Pronunciamento de Osmar Dias em 26/05/2009
Discurso durante a 82ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Homenagem a memória do Senador Jefferson Peres, pelo transcurso do primeiro ano de sua morte.
- Autor
- Osmar Dias (PDT - Partido Democrático Trabalhista/PR)
- Nome completo: Osmar Fernandes Dias
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
HOMENAGEM.:
- Homenagem a memória do Senador Jefferson Peres, pelo transcurso do primeiro ano de sua morte.
- Publicação
- Publicação no DSF de 27/05/2009 - Página 19630
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
-
- HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE MORTE, JEFFERSON PERES, EX SENADOR, ELOGIO, VIDA PUBLICA, IMPORTANCIA, CONTRIBUIÇÃO, DEFESA, ETICA, MORAL.
SENADO FEDERAL SF -
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O SR. OSMAR DIAS (PDT - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Jefferson Praia, primeiro, quero cumprimentar V. Exª pela iniciativa. Tinha de ser mesmo V. Exª, já que tem a responsabilidade de concluir um mandato de muita dignidade iniciado pelo Senador Jefferson Péres.
Srªs e Srs. Senadores, eu gostaria de falar aqui do privilégio que tive. Quando chegamos juntos ao Senado, em 1995 - acho que o Senador Romeu Tuma chegou também nesse ano -, nós tivemos a oportunidade, logo de início, de começar no mesmo partido, numa convivência em que construímos uma amizade muito sólida, porque ela foi construída em cima do trabalho. Trabalhando sempre junto com o Senador Jefferson Péres, aprendendo com ele, muitas vezes nos desentendendo em relação a alguns assuntos, mas nos entendendo na maioria, nós fomos construindo uma amizade.
Éramos ambos, em determinado período, do PSDB. O Senador Jefferson Péres deixou o PSDB, veio para o PDT, e eu, em seguida, acompanhei-o, após o episódio que me fez também deixar o PSDB. Então, nós tivemos uma convivência partidária durante todo o tempo em que aqui tivemos a oportunidade de compartilhar este ambiente do plenário e das comissões. Além disso, tive o privilégio de ser liderado do Senador Jefferson Péres e dele ser Líder, porque nós tínhamos um revezamento na Bancada do PDT. Na primeira oportunidade em que o PDT fez número de Senadores suficientes para ter o líder, nós escolhemos o Senador Jefferson Péres por unanimidade. E ele, ao assumir, disse-me: “Eu assumo, mas você tem que ser o meu Vice-Líder, porque você vai me suceder depois na liderança”. E foi assim. Ao sucedê-lo, continuei dando ao Partido, ao PDT, a mesma linha de conduta, de independência, de atuação aqui no Senado Federal.
Quando o Senador Jefferson Péres se candidatou à Presidência do Senado - aqui está uma referência -, ele contou com o meu apoio e teve poucos votos. Isso porque, na verdade, o que aconteceu aqui foi uma obediência ao critério da bancada majoritária, mas comigo ele contou, como sempre contou.
Nós trabalhamos aqui durante praticamente 14 anos em uma sintonia muito grande. Jamais o Senador Jefferson Péres, como Líder, tomou qualquer decisão pelo Partido - e o Senador Augusto Botelho fez parte, por um tempo, dessa Bancada -, se não fosse nos consultando. Mas a consulta tinha que ser também cumprindo horário. Se ele marcasse a reunião para 9 horas e chegássemos às 9 horas e cinco minutos, já não havia mais reunião, que já tinha acabado, porque a reunião do Senador Jefferson Péres durava no máximo três ou quatro minutos, para decidir no máximo um assunto, porque ele não gostava de conversar muito.
E hoje nós praticamente seguimos esse modelo, não é, Senador Jefferson Praia? Colocamos os assuntos para a Bancada. Então, continuamos seguindo aqui o modelo do Senador Jefferson Péres.
Agora eu desconfio muito daquelas pessoas que fazem discurso todo dia para afirmar a sua própria ética. Eu desconfio daquelas pessoas que todo dia têm que ficar dizendo: eu sou honesto. Eu nunca ouvi o Senador Jefferson Péres dizer que era ético ou honesto, porque ele não precisava. Era a postura, o comportamento, as atitudes, os gestos que diziam que ele era honesto, que ele era decente, que ele era ético, porque as pessoas que o são não precisam ficar todos os dias reafirmando aquilo que as pessoas estão enxergando - porque também não adianta afirmar que é se não for. As coisas são transparentes e claras.
E o que mais ficou do Senador Jefferson Péres foi a sua sinceridade, a sua franqueza, a sua forma objetiva de abordar todos os temas e o conhecimento profundo que tinha sobre a economia brasileira, matéria sobre a qual, aliás, teve oportunidade de dar aulas - acho que até V. Exª foi aluno do Professor Jefferson Péres, Senador Jefferson Praia, o que também é um privilégio de V. Exª e não apenas o de ter aqui a responsabilidade de sucedê-lo.
Neste dia em que estamos aqui para homenagear a memória do Senador Jefferson Péres, eu gostaria de não fazer nenhum discurso triste, nem de lamentar, porque quem teve a vida que teve o Jefferson Péres, de dignidade, de coerência, de postura reta na vida, pode descansar tranquilo, porque ele tem aqui a admiração, o respeito, o carinho de todos. Isso é o que vale. Ele deixou aqui uma história de construção, uma história de sabedoria, uma história de um verdadeiro mestre para nós todos. Ele nos ensinou muito e eu, como bom aluno dele, aprendi muito, Senador Jefferson Praia - como V. Exª também foi aluno dele -, aqui, no Senado Federal.
Por isso, neste dia, sem me alongar, quero apenas registrar o meu eterno respeito pela figura do Senador Jefferson Péres, que, sem nenhuma dúvida, entrou para a história do Senado Federal e para a História do Brasil, porque, no meu Estado, por onde ando, quando se fala em Senador Jefferson Péres, fala-se em respeito e em moralidade. É isso que devemos guardar daquele que passou por aqui e deixou uma história muito bonita, escrita nos Anais do Senado e na História do Brasil também.
Obrigado, Sr. Presidente.
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