O SR. JOSÉ AGRIPINO (DEM - RN. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Sr. Presidente Marconi Perillo, eu queria transmitir a minha sensação, Senador Sarney, sobre o significado desta sessão.

            V. Exª ocupou há pouco a tribuna como Senador e teve a humildade de, após receber o Presidente do Senado francês, voltar à bancada como Senador comum e permitir que o Senador Marconi Perillo prossiga presidindo a sessão.

            V. Exª fez um discurso indignado, com justiça, indignado.

            Nós fomos companheiros de muitas lutas e adversários em outras lutas. Nós nos conhecemos há muitos anos, e eu devo dizer que concordo com a indignação de V. Exª e com a sinceridade de suas palavras. Não se pode medir a justeza de uma vida pública por um detalhe ou outro, por mais significativo que seja esse detalhe dentro de uma circunstância.

            Mas acho que a maior importância da sessão de hoje - e acho que é claro que V. Exª já percebeu - é que o Senado, pelos seus partidos, delegou a V. Exª a tarefa de reformar o Senado. A delegação foi explícita, do PT, do seu Partido, é claro, do PSDB, do meu Partido. Quem delega confia. Acho que dificilmente Arthur Virgílio delegaria, mesmo apresentando um projeto de resolução ou um pré-projeto de resolução, com o qual concordo inteiramente. Ele delegou porque confia, Senador Jefferson Praia. O Senador Mercadante aqui falou dando relevo, e concordo inteiramente com a importância histórica que ele procurou dar ao Senado no seu discurso.

            Neste final de semana, Senador Renan, li com tristeza editoriais e artigos de jornalistas importantes questionando a importância e o fato de o Senado existir, a Casa da Federação, como que a sucessão de denúncias de que a Casa está sendo alvo levasse ao raciocínio de que ela é desinteressante. Cabe a nós torná-la interessante aos olhos da opinião pública.

            Se alguns estão pensando assim - e há razões para isso -, é preciso que nós tomemos a iniciativa de cortar na carne e de dar bons exemplos. Esta Casa já deu tantos bons exemplos, já deu tantos bons exemplos. Tem dado maus exemplos ultimamente, mas por que não pode, sim, ressurgir e passar a dar bons exemplos?

            V. Exª fez aqui um discurso de relatório de atividades. Falaram das horas extras. Elas foram eliminadas. No meu gabinete, mesmo sem ter conhecimento daquilo, reconheci o erro, e as horas extras foram devolvidas, como da esmagadora maioria dos gabinetes deste Senado.

            A questão das passagens estava normatizada por um contrato e por coisas escritas. Nós entendemos que aquilo que estava escrito não era o correto e modificamos o que estava escrito. Nós modificamos o que estava escrito para procurar dar o bom exemplo.

            Agora, vêm os atos secretos. Presidente Sarney, Senador Geraldo Mesquita, é uma coisa que está criando constrangimento à instituição, porque passa para a sociedade que o Senado está fazendo jogo do faz de conta, que está participando de um jogo de esconde-esconde, quando, na verdade, não é isso.

            Agora, para não ser isso, Presidente Sarney, está nas mãos de V. Exª, com o apoio dos seus colegas e dos Líderes dos partidos, a tarefa de punir, identificar onde está o dolo, instaurar processos administrativos onde for o caso e punir exemplarmente. A partir daí se constrói a reforma, diminui-se a quantidade de terceirizados. Não se pode, infelizmente, mexer nos concursados, mas se pode diminuir o tamanho da estrutura do Senado, para que nós possamos dar à sociedade um bom exemplo.

            Eu confio em que V. Exª será o nosso intérprete nesse sentido, com o apoio dos Líderes, para que esta Casa, que já deu muitos bons exemplos em momentos importantes da história do País, possa dar mais um, cortando na carne, diminuindo o seu tamanho para mostrar que é capaz de auto purgar-se, de reconhecer os erros praticados e que, pela liderança de um homem com a experiência de V. Exª, com a delegação dos líderes, foi capaz de recompor-se perante a opinião pública e de voltar a ser o Senado do qual todos nós nos orgulhamos.