Discurso durante a 86ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Regozijo pela escolha da cidade de Manaus como uma das sedes da Copa do Mundo de 2014. Reflexão sobre a importância da Semana Mundial do Meio Ambiente.

Autor
João Pedro (PT - Partido dos Trabalhadores/AM)
Nome completo: João Pedro Gonçalves da Costa
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESPORTE. POLITICA URBANA.:
  • Regozijo pela escolha da cidade de Manaus como uma das sedes da Copa do Mundo de 2014. Reflexão sobre a importância da Semana Mundial do Meio Ambiente.
Aparteantes
Gilberto Goellner.
Publicação
Publicação no DSF de 02/06/2009 - Página 21082
Assunto
Outros > ESPORTE. POLITICA URBANA.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, ESCOLHA, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DO AMAZONAS (AM), SEDE, CAMPEONATO MUNDIAL, FUTEBOL, REGISTRO, OCORRENCIA, FESTA, EXPECTATIVA, ORADOR, ESPORTE, UNIÃO, POVO, AMBITO INTERNACIONAL, OPORTUNIDADE, AUTORIDADE, BRASIL, FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE FUTEBOL ASSOCIATION (FIFA), REITERAÇÃO, COMPROMISSO, CIDADANIA.
  • REGISTRO, EXIGENCIA, PADRÃO, ESTADIO, PREVISÃO, INVESTIMENTO, OBRA PUBLICA, CIDADE, BRASIL, NECESSIDADE, EFEITO, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, POPULAÇÃO, SUGESTÃO, PREPARAÇÃO, VIA PUBLICA, INCLUSÃO, ESPAÇO, BICICLETA, MARCHA, LAZER, CIDADÃO, DEFESA, DEMOCRACIA, PARTICIPAÇÃO, SOCIEDADE CIVIL, DECISÃO, APLICAÇÃO DE RECURSOS, URBANISMO.
  • SAUDAÇÃO, SEMANA, MEIO AMBIENTE, IMPORTANCIA, MOBILIZAÇÃO, AMBITO INTERNACIONAL, CONSTRUÇÃO, PROTOCOLO, SUBSTITUIÇÃO, TRATADO, RESTRIÇÃO, EMISSÃO, GAS CARBONICO, QUESTIONAMENTO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, DESTRUIÇÃO, EQUILIBRIO ECOLOGICO, PROVOCAÇÃO, CALAMIDADE PUBLICA, CLIMA, POLUIÇÃO.
  • ANUNCIO, VOTAÇÃO, MEDIDA PROVISORIA (MPV), REGULARIZAÇÃO, ORGANIZAÇÃO FUNDIARIA, REGIÃO AMAZONICA, CONCLAMAÇÃO, SENADO, COMPROMISSO, MEIO AMBIENTE.

  SENADO FEDERAL SF -

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SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, várias capitais do Brasil, no dia de ontem, comemoraram, com muita alegria, com festa, o anúncio da sua escolha para sede da Copa do Mundo de 2014.

Venho aqui registrar com muita alegria que a cidade de Manaus, capital do meu Estado, foi contemplada, escolhida, como sede da Copa do Mundo. É claro que o futebol une o Brasil, é uma paixão; há um envolvimento do povo brasileiro, da juventude, enfim, de todos os homens e mulheres que gostam do futebol.

Manaus recebeu o anúncio - e não foi diferente do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Recife, de Fortaleza, de Natal - com muita alegria, com festa. Nós tivemos uma grande festa, Senador Mão Santa, na tarde de ontem em Manaus.

         Eu espero que este seja um evento que reafirme, primeiro, um ambiente internacional para unir os povos e o esporte, mas a minha expectativa é de que a Fifa, os Governos Federal, Estadual e a Prefeitura Municipal reafirmem compromissos com a cidadania, com o presente, mas com um futuro muito próximo. Pelo que está colocado na imprensa, nós teremos novos palcos de esporte, novos estádios.

Eu já vi o projeto do novo estádio para atender às exigências da Copa do Mundo, no valor de R$500 milhões. O Governador Eduardo Braga apresentou o projeto, um projeto muito bonito, muito ousado. Assim como o projeto de Manaus, Srªs e Srs. Senadores, as outras capitais também receberão novos estádios com o padrão de exigência da Fifa, bem como toda uma mudança urbanística. Com a reforma do estádio, haverá mudanças na infraestrutura da cidade: praças, novas vias. E, sobre esse ponto, sobre essa discussão, eu gostaria de refletir.

É hora de avançarmos no sentido de organizarmos nossas cidades para o futuro tão próximo - não está tão longe.

         Penso que teremos a Copa do Mundo, teremos a presença de dezenas de países no Brasil, e vamos preparar o País, as cidades. Espero, sinceramente, que a sociedade ganhe, com essas mudanças, uma vida mais digna.

Por exemplo, vamos mexer nas vias de Manaus. Por que não preparar essas vias, as novas avenidas, com espaços, por exemplo, para a ciclovia ou para o cidadão andar a pé? Para que haja uma mobilidade da sociedade dentro de padrões pelos quais possamos fazer o inverso do que acontece nas grandes cidades hoje. E quero falar de Manaus como uma grande cidade, uma cidade que hoje tem uma população em torno de dois milhões de habitantes.

Então, melhorar as cidades, democratizá-las, discutir com a sociedade esses recursos. Nós precisamos entender que este é um momento novo no Brasil, e esses recursos não podem ser aplicados sem que haja a participação da sociedade civil, Senador Mão Santa. São milhões, são bilhões, por conta da competição internacional. Então, vamos também melhorar a vida do cidadão pós-Copa do Mundo, deixando cidades onde o cidadão possa andar, onde a bicicleta possa ter vez nesse trânsito tão violento e assustador - e aí não só em Manaus, mas nos grandes centros urbanos do Brasil.

Espero que o evento venha com muita alegria, até porque o futebol é uma identidade nacional, mas que nós possamos viver um momento em que as cidades, as grandes cidades, possam tirar proveito neste sentido: aprimorar a cidadania, melhorar os espaços urbanos, principalmente com a participação das populações que ali vivem - da dona-de-casa, da juventude, do professor, do motorista de ônibus, do motorista de táxi, do comerciante.

A Copa do Mundo é bem-vinda. O montante de recursos atinge cifras significativas. Que nós possamos viver um bom momento na pré-Copa do Mundo, na Copa do Mundo, mas sobretudo no pós-Copa do Mundo, com as cidades merecendo um tratamento com muita cidadania! Nós precisamos disso.

Espero que este seja o momento de os entes federativos e de uma instituição internacional como a Fifa dialogarem com as populações das capitais e que possamos fazer não só o espaço do estádio, do campo de futebol moderno, mas que isso sirva também para modernizarmos as nossas cidades. As nossas cidades precisam de humanismo. O cidadão merece espaços humanos. É hora de fazermos esse encontro e construirmos um grande momento para o Brasil, para o futebol, mas fundamentalmente para o cidadão que vive o dia a dia nas capitais do nosso País.

Concedo aparte ao Senador Gilberto Goellner.

O Sr. Gilberto Goellner (DEM - MT) - Senador João Pedro, vejo V. Exª comemorando a escolha da cidade de Manaus e vejo que o povo vibrou. Realmente é um avanço muito grande, mas, como V. Exª acrescenta, de forma muito concreta, desde que acompanhada, não só pelo desenvolvimento da área esportiva, da melhoria da infraestrutura dos estádios, mas acompanhada de ganhos para a população, não só em hotéis, investimentos privados, mas em qualidade para a população. E eu, da mesma forma, comemoro a escolha da cidade de Cuiabá, que representa o Pantanal, que tivemos a oportunidade de visitar, juntamente com as Comissões de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano. Havia quatro Senadores presentes ao SESC Pantanal, e todos se encantaram com as belezas do Pantanal e com a conservação que o povo mato-grossense faz daquele santuário. Diria que temos uma proposta, que já apresentei inclusive ao Prefeito Iris Resende, e infelizmente Goiânia não foi aquinhoada como sede desse grande evento esportivo. Mas o Prefeito Iris Resende já estava se antecipando e se preparando no concernente à veiculação de todos os 1.600 ônibus que servem à cidade de Goiânia no sentido de preparar toda a frota para que, em 2014, tivesse a possibilidade de consumir um diesel limpo, um biocombustível que estamos propondo como a nova matriz energética para o País, regulamentando o combustível, o óleo vegetal puro, refinado. Seria um poluente zero para o meio ambiente, melhorando, então, a qualidade de todo ar que respiramos nas grandes cidades. Dentro dessa alternativa, eu incluiria que devemos nos preocupar com a poluição do ar que essa população respira, principalmente nas grandes capitais como São Paulo. Já levamos ao conhecimento do Prefeito Kassab também essa possibilidade de se antever um teste com quatro ônibus, efetuando a combustão do óleo vegetal puro, refinado. Trata-se de um biocombustível, mas é o óleo antes do processo de transesterificação. Não é o biocombustível, o B100; seria só o óleo vegetal puro. Então, vejo que dentro dessa possibilidade, o Ministro dos Esportes também viu com satisfação essa proposta. Nós estaremos levando isso a todas as capitais. Vejo que se o País se preparar para em 2014 ter uma frota urbana consumindo um óleo vegetal produzido aqui no País, com zero de poluição, melhorando a qualidade, isso será transmitido ao mundo todo. Todo mundo vai poder ver esse desenvolvimento e a preocupação que o povo brasileiro terá, então, de ver reduzir a poluição a zero nas grandes cidades, que é principalmente dos veículos a diesel. Hoje, a poluição, baseada em emissão de gases com enxofre, aumenta consideravelmente o efeito estufa e o aquecimento global. Meus parabéns pela sua proposta de melhoria de qualidade, e eu acrescentaria, então, a proposta de termos uma poluição diminuída nos centros urbanos e uma melhor qualidade de vida para a população.

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Obrigado, Senador Gilberto. Temos a responsabilidade das duas capitais da Amazônia - Cuiabá e Manaus - como sedes da Copa do Mundo.

Podemos fazer uma grande campanha, não só na Amazônia, em que fazemos esta exigência: fica proibido ir ao estádio com carro movido a diesel, a gasolina. Temos de trabalhar isso com muita firmeza. Tem que ter estacionamento para as bicicletas e ciclovias em direção aos estádios da Copa do Mundo.

V. Exª abordou um tema muito interessante e podíamos construir uma campanha: energia limpa, nada de diesel para os estádios-sede da competição. São compromissos educativos e didáticos que precisamos fazer nesse debate.

Hoje é um dia importante, porque estamos na Semana Mundial do Meio Ambiente, que estamos começando hoje. É uma data internacional sobre a questão do meio ambiente. Eu quero dizer da minha alegria em ter Manaus como sede, mas do compromisso de nós construirmos um ambiente para esse momento tão importante na vida do brasileiro e do mundo que é a realização da Copa do Mundo.

Já fizemos isto no Brasil em 1950. O Maracanã, esse monumento que o mundo todo conhece como o palco do futebol e que é uma referência e um orgulho nacional nosso, foi feito para aquela Copa do Mundo de 1950. Perdemos, é verdade.

Eu acho que esse é um grande momento que o Brasil vai viver, mas, principalmente, com a participação da sociedade. Nós precisamos nos mobilizar. A sociedade tem o direito de falar, de fazer proposituras, de refletir principalmente nas sedes da Copa do Mundo. Nós precisamos romper com esse autoritarismo na lógica de trabalhar os espaços urbanos.

O dinheiro é significativo; daí a importância da sociedade opinar, participar, refletir e reclamar. A sociedade não pode ser chamada apenas para comprar o ingresso, para torcer e vibrar pela nossa Seleção. Ela tem o direito de ser, desde já, um elemento propositivo nessa discussão. Algumas cidades vão ser reconstruídas - as suas vias. Então, não é o caso de só pensar no hotel, na comunicação, na hotelaria, no aeroporto, mas nos espaços urbanos. É hora de combinarmos essa agenda internacional da Copa do Mundo, com a participação da sociedade.

E, nesta data, quero também me congratular com as manifestações sobre a importância da Semana do Meio Ambiente, Presidente Mão Santa. Não podemos pensar na economia, pensar na Copa do Mundo, no dia a dia, sem colocar o componente ambiental.

Hoje, o componente ambiental está presente na discussão inclusive do ponto de vista ético. Não podemos dar um jeitinho. A vida diz respeito a tratarmos com compromissos profundos o debate sobre a questão ambiental.

Neste dia mundial, há uma mobilização internacional sobre a construção de um novo protocolo que possa substituir Kyoto. Os Estados Unidos e outros países não quiseram assinar, e o Brasil teve um papel importante.

Primeiro, no plano internacional, precisamos de um protocolo, onde a vida possa merecer prioridade. Não basta nos orgulharmos da economia da China, esse gigante da economia internacional, já que, ao mesmo tempo, a China disputa com os Estados Unidos o primeiro lugar na emissão de CO². É preciso ter essa consciência. Que desenvolvimento é esse? Que economia é essa, com a qual comprometemos a vida sobre o planeta Terra? Está aí esta tragédia de hoje. Mais uma vez, choramos perdas de brasileiros por conta do que está acontecendo no Piauí, no Nordeste; mas é todo um processo ambiental. Há indícios de que a tempestade, um raio, teria derrubado um avião na madrugada de hoje. É preciso tirar lições disso. Na Amazônia, há barcos que viram, há poluição, há enchente arrebentando, tragando vidas.

E hoje começa mais uma semana dedicada a refletirmos sobre a questão ambiental. Se não quebrarmos paradigmas, estaremos encurtando a vida na Terra. São pequenas coisas que têm um significado grande para nós.

Agora mesmo vamos votar a Medida Provisória nº 458, que trata da regularização fundiária na Amazônia, o maior território do nosso País - 61% do Brasil. Mas se nós só olharmos para a regularização fundiária, estamos comprometendo a vida na Amazônia, a vida no Planeta.

Então, precisamos de rigor para combinar a questão fundiária com as questões social e ambiental.

A ditadura, nos anos 70, tratou a Amazônia, na questão fundiária, sem olhar a questão ambiental. Deu no que deu. É hora de o Senado, na Semana do Meio Ambiente, tratar a Medida Provisória nº 458 com o compromisso de construirmos políticas públicas onde a questão social e a questão ambiental sejam prioridades respeitadas.

Essa é a reflexão que faço nesta semana em que o Brasil e o mundo discutem a importância do meio ambiente para a vida, para o cidadão e a cidadã, para as crianças que moram, que trabalham e que vivem no Brasil e no mundo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/06/2009 - Página 21082