Discurso durante a 105ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa da instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito da Petrobras. Registro de matéria publicada pelo jornal Correio Braziliense, intitulada "Os xeiques da Petrobras", denunciando altos salários de diretores e conselheiros da estatal.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.:
  • Defesa da instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito da Petrobras. Registro de matéria publicada pelo jornal Correio Braziliense, intitulada "Os xeiques da Petrobras", denunciando altos salários de diretores e conselheiros da estatal.
Publicação
Publicação no DSF de 26/06/2009 - Página 27385
Assunto
Outros > ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.
Indexação
  • DEFESA, INSTALAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), INVESTIGAÇÃO, DIVERSIDADE, IRREGULARIDADE, ESPECIFICAÇÃO, DENUNCIA, JORNAL, CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), SUPERIORIDADE, SALARIO, DIRETORIA EXECUTIVA, CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO, EMPRESA ESTATAL.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Mozarildo, que preside esta reunião, Parlamentares presentes, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, por isso essa campanha contra o Senado.

V. Exª foi de uma felicidade extraordinária. Essa imprensa paga não leva a verdade. Um jornal e um jornalista só valem pela verdade que dizem. Se eles não levam a verdade, Cristovam, nem o jornalista nem o jornal de nada servem. Daí o Cristo, que quando falava, dizia: “Eu sou a verdade, o caminho e a vida”. Daí o Cristo, que quando falava, dizia: “De verdade em verdade eu vos digo”.

Mozarildo, V. Exª trouxe um tema interessante. Cristovam Buarque, nós fomos governadores: 78 milhões uma reforma, que não era prioridade, que não era necessária.

Eu visitei lá. Eu votei, em 94, no Presidente. Então, fui lá, no tempo de José Dirceu, audiência normal. Me deram até para indicar o chefe da Cepisa do Piauí. E a Funasa. Era tanta roubalheira que eu tive que instigar, cutucar o cão com vara curta. Chamei daqui José Dirceu, José Maligno, para ele se enfurecer e tirar o que eu tinha nomeado, para eu me livrar do pecado da roubalheira da Gautama que os aloprados do Piauí fazem. Mas 78 milhões é muito dinheiro, Cristovam. 

Fui Prefeito e Governador. Setenta e oito milhões é muito dinheiro! Com 20 milhões, ele terminava o modelo reduzido: o porto, do Estado do Piauí, de Luís Corrêa, iniciado por Epitácio Pessoa. E o preço da casa, V. Exª disse que são 60 mil? Luiz Inácio, os aloprados estão lhe enganando. Casa popular eu fiz 40 mil no Estado do Piauí. Quarenta mil! E para ver o que significa isso matematicamente - aquela que V. Exª, Luiz Inácio, aprendeu no Senai, aritmética do Trajano, elementar. Instruído, ele teve a felicidade de estudar no Senai, escolas-padrão, principalmente de São Paulo. Então, eu queria dizer que a fazemos por seis mil. Então, não dava 1300 casas, de acordo com V. Exª, a 60 mil. Dava era 13 mil casas populares, Luiz Inácio. Os aloprados estão lhe enganando. Isso fizemos.

Fizemos 40 mil casas em conjunto no Estado do Piauí. Isso, no Piauí, que é 1,5% da população do Brasil, tem três milhões de habitantes. É também uma matemática elementar do Trajano, que lá todo aluno do Senai sabe.

Então, nas devidas proporções matemáticas, seu programa tinha que ter 2,5 milhões de casas, e o preço pode reduzir dez vezes menos. Mozarildo, V. Exª fez um gol extraordinário: 13 mil casas. Desnecessário, estivemos lá. O Palácio, plenamente utilizável, funcional.

Tivemos lá, como Governador recente que fomos, e agora como Senador, que nós votamos em Luiz Inácio em 1994. Tivemos lá várias vezes.

Queria dizer o seguinte. Tem que falar mesmo do Senado, tem que falar, tem que falar. Por quê? Porque quem paga a conta é o Executivo dessa imprensa que está aí. Atentai bem! E quem paga mesmo é a Petrobras, que nós sabemos, ô Cristovam, que a Petrobras é isso. Desde a nossa infância - isso estudávamos no Monteiro Lobato -, ele já falava que a riqueza era o petróleo, as invenções... Monteiro Lobato. E o Getúlio: o petróleo é nosso, Petrobras. E chegamos aonde estamos. Mas ele não é nosso, não.

Ô Cristovam, Cristovam, Cristovam, CPI já da Petrobras. Que é uma grande empresa, que é uma grande riqueza todo mundo sabe. Quem não sabe o valor da energia? Quem não sabe o valor do querosene, da gasolina, do óleo diesel, do gás butano? Agora, Cristovam, V. Exª falou da nossa escola. Agora, aluno nenhum, estudante nenhum, brasileiro nenhum, nem que não tenha frequentado a escola não consegue entender que, na Venezuela, um tanque de carro é R$ 5,00. Brasileiros e brasileiras, um tanque de carro é R$ 5,00. O Mozarildo é vizinho, o maior contrabando que existe é de combustível. O prefeito da cidade próxima a Roraima, ô Cristovam, expediu um decreto: só pode comprar 30 litros, tal a fila de carros do Brasil, de Roraima.

Aí, os meninos fazem o câmbio negro lá, comprando em garrafa, vendendo para ser mais de 30 litros.

Então, um tanque de gasolina, bem aí na Venezuela de Hugo Chávez, sai a R$5,00. Um botijão de gás, que lá no meu Piauí é R$ 44,00, Luiz Inácio, lá é R$5,00. E aí vai. E vamos dizer, mesmo nos países que não têm nem produção grande de petróleo, quase nada, como a Argentina.

Senador Mozarildo, sou um homem prático. Senador Cristovam, você vai em Buenos Aires, a gente paga um táxi como se fosse um moto-táxi do Piauí. Em Roraima, Senador Mozarildo, tem moto-táxi? Pois no Piauí tem. A impressão é que você anda de táxi a noite toda e vai pagar como se fosse o valor do moto-táxi lá na minha Parnaíba.

Então, ninguém entende essas coisas. Como é o preço? Mas começamos a entender, porque a corrupção, os aloprados e a roubalheira estão associados a grandeza. A grandeza, a potencialidade, a riqueza da Petrobras é enorme, mas muito maior é a sem-vergonhice, são os aloprados, é a indignidade e a vergonha da corrupção. Por isso que queremos CPI já, para baixar já a gasolina, para baixar já o querosene, para baixar já o óleo diesel, para baixar já o gás de cozinha.

Então, este é o Senado que vai salvar. São aloprados? São. E falei aí, e a Líder saltou acolá, que eu não devia, porque eu não estava profundo, eu estava presidindo. E eu, presidindo, sou Senador e tenho direito. As coisas mudam mesmo. É como diz o filósofo Descartes: “Penso, logo existo.” E eu penso.

Geraldo Mesquita me instigou. Ele estava falando desta tribuna sobre um material que eu tinha recebido. Vamos esclarecer. Primeiro, há poucos dias, li sobre um aloprado da Bahia que tiveram de demitir. O orçamento era de R$30 milhões. Ele gastou R$151 milhões em um ano, no ano eleitoral, para ganhar as eleições na Bahia. Envergonhado - e ele era do PT -, tiveram de mudá-lo porque o Tribunal de Contas... Como é que tem um orçamento de R$30 milhões e um aloprado do PT da Bahia gasta R$151 milhões? Então, é outra coisa que não se entende. Os ordenados dele estão aqui. Correio Braziliense. Antigamente, a gente dizia que jornal era do Rio e de São Paulo. Não. O Correio Braziliense é um jornal bom, bom! Botou Brasília na vanguarda. Correio Braziliense: “Os xeiques da Petrobras.” Venha cá, Zezinho, você sabe quem são os xeiques? São aqueles milionários donos do petróleo da Arábia Saudita, que têm 30 mulheres, são sultões e têm dinheiro que não acaba mais. Está aqui, bota para cá, rapaz, como é? Como se fosse o Mercadante, bem grandão. Correio Braziliense, levando a verdade. Os xeiques da Petrobras, primeira página.

Começa o artigo e vamos ser breves. O petróleo é nosso, e o alto salário deles. Está aqui tudo. De verdade em verdade, eu vos digo. E tem e-mail, as interpretações. Enfim, a verdade está no meio. Está na Bíblia, em Salomão. A Ideli puxou? Não, vamos analisar aqui. Os diretores - está aqui -, os aloprados diretores, que trabalham normalmente, como todos os diretores de tudo que existe. Eles ganham até R$80 mil por mês! Os diretores! Olha, R$80 mil por mês! R$80 mil, os aloprados! Por isso que a sua gasolina é mais cara, quase cem vezes do que a da Venezuela. O seu gás de cozinha, o seu querosene e o seu óleo diesel e o seu alimento, porque tudo precisa de transporte. É por isso. Eles ganham até R$80 mil por mês! O serviço público, num bom senso, é limitado, e eu acho alto. Vinte e sete mil reais que nós ganhamos, não é? (Pausa.) Hein? Vinte e quatro mil. Não, mas já está... Eles ganham R$80 mil, os aloprados, os xeiques, atentai bem. E os conselheiros? Os conselheiros ganham 10% do que eles ganham. Dez por cento!

Presidente Luiz Inácio, estão lhe enganando! Ó a Aritmética do Trajano, aquela pequenininha, que todo aluno do Senai sabe. São R$8 mil por mês.

Mas eu fui ver. Tu sabes quando esses aloprados trabalham? De quatro em quatro meses, eles vão a uma sessão. Então, na realidade, no espírito da lei, eles ganham... De quatro em quatro meses, eles vão a uma sessão, dão umas opiniões, assinam, tomam um cafezinho, uma coisa, batem um papo... De quatro em quatro meses! Então, eles ganham, quatro meses, quatro vezes oito, Luiz Inácio, R$32 mil, na prática, por uma reunião do Conselho, que se reúne de quatro em quatro meses. Então, é por isso que a gasolina é cara, que o querosene é caro, que o gás é caro, que o óleo diesel é caro e que o gás de cozinha é caro.

Atentai bem! Está tudo aqui, nas altas... E os aloprados, como o da Bahia, que eles mesmos tiraram envergonhados, porque o Tribunal de Contas da União foi em cima, o orçamento era de R$30 milhões, mas o aloprado gastou R$151 milhões, R$121 milhões a mais, justamente no ano eleitoral, para ganhar as eleições, para favorecer essas ONGs de apaniguados, que são uma sem-vergonhice muito grande que o Mozarildo denuncia desde o começo do seu mandato.

Então, essa é a verdade. Nós queremos, então, dizer aqui... Está aqui a ata e o que estamos dizendo é o seguinte... Estão aqui a ata e os nomes, os nomes do Conselho. A Presidenta é a Dilma Vana Rousseff. Como é que se consegue, Dilma, deixar esses aloprados ganharem R$80 mil por mês, fora carro, fora apartamento, fora viagens, fora banquetes? É dinheiro! É dinheiro! Os aloprados... Estão aqui os valores. Eles aumentaram. Cada diretor ganha R$918.511,11 por ano; os diretores juntos ganham R$8.266.600,00 por ano. Essa é a verdade!

Dilma Rousseff, V. Exª não pode ser... Não sei como, foi um ato tresloucado. V. Exª não tem experiência administrativa para pensar e sonhar em ser Presidente da República. Não existe isso! Vá conversar com os prefeitinhos, com os vereadores do Brasil afora, com as professoras, com os médicos e com os engenheiros. Como V. Exª, conselheira mãe - não é pai, não - desses aloprados aqui, que estão se aproveitando da maior e mais rica empresa do País que é a Petrobras...

Aqui é que queremos dizer, e está aqui o nome de todas elas: Dilma Vana “Real”, porque é dinheiro muito; Guido Mantega, Silas Rondeau Cavalcante Silva, José Sérgio Gabrielli Azevedo, Francisco Roberto de Albuquerque, Luciano Galvão Coutinho, Sérgio Franklin Quintella, Fábio Colleti Barbosa e Jorge Gerdau Johannpeter. E os diretores, que estão todos aqui, os xeiques da Petrobras, aloprados do Brasil, responsáveis pelo combustível mais caro do mundo, está aqui o nome deles: Almir Guilherme Barbassa, Guilherme de Oliveira Estrella, Paulo Roberto Costa, Maria das Graças Silva Foster, Jorge Luiz Zelada e Renato de Souza Duque.

Isso é o que estamos sabendo. Isso aqui é o que sabemos, e a CPI haverá de mostrar muito mais sujeira nessa Petrobras. Cantam: o petróleo é nosso, e os altos salários são deles.

São essas as nossas palavras.

Eu queria dizer o seguinte: esta Casa teve coragem... Relembro aqui Antonio Carlos Magalhães. Que baixe o espírito dele, que pediu uma CPI contra o Judiciário. Descobriu-se o superfaturamento de prédios, descobrimos os “lalaus” da vida. Esta Casa teve condições de fazer a CPI dos Anões do Orçamento. E por quê? Se houve uma CPI contra o Presidente da República, que hoje é Senador, porque não vamos fazer essa CPI?

A CPI é um instrumento de fiscalização. E o Senado da República serve para três coisas: para fazer leis boas e justas - pouco fazemos por intromissão do Poder Executivo; para fiscalizar - e, para a fiscalização, o instrumento mais eficiente é a CPI; e para fazer o que dissemos aqui, o que fizeram Ramez Tebet e Teotônio Vilela, símbolo também deste Senado, símbolo do meu Partido, que, mesmo moribundo, dizia “resistir falando e falar resistindo”. E aqui está um piauiense fiel a essa grandeza do Senado da República.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/06/2009 - Página 27385