O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Minhas palavras iniciais são de agradecimento ao Senador e Professor Cristovam Buarque.

Senador Paim, que preside esta sessão de sexta-feira, Parlamentares na Casa, brasileiras e brasileiros aqui presentes, e os que nos assistem pelo Sistema de Comunicação do Senado, Senador Cristovam Buarque, as coisas acontecem e, não inspirado pelo acidente que houve com a companhia aérea Air France - e estamos solidários às famílias enlutadas -, eu queria falar também de transporte aéreo.

Eu não sei, Cristovam Buarque, mas, para mim, a maior invenção da civilização foi o avião, não é esse negócio de computador, Cristovam, em que você está mexendo aí. Eu sou da geração da enciclopédia; isso aí é uma enciclopédia eletrônica modernizada. Nós somos da fase da enciclopédia, que buscávamos na biblioteca. Mas, o avião, e acho que a aceleração da globalização... Eu sei que essa história é velha, que Leonardo da Vinci tentou voar, passou por Santos Dumont, os ingleses disseram que os primeiros foram os Irmãos Wright. Mas o fato é que eu acho o avião a invenção mais importante.

Tanto é verdade que, das coisas de Deus, sem dúvida nenhuma, a maior é a mulher; a maior inspiração de Deus foi a mulher e, quando passa uma mulher bonita, a turma diz: “Olha um avião.” Então é o avião. Não resta dúvida. Não tem negócio de computador, não. Mas ele caiu, e vou falar de avião.

         Tenho 66 anos e nasci em Parnaíba. O interessante é que a gente saía de Parnaíba e ia para o Rio de Janeiro. Tinha avião, várias linhas aéreas. Além de o Governo ter o deles, tinha o Correio Aéreo Nacional, os aviões da FAB. Quem não tinha dinheiro falava lá com o sargento. Tinha até isso nesse Brasil organizado. Tinha muitas empresas aéreas, Cristovam; tinha a Panair, Aerovias, Aeronorte, Aerobrasil, Cruzeiro do Sul. Tinha até uma do Pará que se chamava Paraense Transporte Aéreo - PTA. O povo de minha cidade, que é jocoso, botou logo um apelido: PTA - prepara tua alma. Não tem nada a ver com o acidente, mas é porque caía muito.

O fato é que a gente saía lá de Parnaíba, da minha cidade, do litoral - era bom porque aprendia geografia -, ia para Fortaleza. Lá a gente saltava do avião, tomava uma Coca-cola, um Guaraná, só para dizer que conheceu a Capital - vaidades da adolescência. Fiz muito. Passava em Natal, João Pessoa, Recife, Aracaju. A última era Salvador. Os aviões eram aqueles DC-3, Douglas. De Salvador ao Rio eram quatro horas de vôo, mas a gente chegava no mesmo dia ao Rio. Saía de madrugada lá do Piauí. Parecia ônibus. Interessante.

Neste Governo do PT, tudo é mentira. Essas pesquisas... Está ouvindo, Pedro Simon? Tudo é mentira, tudo é mentira, Luiz Inácio. Isso é velho. O Hitler tinha 86%, o Stalin tinha, o Mussolini tinha. Está aí a História. O Governo paga e publica mesmo; essa imprensa toda é paga. Como Churchill disse, existe a opinião pública - é o que Ulysses disse: “Ouça a voz rouca das ruas”, aí é a pública - e a publicada - e eu boto vírgula, paga. Então está toda paga. Por isso que aqui tem audiência; por isso que se ataca o Senado, porque ele se atualizou e o sistema de comunicação leva a verdade.

Mas, lá no Piauí, o Governador é do PT. Olha, eu não conheço na minha vida um cabra que mente mais que ele. Num pequeno blog que eles não compraram, lá da cidade de Batalha, um jornalista botou: “O senhor mentira”. E elencou umas dez mentiras assim descaradas.

Então, você pega: aeroportos internacionais, dois são no Piauí - dois, Cristovam. Goiás não tem; Goiás não tem dois aeroportos internacionais. O Piauí tem dois, mas só na mídia, na televisão, nos jornais e no rádio.

Na minha cidade - o descaramento é tão grande -, foi o Governo revolucionário que fez, que modernizou o aeroporto. É aquele modelo caixão. É igual ao de Teresina, igual aos outros espalhados pelo Brasil, padronizado. Aí todos os Governadores pintaram o prédio. Eu pintei, aumentei a pista, ampliei... E esse daí fez a mesma parafernalhazinha. Deu uma cal, trocou uns moveizinhos e botou aí na mídia: “Aeroporto internacional”. Nem geografia ele sabe, porque ele disse que ia botar avião de Buenos Aires a Parnaíba. Para Buenos Aires a gente vai mesmo é de Porto Alegre. Chegando a Porto Alegre, a gente vai para Buenos Aires, para Montevidéu, a pé, de canoa, de barco, de bicicleta, de carro de boi. Mas ele disse que ia botar um para lá. Cada viagem da Europa bota...

Pedro Simon, ô PT mentiroso! Esse Luiz Inácio está rodeado de muita gente ruim. Tem gente boa, como o Paim, mas a maioria é de aloprados, mentirosos.

Diz que existem dois aeroportos internacionais no Piauí. Não há nem avião, nem teco-teco. Sabe o que é teco-teco? É aquele aviãozinho pequenininho, que só tem uma hélice e cabe o piloto e dois passageiros. Aliás, não tem nem ultraleve lá.

Na minha cidade, nunca antes, Luiz Inácio, deixou de haver um vôo, uma linha mamária, uma linha interna. Só agora, com a desgraceira do Partido dos Trabalhadores, Cristovam, que não há nem teco-teco saindo de lá. Aí bota na imprensa... E a imprensa é toda paga, a televisão é toda paga, e todos pensam que existe sim. Estou indo agora para pegar um avião. Ah! Se existisse, eu iria direto para Parnaíba - eu moro no litoral - num aviãozinho. Mas não existe; vou pegar o carro, estrada esburacada e o diabo.

E inventou também, agora, que não é só um aeroporto, não.

Recebi muitos e-mails, um deles de um grande empresário José Elias Tarjra, Presidente da Associação Comercial, homem de grande visão. Atentai bem, Cristovam! Cristovam, para você ir, hoje, de Teresina, capital do Piauí, para São Luís, sabe o que tem de fazer? Você pega um avião em Teresina, vem para Brasília e volta para São Luís.

Nós chegamos a essa desgraceira a que o PT levou ao Piauí! E o Governador fala de voo internacional. Não tem mais nem para São Luís! Olha o mapa! Ô Governador mentiroso! Como é que mente assim?

Ô Pedro Simon! Aí é que é sujo, político mentiroso, hein!? Você, com esse negócio de vida limpa. E quem é que vai atrás da vida limpa dos juízes que estão aí, hein, Pedro Simon?

Tu sabes qual é a indústria, Pedro Simon, que mais prospera no Brasil? Liminar. Está se cassando prefeito aí para pegar liminar, aí o Presidente da Câmara assume; no outro dia, uma liminar o derruba e bota o vice; no outro dia, volta o outro, e o dinheiro rola. Essa é que é a verdade, ô Pedro Simon!

Nunca antes nós vivemos um momento tão ruim da democracia. Esse negócio de TSE tem se que estudar, Pedro Simon! Isso não existe nos Estados Unidos, não existe em Buenos Aires. Não tem nem nome quem está lá. Ele passa só dois anos. Ele já vai para assaltar. Toma um mandato de um, compra e ganha e não tem nem nome; ele só passa dois anos, Pedro Simon. Sobre isso é que V. Exª tem que meditar. Isso não existe nos Estados Unidos, não existe na Inglaterra, não existe. Ele não tem nem nome; ele só passa dois anos. Aí ele planeja um assalto, tira aí um mandatário de uma eleição legítima, ganha e vai-se embora. O STF ainda tem nome, porque ele vai até a compulsória, daí ele ter tido a inteligência daquilo. Mas muita coisa tem que mudar, e tem que se entender das coisas. Ele passa só dois anos. Ele planeja um assalto - e assaltam mesmo. Está caindo um prefeito aí por dia. Mas é para pegar liminar; bota o Presidente da Câmara, com uma semana, bota o vice; com outra, volta de novo. É a maior indústria que hoje existe no País, Pedro Simon. TSE não existe nos Estados Unidos, não existe na Inglaterra, não existe na Alemanha. Eles não têm nem nome. São dois anos. São dois anos só que ele passa, indicado por várias instituições. Entendeu a diferença, Pedro Simon? Tem muita coisa ruim neste País.

Esse negócio de mentir também. O Governador agora inventou que vai inaugurar aeroporto - se Parnaíba não tem nem teco-teco - em São Raimundo Nonato. É a Serra da Capirava. Esses aloprados, outro dia - por isso que eu votei com a Marina -, venderam 78 mil hectares de floresta na Serra Vermelha, na serra das confusões, no sul do Piauí. O Piauí é pobre em vegetação, em flora. Você passa pelo Maranhão e já é Amazônia. O Piauí é pobre; daí o clima quente. Os aloprados venderam 78 mil hectares para transformar a floresta em carvão.

Por isso que eu votei com a Marina. Está vendo? Por isso que eu votei - não sei do PT, do Governador, porque ela que negociou com o Secretário do Meio Ambiente, ela impediu. A selva vermelha, a floresta vermelha. E agora, useiros e vezeiros no dinheiro fácil, eles venderam lá do lado da Serra da Capivara, onde disse que existe um avião, quatorze mil hectares, transformando coqueiros em carvão para as indústrias do Sul. O Ministério Público interveio. Então, são essas coisas.

Mas agora dizem que vão fazer outro aeroporto - aeroporto internacional - em São Raimundo Nonato. Os aloprados são sabidos. O Goebbels perde para esse Franklin Martins e o que tem lá. O Goebbels disse que uma mentira repetida se torna verdade - o assessor de comunicação do Hitler. E lá eles mentem mesmo. Aí eles fazem uma maquete - coloca bem grande aí; faz de conta que é a Ideli, que é do PT que está mostrando; bem grande para o povo ver. Faz uma maquete e bota no mundo, ô Paim, bota nos jornais, bota na televisão. Olha aí a coisa bonita. Eu acho que nem em Paris é tão bonito o aeroporto lá, o Charles De Gaulle. Olha aí, Paim! Aí bota isto no mundo todo: o segundo aeroporto internacional do Piauí! Olha aí. Eles vivem da mentira. Paim, olha a pista do aeroporto aqui. (Pausa.) Isso aqui é o projeto.

Agora, eu vou só ler e terminar.

Eu sou do Piauí e lá eu aprendi com um caboclo - caboclo é de vergonha, Cristovam - que diz assim - aliás, eu nunca vi a sabedoria popular errar; há provérbios até na Bíblia -: é mais fácil tapar o sol com a peneira do que esconder a verdade.

Está aqui a pista. A fotografia no e-mail aqui. E agora, o relato oficial do Governo.

Sobre o caso do Aeroporto de São Raimundo Nonato, há uma reportagem do Portal 180graus, de 4 de junho. Olha aí, Paim. Existem esses portais porque essa imprensa aí o Governo compra tudo. É como Churchill disse: publicada, paga.

Então, diz a reportagem do 180graus, de ontem, exclusiva: “Anac não sabe de projeto do aeroporto do Piauí. Infraero confirma ao 180graus que não existe, é nada oficializado”. E a Anac é do Governo. Eles são Governo. Quer dizer, trocam cinismo.

Ô, Paim. Paim, este não é um país sério, já disse o Charles De Gaulle. Não é? Isto não é uma democracia. E nem o seu Partido é sério. Se o seu Partido fosse sério, ele pediria as primárias. Eu aposto, aqui, que V. Exª dispararia. Partido sério não tira candidato de bolso.

Respeito toda mulher, toda senhora; e ela merece seu respeito. Mas ela não tem currículo para ser Presidente da República. Nunca foi eleita nem a vereadora. Que negócio é esse? O Luiz Inácio pelo menos tentou. Fez várias tentativas e acabou conseguindo. E foi Deputado Federal. Mas essa senhora aí? Que negócio é esse? Que república é essa? Que partido é esse? Que conversa? Que mentira é essa? Por que eles não fazem a primária? Paim despontaria que nem Barack Obama. É, não tem...

Ô Cristovam, olha aqui:

Anac não sabe de projeto de aeroporto no Piauí, Infraero confirma ao 180graus que não existe, é nada oficializado.

A assessoria de comunicação da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) informou, nesta quinta-feira (04/06), atendendo à solicitação de reportagem do Portal 180graus, que não tramita naquele órgão nenhum processo de construção de aeroporto internacional no município de São Raimundo Nonato (525 km de Teresina). De acordo com informações do órgão, para que um aeroporto seja construído é preciso o envio de um projeto para a Anac, e consequente aprovação. Casa não haja esta aprovação, a construção de qualquer aeroporto é considerada irregular.

Então, é um governo da mentira!

E atentai bem! Olha a picaretagem que está havendo: surgiu na Câmara esse projeto de aumentar os mandatos, inclusive da gente, para comprar a gente. Eles compram mesmo; a corrupção é grande, só não tinham comprado aqui uma banda do Senado. Mas na balança eles botam, ô corrupção grande na história! Já voltou de lá um projeto para dar mais dois anos ao Luiz Inácio, dar dois anos para todo mundo, dar o terceiro mandato. Se houver o terceiro, ô Pedro Simon, vai haver o quarto, e nós vamos ser como Cuba, como a Venezuela. A última resistência era aqui.

E para vergonha nossa, Pedro Simon, o PMDB foi o que mais assinou. Ô PMDB! Ô PMDB! Ulysses está encantado no fundo do mar, mas está desesperado, morto de vergonha. Tancredo Neves, Ramez Tebet, Juscelino Kubitschek e o Pedro Simon aqui, acachapado. A maioria foi do PMDB que assinou, já pedindo continuação sem eleição, prostituição. E no meu Estado é que a prostituição do meu partido está grande, uma prostituição total e já se entregaram ao Governo.

Então, Cristovam Buarque com a palavra e os meus agradecimentos por ter falado.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Senador Mão Santa, primeiro, eu só quero voltar um pouco no seu pronunciamento, para confirmar a dificuldade de vôos. Na próxima semana, eu vou de Teresina para Recife e a viagem será de cinco horas. É realmente um problema essa interligação. Mas quero conversar sobre qual foi a maior invenção. O senhor disse que foi o avião. A gente pode escolher quase que qualquer coisa, não é, Senador Paulo Paim? Mas, se for para escolher uma, vou escolher o lápis, porque, sem o lápis, não se tinha desenhado o avião; mas, sem a mão, o lápis não funciona; sem o cérebro, a mão fica doida; e, sem educação, a mão não é capaz de desenhar o avião. Portanto, sem educação, a gente não teria o avião. Daí talvez a maior invenção seja essa coisa chamada instrução, educação, transmissão de conhecimento. E aí vem o meu medo: de tanto fazer aeroporto não sobra dinheiro para fazer escola. E aí a gente vai ter aeroporto, mas não vai ter avião. Mas quero dizer avião no sentido simbólico, de todas as coisas modernas que precisamos. Nós estamos errando ao colocar o futuro do Brasil no PAC em vez de colocar na pré-escola, na escola. Nós estamos errando, nós estamos suicidando o País, queimando floresta e queimando cérebros. O avião é uma grande invenção, mas, sem o lápis nas mãos de alguém educado, não teríamos o avião; sem escola, não teríamos aeroportos. Mas o Brasil está invertendo as coisas: está fazendo os aeroportos sem fazer as escolas em quantidade e número suficiente. Por isso, meu apoio a melhorar o trânsito aéreo entre nossas cidades, mas também meu apelo para que a gente não deixe de lado o fundamental, que é um país educado.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Eu me rendo: eu perdi no debate e vou mudar de opinião. Não vou mais dizer que é o avião; foi porque eu estava com a mulher aqui na cuca - olha o avião.

Mas Rui Barbosa, que é o nosso patrono - a ignorância é audaciosa -, diz o seguinte: “Deus os ensine a mudar”. Já mudei o meu conceito de educação, já perdi para V. Exª, fui nocauteado. “Porque todo o aprender, todo o melhorar, todo o viver é mudar” - Rui Barbosa. Então, quando me perguntarem agora a maior invenção, eu direi: a instrução.

Pedro Simon, é uma decepção o nosso Partido. Está ganhando lá entre os que assinaram, os que querem enterrar a democracia. Se houver terceiro mandato, haverá o quarto; são os Fidel que vão nascer, são os Chávez que vão prosperar, são os Correa que estão ali, é o índio que está acolá, é o Padre reprodutor que está acolá, é o de Nicarágua... E vão acabar aquilo que é uma das grandes construções da civilização, que foi a democracia, que o povo criou. E eu lembraria que é o dever desta Casa continuar a bravura do líder que combateu - ó militares, atentai bem! - o chamamento de Eduardo Gomes, vamos fechar logo este Congresso, se ocorrer esse terceiro mandato. Atentai bem, Eduardo Gomes disse, que combateu a primeira ditadura civil de Vargas: “O preço das liberdades democráticas é a eterna vigilância”. Ó Senado, vigiai e mantenha a democracia, que é a melhor obra do povo!

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