Discurso durante a 95ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Elogia a cidade de Brasília que, em 21 de abril de 2010, completará 50 anos de fundação. Discordância com o contrato firmado pelo Governo do Distrito Federal e a Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis, para que os 50 anos de Brasília sejam o tema-enredo da escola para o próximo carvanal.

Autor
Adelmir Santana (DEM - Democratas/DF)
Nome completo: Adelmir Santana
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF). DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Elogia a cidade de Brasília que, em 21 de abril de 2010, completará 50 anos de fundação. Discordância com o contrato firmado pelo Governo do Distrito Federal e a Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis, para que os 50 anos de Brasília sejam o tema-enredo da escola para o próximo carvanal.
Aparteantes
Cristovam Buarque.
Publicação
Publicação no DSF de 16/06/2009 - Página 23593
Assunto
Outros > GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF). DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • COMENTARIO, CONSOLIDAÇÃO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), REFORÇO, INDUSTRIA, COMERCIO, SETOR, PRESTAÇÃO DE SERVIÇO, AGRICULTURA, ELOGIO, OBRIGATORIEDADE, ADOÇÃO, CINTO DE SEGURANÇA, AUTOMOVEL, PROIBIÇÃO, FUMO, AREA PUBLICA, ACEITAÇÃO, POPULAÇÃO, RESPEITO, FAIXA, PEDESTRE.
  • EXPECTATIVA, COMEMORAÇÃO, CINQUENTENARIO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), CONCLAMAÇÃO, ATENÇÃO, NECESSIDADE, VALORIZAÇÃO, REGIÃO, DISCORDANCIA, INICIATIVA, GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF), PATROCINIO, GRUPO, CARNAVAL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), REALIZAÇÃO, HOMENAGEM, ANIVERSARIO, QUESTIONAMENTO, AUSENCIA, INVESTIMENTO, ENTIDADE, AMBITO REGIONAL, INFORMAÇÃO, ANUNCIO, IMPRENSA, APRESENTAÇÃO, MUSICO, AMBITO INTERNACIONAL, CRITICA, FALTA, INCENTIVO, CULTURA, BRASIL.
  • DEFESA, TRANSFERENCIA, CARNAVAL, PLANO PILOTO, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF), PATROCINIO, VALORIZAÇÃO, CULTURA, POPULAÇÃO, REGIÃO, OBJETIVO, COMBATE, REJEIÇÃO, CIDADÃO, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), MOTIVO, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, PODERES CONSTITUCIONAIS.

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O SR. ADELMIR SANTANA (DEM - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, como todos sabem, Brasília vai completar 50 anos no dia 21 de abril de 2010. É uma cidade consolidada, com mais de dois milhões e quinhentos mil habitantes. Desde 1986, adquiriu autonomia política; e, desde 1990, elege governador e deputados distritais.

Brasília se fortalece como polo de desenvolvimento regional, com indústrias, comércio completo e de alta qualidade, setor de serviços apto a ocupar o espaço no mercado nacional, e agricultura condizente com as limitações de seu próprio território.

É uma cidade de vanguarda, sendo a primeira a adotar o cinto de segurança nos automóveis, pioneira na proibição do fumo em locais públicos e na aceitação da faixa de pedestres, prática que deu mais segurança ao trânsito local. A propósito, medida tomada quando governava esta cidade o nosso companheiro, Senador Cristovam Buarque.

Os brasilienses acostumaram-se a ver personalidades locais transformarem-se em nomes nacionais e até internacionais. Por exemplo, graças aos atletas brasilienses Kaká e Lúcio, Brasília ocupa posições de titulares em 20% da Seleção Brasileira de Futebol. O cantor e compositor Renato Russo, um destaque produzido em Brasília, surgido no Teatro Garagem do Sesc, na 913 Sul, mantém-se como sucesso nacional há mais de 20 anos, embora precocemente falecido.

Muito mais podia ser dito. Muito mais, certamente, será destacado por outros parlamentares ao falarem de Brasília. Mas, hoje, quero falar das comemorações dos 50 anos de Brasília, pedindo que seja dada maior atenção aos valores da própria cidade.

Não concordo que o Governo do Distrito Federal, como primeira providência anunciada, tenha acertado com a Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis um contrato para que os 50 anos de Brasília sejam tema-enredo do Carnaval carioca.

Lembro que é histórico o desinteresse dos governantes em Brasília em relação ao Carnaval produzido por escolas de samba e outras agremiações instaladas na própria cidade. Nas últimas décadas, subvenções de porte quase simbólico são liberadas com atraso para apoio às entidades carnavalescas. É sempre um verdadeiro drama, que compromete a qualidade dos desfiles apresentados em Brasília.

No Carnaval de Brasília de 2009 não foi diferente. Até o momento, as escolas de samba esperam pela liberação dos prêmios aos vencedores, verba que certamente servirá para cumprir compromissos financeiros atrasados.

É sempre um grande sacrifício fazer Carnaval em Brasília. Mas, de forma surpreendente, sem ouvir a sociedade, nem mesmo consultar os especialistas no assunto, o Governo do Distrito Federal decidiu bancar o desfile da Beija-Flor, no Sambódromo do Rio de Janeiro.

Carnavalescos e dirigentes de escolas de samba brasilienses têm certo cuidado na abordagem desse tema. Não querem abrir áreas de atrito com o governo local. Cabe a nós, políticos detentores de mandatos, chamar a atenção para as autoridades do Executivo.

Na imprensa, manifestações esparsas surgem. É claro que não ficaram transparentes os critérios para a liberação de alguns milhões de reais que vão abrilhantar o Carnaval carioca. Se em relação à festa carnavalesca o critério já é esse, priorizando-se o que é feito lá fora, imaginem o que acontecerá na grande festa do dia 21 de abril de 2010!

A imprensa já fala em grandes nomes internacionais que se apresentariam gratuitamente na Esplanada dos Ministérios, mas não podemos esquecer que Brasília foi - e ainda é - o berço do melhor rock que já se fez no Brasil. Por que não homenagear valores que nasceram na capital e se projetaram para todo o Brasil, com fama até internacional? Por que não fazer isso?

Só para citar alguns nomes, Legião Urbana, Capital Inicial e Paralamas do Sucesso nasceram em Brasília e têm profunda aceitação por parte da população local.

Tanto no Carnaval como na música e em muitos outros setores, notadamente de manifestações culturais, Brasília deve despertar um salutar bairrismo nas comemorações dos seus 50 anos.

Faço aqui um apelo ao Governador José Roberto Arruda, um político de visão jovem, integrante do meu partido, o DEM, para que façamos da festa dos 50 anos um marketing construtivo e vibrante da nova Brasília.

Tem sido comum, nos últimos anos, a rejeição aos brasilienses em outras capitais brasileiras, confundindo-os de forma extremamente injusta com o noticiário negativo que cerca os poderes federais.

Concedo o aparte ao Senador Cristovam Buarque.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Senador Adelmir, agora vamos falar de Brasília. Fico feliz ao escutar o seu discurso, por ter falado de diversos ganhos que Brasília teve e que servem de exemplo ao Brasil inteiro, como a faixa de pedestre. A própria Bolsa-Família nasceu aqui, com a Bolsa-Escola, com características mais educativas do que a Bolsa-Família, mas foi aqui que nasceu. Mas eu fico feliz de o senhor falar da vida cultural de Brasília. O que o senhor está dizendo, na verdade - é importante -, é que Brasília não é mais apenas capital do Brasil. Lá fora, as pessoas acham que Brasília, Senador Mão Santa, é apenas a capital do Brasil. Não, Brasília tem muito orgulho de ser a capital do Brasil, mas ela é mais do que isso; ela já uma cidade com um potencial industrial grande, com uma rede hoteleira exemplar, com um comércio que a põe entre as cidades mais ricas e mais dinâmicas de todo o País. E, na vida cultural, sem dúvida alguma. No rock, quase tudo que houve de bom no Brasil, num certo momento, nasceu aqui. O Carnaval, que ninguém nunca imaginou que fosse um dia ser exemplar em Brasília, é hoje um bom Carnaval, que serve de exemplo e começa a atrair turistas - pelo menos, da Região Centro-Oeste. Agora, eu lembro, além disso, que, felizmente, desta vez, não só o Carnaval daqui mas o Carnaval do Rio de Janeiro vai ter Brasília como tema, comemorando os 50 anos da nossa cidade. Então, o discurso de V. Exª veio em muito boa hora, e creio que a gente deveria repetir mais, falar aqui desta Brasília cinquentenária, que nós estamos em véspera de comemorar.

O SR. ADELMIR SANTANA (DEM - DF) - Agradeço a V. Exª o aparte e é exatamente a temática que eu abordava. Nada mais justo do que Brasília ser tema do Carnaval carioca, o que eu não posso entender é que nós não transformemos essa festa para valorizar as coisas aqui de Brasília. Quer dizer, se a escola de samba quer pegar a temática de Brasília, que o faça e que busque esse financiamento através de empresas particulares, mas os recursos do GDF deveriam ser destinados para que nós mostrássemos os recursos locais, os recursos da cidade na parte cultural. Temos de transformar esses cinquenta anos numa coisa de Brasília para o Brasil e não usar recursos públicos para financiar outros festivais, outros carnavais fora de Brasília.

Como dizia, Sr. Presidente, tem sido comum, nos últimos anos, a rejeição aos brasilienses em outras capitais brasileiras, confundidos, de forma extremamente injusta, com o noticiário negativo que cerca os poderes federais. Quando se chega a outra capital brasileira, a visão que as pessoas têm de Brasília é a visão mostrada pelo noticiário nacional. Mas a população de Brasília é valorosa, criativa e guerreira. Não pode ser penalizada pelo festival de denúncias que assola o País. E o melhor meio para mostrar ao Brasil esta nossa Brasília é fazer na Esplanada dos Ministérios uma festa brasiliense.

Para começar, que o Carnaval de 2010 seja concentrado no Plano Piloto, desejo que a maioria da população do DF tem expressado em pesquisas diversas. Não é que eu tenha nada contra o Carnaval nas cidades-satélites, que devem ter também o seu Carnaval, que devem ser valorizados e financiados. A Beija-Flor, se quiser usar Brasília como tema de seu desfile, que busque apoio em áreas diversas, inclusive na iniciativa privada. Não podemos desconhecer que o Carnaval carioca alcança grande parte do mundo, mas não podemos deixar de valorizar as manifestações locais no ano em que Brasília faz cinquenta anos. Não cabe ao Governo do Distrito Federal, na minha visão, apoiar nem financiar o Carnaval carioca.

Este é o meu desabafo consciente, exprimindo o que tenho captado nas ruas.

Senhoras e senhores, prestes a completar cinquenta anos, Brasília já sabe o que quer.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado pela sua atenção.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/06/2009 - Página 23593