Discurso durante a 83ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com o sofrimento dos vereadores que vieram a Brasília, a fim de ver a votação da PEC 47, a chamada "PEC dos Vereadores". Apresentação do requerimento para a instalação da CPI do Dnit.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL. PESCA. ESPORTE. POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Preocupação com o sofrimento dos vereadores que vieram a Brasília, a fim de ver a votação da PEC 47, a chamada "PEC dos Vereadores". Apresentação do requerimento para a instalação da CPI do Dnit.
Publicação
Publicação no DSF de 28/05/2009 - Página 20031
Assunto
Outros > ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL. PESCA. ESPORTE. POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • APREENSÃO, SITUAÇÃO, VEREADOR, DEFESA, URGENCIA, VOTAÇÃO, PROPOSTA, EMENDA CONSTITUCIONAL, AMPLIAÇÃO, REPRESENTAÇÃO POLITICA, MUNICIPIOS, REDUÇÃO, GASTOS PUBLICOS, CAMARA MUNICIPAL.
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, SECRETARIA ESPECIAL, AQUICULTURA, PESCA, GARANTIA, INVESTIGAÇÃO, DESVIO, RECURSOS, SEGURO-DESEMPREGO, PESCADOR, PESCA ARTESANAL, ESPECIFICAÇÃO, MUNICIPIO, LIMOEIRO DO AJURU (PA), ESTADO DO PARA (PA).
  • EXPECTATIVA, DIVULGAÇÃO, DECISÃO, CAMPEONATO MUNDIAL, FUTEBOL, ESTADO DO PARA (PA).
  • APRESENTAÇÃO, REQUERIMENTO, CRIAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), INVESTIGAÇÃO, IRREGULARIDADE, DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DOS TRANSPORTES (DNIT), EXPECTATIVA, AUSENCIA, LOBBY, DIRETOR, ORGÃO PUBLICO, ARQUIVAMENTO, LEITURA, RELAÇÃO, SENADOR, ASSINATURA, DOCUMENTO, SOLICITAÇÃO, RETIRADA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Meu Presidente Senador Mão Santa, Srªs e Srs. Senadores, acho que estamos fazendo uma maldade com os Vereadores da nossa Pátria. Deixar os Vereadores sofrendo como estão aqui em Brasília é uma maldade. São eles, Senador Tião Viana, que formam a mais profunda base política deste País; são eles que estão mais próximos, no dia a dia, da nossa população; são eles que sabem o verdadeiro problema da população brasileira; são eles que são procurados na época das eleições. Todos nós, Deputados Estaduais, Deputados Federais e Senadores, cortejamos os nossos Vereadores. O Prefeito só é Prefeito por causa dos Vereadores. Por isso, temos que ter o maior respeito por essa classe. Considero injusto e acho maldade o que estão fazendo com os nossos Vereadores. Eu, um humilde Senador da República, peço desculpas pela maldade que estão fazendo com vocês.

Sr. Presidente, antes de começar o meu tema principal, quero agradecer aqui o Ministro Altemir Gregolin, da Pesca, um dos poucos Ministros que merecem crédito no Governo do Presidente Lula. Esse Ministro é bom. Esse Ministro é capaz. Esse Ministro merece o nosso respeito.

Ao ouvir o meu pronunciamento aqui, na semana passada, ligou-nos e disse-nos que iria mandar fiscalizar imediatamente as colônias dos pescadores. Espero, Ministro, que V. Exª não o faça só em Limoeiro do Ajuru, onde a roubalheira é muito grande e os pescadores sofrem com isso. Mas que se faça em todo o Estado do Pará e no Brasil.

Depois da minha denúncia, recebi várias correspondências pedindo para eu também falar da colônia “a” no Rio Grande do Sul, da colônia “b” em Santa Catarina, e em vários Estados do Brasil. Penso que a febre da corrupção é a mesma que está acontecendo em Limoeiro do Ajuru. O seguro-desemprego é passado para outras pessoas; os pescadores deixam de ter o direito do seguro-desemprego. Tiram esse direito dos pescadores para fazerem politicagem.

Por isso, Ministro, quero deixar aqui os meus agradecimentos e dizer mais uma vez: qualquer partido que seja, independente de cor partidária, aquele que merecer aqui o meu elogio, vou elogiar. Não importa que V. Exª seja do PT, estou lhe elogiando porque V. Exª merece o crédito.

Sr. Presidente, antes de entrar em meu assunto principal, também quero dizer da minha expectativa e do povo paraense a respeito do sorteio que vai haver amanhã entre cidades que vão ser palco da Copa do Mundo de 2014. Eu espero que pelo menos sobre isso o povo paraense possa ter alegria. Eu espero que, pela amizade que a Governadora diz que tem com o Presidente Lula, o Mangueirão, um estádio construído por Almir Gabriel, um Governador que está na memória, e jamais sairá, do povo paraense, que fez um estádio olímpico, um estádio que orgulha a cada paraense, seja palco de pelo menos uma das chaves da Copa do Mundo. Não acredito que isso deixe de acontecer. O povo paraense está na expectativa de comemorar, de pelo menos ter essa alegria.

Agora, Sr. Presidente, entro no meu assunto principal.

Estou apresentando hoje, Sr. Presidente Mão Santa, a CPI do Dnit, essa CPI que foi arquivada; foi lida e depois foi lido o arquivamento por V. Exª. Eu sei que o Diretor-Geral do Dnit, Sr. Pagot, tem aqui uma amizade muito forte. Lutei a primeira vez, consegui as assinaturas necessárias, mas o poder desse homem, o poder desse diretor é tão grande que ele conseguiu o arquivamento dessa CPI. Olhe Brasil, olhe como o diretor de um órgão tem poder aqui dentro desta Casa de arquivar uma CPI proposta por um Senador da República!

Este Senador, com muita humildade, voltou a colher as assinaturas, as 27 assinaturas necessárias. Colhi mais três. Vou ler para a Nação o nome de cada Senador, Senador independente, Senador que não tem problema com ninguém e que, por livre e espontânea vontade, assinou novamente a CPI.

Pagot , sinceramente, Pagot, se essa CPI for arquivada de novo, eu quero te dizer o seguinte: eu não acredito mais neste País. Eu quero te dizer, Pagot, que tu tens muita força nesta Nação. Se essa CPI for arquivada de novo, se alguns desses Senadores retirarem suas assinaturas, eu vou te dizer, Pagot: pode roubar. Rouba, Pagot, porque neste País todo mundo pode. Ninguém consegue estancar o roubo, Pagot. Ninguém! Olha que eu estou lutando para estancar. Estou usando a minha única arma, a arma que tem a Minoria, nesta Casa. E eu não estou conseguindo, pela tua força, pelo teu prestígio.

Como tu deves estar te sentindo! Como deves falar de mim! Tu deves estar dizendo que eu sou um pateta. Tu deves estar dizendo que podes mais que eu. Tu deves estar dizendo que eu não tenho capacidade de zelar pelo dinheiro público. Tu podes estar dizendo que não tem medo de ninguém e que podes fazer o que quiseres no Dnit. E as obras não sairão. As estradas do Brasil continuarão esburacadas. As obras do meu Estado não saem. As estradas do meu Estado podem continuar esburacadas, intransitáveis, porque o Sr. Pagot é um rei, ele manda, aqui mesmo dentro deste Senado. Que vergonha!

Da última vez, quatro Senadores tiraram as suas assinaturas. Quatro!

O pessoal que mora no leito da Transamazônica, os agricultores, os operários que foram levados para lá para trabalhar não conseguem fazer porque a estrada é intransitável. A Santarém-Cuiabá teve três licitações, que vergonha! O Tribunal já anulou três licitações da Santarém-Cuiabá, e o povo lá desgraçadamente a sofrer à margem daquela estrada. Vou ler os nomes. Nação brasileira, guarde estes nomes, os nomes de Senadores que querem zelar pelo dinheiro público que vocês, brasileiros e brasileiras, pagam todos os dias na compra que fazem, está lá no papelzinho, no sabonete, na pasta de dente, no açúcar, no feijão. Um papelzinho, aquilo ali é imposto que você paga para melhorar as estradas brasileiras e que, às vezes, não chega em vocês. É isto que estou fazendo aqui, é o meu dever, é a minha obrigação fazer isto: zelar pelo dinheiro de vocês e não deixar o Sr. Pagot embolsá-lo.

(Interrupção do som.)

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Vou ler o nome dos Senadores que tiveram a coragem de assinar, que tiveram o zelo pelo dinheiro público, que tiveram, Senador Expedito, o desejo de ver uma investigação séria, honesta, que é o que queremos ver: Senadores Geraldo Mesquita Júnior, Mozarildo Cavalcanti, Efraim Morais, José Agripino, Flexa Ribeiro, Heráclito Fortes, Papaléo Paes, Alvaro Dias, Marisa Serrano, Paulo Paim, Jarbas Vasconcelos, Tasso Jereissati, Eduardo Azeredo, Antonio Carlos, Marco Maciel, Marconi Perillo, Kátia Abreu, Gilberto Goellner, Rosalba Ciarlini, Sérgio Guerra, Cícero Lucena, Sérgio Zambiasi, Demóstenes Torres, Mão Santa, Arthur Virgílio, Pedro Simon, José Nery, Ademir Santana, Raimundo Colombo, Maria do Carmo e eu. Trinta assinaturas, meu nobre Senador Cafeteira.

Espero não ter, Brasil, que subir a esta tribuna e dizer a todos vocês os nomes daqueles que retiraram sua assinatura. Fui a cada um deles e, a cada um deles, eu disse: “Se você não quiser assinar, não assine, mas, pelo amor de Nossa Senhora de Nazaré, não retire a assinatura, não retire”. Espero não subir aqui para comentar, nome por nome, aqueles que retirarem as suas assinaturas.

O que pensa o Brasil? O que pensa cada um dos Vereadores de V. Exªs, de um Senador da República que põe sua assinatura em um requerimento de CPI e depois a retira? O que pensa cada um de vocês? É uma vergonha! É uma vergonha!

O Parlamento brasileiro precisa mostrar a sua seriedade. A Nação brasileira se decepciona, quando vê um Senador da República assinar um documento para fiscalizar um órgão, sua atribuição constitucional, seu dever, e, no dia seguinte, como fizeram comigo, na calada da noite, quatro Senadores, já citei os nomes deles aqui por várias vezes, quatro Senadores, alguns nem falam mais comigo, nem quero que falem, nem desejo...

Obrigado, Senador Mão Santa. V. Exª é um daqueles que colocou sua assinatura. Tenho certeza de que é um homem igual a mim, igual a mim. Quando eu, Mão Santa, colocar a minha assinatura num documento, Senador Tião Viana, e retirá-la, V. Exª poderá dizer: o Mário Couto está doido, está maluco.

Muito obrigado, Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/05/2009 - Página 20031