Discurso durante a 88ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a posse do novo presidente de El Salvador, Maurício Funes.

Autor
Gerson Camata (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Gerson Camata
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INTERNACIONAL.:
  • Considerações sobre a posse do novo presidente de El Salvador, Maurício Funes.
Publicação
Publicação no DSF de 04/06/2009 - Página 21929
Assunto
Outros > POLITICA INTERNACIONAL.
Indexação
  • COMENTARIO, DISCURSO, POSSE, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA, PAIS ESTRANGEIRO, EL SALVADOR, ALEGAÇÕES, RECEBIMENTO, INFLUENCIA, CHEFE DE ESTADO, GOVERNO ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), GOVERNO BRASILEIRO, DIRETRIZ, SEGURANÇA, RENOVAÇÃO, CRESCIMENTO, EXPECTATIVA, POVO, DEMOCRACIA, CRESCIMENTO ECONOMICO, DISTRIBUIÇÃO DE RENDA, ANALISE, ORADOR, PRIORIDADE, PROGRAMA DE GOVERNO, CONCILIAÇÃO, AMBITO, POLITICA, SUPLANTAÇÃO, CONFLITO, BUSCA, PAZ.

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O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Sem Apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a posse do novo presidente de El Salvador, Mauricio Funes, na segunda-feira, foi marcada por duas referências significativas no discurso que pronunciou durante a cerimônia. Os dois governantes que tiveram um forte conteúdo simbólico em sua campanha, afirmou Funes, foram os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos, Lula e Barack Obama.

Ele disse ter buscado “os exemplos vigorosos de Obama e Lula como prova de que líderes renovadores, em lugar de ser uma ameaça, significam um caminho novo e seguro para seus povos”. Obama, segundo o presidente salvadorenho, “provou que é possível reinventar a esperança”. Quanto a Lula, “demonstrou que se pode fazer um governo popular, democrático, com economia forte e distribuição justa de riqueza”. O presidente Lula estava presente à posse, mas quem ouviu os elogios a Obama foi sua representante, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton - por sinal, também elogiada por Funes.

Mauricio Funes, casado com uma brasileira, é representante de uma nova geração de políticos latino-americanos que, como diria Jorge Castañeda, ex-ministro das Relações Exteriores do México, alinha-se com a esquerda democrática, moderna e globalizada do continente, representada por países como o Brasil e o Chile. Ela busca relações amistosas com os Estados Unidos, mas sem submissão, enquanto a esquerda autoritária só pensa em confronto e mantém o discurso ideológico anterior ao fim da Guerra Fria.

Jornalista de talento, ex-integrante da rede de televisão americana CNN, Funes elegeu-se por um partido surgido de um grupo armado, a Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional, protagonista de uma guerra civil que dividiu o país durante 12 anos, entre 1980 e 1992, e causou milhares de mortes. O grupo decidiu, há 17 anos, abandonar a luta armada e transformar-se em partido político.

É também expressivo o fato de que boa parte de seu ministério não seja integrada pelo partido a que pertence, e que ele tenha adotado uma linha conciliatória, convocando a oposição a participar de um diálogo nacional, para “construir uma nova nação, sem ódio nem ressentimento”.

El Salvador merece um governo com o ânimo conciliatório demonstrado pelo novo presidente. Trata-se de um país que viveu um passado tumultuado, em que se sucederam ditaduras militares, em meio a crises econômicas que empobreceram sua população e facilitaram a formação de grupos guerrilheiros. A paz só foi obtida depois de longas negociações, no início da década de 1990, e da morte de 75 mil pessoas, vítimas da luta entre o exército e a guerrilha.

O novo presidente terá à sua frente muito trabalho para reduzir as desigualdades sociais num país em que 40 por cento da população vive abaixo da linha da pobreza. Primeiro governante de esquerda de El Salvador, ele até recorreu a uma frase dita pelo presidente Lula em seu primeiro mandato, “Não temos o direito de errar”. Se souber resistir às tentações do populismo e agir no sentido de proporcionar melhores condições de vida a um povo que já sofreu muito, terá cumprido com dignidade e competência a sua missão.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/06/2009 - Página 21929