Discurso durante a 88ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao grande poeta popular Patativa do Assaré, pelo centenário de seu nascimento.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao grande poeta popular Patativa do Assaré, pelo centenário de seu nascimento.
Publicação
Publicação no DSF de 04/06/2009 - Página 21661
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, NASCIMENTO, POETA, ESTADO DO CEARA (CE), ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO, LITERATURA, MUSICA POPULAR, VALORIZAÇÃO, CULTURA, REGIÃO NORDESTE, LEITURA, TRECHO, OBRA ARTISTICA.
  • COMENTARIO, EXISTENCIA, BIBLIOTECA, ESTADO DO PIAUI (PI), DENOMINAÇÃO, HOMENAGEM, POETA, ESTADO DO CEARA (CE), LEITURA, TRECHO, CORRESPONDENCIA.

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O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Inácio Arruda, que preside, peço permissão para dar o balanceado aí. Já que ele está na Presidência, quero saudar todas as lideranças cearenses, que são muitas - eu poderia esquecer alguns, o que seria imperdoável -, na pessoa desse grande líder que é Tasso Jereissati.

Parlamentares presentes, minhas encantadoras senhoras, meus senhores, brasileiras e brasileiros que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, realmente o Ceará é minha segunda pátria. Eu cheguei lá, Tasso, guiado por Nossa Senhora de Fátima. Eu era menino, minha mãe era terceira franciscana - meu nome é Francisco -, e haja pararmos para rezar em tudo que era igreja de Parnaíba, Sobral, Itapagé - terminamos no bairro de Fátima, que não existia. Então, fui guiado por Nossa Senhora de Fátima. E lá Deus me fez interno no colégio Marista; depois estudamos no São João; fizemos o CPOR na Bezerra de Menezes; e lá nos formamos em Medicina em 1966. Ontem, aliás, chorava a perda do grande filho do Ceará, um dos melhores nomes da Medicina, Haroldo Joaçaba. Essa é a minha identidade. Aprendi a ler Raquel de Queiroz, José de Alencar, Catulo da Paixão Cearense e a ouvir o Patativa.

Mas o que eu queria dizer é o seguinte. A identidade do Piauí com o Ceará é muito grande. Todo mundo sabe que o Piauí travou uma batalha sangrenta para expulsarmos os portugueses. Quando eles invadiram a minha cidade, um líder rico, Simplício Dias da Silva, que tinha estudado na Europa, amigo de Simon Bolívar, foi buscar cearenses em Granja para fazer a Batalha do Jenipapo. Piauienses e cearenses lutaram juntos; os maranhenses ficaram aliados a Portugal. Então, há essa identidade histórica e há a admiração pelo fato de os cearenses terem sido o primeiro povo a libertar os escravos, a mais vergonhosa página de nossa história. Há essa admiração. O Piauí se confunde...

Mas política, esse golfo de confusões, Tasso Jereissati, Inácio Arruda - quando governava Baratária, Sancho Pança fez referência a “um golfo de confusão” no livro Dom Quixote de la Mancha... Mas há compensações.

Quando eu governei o Piauí, criei 78 novas cidades, Municípios. Uma delas é Vila Nova do Piauí, na região de Picos - Picos é a São Paulo do Piauí, é onde mais se trabalha. Existe uma biblioteca em Vila Nova do Piauí, cidade que eu criei: Biblioteca Patativa do Assaré, que empolga os estudantes.

Que essa cidade piauiense de Vila Nova do Piauí seja uma fonte de inspiração para todo o Nordeste do Brasil!

Vou ler o que eles me mandaram:

No penúltimo dia do aniversário de sete anos, a Biblioteca Municipal Patativa do Assaré recebeu a visita dos alunos da Unidade Escolar Zacarias Manoel da Silva, do povoado de São João Batista.

Além de conferir as obras do acervo literário da ‘Patativa do Assaré’, os estudantes assistiram à apresentação do grupo de Forró Mirim de Vila Nova do Piauí.

O Diretor do Zacarias Manoel, Francineuso França, disse que os alunos ficaram muito empolgados com algumas obras, como o Álbum Cultura e Identidade Afro-Brasileira e Indígena, produzido no município em virtude do Selo UNICEF 2008 - município aprovado.

Nas comemorações do sétimo aniversário da biblioteca dessa cidade que Deus me permitiu criar, há homenagem escrita. Sei que são muitos, mas está lá no Piauí, traduzindo a admiração do bravo povo piauiense a esse grande poeta.

Homenagem a Patativa do Assaré na cidade de Vila Nova, Biblioteca Municipal - olha o que tem escrito, verso imortalizado, na parede:

Eu sou de uma terra que o povo padece

Mas não esmorece e procura vencê.

Da terra querida, que a linda cabocla

De riso na boca, zomba no sofrê.

Não nego meu sangue, não nego meu nome,

Olho para a fome e pergunto: o que há?

Eu sou brasilêro filho do Nordeste,

Sou cabra da peste, sou do Ceará.

Mas, para terminar, o nosso Suplicy chamou o Presidente Luiz Inácio, na triste partida, e a minha andança no Ceará me faz chamar o meu Presidente, Juscelino Kubitschek, tirado daqui, humilhado, e hoje exaltado na democracia do mundo. Cassado, bem aqui.

Então, Tasso, 1960. Eu não sei onde você andava, se era em São Paulo. Não tinha nascido ainda? (Risos.) Nos Estados Unidos. Mas Juscelino Kubitschek, no crepúsculo do seu governo, no apagar, foi homenageado. Foi na Faculdade de Direito, e eu o acompanhei, atraído por aquele sorriso, pelo otimismo, aquela figura, tinha os seus 58 anos. E, na Praça do Ferreira, os da minha idade... Lá havia o abrigo, o barzinho que era do Pedrão, a Bananada, torcedor do Ceará... Bananada do Pedrão. Olha, o Fagner tomava. O Tasso é que ficava lá no Náutico, mas nós íamos lá, no Pedrão. Tasso, eu acompanhei. O Juscelino foi tomar um cafezinho lá no abrigo. A Assembleia era bem próxima. O Palácio do Governo era bem próximo. Aqueles Deputados todos cercando Juscelino, e ele sorridente. Juscelino, no fim - eis um Presidente -, no fim do Governo, eu estava lá; eu devia estar fazendo vestibular, em 1960. Eu estava também distante. Os deputados engravatados cercando, e o Presidente no abrigo do Pedrão, o da bananada. Pedrão, torcedor do Ceará. Aí, vi um caboclo que traduz a grandeza da nossa gente, um nordestino, aquele que disse que é, antes de tudo, um bravo. Nos Sertões, aprendemos isso. Aí, ele queria se aproximar do Presidente sorridente, esperança democrática, com a satisfação do cumprimento da missão, no fim do mandato, última visita. Aí, não dava porque estava cheio de autoridades ali, os engravatados, os deputados. Ele não resistiu. Ele, com aquele chapéu de couro, do vaqueiro do Ceará, homem do campo, de luta, que o Patativa tanto descreveu e dissertou, olhou e falou: “Ô Presidente pai d’égua!”

Então, eu quero fazer aquela saudação verdadeira daquele cearense. Ô poeta pai d’égua do Brasil é o Patativa! (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/06/2009 - Página 21661