Discurso durante a 96ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comenta o pronunciamento do Presidente do Senado sobre a crise administrativa na Casa.

Autor
Papaléo Paes (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AP)
Nome completo: João Bosco Papaléo Paes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO.:
  • Comenta o pronunciamento do Presidente do Senado sobre a crise administrativa na Casa.
Publicação
Publicação no DSF de 17/06/2009 - Página 23739
Assunto
Outros > SENADO.
Indexação
  • COMENTARIO, BIOGRAFIA, VIDA PUBLICA, ORADOR, PERIODO, SECRETARIO, SECRETARIA DE SAUDE, PREFEITO, MUNICIPIO, MACAPA (AP), GOVERNADOR, ESTADO DO AMAPA (AP).
  • COMENTARIO, PRONUNCIAMENTO, PRESIDENTE, SENADO, EMPENHO, ADOÇÃO, PROVIDENCIA, SOLUÇÃO, CRISE, ADMINISTRAÇÃO, LEGISLATIVO, SOLICITAÇÃO, AUDITORIA, FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS (FGV).
  • CRITICA, UTILIZAÇÃO, CRISE, ADMINISTRAÇÃO, SENADO, REDUÇÃO, DIVULGAÇÃO, OBSTACULO, INSTALAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS).
  • ESCLARECIMENTOS, REGULARIDADE, ATO, CARATER SECRETO, NECESSIDADE, INVESTIGAÇÃO, MOTIVO, AUSENCIA, PUBLICIDADE.
  • REGISTRO, RESULTADO, AUDITORIA, FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS (FGV), SENADO, CONFIRMAÇÃO, VICIO, ADMINISTRAÇÃO, NECESSIDADE, CORREÇÃO, PREVENÇÃO, CRITICA, EXCESSO, IMPORTANCIA, IMPRENSA, SITUAÇÃO, LEGISLATIVO.

            O SR. PAPALÉO PAES (PSDB - AP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, todos os presentes aqui, sinceramente, quero dizer que tenho muita tranquilidade neste momento. Uso minha condição de não ser um político profissional, mas de já ter tido oportunidade de ser Secretário de Saúde do meu Estado, quando eu tinha 29 anos de idade, e de ter sido eleito Prefeito de Macapá. Eu nem tinha filiação partidária um ano antes da minha candidatura, mas procuravam alguém que pudesse vencer o candidato da máquina, que era o candidato do Governador, e acharam que eu poderia fazê-lo, como médico respeitado que, graças a Deus, sou na minha comunidade. Então, fui eleito com 55% dos votos; não havia segundo turno, a eleição foi direta. Depois, saí da Prefeitura, achei que já tinha cumprido minha missão - que foi muito sacrificante -, estava alheio à convivência político-partidária, e o povo, em 2002, começava a perguntar-me nas ruas se eu queria ser candidato a Governador. Ora essa! Eu era médico, unicamente médico. Mas aceitei o desafio. Três meses antes da convenção, minha mãe adoeceu, e decidi, sabendo que era uma doença terminal, mudar-me para Belém do Pará e ficar, por quatro meses, acompanhando-a até a morte, até o seu falecimento. Nesse momento, mantive, a pedido dos meus companheiros, minha candidatura a Senador da República pelo meu Estado e fui eleito, o mais votado, porque o povo da minha terra me conhece como Dr. Papaléo, como alguém que, aos 56 anos de idade - vou completar 57 anos -, tem uma vida pública na área social. Por isso, vou usar este momento não para fazer um discurso para agradar os senhores, as senhoras, absolutamente, mas para dizer o que penso como cidadão brasileiro, como Senador da República e como admirador da democracia deste País.

            Ouvimos atentamente o Presidente Sarney. Não quero aqui ser considerado suspeito no que vou falar pela admiração que tenho por V. Exª, pelo voto que dei a V. Exª, quando V. Exª foi candidato a Presidente da Casa, mas quero falar, fundamentalmente, da responsabilidade que V. Exª tem com esta instituição, Senado Federal. Não seria agora que V. Exª iria falhar com sua plena condição de administrador, de grande político, de intelectual e de um homem que tem uma inteligência muito acima do normal, muito acima! Poucos, neste País, têm sua inteligência, Presidente. E, logicamente, aos 55 anos de vida pública, o senhor jamais iria submeter-se à ridícula condição, sem necessidade alguma, de ver - sinceramente, o que é muito desagradável para o senhor, pelo seu sentimento como ser humano - o nome de um neto ou o nome de uma neta ser execrado publicamente por que estão fazendo parte de um cargo ou de outro, dado por pessoas que nem receberam seu pedido.

            Falo isso, porque fui Prefeito, e quantas vezes pessoas amigas, para me agradarem, queriam fazer alguma prática sem minha aprovação? Então, por isso, Sr. Presidente, quero lamentar profundamente que a divulgação maldosa feita a V. Exª, que traduz desrespeito a um ser humano, tenha sido aproveitada num momento em que o País está clamando por algo extremamente importante. Não sabemos o que está por trás da alimentação dessas noticias contra o Senado, mas as notícias contra o Senado estão abafando a CPI da Petrobras.

            Eu queria pedir ao povo brasileiro que olhasse a instalação da CPI da Petrobras como um ato de grandeza desta Casa. Precisamos saber como está essa instituição, que é a maior jóia, a maior riqueza que temos no País. Infelizmente, hoje, estamos passando por uma situação de diariamente darmos satisfações e mais satisfações em cima de quê? Em cima de uma falha de comunicação da direção da Casa. Se houve a publicação na imprensa de que não sei quantos atos secretos existem nas gavetas, isso se deu por que o próprio Senado, o próprio Presidente da Casa, quando tomou posse aqui, disse que ia pedir uma auditoria para a Fundação Getúlio Vargas (FGV) - e, para mim, não é preciso justificar nada quanto à credibilidade dessa instituição. A FGV detectou uma série de anormalidades aqui, que não caracterizam irregularidades, mas alguns vícios administrativos. Esses vícios, anormalidades, irregularidades foram levados à Mesa da Casa, para serem tomadas as providências.

            O Senador Pedro Simon diz que somos omissos, e nós o somos, sim, em muitas coisas, porque, às vezes, lemos uma notícia no jornal, acabamos de lê-la, vimos à tribuna, e pau no Senado! Ninguém tem o trabalho de ir às sessões correspondentes à informação, para saber se aquilo é verdade ou mentira.

            Ontem, Presidente Sarney, um senhor chamado Francisco de Assis telefonou para mim lá do Rio de Janeiro e chorou ao telefone, dizendo que não admitia que tivessem transformado o Senado numa página de jornal e que as pessoas deixassem até de ler as notícias de crimes, de assaltos, de roubos, de homicídio, para ler notícias contra o Senado. É ridículo algumas notícias serem supervalorizadas por muitos de nós aqui, nesta mesma tribuna, sem irmos saber da realidade da notícia!

            A imprensa é importante, fundamental, indispensável, mas recebe uma informação e, muitas vezes, pela pressa de levá-la ao povo, precipita-se e, de repente, no outro dia, vai pedir desculpas. Só que essa desculpa não vale mais nada. Já passei por isso, Presidente. Já passei por isso. No outro dia, não vale mais nada.

            Então, digo aos nossos Senadores, às nossas Senadoras: a imagem desta Casa é a nossa imagem; o comportamento de cada um de nós é que diz o que o Senado é. Por querermos dar satisfação ao nosso eleitor, só para agradá-lo, não podemos jamais ser oportunistas falando injustamente desta instituição, que é fundamental para a democracia deste País.

(Interrupção do som.)

            O SR. PRESIDENTE (Marconi Perillo. PSDB - GO) - Conclua, por favor, Senador.

            O SR. PAPALÉO PAES (PSDB - AP) - Desculpe-me, Sr. Presidente.

            Mas falam em atos secretos. Por que denominaram de ato secreto? Senador Delcídio, não existe nenhum ato secreto. São mais de sessenta mil atos que são colocados na Intranet, e há falha técnica por parte de funcionários. Todos esses cargos, senhoras e senhores que estão me ouvindo agora, são cargos que existem na Casa. As nomeações são corretas, e muitos atos não foram para a Intranet por falha do servidor. Não é nenhum ato secreto, não é nenhuma safadeza, não é nenhuma corrupção, não é nenhuma malfeitoria dos administradores. Falharam. Se alguém que esqueceu de jogar isso na Intranet precisa ser punido, que seja punido. Mas tenho certeza absoluta de que, diante dos dados fornecidos pela Fundação Getúlio Vargas, serão feitas as melhorias, as adaptações das informações, as nossas adaptações à realidade de hoje do Senado Federal.

            Acredito na Mesa que foi eleita, que nós elegemos. Acredito, Sr. Presidente, que esta Casa, realmente, tem um corpo técnico da mais alta qualificação. Acredito, sim, que V. Exª irá seguir muitas das orientações, inclusive a informação que tive de que vão ser reduzidos os cargos de diretores para dez. Falavam em mais de cem diretores na Casa, e se reduziu o quadro administrativo também. Enfim, nossa ansiedade vai terminar; acho até que está terminando hoje. De hoje em diante, nossa responsabilidade com o País será a instalação da CPI da Petrobras.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/06/2009 - Página 23739