O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Senador Jefferson Praia, autor desta propositura, quero iniciar parabenizando-o pela homenagem a esse brasileiro, a esse militante político, a esse amazonense que nos deixou saudades. Orgulha-nos falar do Jefferson pela prática que ele adotou como homem público.

         Mas, antes, quero fazer um parêntese porque, Sr. Presidente, Srs. Senadores, o plenário do Senado tem uma presença expressiva de trabalhadoras e trabalhadores das federações que compõem a Contag. Eles têm um pleito na medida provisória, hoje Projeto de Conversão nº 455. Interessa aos trabalhadores rurais trabalhar 30% da produção sem licitação para merenda escolar nos Municípios. Não é isso? Os trabalhadores estão com essa expectativa.

Nós não temos votação hoje, mas espero que, ainda nesta semana, nós possamos tratar as medidas provisórias que estão trancando a pauta. Mas há uma concordância em fazermos a discussão, a votação. E eu espero que nós possamos atender o pleito dos trabalhadores rurais, da Contag, votando o projeto de lei de conversão que trata de um pleito justo para a economia familiar, para os trabalhadores.

Então, os trabalhadores estão prestigiando esta sessão, na qual se faz uma reflexão acerca da memória desse amazonense de Manaus, professor da Universidade Federal do Amazonas, professor de Economia, o Senador Jefferson Péres.

Fui Vereador em Manaus, na eleição de 1988. Elegemos o Senador Arthur Virgílio, que aqui está, para Prefeito de Manaus. E ali, junto com a nossa coligação, foi inesquecível a vitória do Senador Arthur Virgílio para Prefeito. Uma eleição duríssima, porque conseguimos ganhar do ex-Senador e ex-Governador do Estado do Amazonas Gilberto Mestrinho, um mito até então nunca derrotado. Nós vencemos aquela eleição. E com o Prefeito Arthur Virgílio, nós elegemos cinco Vereadores. E lá estava o professor (o Senador Jefferson Péres) eleito pelo PSB. Inauguramos um momento novo na política - todos nós bem mais novos - no final da década de 80. Então, tive uma convivência com o Senador Jefferson Péres. Lembro bem, além do zelo, do carinho por Manaus, nós tivemos a experiência de elaborar (aquela legislatura elaborou) a Lei Orgânica de Manaus. Foi um debate muito rico, foi uma feitura da lei da nossa cidade, da capital do Estado com muita participação da sociedade civil.

Mas eu quero dizer aqui da participação do então Vereador Jefferson Péres. O zelo com que ele tratou a cidade, a sua história, a sua gente, o espaço arquitetônico, os igarapés que cortam Manaus... Enfim, nós fizemos um grande debate nesse período. E o Jefferson Péres, então, saí de Vereador de Manaus para o Senado da República. Ele trouxe essa experiência e era o mesmo homem. Eu o encontrei aqui nesta Casa com a mesma simplicidade, com a mesma tranqüilidade, com a voz mansa, mas de muita firmeza. Eu digo que a palavra do Senador Jefferson Péres, a fala do Jefferson Péres era uma navalha. Eram discursos curtos, sem alteração de voz, mas era um homem de uma formulação por conta do seu caráter, da sua personalidade, de muita firmeza.

Quero destacar aqui a forma como ele trabalhou a Amazônia. Era um defensor da preservação da Amazônia. Tinha um padrão elevado do ponto de vista de cuidar da coisa pública, com o dinheiro público. Enfim, quero destacar o Jefferson Péres como um exemplo para todos nós; precisamos refletir sempre sobre a simplicidade, o zelo com que Jefferson Péres exerceu os seus mandatos de Vereador em Manaus e de Senador da República.

Então, Senador Jefferson Praia, meu caro companheiro e amigo do Amazonas, V. Exª foi muito feliz em propor este ato solene por conta de um ano de saudade pela perda desse exemplar homem público do Amazonas.

Eu quero me associar a V. Exª e a todos os Senadores que falaram, refletiram acerca do comportamento do Jefferson Péres. É com tristeza que registro aquela data numa manhã que nos apanhou a todos com muita surpresa, porque o Jefferson foi cedo; ele tinha muito o que fazer.

Ele dizia dos seus encantamentos, mas era um homem muito firme no sentido de fazer o enfrentamento da luta, no sentido de superar obstáculos, no sentido de superar dificuldades; ele tinha um vigor muito grande em defesa da Amazônia, do projeto econômico da região, da preservação da Floresta Amazônica, enfim, acho que isso era muito forte e quero lembrar disso. O Jefferson não era uma pessoa de se intimidar. Não era uma pessoa de se intimidar! Ele tinha as decepções que todos nós temos, mas não de largar a bandeira.

Então, eu quero, em um ano da perda, do falecimento desse amazonense, desse pai, desse esposo, desse professor da Universidade Federal do Amazonas, me associar às manifestações e dizer que o Jefferson faz falta como representante do Amazonas, como político do Amazonas. Mas faz falta nesta Casa e faz falta no debate profundo e no debate político em âmbito nacional.

Eu não poderia deixar de dizer, como comecei o meu discurso, da minha alegria, nesta sessão solene, de ter a presença de dezenas e de centenas de trabalhadores rurais no Brasil em Brasília, fazendo valer e refletindo a importância da reforma agrária para o Brasil.

Muito obrigado, Sr. Presidente, era o que tinha a dizer. (Palmas.)

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