Fala da Presidência durante a 110ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Voto de pesar pelo falecimento do Deputado Federal e médico José Aristodemo Pinotti.

Autor
José Sarney (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: José Sarney
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Voto de pesar pelo falecimento do Deputado Federal e médico José Aristodemo Pinotti.
Publicação
Publicação no DSF de 02/07/2009 - Página 28934
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, DEPUTADO FEDERAL, MEDICO, INTELECTUAL, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), PUBLICAÇÃO, OBRA CIENTIFICA, OBRA LITERARIA, ELOGIO, EMPENHO, DEFESA, SAUDE, EDUCAÇÃO, MEDICINA, PAIS.

            O SR. PRESIDENTE (José Sarney. PMDB - AP. Com revisão do orador.) - Encerrada a lista de oradores, cabe-me cumprir com as formalidades regimentais mandadas obedecer nestas circunstâncias.

            Antes, quero expressar a minha comoção, o meu sentimento profundo de tristeza pelo falecimento do Dr. Aristodemo Pinotti. Eu não desejaria jamais presidir esta sessão e vim porque não poderia deixar de homenagear esse grande amigo. Mas vim fazê-lo com o coração partido, mas partido todo ele cheio de gratidão, porque se tratava de um homem que encheu as nossas vidas de carinho, de assistência e de amizade, não somente a mim, pessoalmente, mas a toda a minha família. Na minha casa, o Dr. Pinotti era santo de altar.

            Rainer Maria Rilke disse, quando soube da morte de Rodin, que tinha a sensação de um grande vazio e que todos os grandes homens já tinham morrido. Neste momento, também sinto um grande vazio, desde esta manhã, quando soube do falecimento do Dr Pinotti. O vazio do universo sentimental que a gente cria ao longo da vida com figuras extraordinárias que temos a oportunidade de conhecer, de conviver e de transformá-los em amigos, desfrutando daquilo que é a coisa melhor do mundo: do gosto da amizade.

            O Dr. Pinotti era um homem que tinha virtudes extraordinárias, um homem em que todas as suas facetas eram brilhantes. Como médico, como profissional, ele foi um dos maiores da sua geração, um dos maiores do Brasil inteiro. Ouvi de um colega seu que vê-lo operar era a mesma coisa que assistir a um virtuoso pianista na sua arte, tão grande a habilidade de suas mãos em exercer a sua profissão cirúrgica.

            Era um intelectual também. Escreveu 37 livros científicos. Teve até oportunidade de manifestar a sua veia humana de compreensão com o mundo, com o sentimento transcendental das palavras, escrevendo livro de poesias. Escreveu mais de 1.300 artigos. Fez conferências pelo mundo inteiro. Sua formação extrapolava as universidades brasileiras. Tinha especializações na na França e na Itália, onde era professor honorário e onde teve oportunidade de, muitas vezes, exercer a sua sapiência.

            Portanto, como eu disse, é um imenso sentimento de vazio, não somente do Estado de São Paulo mas do Brasil inteiro. Era um homem que tinha um espírito público extraordinário, como político. Lembro-me de que, da última vez que estive com ele, há cerca de 30 dias, ele, já numa situação difícil de saúde, falava sobre os problemas da educação, falava sobre os problemas da saúde e falava sobre os problemas do Brasil como se ele tivesse pela frente ainda uma grande vida a cumprir, tão grande era a força do homem público que nele residia.

            O Dr. Pinotti também marcou sua vida com as suas obras sociais, a sua dedicação à causa da mulher, à causa da saúde da mulher, o Hospital da Mulher, que ele fez em São Paulo; todas as suas ações eram nesse sentido e nessa direção: não somente em São Paulo, mas no Brasil inteiro.

            Portanto, o Brasil perde um grande brasileiro. Nós perdemos um grande homem do nosso tempo. E, sem dúvida alguma, a nossa paisagem humana fica menor sem a sua presença e sem a sua vida.

            São essas as palavras que eu queria dizer neste instante em que estou profundamente comovido, porque a ele nós também devemos. Eu devo, particularmente, a atenção que sempre dispensou a todos da nossa família e devo dizer mesmo aquilo que a minha filha me dizia hoje: “A minha vida eu devo ao Dr. Pinotti.”

            Por ser um homem dessa magnitude, dessa expressão, é que tenho a oportunidade de, neste momento, colocar em votação o requerimento para que a sessão seja suspensa e para que observemos um minuto de silêncio em sua memória.

            Se os Srs. Senadores concordarem, em votação. (Pausa.)

            Está aprovado.

            Peço a todos que fiquem de pé e observemos um minuto de silêncio.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/07/2009 - Página 28934