Discurso durante a 110ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Voto de pesar pelo falecimento do Deputado Federal e médico José Aristodemo Pinotti.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Voto de pesar pelo falecimento do Deputado Federal e médico José Aristodemo Pinotti.
Publicação
Publicação no DSF de 02/07/2009 - Página 28923
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, DEPUTADO FEDERAL, MEDICO, PROFESSOR, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ELOGIO, VIDA PUBLICA.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente José Sarney que dirige esta sessão, parlamentares presentes, brasileiras e brasileiros aqui no plenário do Senado e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, esse era um discurso que eu não gostaria de fazer se fosse esse para ser ...

            A medicina do mundo perde um dos seus maiores valores: Dr. Pinotti. Ao longo de sua vida, ele fez da ciência médica a mais humana das ciências e foi, sem dúvida nenhuma, um grande benfeitor da humanidade.

            Presidente Sarney, V. Exª que é escritor, o Pinotti, professor, fez quase cem livros científicos. Eu nasci em 1942 e ele nasceu em 1934, quer dizer, formou-se antes de mim. Então, eu o conheci estudando nos livros dele. Naquela época, o Brasil tinha poucos livros que cientificamente se punham, e os do Pinotti, nessa área, uma especialização como eu.

            Ele é das últimas gerações. Papaléo, ele é da última geração - porque eu fui depois -, em que se fazia cirurgia geral. Logicamente que, depois, com o evoluir da ciência, ele se fixou em cirurgia geral de mulheres. E eu, Presidente Sarney, fiz residência no Hospital do Servidor do Estado do Rio de Janeiro. Era um hospital que tinha cirurgia de homem e de mulher; o Professor Mariano de Andrade era o chefe e Raimundo de Brito - que chegou a ser Ministro da Saúde, político -, médico de homem, quando se ausentava, era substituído por meu chefe, que abarcava as duas chefias. Mas essa era a especialização do Dr. Pinotti, em São Paulo.

            E quis Deus que fosse Presidente, no início do nosso mandato aqui, o Presidente Sarney, que, com essa sua visão de estadista, de homem de cultura ímpar no nosso País - ele não se recorda -, chegou e disse: “Mão Santa, você que é médico, vou ter uma importante solenidade da medicina do Brasil, da qual o Senado não pode estar ausente. Então, eu queria que você me acompanhasse”. Foi nos primeiros... E eu o acompanhei à sociedade mais antiga de medicina do Brasil, que reúne as maiores sumidades. E muito me orgulha porque lá revi um piauiense, Pedro Sampaio. Mas são essas as sumidades laureadas do Brasil. E acompanhamos o Presidente Sarney e estivemos presentes - e ele com a família. Aquela figura, então, eu que tinha estudado nos livros dele... E essa personalidade não pertence a São Paulo, Brasil, mas ao mundo.

            Pinotti, Papaléo Paes, fez curso em São Paulo, mas foi fazer pós-graduação na Alemanha.

            Ele dedicou-se ultimamente à cirurgia, ginecologia e obstetrícia. Teve a ideia, nessa sua universalidade, de fazer os primeiros hospitais dedicados à mulher. E ele foi - atentai bem Papaléo, V. Exª que é médico, o significado dele, Romeu Tuma - o único brasileiro, o único médico brasileiro a ser Presidente da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia. Não foi de São Paulo, do Brasil, Marconi Perillo. Ele foi Presidente da Sociedade Internacional de Ginecologia e Obstetrícia. E foi doutor honoris causa em uma das universidades mais antigas, a de Bolonha, que juntamente com a de Heidelberg é uma das mais antigas. Então essa figura. Mas além de tudo o seguinte: faz falta. Aí, sim, empobrece o mundo político, a democracia e este Congresso, os encontros que tínhamos aí nos corredores.

            E quero dizer que, como médico, de vez em quando no meu Estado, solicitam indicações e favores em São Paulo. Rosalba Ciarlini, nunca, nunca, nunca, ele deixou de atender. Ô homem prestável! Ô homem decente! Ô homem digno! Então, esse era o Pinotti. Um exemplo. Orgulho não só da Medicina, não só da política; orgulho daquilo que é mais importante: a construção de uma família.

            Uns tresloucados, hoje, têm a mania de atingir a família, como se fosse... Família é a maior bênção de Deus. Hoje, os tarados que pensam que se tornam jornalistas estão obcecados: “Vamos atingir as famílias”. Parece que não têm mãe, que não têm mulher, que não têm filho. O negócio deles é família. “Vamos atingir as famílias.” O próprio Cristo, que está ali, dá exemplo de que Deus, ao botar o seu Filho especial no mundo, não O desgarrou; botou-O numa família, a Sagrada Família. Por isso, temos de respeitá-la e preservá-la. O próprio Rui Barbosa, que está ali, disse: “A Pátria, a Pátria, a Pátria [Rosalba] é a família amplificada”.

            E esse homem deu exemplo de família. Casado há mais de 40 anos com a sua encantadora Suely. Rosalva, eu e a Adalgisa perdemos. Ele merece. Um casal lindo. Três filhos - nosso Suplicy disse dois -, dois homens e uma mulher, e cinco netos.

            Então, queremos apresentar aqui, em nome do Piauí, que represento, da classe médica, que represento, e dos políticos. Atentai bem! Ficou o exemplo. Com ajuda de Deus, nosso desejo de acertar - nós deste Congresso - e o exemplo de moral, virtude e grandeza de Pinotti, vamos fazer um país melhor.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/07/2009 - Página 28923