O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Roberto Cavalcanti, que preside esta sessão do dia 30 de junho de 2009, iniciada às 14 horas, Parlamentares presentes, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo Sistema de Comunicação do Senado, Senador Cícero Lucena, ninguém melhor do que V. Exª. Eu aprendi, no colo de minha mãe, que a gratidão é a mãe de todas as virtudes. Então, em nome do Piauí, nós agradecemos. Quando governava aquele Estado, no início do Governo, no ano de 1995, nós tivemos uma grande enchente. Eu acho que Deus não iria abandonar o Piauí e o seu povo. Como Ele botou Davi para vencer Golias e Moisés para libertar o seu povo, Ele botou Cícero Lucena no Ministério, e ele nos ajudou. Nós minimizamos o sofrimento. Não foi só com a presença, que era agradável; foi com dinheiro mesmo, com o cheque na mão. E nós ajudamos a capital. Construíram-se dois grandes conjuntos, que hoje ainda estão lá, com o Prefeito Francisco Gerardo, do PSDB, e batizaram um de Wall Ferraz e o outro de Mão Santa, e as cidades ribeirinhas.

            Mas essa tragédia chegou há um mês e três dias. E nós imploramos aqui a Sua Excelência, o nosso Presidente Luiz Inácio. E apelávamos que ele tinha socorrido de chofre Santa Catarina com R$1,6 bilhão, através de uma medida provisória - justa. Aí são necessárias as medidas provisórias: urgência e relevância. E bradamos aqui uns cinco pronunciamentos; bem como outros Senadores da região, do Maranhão, do Ceará. E Sua Excelência mandou uma medida provisória de R$1 bilhão. Atentai bem, Senador Cícero Lucena. Mas o Governador, não sei, parece que é um negócio, uma doença de mentir. Um bilhão é a medida provisória, mas ele mandou para os dez Estados do Nordeste - está na Câmara dos Deputados - e mais o Amazonas.

            O Governador colocou em tudo que é jornal, televisão: “consegui R$800 milhões!” “A mentira tem perna curta”, aprendi no Piauí. Enquanto ele governa com a Lei de Goebbels - uma mentira repetida se torna verdade. Goebbels era o comunicador de Hitler. Deu no que deu. E nós nos inspiramos naquele caboclo do Piauí que diz: é mais fácil tapar o sol com uma peneira do que esconder a verdade. A verdade chega.

            E nós viemos novamente fazer o apelo a Sua Excelência, o nosso Presidente Luiz Inácio. A medida provisória foi bem-vinda, mas é dividida entre... O Governador do Piauí tem de aprender que, só no Nordeste, são nove Estados. Ainda tem o Amazonas. Já pensou o Amazonas ficando sem dinheiro? O Arthur Virgílio, o que vai fazer? O brado, a briga? Então, esses R$100 milhões... Jamais entra na cabeça de alguém o Governador dizendo que conseguiu R$800 milhões, porque o Presidente é do Partido dele. Não dá!

            Então, nós pedimos ao Presidente que mande uma medida provisória específica para a tragédia do Açude Algodões. E reconhecemos que o Ceará merece muito, porque essa enchente do Piauí veio do Ceará. Choveu muito lá, o Poti é aquele que banha Teresina e o Pirangi vem do Ceará.

            Estou apelando, ajudando o nosso Presidente Luiz Inácio. A verdade... Eu nunca me esqueço. Cícero, quando você for ao México, entre no palácio. Tem uma frase do General Oregon: é melhor um adversário que me leve à verdade do que um aloprado mentiroso que me engane. Esta é a verdade.

            Mas podem dizer: “Não, o Mão Santa, para os...” Nada; nós temos é muito em comum. Por que eu gosto do Cícero? O Cícero tem um amorzinho ao Piauí. E a Paraíba... É interessante: estão aí os paraibanos; todos os paraibanos são vitoriosos no Piauí. Os paraibanos fizeram do Piauí a sua segunda pátria. Tem o João Claudino. O homem tem mais do que o Antonio Ermírio de Moraes, e o querido filho dele aqui, essa figura doce, que é o nosso Senador João Vicente, líder político extraordinário, Presidente do PTB, partido que hoje tem mais prefeitos. E eu tive a felicidade de trabalhar com ele quando ele foi Secretário de Indústria e Comércio; criou mais de duzentas indústrias. Daí a gratidão.

            Mas a palavra de Deus do Bispo. Então, eu vou ler. Ó Luiz Inácio, os aloprados lá é só lhe cantando, Vossa Excelência...

            Tem aqui um Portal da Cidade Verde: “Bispo critica políticos e quer saber as causas da tragédia, um mês depois do desastre”. Esse portal tem um dos melhores jornalistas, Elivaldo Barbosa, e quem fez essa resposta foi o André Leão. Está aqui o portal, e é o Bispo. O Bispo é Dom Alfredo Scháffler, Bispo querido; isso é um santo! Parnaíba é abençoada, minha cidade, porque o Bispo mais antigo, Augusto Rufino, aposentou-se e ficou lá, e veio esse. Então, há dois Bispos.

            Mas, eu apenas tenho, da Cidade Verde, com a fotografia e tudo e o Grupo desse Portal Cidade Verde, dirigido pelo Elivaldo Barbosa...

            Mas, vou ler um do jornal Diário do Povo. O que é que diz: que o Bispo... Então, Luiz Inácio, não vá na conversa daqueles aloprados e mentirosos. O Piauí nunca esteve tão ruim, tão atrasado em todos os aspectos.

            Mas, o que diz o Bispo, o santo Dom Alfredo Scháffler. “O Bispo e a tragédia de Algodões I”. Cícero Lucena, diz o jornal Diário do Povo de hoje. Por isso que eu encerrei esta sessão, porque vieram dois e-mails de lá, e nós, além das muitas missões que nós temos que fazer aqui, defendendo o Brasil, nós temos que também atender o clamor do Piauí.

            Então: “O Bispo e a tragédia de Algodões”, publicada hoje, Luiz Inácio.

O pronunciamento do bispo de Parnaíba foi contundente durante a celebração de missa em memória dos mortos na tragédia de Cocal. A missa ocorreu no sábado sem a presença de autoridades municipais ou estaduais, que seguramente deveriam estar mais ocupadas com assuntos que consideram mais importantes. Nove vidas se perderam. [Mas isso é o oficial do Governo, eles dizem lá que foram mais de 100; há um médico que se formou comigo, que mora em Parnaíba, mas que é de Cocal, Dr. Valdir Aragão] Centenas de milhões de reais foram levados pela enxurrada.

Famílias perderam suas casas, seu patrimônio, animais, campos agrícolas e mais: viram sonhos serem arrastados pela força das águas. O problema poderia ter sido evitado não fosse a arrogância de ocupantes do poder. [atentai bem: o problema poderia ter sido evitado, não fosse a arrogância de ocupantes do poder]. As famílias foram previamente retiradas, fez-se uma análise a toque de caixa e se constatou que a barragem não oferecia risco algum.

O próprio governador ocupou o espaço nos meios de comunicação para dizer que estava tudo bem e que todos poderiam retornar tranquilamente para seus lares [haja propaganda!]. A grande maioria voltou, alguns encontraram a morte - mas todos perderam. Menos o governo, que parece não se ocupar do que realmente importa.

O Bispo declarou, durante a homilia, que há um manto de silêncio sobre a tragédia. Relembrou os romanos antigos, que dominaram o mundo com mão de ferro e que impediam a livre circulação de notícias. Os romanos também enganavam a população com a famosa política do pão e do circo. No seu pronunciamento, o religioso chegou a dizer que, muito provavelmente, bombeiros e policiais tenham sido orientados, por quem está no poder, a negligenciar a verdade sobre o número de mortos e sobre o tamanho dos danos causados. E questiona: será que vivemos realmente numa democracia [o bispo, o representante de Deus no Piauí, Dom Alfredo Schaffler]?

A reflexão do bispo é muito importante. Mostra a necessidade de manter a discussão permanente sobre o assunto. Pelo andar da carruagem, alguém gostaria que o fato fosse completamente esquecido. Cabe às pessoas coerentes, sem estardalhaço, manter a luta para que se faça o mínimo, que é indenizar aquelas pessoas pelas perdas materiais que sofreram, dando a elas uma condição digna.

            Aí foi o Bispo.

            Agora, por mim. Olha, os Prefeitos das duas cidades atingidas - Cocal e Buriti - são extraordinários. A de Buriti dos Lopes, é onde passa o rio, é Ivana Fortes, heroica; hoje mesmo, ela está aqui, suplicando auxílio do Governo Federal. E Fernando Sousa, de Cocal, também extraordinário. A Ivana é do meu Partido, o PMDB, e o Fernando Sousa, ele é do DEM. Mas são extraordinários servidores do público. E o povo do Piauí, do Brasil, até de Brasília, doou gêneros, mas o Governo, ausente.

            Então, eu pediria ao nosso Presidente Luiz Inácio que auscultasse a verdade dita por Deus, o representante de Deus, o Bispo, e tivesse uma atenção especial, mandando uma medida provisória específica para aqueles dois Municípios de Cocal e de Buriti dos Lopes, vítimas dessa grande enchente do rio Pirangi, que vem do Ceará, arrombou o açude Algodões e arrastou dezenas e dezenas de povoados de Cocal e Buriti.

            E essas são as nossas palavras. E agora tenho certeza de que o nosso Presidente, que é uma pessoa generosa e sensível, e, sem dúvida nenhuma, com o Piauí, que sempre, em qualquer circunstância, mesmo na vez anterior, deu uma respeitosa, consagradora e estimulante votação ao nosso Presidente Luiz Inácio... Então, está aqui e, como trata-se de um Bispo, eu abriria o Livro de Deus, que diz assim: “Pedi e dar-se-vos-á”. Então, Luiz Inácio, em nome do Piauí e do seu povo sofredor, nós viemos pedir uma dedicação especial ao sofrido povo que sofreu a tragédia em Cocal e no Buriti dos Lopes.

            Era o que eu tinha a dizer.