O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA. Pela Liderança da Minoria. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ao ouvir o pronunciamento da Líder do Congresso Nacional, inspirou-me fazer alguns comentários na tarde de hoje. Primeiro, Presidente, para dizer que nós, Oposição, torcemos para que o Brasil possa passar a crise e tomar o seu rumo de crescimento.

Para nós, a frase “quanto pior, melhor” não existe. Agora, Presidente, diante de mim e às costas de V. Exª, nós temos três símbolos - e V. Exª sempre fala isso - que não nos permitem pensar dessa maneira. O País, para nós, é sagrado. O País, para nós, é sagrado. E tudo aquilo que nós temos feito é para ajudar o Governo.

Bem diferente daquela Oposição de antigamente, que entrava na Câmara, quebrava a Câmara. Bem diferente da postura da Oposição quando Fernando Henrique Cardoso era Presidente. Esta Oposição é ética. Esta Oposição é séria. Esta Oposição faz oposição com responsabilidade, não torce pelo pior, e nem assim poderíamos fazer.

À sua direita e à sua esquerda, Presidente, estão os símbolos da Pátria, que nos inspiram amor. Bem atrás do Presidente, como V. Exª sempre fala, tem Rui Barbosa, que nos inspira a Pátria, Sr. Presidente. E logo acima tem o símbolo da vida que é Cristo.

A Pátria para nós é sagrada, repito. Agora, o que questiono aqui, Sr. Presidente, e não posso deixar de fazer nunca, e não vou deixar de fazer nunca, doa a quem doer, Papaléo Paes, é exatamente questionar, Presidente Lula, a situação dos aposentados. Isto é que dói dentro de mim: ver, por exemplo, um Senador da base do Governo, do Partido dos Trabalhadores, esforçar-se aqui. Desde que cheguei a esta Casa, encontrei um projeto do Senador Paulo Paim dentro da gaveta do Líder do Governo, há nove meses preso ali dentro. Tiramos o projeto da gaveta, colocamos em votação, ganhamos aqui por unanimidade, e o Presidente Lula não se toca. O coração desse homem...

Esta explicação é que eu queria que me dessem. Será que um homem que é capaz de fazer ou de dar continuação a um programa chamado Bolsa Família, será que ele o faz só pelo Poder, Sr. Presidente? Será que é só pelo poder? Será que não tem sensibilidade aí dentro, Senador Papaléo? Será que o coração não fala mais alto? Ou é só pelo poder? Ou é só para tomar conta do poder, Senador Papaléo Paes? Tudo indica. Tudo indica. Porque quem faz um programa, Senador Mozarildo, quem conduz um programa, dá continuidade a um programa como o Bolsa Família e não olha, não olha sequer, não dá bola, faz de conta que não existe uma classe sofrida chamada “aposentados e pensionistas” deste País não entra em mim. Não cabe em mim. Eu não aceito isto.

Ora, eu fico feliz em ouvir as palavras da Líder do Congresso Nacional, dizendo que o País ultrapassou a crise, que o País retomou o seu desenvolvimento. Faça, Lula, agora! Faça agora, que o País tomou o seu rumo novamente, que não tem mais crise! Poucos dias atrás, era crise, “eu não faço por causa da crise”, e agora, Presidente Lula, que a Líder veio aqui e disse que não tem mais crise? Faça agora, Presidente! Faça!

Eu tenho pena do Senador Paulo Paim. Tenho. Sinceramente. Um homem sério, honesto, um homem de respeito, um homem por quem todos têm carinho, um homem que olha pelas classes sociais desprezadas deste País.

         Presidente Mão Santa, Senador Mozarildo, estamos terminando mais um semestre. Nada de solução! Já fomos várias vezes, com vários Presidentes da Câmara; os aposentados já tomaram aquele Poder; nós já fizemos uma série de vigílias; os aposentados já foram para as ruas em grandes metrópoles. Clemência, Presidente Lula! Olhe por nós, que estamos morrendo, Presidente! Nunca se esquece, nunca se esquece o que o Presidente falou no palanque. Nunca! Ele disse para ganhar, disse para ganhar o poder. Se não fosse isso, ele teria olhado para os aposentados já. A conclusão a que chego é que ele fez isso para ganhar o poder. Dizia ao Presidente: “Se eu for Presidente da República, vou acabar com esse famigerado fator previdenciário. Vou acabar.” Há quantos anos, Mozarildo, está no poder o Lula? Quatro, mais dois e meio, seis e meio. E até hoje não respondeu à classe mais desprotegida deste País. Deu dinheiro para todo mundo, Mozarildo. Deu dinheiro para a Bolívia, deu dinheiro para a Venezuela, deu dinheiro para Angola, e se esquece dos aposentados deste País.

Eu li ontem que o PAC só atinge os ricos, não atinge os pobres. Eu quero saber, eu quero perguntar à nossa sociedade, eu quero perguntar ao meu Presidente por que tem raiva dos aposentados, por que não gosta dos aposentados. Lula, os aposentados votam também, Lula. Os aposentados são mais de onze milhões neste País. Está certo que não podem mais fazer greve, mas eles votam, Lula. Eles estão abandonados, Lula. Pelo menos, Mozarildo, se é para morrer como estão morrendo, devagarzinho, pelo menos dê um Bolsa Família para eles. Pelo menos, estenda aos aposentados e pensionistas. Pelo menos isso já suavizaria a morte, já melhoraria.

Mozarildo, não é brincadeira, Mozarildo. A coisa é muito séria, companheiro. Tem aposentado do INSS morrendo pela fome, porque não tem o que comer, porque não tem mais condições de pagar o remédio, porque deve à farmácia.

E já se vai, Presidente, mais um semestre. E aí nós já vamos para o sétimo ano a lutar por isso. Sete anos lutando por isso. Já se vai mais um semestre. Eu espero, Presidente, sinceramente. Presidente, não tem mais jeito. Agora tem que aloprar. Não sei se no Piauí conhecem esta palavra: aloprar. Agora tem que aloprar. Agora não tem mais o que conversar. Já conversamos demais, já fizemos tudo. Tudo que se podia fazer já fizemos.

O Senado é unanimidade. O Senado é unanimidade a favor dos aposentados...

(Interrupção do som.)

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - ... dos aposentados deste País.

Sinceramente, eu disse ao Paim, agora há pouco, antes de subir à tribuna: Senador, eu vou esperar até o dia 28 deste mês.

Nós não podemos deixar para julho não, Presidente. Nós não temos que deixar para dia 8 de julho não, Presidente. Eu vou falar com o Presidente Sarney. Não adianta empurrar para julho. O veto tem que ser votado neste mês. O projeto do Senador Paulo Paim. Todos têm que ser votados este mês. Nós não podemos jogar para julho não. Isso é uma enganação à luz do dia. Isso é uma enganação à luz do dia, Presidente.

Sinceramente, se até lá, Nação brasileira, se até o final deste mês levarem novamente os Senadores que lutam por essa causa na barriga, eu vou começar a tomar a dianteira. Aqueles que quiserem que me sigam. Nós vamos fazer um grupo de Senadores. Tenho certeza de que terei apoio. Tenho certeza de que terei, porque os Senadores que lutam por essa causa sabem da situação de cada um dos aposentados deste País.

Acabou de dizer a Líder: o País não tem mais crise. O País retomou seu crescimento, Senador. Por que não fazem? Por que não derrubam o fator previdenciário? Que prejuízo dá a derrubada do fator previdenciário à Nação? Responda: que prejuízo dá? Derrubem o fator. Derrubem de imediato, e sentem-se, pelo menos a uma mesa, para conversar sobre o reajustamento, mas não mandem Ministro incompetente para conversar. Esse Ministro da Previdência Social é um incompetente, não tem sensibilidade no coração, é um Hitler disfarçado. Não me mande, não me mande ele!

Presidente Tuma, sinceramente, temos agora é que nos unir e caminhar com os aposentados rumo ao Palácio do Planalto. É isso, Mozarildo, que temos que fazer agora. Nada deu certo, não nos ouviram, enganaram-nos. Rumo ao Palácio do Planalto. Vamos ficar lá na porta. Tirem os Senadores de lá, tirem. Só sairemos de lá, Presidente, quando o Presidente Lula nos receber, e que diga a cada um de nós

(Interrupção do som.)

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - ...que vai resolver a situação dessa classe desprezada, abandonada, sofrida, massacrada e destruída, que são os aposentados e pensionistas deste País. O rumo é esse, Mozarildo, não tem outro.

Fizemos tudo, lutamos por tudo, não nos deram ouvidos. Não adianta mais fazer greve de fome, não adianta fazer vigília, não adianta mais, Tuma. É caminhar em direção à rampa do Planalto e ficar esperando o Presidente entrar no Planalto, todos os aposentados deste País, todos. É a única saída que temos hoje, se até o dia 30 deste mês não forem votados os projetos.

Não falarei mais. Não falarei mais com o Presidente da Câmara. Não falarei mais. Não irei a reunião nenhuma. Confiarei no Senador Paim. Vou esperar uma palavra do Senador Paim. Alguém que lhe procure, alguém que lhe chame para que o Senador possa se sentar junto com eles e possa vir a esta tribuna dar, com alegria, uma boa notícia aos aposentados.

Se não fizerem, Tuma, eu lhe convido, eu convido a todos os Senadores, para que possamos caminhar com os aposentados rumo ao Palácio do Planalto e, numa atitude contundente, respeitosa, mas contundente, dizer ao Presidente: chega, Presidente Lula. Não massacre mais os aposentados deste País. Chega. Já morreram muitos, já se foram muitos, homens e mulheres deste País. Chega. Basta. Não mate mais. Não enterre mais. Respeite os aposentados do nosso querido País.

Muito obrigado, Senador.

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