O SR. OSMAR DIAS (PDT - PR. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu tinha feito a minha inscrição para o debate anterior. Agora, parece-me tarde para eu falar sobre o assunto, mas eu devo fazer pelo menos, aqui, uma declaração daquilo que a Bancada do PDT - que é pequena, tem cinco Senadores, mas também tem de se posicionar nesta Casa - tomou como posição em relação à crise que nós estamos vivendo.

            Eu consultei cada um dos Senadores do PDT e todos, por unanimidade, manifestaram a seguinte posição: recomendar ao Presidente Sarney que se licencie da Presidência enquanto o processo de investigação ocorrer, à respeito das irregularidades que estão sendo colocadas a público e que precisam, sim, de esclarecimento.

            Posso até concordar com a Líder Ideli Salvatti que não podemos personalizar a crise, mas temos de combater essa crise investigando e esclarecendo as irregularidades, chegando naqueles que cometeram as irregularidades e tomando as providências jurídicas que são cabíveis.

            Sr. Presidente, o PDT não vai fazer nenhum barulho com isso, não nos cabe, porque também fazemos parte desse Senado e essa crise não começou agora. É uma sucessão de erros administrativos que foram sendo praticados e que mostram o descontrole com que a Casa vinha sendo administrada nos últimos anos.

            Nós não podemos colocar a responsabilidade nem a culpa em quem assumiu a direção da Casa há quatro meses, cinco meses, mas é claro que temos de cobrar de quem assumiu essa direção há quatro ou cinco meses todas as providências que devem ser adotadas para corrigir aquilo que, historicamente, foi praticado, aqui, de ilícito, de irregular, de imoral, de desonesto, enfim, aquilo que tenha sido praticado e que foge da ética, do Regimento, da Constituição e da lei.

            Agora, Sr. Presidente, ao pedir que o Presidente Sarney se licencie da Presidência, o Senador Cristovam Buarque, o Senador Jefferson Praia, o Senador João Durval e eu entendemos que não estamos, aqui, promovendo um prejulgamento. Não! O que estamos fazendo é pedindo para que, ao se licenciar, ele permita um julgamento isento, ele permita uma investigação livre de qualquer influência e que possa, ao final, qualquer que seja o resultado dessa investigação, ter crédito perante o Senado Federal e perante a sociedade brasileira.

            Nós estamos pedindo a licença do Presidente, não a renúncia, até que todos os fatos sejam esclarecidos, Sr. Presidente, porque não é justo que, ao encontrar qualquer cidadão na rua, a gente tenha de ouvir a mesma pergunta ou a mesma exclamação: “Que coisa está acontecendo no Senado! Que bagunça está acontecendo no Senado!” Não podemos permitir isso. Estou aqui há quase 15 anos. Nós temos de enfrentar isso com vigor, nós temos de enfrentar isso com ousadia. A Mesa foi eleita para isso, e nós vamos, evidentemente, colaborar no que for preciso, mas cobrar, também, para que a Mesa possa tomar as providências.

            Neste momento, faço aqui a declaração daquilo que foi a decisão do PDT: o Senador Sarney deve se licenciar do cargo para permitir que as investigações ocorram sem nenhuma influência, de forma isenta.

            Era isso, Sr. Presidente, sem marola, sem confusão.