O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Gilvam Borges, que preside esta sessão do Senado da República do dia 23 de junho, iniciada às 14h - são 20h35min -, Parlamentares presentes, brasileiras e brasileiros aqui presentes ou que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado.

Senador Antonio Carlos Valadares, estava atentamente ouvindo V. Exª, que falava em suplente. A população poderia entender que se trata de suplente de Senador. Não; foi suplente da Mesa. Antonio Carlos Valadares é o mais extraordinário Líder lá de nosso Sergipe, de Aracaju.

O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - Senador Mão Santa, por gentileza, um segundo.

Zezinho, por favor, traga um cafezinho que o Senador Mão Santa vai fazer um grande discurso agora dessa tribuna.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Um Prefeito extraordinário, um Governador extraordinário e um homem de grande saber jurídico. Ontem mesmo ele advertia, revivia Rui Barbosa: “Com a lei, pela lei e dentro da lei; fora da lei não há salvação”, dando os rumos que o Senado teria de tomar.

Mas o meu assunto aqui, Gilvam Borges, é o seguinte: o Piauí sofreu, há um mês, aquela grande enchente dos rios vindos do Ceará: o Poti, que banha Teresina - Teresina é mesopotâmica, entre dois rios -, e o rio Pirangi, que também vem do Ceará. Com este foi pior, porque o açude Algodões, na cidade de Cocal, foi arrombado e teve aquela catástrofe. Dois Municípios, com dezenas e dezenas de povoados, sofreram as conseqüências, de tal maneira que o Governo do Estado do Piauí, useiro e vezeiro em mentir, ele, vamos dizer, diminuiu o número dos mortos, para diminuir a calamidade, o sofrimento, evitando que o Brasil visse a realidade. Mas quero dizer que estive tanto em Cocal como em Buriti dos Lopes. O extraordinário Prefeito Fernando Sousa, o Fernandão, e Ivana Fortes, uma dedicação, são altruístas, receberam o apoio do Brasil todo. Aqui mesmo, de Brasília, trezentos mil piauienses se cotizaram, fizeram campanha, entregaram ao Dr. Rosalvo, que dirige a 3º Secretaria, e nós viabilizamos aviões, com o Ministério da Aeronáutica, e transporte com o Sesc, o Dr. Valdeci Cavalcante, e distribuímos para minimizar o sofrimento da população alagada de algumas cidades. Mas a realidade é a que nós advertimos. Primeiro, o Governador do Piauí, useiro e vezeiro em mentir, pensa que governar é... Olha que ele disse que tem dois aeroportos internacionais. A minha cidade não tem nem teco-teco. São Raimundo Nonato está aqui.

João Carvalho, do GP1, disse que não existe nada de Aeroporto Internacional de São Raimundo Nonato. Existem algumas irregularidades, e esse aeroporto internacional não é nem reconhecido pela Anac. Então, dois aeroportos internacionais. Fui a Belém, e Belém não tem mais o internacional. E o da minha cidade não tem nem teco-teco. Parnaíba, que sempre teve. Eu era menino, Gilvam Borges, saía Panair, Cruzeiro do Sul, Aerovias, Aeronorte, Aerobrasil. Tinha até uma de Belém, a Paraense Transportes Aéreos, PTA. A turma dizia: “Prepara a tua alma”, porque anda caindo. Mas sempre teve. Taba, Taf, uma empresa de Fortaleza. Só agora, neste Governo, é que não tem nem teco-teco. Agora, nos jornais, na imprensa, na mídia, tem aeroporto internacional, dois, no Piauí.

Mas a minha vinda aqui foi porque a medida provisória do Presidente Luiz Inácio, que se sensibilizou, está entrando na Câmara e vai chegar aqui. Nós a motivamos, fizemos uns cinco pronunciamentos aqui, com os outros Senadores, Heráclito Fortes e João Vicente, e a bancada dos Deputados Federais. E saiu.

Olha, a medida provisória é de R$1 bilhão, e está vindo para esta Casa. Está na Câmara. O Governador do Estado disse, porque ele é do PT: R$800 milhões para o Piauí.

O Nordeste, Sr. Governador, são nove Estados. E ainda tem o Amazonas, que está incluído. Forte enchente. Então, iludiu o povo, enganou e mentiu, mais uma vez. Daí um blog lá da cidade de Batalha diz: “Senhor Mentira”. Cinco hidrelétricas, dois aeroportos internacionais, ponte sesquicentenária, tudo inexistente. Porto, porque o porto de Luiz Correia vai inaugurar em dezembro, e nunca colocou uma pedra. Que a ferrovia, com sessenta dias, o trem, a via férrea, 15 quilômetros, de Parnaíba para a praia, Luiz Correia, e quatro meses para Teresina, nunca trocou nenhum dormente.

Então, disse que teria R$800 milhões. A medida provisória é de R$1 bilhão. Um bilhão, dividido por dez Estados, dá uma média de cem milhões. Nós vamos lutar para que o Piauí ganhe mais, mas os outros Estados merecem. O Ceará sofreu muito, o Maranhão sofreu muito com as enchentes, e o Amazonas, não é? Todos nós vimos.

Mas está aqui, não adianta.

Gilvam Borges, aprenda com um homem, o caboclo do Piauí, de vergonha. Ele diz: “Diferente do que o comunicador de Hitler, Goebbels diz, que uma mentira repetida se torna verdade, não se torna não. É mentira. Cadê o aeroporto internacional de Parnaíba? Cadê o aeroporto internacional de São Raimundo Nonato? Cadê a ponte sesquicentenária? Cadê a ferrovia? Cadê a ponte de Luzilândia? Cadê as cinco hidroelétricas? Torna verdade não. É mentira! É mentira! A mentira tem pernas curtas. E o caboclo do Piauí diz que é mais fácil tapar o sol com a peneira do que esconder a verdade.

A verdade está aqui para o nosso cinegrafista da melhor televisão, a TV Senado. Faz de conta que é o Mercadante, que é a Ideli. Coloca bem grandão aí. Então, ele manipula a imprensa, a televisão, o jornal, mas existem esses blogs. Aqui é um do João Carvalho, do GP1, dizendo que o aeroporto de São Raimundo Nonato é tudo farsa, é tudo mentira. Aqui outro blog. É o 180 Graus. Um é o GP1, e esse.

Atentai bem, mas aqui vai a verdade para o mundo. Portal 180 Graus. A repórter é Juliana Nogueira, repórter cidade. O outro foi o GP1, João Carvalho, repórter muito conhecido. Então, eu queria ler aqui esta reportagem.

Gilvam Borges, na queda do avião francês, morreram duas centenas. No Piauí, dizem que morreram umas cem pessoas. Eles encobertaram, e tudo, aquele negócio. Eu digo porque lá em Cocal, povoado mais atingido - e Buriti também -, tem um médico da minha turma, um homem de muita moral, muita idoneidade, o Dr. Valdir Aragão Oliveira. Eu conheço Cocal. Governei o Estado. Conheço os grandes ali de... Andei nos povoados. Mas o Dr. Valdir é de lá. É médico e meu colega. Conhece todos os povoados, conhece gente, todos por nome.

Ele disse que foi só em uma casa e lá lhe disseram: “Olha, naquela ali, doutor, tinha nove”. Só em uma casa. E aí o Governo do Estado disse que só morreram 10. Ele disse que foram uns cem.

E eu acredito porque é uma pessoa de lá, um médico idôneo, formou-se comigo, respeitável, líder rotariano, maçônico, professor universitário.

Mas vejam a manchete. Está aqui Evandro Luz. Evandro Luz é o líder da Fetag. Esse pessoal da Fetag... O meu vice-Governador, Osmar Araújo, era da Fetag. Eu governei com esse pessoal. E é um pessoal, Gilvam Borges, de muita moral, muito respeito, muita dedicação.

Então, Osmar Araújo, que o Piauí venera e respeita. Hoje, é sucessor dele na Fetag, Evandro Luz. “Plantações arrasadas e as casas destruídas não foram indenizadas”. É o que diz a repórter Juliana.

Isso é para sensibilizar o nosso Presidente da Republica, o nosso Presidente Luiz Inácio. Olha, os alopradinhos do Piauí só fazem mentir, está uma decepção.

Então, o que diz a repórter:

Quase um mês após o rompimento da Barragem Algodões I, no município de Cocal, as pessoas que perderam tudo com a enchente ainda convivem com a incerteza. A maioria delas permanece nos abrigos, sendo que 99% dos atingidos são agricultores, que perderam a casa e a safra que garantia o sustento de suas famílias. “Até o momento, só a ajuda emergencial está chegando ao município.

Pelos dois Prefeitos, de Cocal e de Buritis. São extraordinários, são altruístas, são dedicados. Então, ele acusa essa emergência, tanto do Prefeito Fernando de Sousa, de Cocal, e de Ivana Fortes, de Buriti. São extraordinários Prefeitos. Um é do DEM e a Ivana é do PMDB.

Foram mais de 18 assentamentos rurais atingidos e os agricultores ainda não receberam indenização e nem ajuda para reconstrução das casas”, disse o presidente da Federação dos Trabalhadores em Agricultura do Piauí (Fetag), Evandro Luz.

(...)

Enquanto isso, os agricultores permanecem de braços cruzados, esperando a ajuda do poder público. A maior parte das terras cultiváveis desta região teve sua cobertura vegetal arrastada pela água e se encontra improdutiva. “Em alguns trechos só ficou um grande banco de areia, que não serve para a agricultura. Outros trechos só poderão ser reaproveitados se passarem por uma recuperação”, disse.

De acordo com Evandro Luz, o cultivo de milho, mandioca, feijão e caju eram mais comuns na região próxima à barragem. Segundo ele, muitos ainda se dedicavam à criação de bodes e ovelhas - e gado -, que acabaram ficando sem pasto após o ocorrido. Isso sem falar dos inúmeros animais que morreram levados pela água da barragem.

“Os agricultores estão angustiados sem saber de onde vão tirar seu sustento a partir de agora. Além disso, há inúmeros casos de pessoas com dengue entre os desabrigados”.

Ainda tem as más condições de saúde.

O representante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cocal, José Maria Siqueira [aí já é outro líder ruralista] afirma que 1800 pessoas permanecem nos abrigos coletivos, enquanto 200 pessoas estão em casa alugada. O restante continua na casa de parente. Até o momento, estamos sem resposta, sem nada de concreto.

A mesma coisa diz Ivana Santos Fortes. Eu a vi com muito estoicismo, com muita sensibilidade, com muito amor acolhê-los em unidades escolares.

Então, nós estamos aqui para apelar ao nosso Presidente Luiz Inácio que os aloprados, lá, do Piauí, vivem a lhe enganar. É tudo mentira. Esta é a verdade. Faça. Eu sei que essa medida provisória tem que ser... Está sendo debatida, na Câmara Federal, tem que ser dividida pelos dez. Faça uma específica para Cocal e Buriti dos Lopes. Aí uma medida provisória é bem-vinda, tanto a Câmara quanto o Senado vão aplaudir, porque é ela precisa, como diz a Constituição, ser uma condição de urgência e relevância. E esse pessoal está aí.

Então, nós viemos aqui agradecer ao Gilvam Borges. Nós que presidimos, aqui, quase toda a reunião hoje, e acompanhamos o Presidente Sarney numa reunião extraordinária da Mesa Diretora. Além de toda a Mesa Diretora, os Líderes dos partidos, inclusive, o Aloizio Mercadante, que acaba de chegar. Deus também com a sua inteligência privilegiada, com as suas luzes e sugestões. Nós estamos avançando para recuperarmos, vamos dizer, aquele Senado, o Senado que traduz a ambição de toda a sociedade política, como disse Eduardo Gomes.

“A democracia necessita de uma eterna vigilância para as liberdades democráticas”. E essa eterna vigilância o Senado está fazendo. O Senado da República do Brasil não vai faltar com a nossa Pátria.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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