil, convém, como pregou o Senador Jefferson Péres, pensar o País em seu devir, ou seja, o seu projeto de inserção, nestes tempos de mundialização, na comunidade internacional, materializando assim a vocação a que estamos destinados.

Convém, Sr. Presidente, ressaltar a riqueza estilística de que era dotado o Senador Jefferson Péres. Além do apreço que ele possuía pelo vernáculo, seus textos cravavam a palavra precisa que associava a graça da forma à elegância da concisão. Aliás, não era isso o que aconselhava Machado de Assis, o Bruxo do Cosme Velho, ao assinalar que “os adjetivos passam, os substantivos ficam”?

Sr. Presidente, ao reverenciar a memória do ilustre Senador Jefferson Péres, eu gostaria de aproveitar a ocasião para estender também os nossos sentimentos à Srª Marlídice, que, como companheira, o acompanhou em sua vida pública. A Drª Marlídice se constituía em uma pessoa que, por todos esses motivos, se fazia credora da admiração de todos nós.

Antes de encerrar, Sr. Presidente, eu gostaria de mencionar que, ao registrar o primeiro aniversário da morte de Jefferson Péres, cujo desaparecimento tanto empobreceu a vida pública brasileira, nos lega o dever de honrar o seu testemunho de vida.

O tempo - já houve quem dissesse - atenua a dor da perda, mas aumenta a saudade. Aliás, Dom Pedro Casaldáliga lembra, com propriedade, que, para nós cristãos, “o nascimento e a morte se procuram e se encontram, mas a vida vence sempre”, pois há séculos que a Igreja qualifica o dia da morte dos seus santos como o Dies Natalis, ou seja, o dia natalício.

Portanto, nós temos, mais do que a convicção, a certeza de que Jefferson Péres continua entre nós, mesmo porque a morte não divorcia, aproxima.

Muito obrigado a V. Exª, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/05/2009 - Página 19629