Discurso durante a 82ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem a memória do Senador Jefferson Peres, pelo transcurso do primeiro ano de sua morte.

Autor
José Agripino (DEM - Democratas/RN)
Nome completo: José Agripino Maia
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem a memória do Senador Jefferson Peres, pelo transcurso do primeiro ano de sua morte.
Publicação
Publicação no DSF de 27/05/2009 - Página 19632
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE MORTE, JEFFERSON PERES, EX SENADOR, ELOGIO, PROBIDADE, ETICA, VIDA PUBLICA, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, EMPENHO, DEFESA, INTERESSE, POPULAÇÃO, INCENTIVO, DESENVOLVIMENTO, ZONA FRANCA, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DO AMAZONAS (AM), PRESERVAÇÃO, REGIÃO AMAZONICA.

  SENADO FEDERAL SF -

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O SR. JOSÉ AGRIPINO (DEM - RN. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu estava acompanhando, aqui do plenário e do gabinete, as manifestações que se seguiram de apreço, de amizade, de reconhecimento ao nosso grande Colega Jefferson Péres. E a câmara de televisão pega, ao focar os oradores, a figura de Jefferson com uma frase: “Quem caminha com o povo nunca está sozinho”, frase que serviu de tema a sua campanha para a Presidência do Senado.

Eu devo dizer a V. Exªs que eu me orgulhava muito da amizade que tinha com o Jefferson. Eu me orgulhava muito do Senador Jefferson, que sentava aqui na minha frente.

Eu sempre falo desse lado da tribuna. Ele sentava aqui, exatamente de frente, e, quantas vezes, ao assistir à minha fala, ele levantava o microfone e me dava a honra de apartes, sempre muito apropriados, muito lúcidos, muito equilibrados, amparados pela grandeza moral de um cidadão que honrou a classe política. Mas quero voltar à frase.

Senador Romeu Tuma, fui eleito Governador pela primeira vez em 1982. Eu tinha 36 anos. Era um jovem. Eu havia sido Prefeito em Natal e, pelo voto direto, logo após o período revolucionário, fui o primeiro Governador eleito após a revolução. Ganhei a eleição e me lembro como se fosse hoje da frase que pronunciei ao encerrar meu discurso de posse, discurso lido: quem caminha ao lado do povo não se perde nos caminhos do futuro. Estou falando em 1982. Quem caminha ao lado do povo não se perde nos caminhos do futuro. Veja a similitude. Eu não conhecia essa frase de Jefferson. Eu estava vendo pela televisão e, claro, aqui no plenário: “Quem caminha com o povo nunca está sozinho.” Nós dois queríamos dizer a mesma coisa, com o mesmo espírito público.

Político que queira o respeito do povo tem que respeitar o povo. Quem caminha ao lado do povo não se perde nos caminhos do futuro. Ele dizia: “Quem caminha com o povo nunca está sozinho.” Ele nunca esteve sozinho.

Senador Jefferson Praia, nós, políticos, que exercemos lideranças, vamos a São Paulo, vamos ao Rio de Janeiro, vamos a Porto Alegre, a Belo Horizonte, a Recife, a Salvador, a Teresina, a Manaus, a Belém, e ouvimos falar das referências da política do Brasil. Como era prazeroso ouvir os comentários dos formadores de opinião deste País sobre o político Jefferson Péres! Como ele era respeitado! Falava pouco, não era contumaz nesta tribuna. Ele falava até pouco, mas falava o necessário e falava com a contundência necessária, para, ao falar, ser ouvido, e para, ao falar, ser referência. Referência de equilíbrio, de emoção, referência de comportamento coerente, referência de probidade. Assim foi a vida toda.

O Congresso hoje vive uma crise. Como nos tem feito falta a presença de Jefferson Péres, os discursos cortantes de Jefferson Péres, que era uma referência para esta Casa e que, nesta tarde, recebe a homenagem dos seus Pares.

Eu devo dizer, Senador Valdir Raupp, que eu tinha um outro lado que me aproximava de Jefferson, era o lado potiguar. A esposa de Jefferson chama-se Marlídice, ela é prima legítima do Sr. Pedro, que é um comerciante, grande empregador na capital do meu Estado, no Armazém Pará, que é muito mais que um armazém; é um conglomerado de comércio de material de construção civil. Eu não sabia que Marlídice era prima do Sr. Pedro, que é um amigo meu, patriarca de uma família amiga minha. E, no começo do mandato, fui informado de que Jefferson estava em Natal e fui bater lá, numa casa de praia distante de Natal. Fui lá conviver com a família toda. Como era começo de mandato e eu não conhecia o Senador Jefferson, na relação feita de uma visita na província, afinou-se uma relação pessoal que eu cultivei o tempo todo.

Eu nunca tive, Senador Jefferson Praia, nunca, ao longo de todo o período em que convivemos juntos, um momento de confronto de opinião com Jefferson. Só tivemos confluências, só tivemos somação de pontos de vista. Nunca tivemos uma divergência que nos afastasse. Podíamos até não ser confluentes o tempo todo na contundência ou na opinião, mas divergentes nunca fomos, e isso me honrava muito.

Hoje é o dia de Jefferson Péres, Senador Tião Viana. Hoje é o dia de recuperarmos a memória de um cidadão que honrou muito a convivência com nós todos. Lembro-me demais de Jefferson chegando pontualmente às comissões ou chegando cedo a este plenário. Agora, na hora do almoço, ninguém segurava Jefferson Péres. Não sei se era porque ele tinha medo de Marlídice ou se era porque o estômago magrinho dele chamava, mas o que é fato é que ele saía. Saía porque chegava na hora. Era um disciplinado no comportamento pessoal e um disciplinado nas ideias.

Quero dizer que muitos companheiros de Partido aqui falaram. O Senador Marco Maciel, na reunião de Bancada que fizemos hoje, pela manhã, me disse que faria um discurso escrito. Eu disse: Marco, a sua palavra será a palavra oficial do Partido, mas vou fazer questão, nem que seja ao final da sessão, de manifestar a minha opinião pessoal sobre um político de cuja amizade eu privei e de cuja amizade eu me orgulho. De um amazonense ilustre que era interessado nas questões nacionais e que era um gladiador na hora em que se tocava na questão local da sua Zona Franca e do seu Estado, o Amazonas. E que, por isso, morreu merecendo o respeito do Brasil; e que, por isso, merece a homenagem que, nesta tarde e noite, o Senado lhe presta, homenageando uma referência de seriedade, de probidade, de competência e de espírito público, hoje predicados que não estão fáceis nos políticos do Brasil.

Que Deus o guarde. E que receba a homenagem de todo o meu Partido, o Democratas do Brasil.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/05/2009 - Página 19632