Fala da Presidência durante a 98ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Manifesta admiração pelo Presidente José Sarney.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
SENADO.:
  • Manifesta admiração pelo Presidente José Sarney.
Publicação
Publicação no DSF de 18/06/2009 - Página 23989
Assunto
Outros > SENADO.
Indexação
  • COMENTARIO, ELOGIO, ATUAÇÃO, JOSE SARNEY, SENADOR, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, PROCESSO, REDEMOCRATIZAÇÃO, BRASIL, REGISTRO, REPETIÇÃO, MANDATO, PRESIDENCIA, SENADO, ANALISE, PODERES CONSTITUCIONAIS, DIFERENÇA, LEGISLATIVO, ABERTURA, POVO.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Essas foram as palavras do Senador Cristovam Buarque, fazendo uma reflexão sobre o momento que nós vivemos no Senado da República.

            V. Exª se lembra de Voltaire, lá no Parlamento da França, onde se iniciou a democracia. Ele disse que daria a vida para cada um ter o direito de dizer o que quisesse, mas que não concordaria.

            Quis Deus eu estar aqui na Presidência no lugar do Presidente Sarney. E entendo que este País tem poucos estadistas. O Sarney é um desses estadistas. Fernando Henrique Cardoso é outro estadista. Nunca votei nele; não é do meu Partido. Estou fazendo como você, professor de História.

         O Presidente Sarney enriquece este Senado. Nenhum de nós teria melhor condição do que ele de atravessar este mar vermelho que aí está, porque ele atravessou um mar vermelho mais complicado. Foi o único homem com tolerância, que foi capaz de tirar este País das trevas da ditadura e de botá-lo na democracia.

         Quis Deus que estivesse aqui um ex-Presidente da República que viveu naquela época e fez renascer. Acho que o povo do Brasil tem de ver em nosso Presidente Sarney o orgulho que os argentinos tiveram com Alfonsín. Eu vi. Eles dizem lá e cantam que o ex-Presidente Alfonsín foi o pai da redemocratização. O Sarney o foi aqui. Temos que ver esse fato da história. Então, é uma riqueza. E ele é um estadista porque, além de ter feito essa transição democrática... E o eleito está aí, adversário contundente, firme, e eu votei em Fernando Collor, que tem essa mesma reflexão de que o Presidente Sarney é esse estadista.

            Mais uma. Estou orgulhoso de ser do Piauí. O Piauí presidiu esta Casa com grandeza. Eu estava do lado dele, Collor, quando os militares fecharam o Congresso. Aí, sabe o que ele disse, César Borges, Petrônio Portella? “É o dia mais triste da minha vida”. Aí, eu vi que a autoridade é moral. Essa palavra, essa frase moral de Petrônio chegou aos militares de plantão, e eles mandaram reabrir. Então, vaidoso sou pois Petrônio, por duas vezes, presidiu esta Casa com grandeza de gente do Piauí.

            Mas quero dizer o seguinte: o Sarney, por três vezes, presidiu esta Casa.

            Temos que entender que os Poderes estão aí. O Executivo assina e está assinado; o Judiciário não pergunta a ninguém quando vai julgar, quando vai condenar, não. Nós não; nós somos abertos para o povo. Este é o Poder representativo; aqui é a casa do povo. Agora estão os agentes de saúde aí reivindicando; os vereadores. Então, esta Casa é aberta. Essas são as dificuldades, mas este é o melhor Poder.

            O Poder Executivo tem o dinheiro, Collor. V. Exª foi Presidente. Há o BNDES, e V. Exª usou com austeridade. Eu fui prefeitinho quando V. Exª era Presidente da República. Há o Banco do Brasil, a Caixa Econômica. O Poder Judiciário tem o poder punitivo, ele cassa, ele prende, ele multa. Nós não. Mas nós temos a sabedoria. Está no Livro de Deus que a sabedoria vale mais do que ouro e prata.

            Toda essa história, tudo o que nós temos nasceu aqui. Aqui nasceu a liberdade dos escravos. Aqui nasceu a República, o governo do povo. Aqui nasceu o direito do voto. Aqui nasceu o salário-mínimo. Aqui nasceu, agorinha, coisa bonita, a mulher gestante dar mais assistência ao filho. Então, todas essas leis que nós temos fizeram com que Ulysses Guimarães beijasse esta Constituição, e as outras também nasceram aqui.

            E o Presidente Sarney, como destinação de Deus, é o grande estadista. Foi o único que conseguiu ser Presidente três vezes do Senado.

            Ô, César Borges, a vida de Rui Barbosa: vem de longe a praga difamatória, e não é contra mim especialmente que se dirige; é contra a República. Há uns que não querem a República, não querem a democracia, o governo do povo, pelo povo, para o povo.

            Este Senado é grande. Aí está o Presidente Collor, injustiçado. Bem ali estava Juscelino Kubitschek, injustiçado. Os dois: um saiu, já foi para o céu, mas nunca perdeu o exemplo da democracia. E o Presidente Collor, mesmo injustiçado, curvou-se porque sabia que daqui é que nasceria a força da democracia.

            Se nós temos a liberdade democrática, foi aqui que ela foi feita, foi aqui que nasceu a República, a primeira Constituição. Foi Rui Barbosa o nosso patrono.

            Então, essas são as nossas palavras. É muito fácil, não é? Mas eu tenho essa admiração pelo Presidente Sarney. E entendo como os outros países cultivam os seus estadistas, os seus homens. Estão bem aí, nos Estados Unidos, estão bem aí na capital, Washington, George Washington, Abraham Lincoln e tudo.

            Políticos são pessoas boas. Eu não me envergonho. Quis Deus que eu fosse piauiense, e eu não me envergonho de nenhum ato que eu tenha feito na política. Eu acho que isto é um instrumento para servir o povo do Brasil.

            Com a palavra, o Senador César Borges.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/06/2009 - Página 23989