O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Paulo Paim, que preside esta sessão, Srªs e Srs. Parlamentares presentes, brasileiras e brasileiros que nos assistem pelo sistema de comunicação, faço minhas as palavras do Senador Heráclito Fortes. Realmente, o Piauí - povo sofrido - passa por momento de grande sofrimento. Todo o País, por intermédio dos meios de comunicação, também vive o momento de angústia por que passam os piauienses.

Como disse Heráclito Fortes, o comentarista Boris Casoy - , tenho aqui em mão -, traduzindo a sua experiência de jornalista, disse: “Ordem para volta de famílias foi criminosa”.

Presidente Paim, nós votamos no Governador do Estado, em 1994, e no Presidente Luiz Inácio. O Presidente Luiz Inácio é de uma sensibilidade e de um faro político extraordinários. Lembro-me de que ele chegou a mim, já eleito, e disse-me: “Mão Santa, tome conta do meu menino”, “do meu menino”; é realmente um menino.

Senador Paulo Paim, tive um professor de cirurgia que dizia que a ignorância é audaciosa. O Presidente Luiz Inácio e o seu Governo determinaram que a companhia energética ficasse sob meu comando. Então, indiquei um funcionário da empresa. Paim, na primeira visita, vi que ia dar nisso. O funcionário de carreira disse-me que o Governador havia lhe dito que ele não cobrasse energia elétrica de nenhum imóvel do Estado. O Estado tem 224 cidades, imagine o número de prédios públicos sem pagar energia! Impedia-o também de fazer convênio com aquele Programa PAP-PCPR, e o engenheiro, então, pedia que eu colocasse as minhas emendas na companhia energética, as poucas emendas que tenho. Vi que não dava certo. Então, perguntei a esse engenheiro sobre a convivência do Governador de Estado, “do menino”, como disse Luiz Inácio, e ele me respondeu: “Não, ele não anda com engenheiro não, é só com aqueles...” Antevi que a companhia energética iria falir.

Instituíram lá, antes do mensalão, uma mesada para aloprados se beneficiarem com o custeio. Paim, eu não tenho nada contra José Dirceu, mas eu queria afastar o meu nome daquilo que não iria dar certo. Aí daqui, fui o primeiro a dizer: “Zé Maligno”. No segundo pronunciamento, o Governador mandou demitir quem eu havia indicado - e eu queria era me afastar. A companhia energética está falida. Ele não busca estar ao lado do saber. A ignorância continua audaciosa. Então, aqui está: o seu Secretário de Obras não é engenheiro; o seu Secretário de Saúde não é médico, e aí vai trocando as pernas pelas mãos. Deu no que deu. Deus é pai, Deus é bom, mas, lamentamos.

Então, como disse Boris Casoy:

Ordem para volta de famílias foi criminosa.

Jornalista da TV Bandeirantes questionou se dessa vez alguém vai ser responsabilizado.

Boris Casoy: Ordem para volta de famílias foi criminosa.

O Jornal da Noite, apresentado pelo jornalista Boris Casoy, na TV Bandeirantes, repercutiu através de matéria feita pela jornalista da TV Meio Norte, Cinthia Lages, o rompimento da barragem Algodões I, que está localizada no Município de Cocal.

Então, Boris Casoy, mais uma vez, repetiu: “Isto é uma vergonha!”

O que queremos aqui é sensibilizar o Presidente da República, o Ministério da Integração Nacional, que é do meu partido, o Ministro Geddel, a Secretaria Nacional de Defesa Civil, o Exército, que tem lá dois batalhões de engenharia de construção, para que, neste momento, socorram Cocal e a sua gente, e também agradecer a generosidade do povo de Brasília, que fez muitas doações para o Piauí. Intermediei, com a Aeronáutica, os aviões, e lá fizemos convênio com o Sesc, por intermédio do seu Presidente Valdeci Cavalcante, e com a Igreja, para que esses donativos, conseguidos na Capital da República, minimizassem o sofrimento da nossa região.

Cumprimento o trabalho das reportagens feitas, principalmente as da TV Bandeirantes.

(O Sr. Senador apresenta as fotos às câmeras.)

Aqui estão as figuras: Boris Casoy repetindo a sua frase “isto é uma vergonha”. As águas. O povo em fuga. O povo a lamentar. A população. Inclusive uma das crianças, cujo óbito já está aqui, com o caixão e os familiares a chorar. Outra reportagem...

E o Governador do Estado, num momento de infelicidade, de falta de assessoramento especializado - a ignorância é audaciosa - sobrevoou, há 20 dias, mas com aquela só de fazer propaganda, imprensa, publicidade e choro, e faltava a companhia dos técnicos, da sabedoria. Ele mesmo mandou que as famílias apreensivas que haviam se deslocado e estavam em unidades escolares do Município e do Estado retornassem; e, aí, teve o acontecimento: repórteres, Alisson Paixão enfrentando problemas, vítimas sendo carregadas por populares em barcos improvisados.

            Então, o que nós queremos aqui é que Parnaíba, a maior cidade próxima... O correspondente Carlos Pessoa disse que dezenas de cocalenses estão hospitalizados por esse desastre, que o povo comparou a um tsunami. Mas o importante é nos associarmos aqui às palavras do Senador Heráclito Fortes e pedirmos, neste momento, a solidariedade do Presidente da República, do Ministro da Integração Nacional, da Secretária da Defesa Civil Nacional, para que deem uma atenção especial a essa região do Piauí.

Eu faço minhas as palavras do Senador Heráclito Fortes, que tão bem traçou o momento difícil que o Piauí vive. Encerrando, que fique na mente do Brasil uma criança simbolizando o descaso e a incompetência. Mas temos toda a certeza de que Sua Excelência o Presidente da República dará a mesma atenção ao Piauí que foi dada ao desastre ecológico semelhante no poderoso Estado de Santa Catarina.

Essas são as nossas palavras. Realmente, o momento é de união para reconstruirmos Cocal, Buriti dos Lopes, as cidades ribeirinhas. Sabemos que as vidas não retornarão, mas que elas sejam uma inspiração para que os governantes tenham mais responsabilidade com o futuro de sua população.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Senador Mão Santa, meus cumprimentos. Percebi que V. Exª, quase sem voz, foi à tribuna, com muita firmeza, defender o povo do seu Estado, chamando a unidade entre o Governo Federal, o Governador Wellington e as forças vivas do Estado, Deputados Estaduais, Deputados Federais, Vereadores, Prefeitos, o poder econômico, enfim, toda a sociedade organizada.

Meus cumprimentos, Senador Mão Santa, pelo pronunciamento. Com certeza absoluta, o Senado da República registra toda a solidariedade com o povo do Piauí, e o Brasil chora os seus mortos, que infelizmente já chegam a nove. O apelo que V. Exª faz nós reiteramos da Presidência, neste momento, ao Excelentíssimo Senhor Presidente da República. E tenho certeza de que ele vai olhar e tomar as medidas cabíveis para ajudar o nosso querido povo do Piauí.

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