O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Srs. Senadores, venho hoje à noite falar mais uma vez do meu querido Estado do Pará. A minha preocupação constante, a minha voz, representa milhares e milhares de paraenses que sofrem naquele grandioso e querido Estado. Sofrem pelas cheias, sofrem por falta de saúde, sofrem por falta de educação, sofrem na mão dos bandidos pela violência do dia a dia e pelo abandono total dos paraenses. Dói no meu sentimento, dói na minha alma ver o meu querido Estado nesta situação: um Estado produtor, o sexto maior exportador deste País, um dos Estados mais ricos na área do turismo, um Estado de um povo ordeiro, de um povo carinhoso, de um povo hospitaleiro, o Estado de Nossa Senhora de Nazaré, a padroeira dos paraense, a milagrosa Nossa Senhora de Nazaré.

Ontem, mais uma vez , paraenses, vi na TV Globo, no Jornal Nacional, mais uma matéria das várias matérias que já foram produzidas na televisão com respeito à saúde do meu Estado. Pobres daqueles que moram no interior do Estado do Pará, porque hoje, além da violência que se alastra a cada dia naquele Estado, que mata três paraenses por dia, que mata de oito em oito horas um paraense, numa verdadeira guerra estabelecida contra aquele povo ordeiro do meu querido Pará. Ontem, vi mais uma vez, Senador Jefferson Praia, a negligência, a incompetência da nossa Governadora Ana Júlia Carepa.

Governadora, infelizmente, Governadora, eu tenho aqui que dizer a verdade. Eu aqui, Governadora, estou para representar o meu Estado e defender o meu Estado e o meu querido povo. Quantas vezes já vim aqui, Governadora, quantas vezes já subi a esta tribuna pedindo providências a V. Exª, mas a negligência, a incompetência é muito grande.

Já disse que eu não tenho nada contra V. Exª, mas como é que aparelhos para tratar de câncer são comprados e deixados dentro de um depósito, com os cancerosos sofrendo dentro de um hospital, e não tiveram a competência nem de abrir as caixas dos equipamentos para suas instalações. Uma vergonha! Um hospital que já foi referência nacional, o Hospital Ophir Loyola, um dos melhores no tratamento de câncer deste País. Hoje não se tem sequer o pãozinho do café para os doentes no hospital.

Vejam, paraenses, o ponto em que chegou a incompetência da nossa Governadora!

Eu não queria mais, Governadora, chegar aqui para cobrar de V. Exª. Eu queria poder elogiá-la, Governadora, mas eu não consigo. É muita incompetência por parte de V. Exª. Como é que não se podem tirar os equipamentos de quimioterapia, de radioterapia de dentro das caixas? Passaram-se mais de seis meses, e os doentes sofrendo. A Rede Globo mostrou ontem à noite.

E eu provo aqui, Srªs e Srs. Senadores, num recorte pequeno de jornal. Olhem como o meu povo foi enganado! Olhem como o meu povo foi enganado! Olhem a incompetência da Governadora do Estado do Pará! Olhem onde fica comprovada a incompetência de uma pessoa que se diz Governadora de um grandioso Estado!

         Olhem, paraenses: Diário do Pará, um dos jornais de grande circulação, meu querido Geraldo Mesquita. Olhem onde chegaram! Olhem onde chegamos! Olhem a nossa preocupação, Senador Geraldo Mesquita, com o nosso Estado! Escute com muita atenção o que vou ler aqui, Senador.

“Sem índio” é o recorte do jornal. “Sem índio”:

        O bispo do Marajó, Dom José Luiz Azcona, ao se pronunciar durante a posse da nova diretoria da Associação dos Municípios do Arquipélago do Marajó, AMAM, surpreendeu-se com a informação de que o Governo destinou R$1,5 milhão para as comunidades indígenas do Marajó. O religioso observou que as autoridades esqueceram de um detalhe...(...)

Olhem o que é a incompetência! Sabem o que é esse detalhe? No Marajó, não há índio. Como é que a Governadora repassa R$1,5 milhão para o Marajó, para os índios? E no Marajó não tem índio! Não conhece o Pará. Não anda no Pará. Não sabe onde fica o Marajó. Não sabe o que há no Marajó. Mandou para mim a Governadora hoje - obrigado, Governadora - o seu jornal. Eu folheei o jornal imediatamente, procurando os trabalhos da Governadora. Disse à minha assessoria hoje, ao receber o jornal: até que enfim vou poder falar bem da Governadora Ana Júlia Carepa.

Acho que, neste exemplar - antes de ler o exemplar -, vai estar aqui, exemplificando e mostrando as obras que a Governadora ou tem a fazer ou já fez pelo meu querido Estado. “Encaminhamos a V. Exª o informativo com notícias do Governo Popular Ano2, nº 12; Pará, abril de 2009”. E aí vem o jornal da Governadora. Na primeira página - mostre, TV Senado, ao Pará -, o açaí. Aí eu disse a mim mesmo: na primeira página, ela fez questão de mostrar um dos símbolos da produção do meu Estado, que é o açaí. Mas, dentro deste jornal, deve ter as obras da Governadora. Deve ter aqui, dentro deste jornal, as providências da Governadora no combate à violência no meu Estado, Senador Colombo. Deve ter aqui dentro deste jornal as obras da Governadora em prol da saúde, da educação, das estradas!

Aí folheei o jornal. Na primeira página, a Governadora com o Príncipe Charles. A Governadora com o Príncipe Charles. Peguei a outra página. Veio a Governadora mostrando a produção do açaí, do suco do açaí.

Mas disse eu: duvido que, na próxima página, não estejam as obras. Nesta próxima página, vão ter obras, paraenses, vamos folhear. Aí vem a Governadora informando que está fechando os buracos de uma rua. Olhem aqui a retroescavadeira fechando o buraco de uma rua.

Não é possível! Eu não acredito! É inacreditável! Vai haver uma página que mostre as providências da Governadora em relação à saúde do meu Estado! Vamos folhear! Aí veio a saúde, ó. Aí, veio a saúde. Vou ler: “amplia para seis meses a licença-maternidade”. Grande providência! Na outra página está: Campanha da Fraternidade! A Governadora e o Arcebispo do meu Estado!

Mas, finalmente, a última página vai ter, Senador, alguma coisa que mostre o trabalho da Governadora! Eu não acredito que a Governadora do Pará tenha mandado para o Senador da República um jornal sem nenhuma obra, sem nenhuma providência na área da violência, da saúde! Aí vi a última pagina. Aí eu me decepcionei completamente.

(Interrupção do som.)

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - A última página é aquilo de que a Governadora mais gosta, Senador Colombo: o carimbó! Senhores e senhoras, é uma vergonha!

         Quando aquela menina foi presa, 13 anos de idade, Senador, uma jovem adolescente foi presa, os presos usaram a menina, queimaram a menina! E aqui a Governadora foi avisada de manhã; à tarde, houve uma comemoração e lá tocaram o carimbó, aqui no Senado. E eu passei para ver a Governadora. Ela estava dançando o carimbó, como se nada tivesse acontecido no Estado do Pará, meus amigos e minhas amigas. É incrível! É incrível!

(Interrupção do som.)

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Já vou descer, Senador. É incrível a incompetência! É inacreditável! Todos os Governadores de Estado, por mais ruins que estejam, por mais ruins que estejam, têm orgulho de mandar aos Senadores de seus Estados, aos políticos em geral as obras dos seus Estados.

            E esse jornal da Ana Júlia Carepa... Ana Júlia! Ana Julia! Ana Júlia, faça isso não, minha querida Governadora. Cuide do paraense. Vá com seu amigo Lula! Ela dizia nas campanhas. “Olha, o Lula é meu amigo. Eu sou do PT, o Lula é do PT, ele vai me ajudar”. Quantas pessoas foram enganadas com isso...

(Interrupção do som.)

O SR. MÁRIO COUTO (PDSB - PA) - Passei por uma banca de revista e comprei a revista ISTOÉ. Três meses de Governo da Ana Júlia Carepa. Aí, li uma entrevista do Presidente Lula. Pergunta o repórter ao Presidente Lula: “Presidente Lula, o que Vossa Excelência acha do Governo Serra?” “Ah, vai ser um bom governo” - dizia na entrevista. Está sendo. “E do Governador Aécio?” “Também um ótimo Governo.” Está sendo. “E da sua companheira Ana Júlia Carepa, do Pará?” “Vai ser um desastre.” Acertou em cheio! Ele tem percepção. Ele pode até não gostar dos aposentados. Isso é verdade. O Lula pode até não gostar dos aposentados - não gostar, não; ele tem raiva dos aposentados -, mas que ele tem uma percepção política extraordinária tem.

Cada dia mais...

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. MÁRIO COUTO (PDSB - PA) - Pois não, Senador.

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Senador Mário Couto, V. Exª falando, o País o ouvindo e eu, cá com os meus botões, pensando: que coisa triste é o PT eleger Governador de Estado, porque tudo que V. Exª está dizendo com relação à Governadora do seu Estado acontece no Piauí. O meu Governador lá só aparece batendo com a mão na barriga do Lula, demonstrando uma intimidade danada e anunciando o que não é possível. Deve ser a mesma coisa no Pará. É dinheiro que ladrão não conta. São milhões para cá, milhões para lá, e a realidade é totalmente diferente.

(Interrupção do som.)

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Imagine, Senador Inácio Arruda, que o Ceará só tem um aeroporto internacional; no Piauí, ele anuncia dois. Dois! Não sabe sequer o que é um aeroporto internacional. Ele agora está com o da Serra da Capivara, que vai ser inaugurado com uma pista de 1,5 mil metros, sem iluminação noturna, sem posto avançado da Polícia Federal, da Receita Federal e da Vigilância Sanitária. E quer que acreditemos que é um aeroporto internacional! Para que mentir para o povo? Eu só vou pedir a V. Exª uma coisa: não deixe o Governador Wellington Dias ir para o Pará, não. Com a desgraça que ele já está provocando no Piauí, com os defeitos que ele tem, se aprender a dançar carimbó... E, se aprendesse a dançar bem, até vá lá, mas ele não leva jeito para dança! Aí é que vai...

(Interrupção do som.)

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Esse pessoal está vivendo de festa; esse pessoal está vivendo de pompa e circunstância, e o povo - com permissão da palavra, Sr. Presidente -, no entender deles, que se lasque! Não estão nem aí para o povo. Estão querendo é o bom e o melhor. Mas, pelo amor de Deus, em respeito ao carimbó, não deixe o Wellington Dias ir aprender com a Ana Júlia, porque, aí, vai ser um desastre total.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Senador Heráclito...

O SR. PRESIDENTE (Inácio Arruda. Bloco/PCdoB - CE) - Para concluir, Senador.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Já vou terminar.

Este é o grande drama, Senador: é o povo. A incompetência faz o povo sofrer. Aqueles que mentem em palanque... Nós temos, Senador - já tenho batido isto aqui -, que procurar uma maneira de punir políticos que, em época de campanha, mentem em palanque. Nós temos que buscar uma maneira de punições rigorosas.

(Interrupção do som.)

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Cadeia mesmo, cadeia! Prender, para o político saber a necessidade de um povo. O povo quer segurança, o povo quer saúde, o povo quer educação.

Desço já, Sr. Presidente.

Governadora Ana Júlia, nada contra a senhora, Governadora! Se a senhora está me vendo, ou algum assessor seu, saiba que não é nada contra a senhora. Eu não sou daqueles que torço pelo mal; eu torço pelo bem. Eu quero o progresso do meu Estado. Eu torço por V. Exª, Governadora, para que V. Exª acerte. Eu tenho pedido aqui. Tenho rezado pela senhora, para que a senhora acerte. Mas me faça um favor: quando a senhora quiser mandar jornal para um Senador da República, faça alguma coisa para estar nesse jornal. Não me mande mais jornal assim! Não faça mais isso!

(Interrupção do som.)

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Isto aqui é vergonhoso, Senadora. Vergonhoso! Isto aqui é vergonhoso. A senhora só se compara mesmo ao Governador do Piauí, mas o Governador do Piauí, com certeza, é melhor um pouquinho do que a senhora! Se V. Exª quiser trocar, Senador Heráclito Fortes, eu troco, porque eu não acredito que haja um Governador pior do que a nossa Governadora do Pará.

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Fique com os dois, por favor...

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Quiçá no mundo! Eu não acredito, Senador Heráclito.

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Fique com os dois.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Aí é demais para o meu povo.

O SR. PRESIDENTE (Inácio Arruda. Bloco/PCdoB - CE) - Agradeço a V. Exª o pronunciamento.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Mas desço desta tribuna, meu querido Senador Inácio Arruda, agradecendo a paciência de V. Exª...

O SR. PRESIDENTE (Inácio Arruda. Bloco/PCdoB - CE) - Eu que agradeço a V. Exª.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - ...e pedindo, mais uma vez, orando e rogando à protetora dos paraenses, aquela que leva mais de dois milhões de pessoas às ruas....

(Interrupção do som.)

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - ...que ilumine a nossa Governadora. Abra a cabeça da nossa Governadora, Virgem de Nazaré! Mostre a ela que o povo do Pará não pode sofrer tanto.

A hora de dançar é uma. A hora de trabalhar é outra. Nós temos de ter um governo responsável. Governar não é para qualquer um; é para quem tem responsabilidade; é para quem ama o próximo; é para quem tem carinho e respeito pelo povo. Respeite o povo do Pará, Governadora!

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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