Discurso durante a 107ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Apelo em favor da população do Pará, que vive um caos na segurança pública, na saúde e na educação. Esperança de votação amanhã, na Câmara dos Deputados, de projetos do Senador Paulo Paim, em benefício dos aposentados.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DO PARA (PA), GOVERNO ESTADUAL. PREVIDENCIA SOCIAL.:
  • Apelo em favor da população do Pará, que vive um caos na segurança pública, na saúde e na educação. Esperança de votação amanhã, na Câmara dos Deputados, de projetos do Senador Paulo Paim, em benefício dos aposentados.
Aparteantes
Mão Santa, Papaléo Paes.
Publicação
Publicação no DSF de 30/06/2009 - Página 27857
Assunto
Outros > ESTADO DO PARA (PA), GOVERNO ESTADUAL. PREVIDENCIA SOCIAL.
Indexação
  • FRUSTRAÇÃO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, ESTADO DO PARA (PA), AUSENCIA, SEGURANÇA PUBLICA, AUMENTO, CRIME, VIOLENCIA, DENUNCIA, FALTA, ARMAMENTO, PRECARIEDADE, POSTO POLICIAL, COMENTARIO, NOTICIARIO, REGISTRO, ASSALTO, POLICIAL, REPUDIO, MORTE, RECEM NASCIDO, SANTA CASA DE MISERICORDIA, CRITICA, NEGLIGENCIA, GOVERNADOR, BUSCA, ADOÇÃO, PROVIDENCIA.
  • EXPECTATIVA, APROVAÇÃO, CAMARA DOS DEPUTADOS, PROJETO DE LEI, AUTORIA, PAULO PAIM, SENADOR, BENEFICIO, APOSENTADO.
  • CONTESTAÇÃO, ALEGAÇÕES, CONGRESSISTA, BANCADA, GOVERNO, PREJUIZO, COFRE, PREVIDENCIA SOCIAL, APROVAÇÃO, PROJETO, BENEFICIO, APOSENTADO, CONFIRMAÇÃO, SUPERAVIT.
  • REGISTRO, EMPENHO, ORADOR, COLETA, ASSINATURA, CRIAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), PREVIDENCIA SOCIAL, HIPOTESE, REJEIÇÃO, BANCADA, GOVERNO, APROVAÇÃO, PROJETO, DEFESA, APOSENTADO.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, V. Exª é sempre muito bondoso com minha pessoa. Muito obrigado.

Sr. Presidente, no meu pronunciamento propriamente escolhido para o dia de hoje, vou tratar da esperança de, amanhã, haver a votação, na Câmara, dos projetos do Senador Paulo Paim, pondo fim nessa grande luta que temos travado nesta Casa em relação ao sofrimento dos aposentados deste País. Mas, antes de começar meu pronunciamento sobre os aposentados, quero falar ao meu Estado e quero que V. Exª preste atenção, porque, depois, vou fazer uma comparação com o Piauí, que V. Exª sempre defende, com muita veemência, nesta Casa. V. Exª vai sentir que tenho razão. V. Exª vai, definitivamente, dizer a mim que tenho absoluta razão, como sei que V. Exª tem razão com referência ao tema de que vou falar agora, na introdução do meu pronunciamento.

Vou falar ao meu Estado, ao meu querido Estado do Pará. Quantas vezes já vim a esta tribuna falar sobre segurança no meu Estado? Várias, várias e várias vezes! Estou muito preocupado com a situação da população paraense. Quase todas as vezes em que vim aqui, mostrei o grau de criminalidade por que passa o Estado do Pará. Se V. Exª verificar as notas taquigráficas, vai perceber que, pelo menos umas cinquenta vezes eu já disse aqui que morrem na grande Belém três pessoas por dia assassinadas a bala! Várias vezes, eu já disse aqui que, de oito em oito horas, tomba um paraense ou uma paraense na grande Belém. Várias vezes, já falei aqui, meus amigos do Pará, da condição do interior do Estado do Pará, do oeste do Pará, do sul do Pará, do Marajó, do nordeste do Pará, enfim, de todas as regiões do meu Estado. A condição é precária. A violência é extrema. E a Governadora não toma providência alguma.

Mostrei também, e aí é o caso que vou falar agora, meu Presidente, a desmoralização da Polícia no meu Estado. A Polícia está sem armamento, a Polícia está ganhando pouco, a Polícia está sem posto de polícia. Posto de polícia no Pará é casa de morcego, meu Presidente! Acho que nem morcego quer morar mais nos postos policiais do Estado do Pará, pela sujeira, pelo desleixo em que vive a ordem pública no meu Estado e as delegacias de polícia no meu Estado. Policiais estão sendo desmoralizados. Cidades, meu Presidente, estão sendo saqueadas. Cidades estão sendo tomadas pelos bandidos!

Olhe, Presidente, o que vou mostrar hoje aqui, para minha Governadora sentir que não é perseguição alguma. Drª Ana Júlia Carepa, Governadora do Estado do Pará, tome alguma providência! Sinta que os bandidos estão desmoralizando a sua Polícia. Vou mostrar aqui a desmoralização da Polícia do meu Estado, como os bandidos não respeitam mais os policiais do meu Estado. V. Exª deveria ter humildade, Governadora! Saiba o que é humildade, Governadora! Desça do seu pedestal, Governadora! Ninguém consegue administrar com ódio, com rancor, Governadora! Dê uma volta pelo Distrito Federal, venha ver o que o Governador Arruda faz em termos de segurança e aplique no Estado do Pará! Faça a mesma coisa que o Rio Grande do Norte! São coisas, aliás, bobas, mas que surgem efeito. V. Exª não quer saber de nada disso; V. Exª não quer conversar com ninguém; V. Exª não procura ninguém; V. Exª não procura o Ministro da Justiça; V. Exª não procura o Presidente da República, que é seu amigo, Governadora! E o povo do Estado do Pará está penalizado!

Mão Santa, V. Exª diz que, no Piauí, a situação é igual, que a segurança do Piauí é péssima, que a violência no Piauí é igual à do Estado do Pará. Às vezes, V. Exª chegou a dizer que, no Piauí, a violência é maior do que a do Estado do Pará.

Olhe o que diz o jornal do dia 27! Dia 27 foi sábado ou domingo? Dia 27 foi sábado. Olhe o que diz o jornal o Diário do Pará de sábado! É um jornal pequeno, e não sei se a TV Senado vai conseguir focalizar. Olhe o que diz o jornal do Estado do Pará sobre os policiais! Acreditem se quiser! Esta é a realidade, Geraldo Mesquita! Acredite se quiser! Depois, vão dizer aqui que o Mário Couto exagerou. Depois, vão dizer aqui que o Mário Couto está exagerando. O querido Estado do Pará, um dos maiores Estados produtores deste Brasil, com uma população amável, o Estado mais rico em turismo de todo este Brasil, está sendo desgraçado, pela falta de providência da nossa Governadora! Olhem o que é dito aqui: “Policiais são assaltados [...]”. Policiais! Policiais, Mão Santa! Acredite se quiser! “Policiais são assaltados e jogados em canal.” Sabem que canal é esse? É um canal de esgoto! É um canal de esgoto chamado Canal da Tamandaré, no Estado do Pará, em plena área do comércio, Mão Santa!

Mostra, TV Senado, para o Brasil verificar que o Mário Couto não aumenta um milímetro no que fala! Quantas vezes já falei aqui? Quantas vezes já pedi à Governadora do meu Estado humildade? Humildade, Governadora! A senhora só vai conseguir administrar esse Estado com humildade, Governadora!

Vocês já viram, em algum lugar neste País, policiais serem assaltados? Dois policiais, Mão Santa, foram assaltados! Pegaram os policiais e os jogaram na lama, no esgoto! Será que existe isso no mundo? Será que existe isso no Brasil? Será que isso é normal? Será que estou ficando louco, meu Deus do céu?!

Mão Santa, seu Piauí, perto do meu Pará, em termos de segurança - em termos de segurança, Mão Santa -, está dando de dez a zero. No Piauí, não existe isso, Mão Santa. Como V. Exª fala, isso pode existir por negligência, mas essa negligência é insuportável, é inaceitável. Isso é uma desmoralização! Chegamos à desmoralização da Polícia, e, quando se chega à desmoralização de uma polícia, entra-se no caos! A segurança pública do Estado do Pará está no caos!

Sr. Ministro, V. Exª tem de tomar providências! Ministro, V. Exª sabe o que está acontecendo no meu Estado, V. Exª não se está lixando para isso! As pessoas estão morrendo assassinadas em plena luz do dia! De oito em oito horas, morre um paraense, cai um paraense, e V. Exª não está nem aí!

É preciso que alguém veja! Minha Nossa Senhora de Nazaré, clamo à sua bondade: proteja os paraenses! Já pedi a tudo. Não consigo mais, não sei mais o que fazer, só clamando a ti, Mãe de Nazaré! Só clamando a ti, Mãe de Nazaré, a tua bênção, para que esse povo seja protegido!

Dois policiais - pasmem, Srªs e Srs. Senadores! - são assaltados pelos bandidos! Onde está a segurança do Estado? Quando falo e desço por aqui, alguns Senadores me perguntam: “Mas, Mário Couto, é tudo isso no seu Estado? É tudo isso naquele Estado tão belo? É tudo isso naquele Estado de uma população tão meiga, tão amável, tão carinhosa? É tudo isso no seu Estado, onde a população sai para ver a Virgem de Nazaré? É esse o seu Estado, onde os bandidos assaltam os próprios policiais, pegam os policiais e jogam numa vala comum?”. É inacreditável!

Governadora Ana Júlia, as mulheres acreditaram em V. Exª, os homens acreditaram em V. Exª, os jovens acreditaram em V. Exª. V. Exª, Ana Júlia, derrotou o maior Governador do Estado do Pará, ou melhor, um dos maiores Governadores do Estado do Pará, o Governador que transformou aquele Estado, chamado Almir Gabriel, a quem, ainda há pouco, o Senador Mão Santa fez referência. V. Exª entrou para substituir esse homem e V. Exª decepciona todas as classes sociais do meu Estado.

V. Exª é médico. V. Exª conhece o que é Santa Casa de Misericórdia. A Santa Casa do Estado do Pará já foi referência no Brasil.

V. Exª é outro médico. V. Exª é quase paraense, se não é paraense. Mora no Amapá, mas deve ser mais paraense. V. Exª sabe que, no Governo Almir Gabriel, a Santa Casa ganhou prêmio nacional por ser uma das melhores casas de saúde do Brasil. Pois sim, agora, lá na Santa Casa, nesse mesmo hospital, com a nossa Governadora, num período curto, Brasil - e nada se tomou de providência, ninguém foi culpado -, morreram ali, naquele hospital, trezentos bebês, num período curtinho: foram dez, mais dez, mais vinte, mais trinta, mais quarenta, totalizando trezentos bebês. Barbárie! Barbaridade! Estupidez! Crime! Crime!

O Sr. Papaléo Paes (PSDB - AP) - Senador...

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Já vou atender.

Ninguém tomou providência alguma. A Governadora manda mais, não há investigação alguma! “Eu sou a todo-poderosa Governadora do Estado do Pará! Arquive-se qualquer denúncia contra mim. Não investiguemos nada!” E nada foi investigado!

Este é o Pará de hoje. Este é o nosso Brasil. Trezentos bebês morreram! Trezentos! E isso aconteceu não em um ano, não, mas em um, dois ou três meses, no máximo. Morreram ali, e nenhuma providência foi tomada, nenhuma!

Ouço V. Exª, Senador Papaléo.

O Sr. Papaléo Paes (PSDB - AP) - Senador, eu queria apenas complementar e testemunhar o que V. Exª diz. Fui Relator na Subcomissão de Saúde. A Comissão de Assuntos Sociais estabeleceu uma subcomissão, e fui o Relator. Fizemos uma visita, tratando da questão da Santa Casa. Realmente, é um estado precário. Conheci a Santa Casa, estudei na Santa Casa, como estudante de Medicina, de 1971 a 1975. Fui aluno de Medicina, nossa prática era lá. Realmente, houve uma queda muito grande, que tem a ver, sim, com o Governo do Estado. O Governador Almir Gabriel, médico, fez um trabalho brilhante na Santa Casa e foi reconhecido. Tudo o que V. Exª falou hoje com relação à morte das crianças, tudo estava no meu relatório. Mas, infelizmente, como somos a minoria, como somos oposição, quando foi o momento de aprovar o relatório na Comissão de Assuntos Sociais, o Governo deu o golpe da maioria e, então, impediu que fizéssemos esse trabalho sério, que iria trazer consequências positivas para a nossa Santa Casa do Estado do Pará. Por isso, quero referendar as palavras de V. Exª e comprovar que os números que V. Exª cita em seu pronunciamento são números reais, comprovados por nós. Muito obrigado.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Obrigado, Senador Papaléo Paes.

Sr. Presidente, não vou demorar.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Mário Couto...

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Já vou lhe dar um aparte, Senador Mão Santa. Só quero, agora, antes de descer da tribuna, fazer referência ao dia de amanhã, Senadora Marisa Serrano. Amanhã, finalmente - oxalá, tomara! -, haverá a votação dos projetos do Senador Paulo Paim com referência aos aposentados. Parece que, amanhã, finalmente, vai haver uma decisão. Amanhã é o grande dia! Se amanhã não houver sinalização por parte do Governo ou se amanhã houver a ordem do Governo para derrubar os projetos do Senador Paulo Paim que acabam com esse maldito e criminoso fator previdenciário, se os deputados federais governistas votarem contra o projeto, Senador Mão Santa, pode ter certeza absoluta de que não vamos conseguir, por meio de projetos, nossos objetivos. Temos de ir mais forte, temos de ser mais radicais, senão nada vamos conseguir.

Vou ouvir V. Exª, Senador Mão Santa. Depois de ouvir V. Exª, vou dizer o que penso com relação a isso, vou dizer o que estou sentindo com relação a isso e vou dizer o que vou fazer com relação a isso. Mas, primeiro, escuto, com muita honra, V. Exª.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Mário Couto, eu estava atentamente ouvindo V. Exª. Nós lamentamos! Certa vez, eu disse aí que três coisas só fazemos uma vez na vida: nascer, morrer e votar no PT. Votei lá, no Piauí, uma vez. Não sei se V. Exª já fez isso. Estamos disputando o pódio, a medalha de ouro do pior Governador, se é a sua ou o meu. Mas o meu é pior. Primeiro, vou contar os seguintes fatos. Nós governamos o Estado do Piauí. Para me manter em forma, porque eu trabalhava e trabalhava muito - o Geraldo Mesquita conhece -, eu, que nasci na praia, dirigia todo domingo e fazia inaugurações nas cidades do norte, para sempre aproximar da minha casa na Praia do Coqueiros. Andar com segurança é chato. Eu gosto de andar é com Adalgisa, de mãos dadas. Eu queria fazer um cooper e eu saía de madrugada, quando os seguranças estavam dormindo. Eu andava da minha casa na Praia do Coqueiro até a praia do povo, Atalaia. Foram sete anos. Quando eu não conseguia fazer isso, porque Governador tem uma agenda, eu fazia isso à noite em Teresina. É quente. Quando Governador do Estado, nas quartas-feiras ou nas quintas-feiras, eu saía para manter a condição física. Eu saía às onze horas, à meia-noite ou à meia-noite e meia do Palácio, só com um ajudante de ordem e com um amigo. Eram doze quilômetros. Passavam os carros. E, para não virar rotina andar na avenida, eu variava o caminho: entrava bairro adentro, sozinho. Eu era Governador do Estado. Até aquela cultura que temos, aquela tradição de fazer sentinela, velório - quando morria alguém, passava-se a noite rezando -, não há mais! Morreu? Enterra logo! Outro dia, morreu um grande amigo, e eu disse a Adalgisa: “Mais tarde, a gente visita”. Ele morreu às 17h30 ou às 18h. Quando cheguei lá, às 21h: “Cadê o defunto?” “Já enterramos.” “Por quê?” “Porque, aqui, o vizinho foi passar no velório, e roubaram até o defunto.” Essa é Teresina. E quero dizer que o pior de tudo é a desgraça. É que sou médico, e o Papaléo está atento. Nós, médicos, damos valor à etiologia, à origem - o Papaléo disse isso. À febre, à convulsão, ninguém dá valor. E isso tudo é a pobreza, o desemprego. O Piauí entrou em uma desgraceira de falta de visão, de falta de estudo. Só deu aloprado! Eles não estudaram, ficaram despreparados. A carcinicultura, eu implantei lá. Fui buscar isso no Equador. Deu uma peste, uma epidemia; o maior camarão ficou anêmico; eu peguei, facilmente, os técnicos e os levei. Havia 16 fazendas. Hoje, esses pilantras, esses picaretas, com esse negócio de Ibama, eles multam, criam dificuldades para ter facilidade. Se tiver, tem umas quatro. Davam US$30 milhões em exportação; baixou para três. Os técnicos de patologia de lá acabaram resolvendo voltar. Eram trinta milhões. O gado: o risco de aftosa era desconhecido. Então, o boizinho, que por aí é R$600,00, no Piauí é R$250,00, porque não se pode comercializar nem com os vizinhos. O bode, a mesma coisa, e o carneiro. Então, pobreza! As estradas: o que está salvando o Piauí é o Sul. No meu Governo, eu trouxe esse povo. Eles acreditaram - eu já falei sobre isto. O Sul, a última fronteira agrícola; são gaúchos, paranaenses, catarinenses e os de Mato Grosso do Sul que estão lá plantando soja, algodão, arroz. Independente de Governo, eu fui lá. Eu vi, nos jornais, agências de bancos fechando. As farmácias de lá - diz que não diz, e não vão - elas hoje estão vendendo pelo telefone, porque, todas as noites, seis farmácias são assaltadas na capital. Não tem homem! Olhe que eu andava 12 quilômetros à noite, e desviava, saia da avenida, por curiosidade, para não ficar chato, repetitivo o trajeto. E agora... Olha, eu sou do Piauí, no Piauí tem homens de coragem, mas eu não tenho coragem nem de sair, nem a Adalgisa, porque diz que vai ser assaltada. É assalto, é bandido, é mato, são bancos indo embora, são seis assaltos a farmácias por dia. Outro dia um comerciante disse que largou tudo - disse que foi um sinal de Deus -, porque foi assaltado 21 vezes, e foi ser pastor protestante com a mulher. Porque vinte e uma vezes... Largou o comércio. Ele disse, deu depoimento, que foi ser pastor com a mulher e achou que isso até justifica. Mas o vosso Estado, o povo, porque o Governo é tão ruim, desgraçado, ladrão, tem um Detran, é uma quadrilha. Os aloprados daí são os piores. Os meus são piores. Esse título aqui eu tenho que apresentar mesmo ao Piauí. Veja que ninguém defende. Aqui tem três Senadores e ninguém fala. Mas vou dizer uma: atravessa o rio Maranhão, os aloprados do Detran lá cobram, para emplacar uma moto, R$600,00. Estou dizendo aí. Talvez não vá dizer isso, não, porque ela pode aprender. Esse povo do PT, esses aloprados gostam de dinheiro, gostam de roubar, não gostam é de trabalhar. É R$600,00 uma moto. Então, é 20%. Sabe o que está havendo no Piauí, Senador Geraldo Mesquita? Todo mundo vai emplacar, agora, em Timon, na cidade. Na Parnaíba, em Araioses, já estamos botando. E carro também. E médico está comprando carro, e eu falo com o colega, a placa... Olha, com esse negócio do PT, ou nós temos essa alternância de poder ou ele acaba com a gente, não tem outra sugestão. Não tem, entendeu? Ou a gente faz essa alternância do poder ou o rolo é grande. O seu Estado está bem melhor, eu vi. É uma observação minha. Primeiro, eu tive coragem de sair andando no centro, de noite. Eu estava no hotel. Segundo, só tem carro novo em Belém. Olha lá, eu fui ao seu casamento. Está vendo? Olha aí. Então, é a minha observação. E no Piauí nós estamos lascados, o povo não pode mais nem pagar o emplacamento, porque só é picareta. É a taxa mais cara do Brasil. Uma moto é R$600,00, ó Luiz Inácio. Estou fazendo um apelo, primeiro, ao Luiz Inácio. Ó Luiz Inácio, atentai bem aos aloprados de lá. V. Exª mandou muito dinheiro. Falaram em cinco hidroelétricas. Mentira! Falaram no porto, não botaram uma pedra. Falaram na ferrovia, levaram o Alberto Silva e não botaram um dormente. Uma ponte no rio em que fiz uma em 87 dias. No mesmo rio, o Heráclito fez em 100 dias e eles estão há oito anos para fazer uma ponte no mesmo rio. Vai ter aloprado... E o pior, e pior, acabaram até com festa de São João. No Nordeste todo, você ouve falar em São João: na Paraíba, em Pernambuco, Caruaru, Campina Grande. Cadê o do Piauí? Rapaz, tinha um centro de convenções em que faziam, o Dirceu. Eu o modernizei e, depois, o Dr. Alberto Silva fez, há 20, o Boticabana. Boticabana era o palco, o nome era parecido com Copabacana, ele botou. E lá, eu, quando Governador, fui lá, mas antes existia o centro de convenções. No centro de convenções, começaram uma reforma, está cheio de tapume, porque o Tribunal de Contas emperrou, porque são todos corruptos. E o Boticabana fechou, acabaram até com o São João. Houve, agora, um carnaval fora de época, porque não tem mais São João, os homens acabaram. Então, meu amigo, Santa Nazaré protegeu vocês. Ó Nossa Senhora das Graças! Vamos...

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Obrigado, Senador.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Nós estamos na democracia, nós ainda acreditamos na alternância do poder.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Obrigado, Senador.

Os carros novos, que V. Exª...

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI. Fora do microfone.) - Não, eu estou elogiando.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Não, eu sei...

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI. Fora do microfone.) - Trabalhador compra.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Deixa eu lhe falar.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI. Fora do microfone.) - Tem riqueza. No Piauí não tem mais.

O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Calma, Senador. Deixe eu lhe falar.

Os carros novos que V. Exª viu andando nas ruas de Belém, a maioria deles, são do PT, de funcionários do Governo do PT. É, Senador.

         V. Exª, quando tiver, no seu Piauí, uma manchete destas aqui: “Policiais são assaltados e jogados em canal”, V. Exª poderá dizer assim: “O meu Piauí está no fundo da desgraça”, porque quando a polícia perde a moral, os bandidos perdem o respeito por ela. Isso é natural.

Mas, para encerrar, meu querido Geraldo Mesquita, V. Exª que já foi bastante paciente comigo, eu quero apenas dizer que, se amanhã, V. Exª junto com o Mão Santa, que fazem parte dessa luta que já rola, aí, por mais de cinco anos... Eu acho que, finalmente, nós chegamos na parte em que não temos mais saída. Se, amanhã, o Governo bater o martelo e derrubar os projetos do Senador Paulo Paim que derrubam o fator previdenciário, se isso acontecer, V. Exª pode dizer assim à Nação: “Eu não tenho mais nenhuma esperança de que o Governo, democraticamente, solucione essa questão”. E não adianta desculpa.

Eu vou ler para V. Exª, Senador Mão Santa, o que li no dia 27 - é rápido, é rápido -, no Jornal do Brasil: O castigo dos aposentados, do Presidente da Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas. O castigo da aposentadoria. De forma mentirosa e desinformada, os Parlamentares governistas alegam que o aumento dos aposentados iria quebrar a Previdência Social.

Olhe, Mão Santa. Não é verdade. Vamos fazer as contas.

Apenas em 2008, Geraldo Mesquita, o superávit da Seguridade Social foi de 52,3 bilhões. Apenas em 2008.

O impacto financeiro da aprovação do projeto que estende o reajuste do salário-mínimo para todos os aposentados, Senador Paulo Paim, e pensionistas está estimado em cerca de 7,6 bilhões, pouco mais de 14% do superávit.

Então, Senador Mesquita, ao descer desta tribuna - e eu tinha mais coisa para ler, mas já gastei muito tempo -, quero dizer a V. Exª que não adianta o Governo dizer que a Previdência é deficitária. Aliás, Senador, desço desta tribuna fazendo uma proposta a V. Exª e a todos os Senadores: CPI no Senado.

CPI, no Senado, é uma coisa que está, agora, na moda. CPI do Senado é uma coisa... V. Exª está-me pedindo para eu não anunciar, mas eu vou anunciar. Vou anunciar. Está na moda! Petrobras, altamente viável; Dnit, feita por mim, vamos instalar agora, em agosto.

Se o Governo Federal não der uma resposta aos aposentados, Senador Mão Santa, Senador Geraldo Mesquita, eu começarei, a partir do dia 1º de agosto - não temos tempo mais agora, mas eu começarei, a partir do dia 1º de agosto -, a coletar assinaturas. Eu quero saber por que o Governo, todo o tempo, diz que a Previdência é deficitária. Eu quero saber por que o Governo, todo o tempo, diz que não resolve a situação dos aposentados porque a Previdência é deficitária.

Eu vou propor, Presidente, a CPI da Previdência. Se não resolverem agora, eu vou propor a CPI da Previdência, porque eu acho injusto, eu acho extremamente insuportável conviver com essa situação.

Muito obrigado, Senador Geraldo Mesquita, pela sua paciência.


Modelo1 5/3/242:52



Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/06/2009 - Página 27857