Discurso durante a 115ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Manifestação sobre a crise no Senado Federal. Defesa do afastamento do Senador José Sarney da presidência da Casa. Lamenta imagem negativa da instituição perante a sociedade.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO. MEDIDA PROVISORIA (MPV).:
  • Manifestação sobre a crise no Senado Federal. Defesa do afastamento do Senador José Sarney da presidência da Casa. Lamenta imagem negativa da instituição perante a sociedade.
Aparteantes
Almeida Lima, Alvaro Dias, Arthur Virgílio, Cristovam Buarque, Eduardo Suplicy, Wellington Salgado.
Publicação
Publicação no DSF de 09/07/2009 - Página 30987
Assunto
Outros > SENADO. MEDIDA PROVISORIA (MPV).
Indexação
  • APREENSÃO, PERDA, CONFIANÇA, OPINIÃO PUBLICA, ATUAÇÃO, CONGRESSISTA, DIVULGAÇÃO, IMPRENSA, DENUNCIA, CONGRESSO NACIONAL, SUGESTÃO, FECHAMENTO, SENADO, CRITICA, ORADOR, INTERFERENCIA, EXECUTIVO, EXCESSO, EDIÇÃO, MEDIDA PROVISORIA (MPV), OBSTACULO, TRABALHO, LEGISLATIVO.
  • DEFESA, IMPORTANCIA, AFASTAMENTO, JOSE SARNEY, PRESIDENTE, CONGRESSO NACIONAL, GARANTIA, EFICACIA, INVESTIGAÇÃO, DENUNCIA, IRREGULARIDADE, ADMINISTRAÇÃO, SENADO, PERIODO, GESTÃO, EX-DIRETOR, DIRETORIA GERAL.
  • SAUDAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), INDICAÇÃO, NOME, SENADOR, PARTICIPAÇÃO, CONSELHO, ETICA, DEFESA, ORADOR, NECESSIDADE, SOLICITAÇÃO, APOIO, MEMBROS, PROCURADORIA-GERAL, COORDENAÇÃO, TRABALHO, MESA DIRETORA, APURAÇÃO, DENUNCIA, BUSCA, SOLUÇÃO, PROBLEMA.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador) - Mas até nos jovens a apendicite, quando fica infeccionada, só uma mão santa para salvar, e o meu médico, que foi fantástico.

            Sr. Presidente, eu venho aqui porque correm notícias de que provavelmente a gente entre em recesso até o final da semana. E eu tinha que falar, é uma obrigação minha. Por isso eu descumpri a ordem médica e vim aqui. Eu vivo um momento de muita angústia. Eu queria, na minha fala, não entrar em detalhe no sentido de cobrar de “a”, de “b” ou de “c”, mas eu queria, como a pessoa mais velha e mais antiga nesta Casa, expor o que eu sinto e expor o que eu acho, Sr. Presidente.

            Se nós formos cobrar responsabilidades, Sr. Presidente, eu talvez seja o mais responsável, porque embora o Sarney tenha sido mais votado do que eu, em nível de candidatura, ele saiu para ser Presidente, e eu fiquei. Quer dizer, eu estou completando a quarta legislatura, estou indo para 32 anos de mandato no Senado. Então, se a gente tem que olhar para alguém e ver a média da culpa, eu tenho que olhar no espelho e dizer: eu sou um dos mais culpados pela minha ação, pela minha antiguidade, por ação ou por omissão. Mas eu não atiro em ninguém, eu olho para mim próprio.

            Acho que aquela frase do Evangelho, quando Deus disse aos que Lhe trouxeram uma mulher infiel pega em flagrante, perguntando se ela não devia ser apedrejada, Ele disse: Quem não tiver culpa atire a primeira pedra. Acho que aqui para nós cabe isso, Sr. Presidente. Quem não tiver culpa atire a primeira pedra. Eu não tenho autoridade para atirar pedra em ninguém. Eu tenho culpa. Então, acho que o que temos de fazer não é buscar culpado. O que nós temos que fazer é buscar o que fazer.

            Para ser sincero, eu estou aqui, Sr. Presidente, porque eu não podia entrar em recesso. Só em Porto Alegre, os jornais diários de Porto Alegre, meu amigo Jarbas, hoje, quatro editoriais publicaram se não é melhor fechar o Senado.

            Gente importante, um ilustre colunista, importante, brilhante, meu amigo, meu irmão, do jornal O Sul, que foi Deputado Federal por muito tempo, pergunta se não é melhor fechar o Senado. E fala com análise, com profundidade de quem já esteve aqui para dizer que é melhor. “Por que não um país unicameral?”, pergunta ele. “Por que não uma Casa só?”, pergunta ele.

         Se analisarmos, Sr. Presidente, o fato mais sério, mais dramático, mais cruel, de esvaziamento e de desmoralização não apenas do Senado, do Congresso Nacional, chama-se medida provisória.

            Olha, eu não estava aqui. É o pecado que tenho. Em cinquenta e tantos anos de vida política toda no Congresso, Senado, Assembléia Legislativa e Câmara de Vereadores, a única vez em que não estava aqui foi na Assembléia Nacional Constituinte. Mas vim a Brasília e fiquei tempo aqui discutindo e debatendo, mesmo no parlamentarismo, que era o que iam construir, o porquê da medida provisória. Pois adotaram, Sr. Presidente, adotaram a medida provisória.

            Caiu o parlamentarismo e ficou a medida provisória. Eu dizia para o Jobim: Jobim, se cair o parlamentarismo, a medida provisória vocês têm que derrubar na Comissão de Redação Final, porque a medida provisória é da essência do parlamentarismo; caiu o parlamentarismo, caiu a medida provisória. Ficou aí, e nós nos humilhando, Sr. Presidente. E nós nos humilhando.

            E nós, Congresso, não tendo coragem, desde o início, lá no primeiro Presidente, depois no segundo, e até hoje, não tendo coragem nem de devolver as medidas provisórias que não são medidas provisórias, que estão contra a Constituição, que não são urgentes, que não dizem respeito àquilo que a medida provisória determina. Aí começou nossa vida mar abaixo, morro abaixo, porque aí este Congresso se esvaziou. Nós não tínhamos mais finalidade.

            Eu fui Líder do Governo no Governo Itamar Franco e me lembro de que, chegava 5 horas da tarde, os caras se reúnem: “O que é que tem de bom, o que é que tem para fazer? Alguém tem uma idéia feliz?”. Baixa medida provisória. E eu não sei - vou te falar de coração -, eu não sei, se fosse eu o presidente, se eu não diria a mesma coisa. Para o Executivo, a medida provisória é uma maravilha. E aí fica a filosofia do Executivo: o Congresso atrapalha. Ele baixa a medida provisória hoje, vai para a imprensa oficial, sai amanhã, e é lei, está em vigor, em pleno vigor. Manda para o Congresso, vai para a Câmara, vai para o Senado, é e emenda, e é isso, e é não sei aquilo, e daqui a pouco tem que negociar, tem que barganhar.

            Então, o Executivo chega à conclusão de que medida provisória é uma maravilha, e o Congresso é um estorvo. A partir dessa filosofia, o Congresso passou a inventar coisas para fazer porque, na verdade, não tinha muito que fazer.

            Aí entramos nas CPIs. E este Congresso teve uma atuação muito importante. Eu pertenci a CPI, Sr. Presidente, e era uma das coisas mais lindas que havia, a dignidade, a seriedade.

            CPI, Sr. Presidente, é um direito da minoria. A minoria requer. Quando a gente diz que a CPI é um direito da minoria e a minoria requer, nós não estamos dizendo que a minoria manda. Ela não manda nada. Ela institui, ela debate, mas quem toma decisões é a maioria. Quem diz o que vai ser e o que não vai ser é a maioria.

         E fizemos grandes CPIs, Sr. Presidente. A CPI do Sistema Financeiro, que colocou na cadeia o Presidente do Banco Central, aqui no Congresso, quando ele se recusou a dizer as coisas que tinha que dizer, que abriu as contas, os números do sistema financeiro, e muita coisa veio atrás disso. Foi numa CPI do Congresso Nacional.

         A CPI do Impeachment, que não foi CPI do Impeachment. Foi CPI para apurar as denúncias do irmão do Fernando Collor, Presidente da República, contra o PC Farias. Com o tempo, as coisas apareceram, fez-se a CPI, cassou-se o Presidente.

         Aliás, digo sempre, Sr. Presidente, cassamos o Presidente. Mas hoje sou obrigado a reconhecer: o que encontramos sobre o Collor neste Congresso, se fosse hoje, deveríamos mandar para o Juizado de Pequenas Causas, porque os escândalos que vieram depois são de tal grandeza, de tal magnitude, que a compra de um carro Elba, ainda que seja com cheque fantasma do Sr. PC Farias, e o fato de o Sr. PC Farias pagar as contas da Casa da Dinda com cheque fantasma são brincadeira perto das coisas que hoje estão acontecendo.

            Mas lá funcionava a CPI, Sr. Presidente. Claro que quem era do Governo era do Governo, quem era oposição era oposição. Cada um tinha o seu partido. Mas nós conseguimos ter a capacidade de entender que em CPI nós temos que ter a grandeza de nos transformarmos em magistrados e de votarmos como juiz, e não como partidário.

            Na CPI dos Anões do Orçamento, cassamos 15 Parlamentares desta Casa. Grande momento viveu esta Casa, Sr. Presidente. Para hoje... Nós somos hoje o vexame da Nação, Sr. Presidente. O jornal Zero Hora, diariamente, nas páginas com relação ao Senado, não diz “Senado Federal”, “Câmara dos Deputados”, “Assembléia Legislativa”. Ele não diz. Ele diz: “Casa de Escândalos”. É o título da matéria: “Casa de Escândalos”. É o título da matéria.

            E isso vem crescendo, Sr. Presidente.

            Eu não sei V. Exª, mas o que tem de gente me escrevendo e dizendo: “Mas, Senador Pedro Simon, o senhor está lá há 30 anos, e não sabia? O senhor está lá há 30 anos, Senador Pedro Simon, e não sabia?”. E acontece mais isso.

            Então, quando o Presidente Sarney diz: “Eu não sabia”, aí vem outro e diz: “Eu também não sabia”, vem outro e diz: “Eu também não sabia”, e vem o Pedro Simon e diz: “E eu também não sabia”, os caras perguntam. Tanto que apareceu no painel da Folha de S.Paulo o jantar do Presidente Lula com a bancada do PT. E aí fala o Senador Suplicy, uma das pessoas, para mim, mais dignas, mais corretas, de sentimento mais puro que eu conheço. E os sentimentos, as dificuldades, as lutas do Suplicy, inclusive o desarranjo familiar, e da sua boca não sai nada que não seja uma palavra de respeito, uma palavra de carinho e de respeito. Pois o Suplicy janta, junto com toda a bancada, com o Presidente Lula. E, lá pelas tantas, o Suplicy está falando, e o Presidente Lula pergunta para ele, segundo o painel: “Ô Suplicy, tu vens me dizer que está há quase 16 anos no Senado, e não sabia de nada?”.

            É o Presidente da República perguntando para o Líder do seu Partido: “Ô Suplicy, está lá há 16 anos quase e vem me dizer que não sabia de nada?” Então, se o povão pergunta, ele tem razão, porque o Presidente da República também pergunta. Se eu estivesse ali, no lugar do Suplicy, eu diria: “Olha, Presidente, às vezes acontece. Aconteceu todo o episódio do mensalão, e V. Exª não sabia de nada. Aconteceu tanta coisa no seu Governo, e V. Exª também disse que não sabia de nada”. Mas o povo pensa isto: como é que vocês não sabiam de nada? E está num crescendo, e cada dia vem um fato novo.

            Eu vou dizer aqui: não é que eu nunca sabia, Senador Garibaldi. Nunca me passou pela cabeça que tivesse uma cela fechada dentro do Senado, da qual eu nunca tinha ouvido falar, com ligação interna, de cima para baixo, e sem ligação para o exterior. Eu não sabia. É ridículo da minha parte? É ridículo da minha parte. É estupidez da minha parte? É estupidez da minha parte.

            Eu já fui para a tribuna protestar - e o Senador Garibaldi suspendeu - quando havia uma verba no Orçamento para fazer o anexo. V. Exª não sabia, e apareceu a verba do anexo no Orçamento. Foram falar com o Senador Garibaldi, e ele mandou suspender. Mas ele não sabia. Mandamos suspender quando se queria fazer um túnel ligando... A imprensa disse que era ligando o Senado ao Palácio do Planalto. Na verdade, o pessoal aqui explica que era ligando o Senado à Gráfica, do outro lado. Mas, na verdade, falavam que era ligando o Senado ao Palácio do Planalto. Ninguém sabia. Ninguém sabia!

            Agora, essas coisas, Sr. Presidente, num somando e num crescendo, e num crescendo, e num crescendo... Aí não dá. Eu não sabia que havia duas verbas especiais, fora do orçamento do Senado, que eram de um fundo dos funcionários, e que alguém usava a seu bel-prazer. Eu não sabia. Mas vêm os ex-Presidentes e dizem: “Eu também não sabia”.

            Então, essas coisas foram indo, foram indo, chegaram a uma situação que nós temos que parar para pensar. Nós temos que parar para pensar. E, com todo o respeito, nós podemos convidar a Fundação Getúlio Vargas para fazer uma reforma, mas não é essa que nós estamos assistindo. Nós podemos designar comissões, mas não é dessas que nós estamos precisando.

            Nós, Sr. Presidente, perdemos credibilidade. Nós estamos com a sociedade olhando para nós com uma mágoa profunda. Nós estamos com a sociedade achando que o Senado deve fechar. E, cá entre nós, esta pergunta é uma pergunta importante: para que Senado?

            Eu sempre tive uma resposta. O Brasil é uma Federação. Se valer só uma Câmara dos Deputados, Rio, São Paulo e Minas mandam no Brasil. O Piauí não existe nem o Rio Grande do Sul, nem Pernambuco, nem o Rio Grande do Norte. Minas, São Paulo e Rio de Janeiro têm maioria, fazem o que bem entendem.

            O Sr. Almeida Lima (PMDB - SE) - Nobre Senador Pedro Simon...

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Já lhe darei...

            Então, o Senado é o símbolo da Federação; é a representação da Federação.

            São Paulo, com trinta e tantos milhões de habitantes, tem oitenta Deputados; o Piauí, com uma população bem menor, tem oito Deputados.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - (Intervenção fora do microfone.)

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Ah, é dos grandes...

            Mas Tocantins tem oito Deputados. Agora, aqui no Senado, são três para cada um. Aqui no Senado é um Estado democrático. Os cidadãos do Rio Grande do Sul, de São Paulo, da Bahia, de Sergipe se sentem iguais, porque aqui têm essa representação. Eu sempre pensei isso. Mas ninguém pensa isso hoje. Para que Senado? Para que 10 mil funcionários para 81 Senadores? Para que Senado? E, a cada dia, vem uma coisa diferente. Está havendo uma maldade com a gente, Sr. Presidente: a cada dia se dá uma notícia... A cada dia, há uma notícia... Eu não sei o qual será a minha amanhã... Falou, vem uma notícia! No sentido de querer, inclusive, impedir que a gente fale. E isso é muito ruim, Sr. Presidente.

            Com o maior prazer, Senador.

            O Sr. Almeida Lima (PMDB - SE) - Eu confesso, nobre Senador Pedro Simon, que acabo de chegar ao Plenário. Estava presidindo a Comissão Mista de Orçamentos, mas ouvi, quando V. Exª disse que, como classe política, estamos em baixa, muito mal na opinião pública. Não ouvi o pronunciamento completo de V. Exª.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Estou começando...

            O Sr. Almeida Lima (PMDB - SE) - Quero apenas justificar-me nesse sentido, mas para dizer o seguinte: com toda certeza, a classe política... Deu-me vontade de dizer que é a maior responsável por isso, mas não vou dizer. Vou dizer que ela é a única responsável por isso, porque tem operado de forma errada.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - É verdade.

            O Sr. Almeida Lima (PMDB - SE) - E não apenas de forma errada, nobre Senador Pedro Simon, por ações, mas também por omissões.

             O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Cá entre nós: principalmente por omissões.

            O Sr. Almeida Lima (PMDB - SE) - Por omissões. E, por essa razão, há pouco, fui à Presidência, à Mesa, para verificar o momento em que devo falar como inscrito. E faço este registro porque hoje sai uma matéria da autoria de um jornalista da Folha de S.Paulo, e, como nada com o meu nome passa em branco, não vai contar com a minha omissão. Assim, eu irei mostrar aos senhores e ao País que a culpa é nossa, porque estamos, também - não apenas, mas também -, de forma silente, silenciosa, calada, permitindo que alguns urubus, abutres da imprensa destruam a imagem do Congresso Nacional, do Senado, da classe política. A minha é que não vão conseguir abalar. Hoje, um abutre que tem por profissão o jornalismo - o que lamento bastante, pois defendo sempre essa profissão e a imprensa - cometeu não uma indelicadeza, mas uma ignomínia em relação a mim e ao meu mandato. Mas não ficará sem resposta; ficará, nobre Senador Pedro Simon, com a resposta à altura. Os senhores e os seus órgãos têm todo o direito de criticar; agora cuidado quando fazem a crítica, porque estarão obrigados a ouvir aquilo que não gostariam de ouvir. E, hoje, vai ouvir deste Senador que vos fala, porque um jornalista como este a que vou referir-me não passa de um abutre, de um urubu de plantão para destruir a carcaça do Congresso Nacional. Não vai conseguir destruir a minha, porque, antes de tudo, eu me respeito e, por via de consequência, exijo respeito. Obrigado, nobre Senador.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Obrigado.

            Então, Sr. Presidente, o que quero dizer é que esses fatos se repetem e se repetem, e não dá para se dizer, porque, na verdade, eles se repetem.

            Então, eu digo, Sr. Presidente: não quero falar, para cobrar de A, de B ou de C. Quero falar para dizer o que vamos fazer. Aí é que analiso. Primeiro, não foi feliz o Presidente Lula ao chamar a Bancada do PT. Diz o Senador Suplicy, a quem me referi, que não foi para enquadrar o PT. A imprensa diz que foi. Eu não quero analisar se foi ou se não foi, mas que foi muito estranha a complexidade e a dificuldade envolvendo a Bancada do PT foi. E que foi muito estranho o Presidente Sarney ir falar com o Presidente Lula, e não sair uma fotografia no jornal do encontro do Presidente da República com o Presidente do Senado... Eu não entendi até agora; juro que não entendi. Presidente da República e Presidente do Senado, um encontro importante, a imprensa toda noticiava; ele chega lá da Líbia para uma reunião dessa natureza, e não sai uma fotografia. E alguns cronistas, dizendo que o Presidente da República não quis ser visto numa fotografia do lado do Presidente do Senado. Mas o que é isso, meu Deus do céu!

            E a Bancada do PT tomou uma decisão: vai ao Presidente e comunica. E o Presidente, que é um homem competente, que é um homem inteligente... Eu digo: o Lula é o grande nome mundial, hoje, na realidade mundial. O prêmio que ele recebeu ontem, os quatro anteriores a ele que o receberam, logo depois receberam o Prêmio Nobel da Paz. A maneira com que interveio e a maneira como a imprensa publicou não ficam bem, Sr. Presidente - friso: não ficam bem! Presidente da República interfere e diz: “Eu vou enquadrar a Bancada do PT. Fique tranqüilo que nada vai acontecer”. Não ficou bem para o Lula, porque isso existia no tempo da Arena. O General de plantão, Presidente da República, dizia: “Eu vou enquadrar a Arena”.

            Eu me lembro da primeira vez - não sei se já estava aqui, Jarbas - em que houve uma rebelião da Oposição, Arena e MDB, porque quem indicava o Presidente da Assembléia, o Presidente da Câmara, o Presidente do Senado, o Presidente da República, o Governador era o Presidente da República, o comando revolucionário. E, de repente - era até um grande Presidente, o Deputado Nelson Marchezan -, nós resolvemos nos insurgir e lançamos um candidato da Arena... Como é o nome dele, meu Deus do céu? É do Rio Grande do Norte?

            O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - Djalma Marinho.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Djalma Marinho, um homem de uma dignidade, de uma seriedade, de uma honorabilidade, que não tinha nada de oposição. Era um homem digno. Ele aceitou, e nós resolvemos lançar candidato avulso a Presidente da Câmara dos Deputados. O General Presidente interferiu, interferiu, ameaçou fechar, fez o diabo, e o Djalma Marinho perdeu.

(Interrupção do som.)

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Senador Pedro Simon, eu queria a compreensão, porque agora mesmo subiu aqui o Senador Francisco Dornelles, que está inscrito como Líder do seu Partido.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Eu duvido de que o Presidente Dornelles peça para eu parar de falar. Olha, ele está até chateado com o que V. Exª disse; viu? Ficou até chateado. “Não bota o meu nome nisso”. Obrigado, Dornelles. Eu sabia disso. Não precisava dizer, porque eu tinha certeza.

            Sr. Presidente, o Tião Viana ia ganhar a eleição para Presidente do Senado. O Sarney não era candidato. Na reunião da bancada, o Presidente Sarney disse que não era candidato. Foi ou não foi, Senador Garibaldi? Não era candidato. Foi ou não foi, querido Senador? O Sarney disse que não era candidato. O Presidente Lula insistiu para ele ser candidato, contra o candidato do PT - frise-se: que tinha um candidato.

            O Tião Viana perdeu. Por quê? Não sei.

(Interrupção do som.)

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Pedro Simon, o Dornelles é soft, mas, depois dele, também está o Osmar Dias. Esse é mais...

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Não. V. Exª está pedindo para eu me calar? Osmar Dias, está pedindo para eu me calar?

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Não. Eu estou dizendo que ele está inscrito aqui como Líder. E, agora, o Mercadante também acabou de se inscrever.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Mercadante está pedindo para eu me calar?

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Não.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Senador Mercadante? Ele está dizendo que V. Exª se inscreveu e que eu tenho que parar de falar.

            O SR. OSMAR DIAS (PDT - PR) - Presidente, eu vou apelar para o art. 14 daqui a pouco. Eu fui citado.

            O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP) - Senador, art. 14; fui citado.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Depois que ele terminar, V. Exª usa; e ele, dois. Regimentalmente, acabou o 14.

            O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP) - Está ótimo. Obrigado.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Interessante! Está havendo alguma coisa com V. Exª, hein Presidente? Acho que V. Exª tem que parar para pensar. Normalmente, quando a gente ia para a tribuna e dizia: “O assunto é importante”, V. Exª dizia: “Tem o tempo que quiser para falar. De repente, V. Exª muda desse jeito, Presidente?

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Não. Eu estou apenas pedindo essa autoridade do plenário.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - V. Exª está apenas mudando 180º graus sua maneira de agir na Presidência. Apenas isso! Agora, eu fico se V. Exª deixar. Agora, se eu tiver que insistir para ficar, eu calo a boca agora, mas deixo claro: o Senador Mão Santa não deixou eu falar. E não falo mais.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª me permite um aparte quando achar apropriado, por favor? (Pausa.) Senador Pedro Simon, daqui a instantes, V. Exª ouvirá do Senador Aloizio Mercadante a nota que a bancada de 12 Senadores, unanimemente, resolveu divulgar. Certamente, isso contribuirá para o esclarecimento relacionado à nossa posição, que reitero...

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - V. Exª não estava aqui...

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Nós estávamos na reunião da bancada. Desculpe-me.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - ... quando eu referi que eu vi no jornal, na Folha, o Presidente da República perguntar a V. Exª: “Suplicy, V. Exª está no Congresso há quase dezesseis anos e não sabia? E quer que eu acredite que não sabia?”. Pois é. Aí eu digo que, se se fala isso do Suplicy, o que se deve estar falando de mim? Falando-se de um homem da dignidade de V. Exª, o que se deve estar falando dos outros?

            Pois não.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Quero pedir ao Senador Presidente Mão Santa que possa ter a devida consideração com o Senador Pedro Simon, que volta hoje, depois da cirurgia, ainda mais tendo em conta que, por dez dias, ele não pôde dar uma contribuição. Todos nós aqui queremos ouvi-lo com a devida atenção. E quero esclarecer, com respeito a esse episódio que, sim, é verdade que o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a certa altura do jantar, perguntou-me: “Mas como? Você acha que as pessoas vão acreditar que você então não sabia de nada dessas coisas que ocorreram durante esses oito anos que você está lá?”. É fato que, por tanto tempo, eu não pude, não consegui saber de tantos desses fatos que agora foram objeto de divulgação, sejam as questões relativas às decisões secretas como às relativas a tantos desvios de procedimentos que os titulares da Mesa tinham condições de saber muito melhor do que eu. Mas eu transmiti ao Presidente Lula - e isso não foi publicado pelo jornal Folha de S.Paulo - as providências que eu, o nosso partido e muitos Senadores estamos cobrando e solicitando, inclusive diversos projetos de resolução de minha autoria, bem como de autoria da bancada do Partido dos Trabalhadores e outros que estou apoiando, no sentido de tornar inteiramente transparentes os atos do Senado e, assim, coibirmos esses atos que não podemos mais permitir que existam. O nosso Senado, prezado Senador Pedro Simon, precisa dar exemplo para as demais instituições em nosso País, para exercermos bem a função de fiscalizarmos o Legislativo e de legislar.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Eu agradeço a V. Exª muito, muito mesmo!

            Sr. Presidente, o que nós achamos, com toda a sinceridade, é que, se eu tivesse aí no lugar de V. Exª, eu convocaria todo o plenário para conversar. Perguntaria: “O que devemos fazer?”.

            Olha, Sr. Presidente, eu chegar aqui, depois de trinta anos, e me perguntarem se está na hora de fechar o Senado, é muito duro! Ouvir os adjetivos que nós estamos ouvindo é muito duro, Sr. Presidente. E foi muito bem dito pelo Senador: “Muitos por omissão”. Muitos de nós por omissão. Mas a gente fica quieto.

            Quando o Senador Suplicy leu dali uma ata do Senado: “E agora está em votação decisão da Mesa no dia 17 de não sei do quê, quem estiver a favor, vote”. Eu votei, mas não sabia do que se tratava. Por omissão, eu sou o responsável! Talvez eu tenha votado naquele dia a ata de construção do anexo. Talvez eu tenha votado naquele dia o negócio das contas secretas. Mas nós votamos assim. “Estão em votação as decisões da reunião da Mesa do dia 18”. E se vota. E não se sabe em que se está votando. Essas coisas não podem acontecer! Essas coisas não podem acontecer! Eu, eu fui omisso e sou o responsável.

            É um absurdo que se esteja fazendo isso no Senado da República! São essas coisas que nós temos que analisar, Presidente. E uma coisa que não fica mais bem - aí vão dizer que não é uma comissão; perdoem-me os ex-Presidentes, o atual Presidente -: comissão não resolve mais nada. Ninguém mais acredita em comissão como foram feitas até aqui. As coisas foram se repetindo, se repetindo, se repetindo... Não dá, Sr. Presidente.

            Olha, eu gostaria que o Presidente Sarney entendesse. Eu tenho feito reflexões e análises da minha vida. Uma delas é como às vezes eu tenho agido de forma ingrata ao analisar sob um ponto e esquecer o outro.

            Eu tenho dito várias vezes que discordei do Presidente Sarney ter levado o General Leônidas lá, no hospital, à hora em que o Presidente Tancredo ia ser operado, para dizer que o Presidente da República era ele. Mas eu tenho que reconhecer que o Presidente Sarney cumpriu aquilo pelo qual nós lutávamos: estabelecer a democracia, convocar a Assembleia Nacional Constituinte. Aquelas grandes lutas difíceis ele cumpriu. Eu, que fui Ministro dele, indicado pelo Tancredo, mas fui Ministro dele, tenho que dizer, e disse várias vezes, que todas as vezes que eu fui lá levar caso sério ele mandou apurar. E me dava, para mim, a responsabilidade de apurar. E apurava.

            Mas, neste momento, nós tínhamos que convencer o Presidente Sarney de que a grande coisa que ele podia fazer para a sua biografia e para a nossa seria se licenciar da Presidência do Senado. Era a grande coisa que ele tinha que fazer, era para ele a melhor coisa, Sr. Presidente, a melhor coisa! Até porque isso aí, de isso, daquilo, de nomeação, essa coisa, não é isso o sério que estamos discutindo. As nossas coisas são muito mais profundas. Mas ele não pode conduzir, Sr. Presidente, porque lamentavelmente foi ele quem indicou o Diretor-Geral e reindicou quando foi eleito a segunda vez, e reindicou quando foi eleito a terceira vez. E ninguém tira da cabeça da gente que quando ele deixou a Presidência e entrou o Senador Antonio Carlos, que deixou o Diretor-Geral, ninguém tira da cabeça que quem sugeriu foi o Sr. Sarney. E, quando entrou o Renan, ficou o Diretor-Geral; quando entrou o Jader, ficou o Diretor-Geral; e, quando entrou o Garibaldi, ficou o Diretor Geral.

            Eu não atiro pedra no Diretor-Geral. Eu não. Essa de querer encontrar uma dúzia de funcionários culpados de tudo, esquecendo-se de que quem manda é o Senado, é o Presidente, é a Mesa, é o Líder, somos nós, os 81 Senadores! E o povo também não entende isso; cai no ridículo. “De tudo o que aconteceu, os responsáveis são o fulano e o fulano. Vamos averiguar o fulano e o fulano e mais nada!” Não é isso, Sr. Presidente.

            Um grupo de Senadores vem se reunindo e, cá entre nós - vamos deixar claro -, não tem nada de ético; pode ser igual aos outros. Talvez menos, mais não! Nós estamos discutindo fatos a serem tomados, Sr. Presidente, medidas a serem tomadas, querendo somar e ajudar a todos nesse entendimento.

            Eu juro, meu Deus, meu Deus, eu juro que, do fundo do meu coração, não tem mágoa, não tem ressentimento. Eu falo como amigo do Sarney ao dizer que ele deve se afastar, porque, se afastando, em primeiro lugar, ele mostra que não tem e não tem por que ter medo, não tem por que ter medo; em segundo, deixa que, tranquilamente, apurem as coisas que devem ser apuradas.

            Quando o PT, de um lado, o PSDB, do outro lado, chegam à mesma conclusão, não é por maldade, Sr. Presidente. Eu faria isso. E ficar na história dele que ele está na Presidência do Senado encurralado pelo Presidente Lula, que o Presidente Lula é que está mantendo ele, que está bancando ele, é piada. É uma coisa que soa mal para ele, soa mal para nós. E o Presidente Lula não está se dando conta: soa mal para o Presidente Lula. Lá pelas tantas, o Presidente Lula não está-se comportando como um grande líder, um grande líder. Está-se comportando como se fosse o General Lula, igual ao General Figueiredo, ao General Médici, ao General Geisel. É atitude mais de general do que do grande Presidente, com a credibilidade e a respeitabilidade que ele tem.

            Sr. Presidente, com toda a sinceridade, se me dissessem: “Agora vamos nomear uma comissão. Pedro Simon, você vai ser o homem”. Eu diria: “Não tenho isenção, não tenho condições, não tenho capacidade, não tenho competência”. Eu não tenho condições para fazer isso. O que eu quero dizer é: vão lá na Procuradoria-Geral da República, que está lá um rapaz que foi indicado hoje, passou pela Comissão de Justiça, tenho certeza de que vai passar pelo plenário, e vão pedir a ele que indique...

(Interrupção do som.)

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) -... alguém com independência, com autoridade, que tenha confiabilidade. Não é um procurador tipo... Como é o nome daquele que era de vocês, do PT, que era um herói e quando o PT assumiu a Presidência da República esqueceu tudo? José Francisco. É José Francisco? O José Francisco era um homem... Eu o achava uma pessoa fantástica; debatia, lutava. Luiz Francisco. Lutava e os caras batiam nele, e eu estava do lado dele de corpo e alma. Aí assumiu o PT, e ele esqueceu de tudo. Nada daquilo que ele fazia passou a fazer. Nada! Mudou do outro lado.

            Não é um procurador desses que nós queremos. Mas tem gente séria, Sr. Presidente. Aliás, um grande mérito do Lula, eu disse hoje lá na Comissão - nota 10 para o Lula -, o primeiro Procurador-Geral que ele escolheu, meu irmão franciscano, nota 1000. O segundo, que ficou até ontem, Fonteles, nota 1.000. E a de hoje foi a mais importante, porque a informação que se tinha é que o PT não queria ele. Queria uma gaúcha ou um outro; mas ele não era o que queriam. E o Lula: “É ele”. Foi o mais votado, foi o indicado, veio em primeiro lugar e o manteve. Nota 10 para o Lula. Vou falar para esse: “Indique alguém para coordenar isso”. Ele, numa comissão externa, para fazer isso.

            Está caindo no ridículo mais uma comissão. Eu conheço o 1º Secretário, sei da sua dignidade, da sua correção, da sua seriedade. É o amigo das horas amargas. É o amigo das horas difíceis, mas ninguém mais leva a sério as indicações. Então, que a Procuradoria-Geral da República indique. O Sarney tanto não tem medo, tanto toma atitude, que tomou uma que não sei se eu tomaria assim como ele tomou.

            Mandou ofício para o Ministro da Justiça, pedindo para a Polícia Federal fazer apuração. O Sarney fez isso! Cá entre nós, quem faz isso tem coragem. Não é verdade? Tem coragem. S. Exª fez. O Ministro Tasso falou na imprensa, e saiu em manchete S. Exª dizendo: “Recebi ofício do Presidente do Senado”. Para não dizer que ele estava interferindo, a manchete foi até negativa: “Estamos vistoriando, fazendo comissão no Senado”. Até fiquei meio assim e fui ler: “Recebi um ofício do Presidente do Senado, pedindo para fazer isso, e está sendo feito”.

            Vamos designar essa comissão, Sr. Presidente, formada por gente que venha de fora e que faça esse trabalho com a isenção necessária, para vermos o que vamos fazer daqui para diante.

            Nunca poderíamos ter chegado, Sr. Presidente, a ter dez mil funcionários. Devo ter sido culpado. Já mandei minha assessoria ver. Podia me dizer, ilustríssimo Secretário, quantos funcionários esta Casa tinha em 1979, quando cheguei aqui? Do resto tudo, eu participei por omissão. Não sei por quê, mas aconteceram essas coisas. Essas coisas aconteceram. Não posso atirar pedra, porque eu estava aqui e nada fiz, mas vamos verificar.

            Quantos funcionários existem na Casa que ganham mais do que os R$16 mil que ganhamos? Por que esses funcionários ganham três folhas de salário se nós, Senadores da República, ganhamos uma? Como é que se chama o que é recebido por mês?

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI. Fora do microfone.) - Contracheque.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Recebemos um contracheque, e eles recebem quatro contracheques.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI. Fora do microfone.) - Acabou.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Acabou? Meus cumprimentos! Mas foram falar comigo e com o Suplicy. Quando veio o projeto do Suplicy cobrando essas coisas, eles ameaçaram entrar no Supremo. Ou melhor, não ameaçaram - retiro -, mas falaram em entrar com ação no Supremo porque achavam que isso não era possível.

            Essas coisas temos de resolver. Estou falando por que estão falando, mas isso não resolve. Temos de resolver isso, reunindo-nos, debatendo, fazendo uma sessão em que vamos analisar a questão e ver o que é melhor. Senão, vamos levar. Se alguém acha que, entrando em recesso amanhã e voltando em agosto, muda algo, digo que não muda, Sr. Presidente. Há aquela tese de que, “em época de muda, passarinho não canta”. Se há crise, fica com a boca calada, não fala, deixa passar a crise, porque vem outra, e se esquece de tudo - dizem que essa é a tradição. Não temos memória e, não tendo memória, esquecemos tudo mesmo. Isso não vai acontecer dessa vez, não! Entramos num plano...

(Interrupção do som.)

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - ...incluindo a dignidade de marcar, porque, em agosto, vai ficar tudo igual e piorado. Pode até haver outras crises, mas fica piorado.

            Então, na imprensa colocaram até... Eu não vi, não vi! Ontem, houve um longo debate levantado pelo Senador Alvaro Dias, em que todos debateram, e não vi ninguém falando que quer trocar o esquecimento da coisa pela CPI, que, criando-se a CPI, seria esquecido aquilo. Mas a imprensa só está falando nisso. A imprensa só está falando que está havendo uma troca: esfria-se a CPI, e se vai adiante em cima dos casos, ou o contrário, esquece-se dessa questão, e vamos cuidar da CPI. Não vi isso, sinceramente. Mas quem vê a imprensa sabe que é só o que se fala. Só se fala que está havendo um troca-troca: CPI da Petrobras com o silêncio no caso das coisas que estão acontecendo.

            O mais grave é que não temos credibilidade, Sr. Presidente. Perdemos a credibilidade. V. Exª, Sr. Presidente, tem honrado este Parlamento. Com sua atuação, V. Exª mudou esta Casa e entrou para a história. Estou aqui há trinta anos e nunca vi nada. O máximo que aconteceu foi, uma vez ou outra, prorrogarmos a sessão por uma ou duas horas, por causa da Ordem do Dia. Mas prorrogar a sessão, ir adiante e ficar aqui até às 22h30, todo mundo falando o tempo que quer, isso veio com V. Exª, que está tendo uma atuação importante.

            Não nos podemos esquecer de que quem criou a TV Senado foi o Senador Sarney. É uma das instituições mais importantes, mais significativas, que mudou a história da política deste País. Dependíamos de uma palavra da Rede Globo, do Jornal Nacional. Tudo que fazíamos não valia dois mil réis, pois nada acontecia. Hoje, o Jarbas vai lá e fala, e, no outro dia, todo mundo está debatendo, está analisando. Foi o Presidente Sarney que fez isso.

            Então, há atos altamente positivos do Presidente Sarney. Ninguém está querendo magoar o Presidente. Não estamos impondo a saída dele, dizendo “tu tens de sair”. Não é isso! Quem está dando essa imagem é o Lula, a partir do momento em que diz: “Não sai! Não deixo sair! Vou enquadrar o PT!”.

            O Líder do PT, Senador Aloizio Mercadante, falou com muita categoria e com competência, analisando essa questão: “Vamos discutir, vamos debater, vamos analisar”.

            Licencie-se, Presidente Sarney! Vamos ver a melhor maneira de conduzir essa questão. Aí vem alguém e diz: “Estão querendo dar um golpe e botar o Vice-Presidente. O PSDB quer ir para o Governo”. O Lula tem dito isso. Ninguém aqui pensa nisso, Sr. Presidente. Não acredito que o PSDB pense nisso, mas, se pensa, pensa sozinho, e isso não vai acontecer. Ninguém aqui pensa, a esta altura, em fazer um ridículo desses. Garanto, garanto que isso não acontece! O problema da Vice vamos discutir. Até acho que, se acontecesse esse fato, a primeira coisa que deveríamos fazer seria designar a comissão para levar a questão para onde deve ser levada. Nem o Vice-Presidente nem quem quer que fosse teria coragem de fazer política desse tipo. Em segundo lugar, se for o caso de analisar, vamos analisar até a permanência do Primeiro Vice, mas não dizer que alguém está querendo dar golpe. Eu, Pedro Simon, estou embarcando numa canoa dessas por causa do PSDB, para dar a Presidência para o PSDB?!

            Digo com todas as letras, Sr. Presidente: tenho muito carinho pela candidatura da Ministra Dilma. Acho que ela mudou o Governo do PT. Um era o Governo do PT com o anterior Secretário e Diretor, Chefe da Casa Civil, quando falávamos no impeachment do Lula, e outro é o PT de hoje, com essa credibilidade toda. Pode haver mil coisas da Petrobras, onde quer que estejam, mas não com a presença da Chefe da Casa Civil.

            Ninguém quer aqui fazer isso, Sr. Presidente. Ninguém quer aqui fazer isso! Por isso, digo: Presidente Sarney, que Deus o escute! Vi na televisão, no domingo à noite, S. Exª assistir à missa com o Cardeal. E rezei ali: “Que Deus o oriente, que Deus o esclareça!”.

            Dá para ver o sentimento de profunda mágoa do Presidente Sarney. Graças a Deus, a operação da filha dele foi muito bem-sucedida. Essa é uma grande angústia dele, pois são quase trinta cirurgias, mas ele agora tem essa outra mágoa. Vê-se no estado de espírito e no físico dele que ele está profundamente magoado.

            Não deveria ser assim, Sr. Presidente. Se ele tiver o gesto de falar, de assumir e de fazer, ele vai somar muito para ele e para nós. Em primeiro lugar, ele nos tira dessa posição de estarem olhando para nós, achando que alguém está querendo dar um golpe em alguém, o que não existe. Em segundo lugar, ele demonstra com grandeza absoluta que ele não tem preocupação alguma. Aliás, no momento em que ele escreve um ofício para o Ministro da Justiça, pedindo que a Polícia Federal interfira, dando carta branca para que a Polícia interfira no Senado e em tudo que aqui existe, isso se dá por que ele está tranquilo com relação a isso.

            Concedo o aparte ao Senador Suplicy.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Se me permite, devo dizer que V. Exª, Senador Pedro Simon, hoje, fala não apenas como um colega de Partido, como um amigo em muitas ocasiões do Senador José Sarney. Sou testemunha das ocasiões em que ambos tiveram também divergências, mas V. Exª é o mais antigo companheiro dele, porque ambos são os que têm quatro mandatos. O Senador Marco Maciel também tem três mandatos, como eu.

            O Sr. Tião Viana (Bloco/PT - AC) - Sr. Presidente, só gostaria de receber um esclarecimento: quem está na tribuna? Esse é um aparte? O que é isso?

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - É um aparte.

            O Sr. Tião Viana (Bloco/PT - AC) - Só quero entender, Sr. Presidente.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - O Senador Pedro Simon é o orador inscrito.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - O Senador Pedro Simon sofreu uma cirurgia e está falando sentado.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - E a Mesa achou justo. A Mesa, vendo a sensibilidade de todos, achou justo que S. Exª tivesse a palavra, como anteriormente outros oradores a usaram.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - O Senador Tião Viana não havia se dado conta de que S. Exª é o orador neste instante e de que pedi um aparte.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - É a idade de 80 anos mais a doença. Espero que V. Exª nunca chegue a isso. Aos 80 anos, sim; à doença, não.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - O Senador Pedro Simon teve uma doença de menino, de jovem, e, portanto, está chegando a uma idade boa e vem com muita sabedoria. Não apenas como o mais antigo membro desta Casa - tem a mesma idade que o Senador José Sarney -, como colega de Partido, S. Exª fala aqui também com o sentimento de quem transmite ao amigo o que é melhor para ele próprio, como procurei fazer nesses últimos dias. Transmiti ontem ao Senador Pedro Simon - inclusive, eu o fiz pessoalmente, numa conversa aqui, neste mesmo lugar - que, talvez, isso fosse o melhor para ele. E ele, caro Pedro Simon, disse-me: “Acho que querem me humilhar, que querem me magoar, que querem fazer algo que não avalio como justo”. Disse isso, como se ele não estivesse nesses diversos episódios que foram retratados pela imprensa, que têm sido objeto de editoriais, que têm levado a um clamor popular. Inclusive, as pessoas estão nos dizendo em cada lugar, em São Paulo, em Brasília, onde for: “Vocês precisam tomar uma providência”. Tenho convicção e disse ao Senador José Sarney, caro Pedro Simon, que, na minha avaliação, esses episódios são todos possíveis de ser inteiramente esclarecidos. E será melhor para o Presidente José Sarney, se eles forem esclarecidos com uma determinação muito forte da parte dele e de todos os que vamos ajudar a apurar esses episódios. Mas, aí, vem o outro problema que é a questão - que V. Exª mencionou - do Presidente Lula. “Ah, como vai acontecer, o que vai ficar no Senado com um Senador da Oposição Presidente por esse período de suspensão?” E eu, ontem, tive a oportunidade de conversar com o próprio Senador Marconi Perillo, que me disse, conforme V. Exª agora também o disse, que ele garante que, durante esse período, ele irá... Primeiro, ele não pede ao Senador José Sarney para sair da Presidência, mas ele garante que terá um procedimento republicano. Nesse período em que todos estivermos de acordo com essa licença respeitosa, com esse caráter respeitoso e construtivo da parte de todos no Senado, para melhorar a condição no Senado e apurar e melhorar a própria imagem, hoje, do Senador José Sarney, que ele não usará esse interregno para se aproveitar e fazer ações, digamos, contra o Governo do Presidente, como se fosse um Presidente da Oposição. E ele disse que gostaria, inclusive, de transmitir uma palavra, nesse sentido, ao próprio Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Então, eu também quero transmitir que essa foi uma preocupação real. Mas eu reitero, meu caro Senador Pedro Simon, peço que V. Exª preste atenção nas palavras que o Senador Aloizio Mercadante pronunciará daqui a instantes, porque não houve um caráter de qualquer enquadramento da Bancada por parte do Presidente Lula. Mas essa parte o Senador Aloizio Mercadante vai colocar com a clareza que se faz necessária. Muito obrigado.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Aliás, Senador Aloizio Mercadante, eu ouvi, com muito respeito, lá no hospital, o pronunciamento de V. Exª. Achei que foi um pronunciamento realmente muito corajoso e muito firme. Eu acho que V. Exª disse as coisas que deveriam ser ditas. Quando V. Exª reuniu a Bancada e levou aquela proposta, aquela idéia, V. Exª fez algo altissimamente positivo. E acho que, quando V. Exª reuniu novamente a Bancada, eu não sei qual foi a decisão porque eu já estava falando quando decidiram, mas eu confio muito na decisão da Bancada do PT e confio muito na atuação de V. Exª. V. Exª deve estar sofrendo porque, de modo especial de todos nós, a imprensa de São Paulo tem dado um carinho especial a V. Exª, querendo analisá-lo no sentido de que o PT de hoje não é o PT de ontem. E V. Exª usou uma frase na tribuna - eu acho que ela foi correta, mas a imprensa interpretou-a mal: “Eu estou aqui para servir a governabilidade do Presidente Lula”. E a imprensa, em editoriais inclusive do Clóvis Rossi, argumentou que V. Exª está aqui para servir a democracia.

            Mas eu entendi a interpretação da palavra de V. Exª, e entendi no seu sentido exato. V. Exª estava... Porque a democracia é importante, mas a governabilidade é importante. Claro, e não é o pensamento de V. Exª nem o meu, que governabilidade é deixar os atos irresponsáveis acontecerem, as coisas erradas acontecerem e calar a boca em nome da governabilidade. Isso não. Agora, tentar manter a governabilidade, V. Exª tem razão.

            Com o maior prazer, Senador Cristovam.

            O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Senador Pedro Simon, o senhor lembrou, pouco tempo atrás, que começam a surgir opiniões, em número cada vez maior, de que o Senado seria uma Casa desnecessária, de que seria até, Senador Marco Maciel, um estorvo ao processo democrático. Essa ideia que está prevalecendo, a gente tem que levar em conta. De fato, hoje, há essa ideia. E eu vi quando o senhor defendeu a existência do Senado, que todos nós temos que defender, inclusive mostrando que, sem uma Casa como esta, o País deixará de ser uma Federação. O País transformar-se-á em apenas um território, onde os Estados maiores vão dominar completamente. É esta Casa que não apenas serve para rever decisões da Casa que realmente tem a representação proporcional, mas é aqui que somamos o País pelos seus Estados. Agora, nós não estamos colaborando para levar à opinião pública a ideia de que esta Casa é necessária. Nós não estamos mostrando que os erros que foram cometidos foram específicos e por pessoas específicas, embora com a omissão, a irresponsabilidade, a tolerância de todos nós, mas que tem nomes especiais. Isso aí, se a gente não conseguir mostrar, nós não vamos recuperar a credibilidade desta Casa e vamos ser surpreendidos, um dia, com ela deixando de existir. Nem precisa borrar o nome Senado da Constituição. Deixará de ser respeitada e, portanto, não existirá. E aí, Senador, dos pontos que o senhor levantou, o que acho que é novo em relação ao que se tem falado é essa ideia do recesso a partir de amanhã.

(Interrupção do som.)

            O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - O Senado sair em recesso agora é como ir de férias deixando a casa pegando fogo. É acreditar que o povo também vai de recesso com a gente, é acreditar que a imprensa vai cometer a irresponsabilidade de entrar de recesso também. Nós temos que esclarecer tudo o que está acontecendo. A sua ideia de que um dia o Presidente Sarney deveria chamar todos para estarmos aqui e dizermos tudo isso diante dele, e debatermos aqui uma hora, duas horas, três horas, dez horas, vinte horas, e descobrirmos onde estamos errando ainda, porque os erros não terminaram, enquanto não encontrarmos o caminho, isso é fundamental que a gente faça, e não entrar de recesso agora. Eu quero dizer para aqueles que falam que o Senado devia acabar que, um desses dias, um veio-me falar, eu disse: “Mas você está sentindo falta do Senador Simon, que, por uma questão de saúde, não está comparecendo. Sem o Senado, o Senador Simon não existiria como tal”. É graças a existir esta Casa que há pessoas como ele que aqui vêm falar e que, quando passa algum tempo que, por razões de família, aqui não vêm, a população sente falta. Então, entrar de recesso agora, Senador Simon, o senhor tem razão: é um processo de querer ir de férias deixando a casa pegando fogo e achando que os bombeiros virão. Não virão, vão jogar é gasolina em cima da casa. Temos que levar com responsabilidade os próximos dias. E aí eu estou de acordo também, Senador Simon, mais uma vez, com essa insistência de tantos de nós de que... O Presidente Sarney tem dado gestos interessantes, positivos de apuração, mas hoje a apuração de qualquer aspecto feita por ele, por mim, pelo senhor, Pedro Simon, não será levada em conta com credibilidade na opinião pública. Enquanto a Casa estiver sob a direção que nós estamos, mesmo que seja tudo correto como tem sido feito, sem uma licença por alguns dias, por algumas semanas, pelo tempo necessário, tudo aquilo que for apurado e que diga, corretamente, que não houve nenhum erro aqui, supondo que seja feito corretamente, pela Polícia Federal, pelo Ministério Público, por quem for, na opinião pública, não vai parecer, Senador Arthur Virgílio, como sendo a verdade. Mais uma vez, por isso, a ideia de o Presidente Sarney, de própria vontade, depois de todas as nossas reflexões, porque ninguém aqui tem direito de impor-lhe isso, ele dizer “eu vou querer apurar, como estou mandando, mas sem estar aqui para fazer e dirigir a apuração” seria positivo para ele, seria positivo para o Senado e seria positivo para o processo democrático. Eu espero que, com toda essa insistência que a gente vem fazendo, a gente termine conseguindo restabelecer a credibilidade, sem a qual não sobrevivemos, porque existe a política da força, que precisa de canhão para sobreviver, e a política da democracia, que precisa de credibilidade para sobreviver. Hoje estamos numa profunda crise de credibilidade. E não há dúvida de que, nesse caminho que a gente vai, inclusive saindo agora de férias, deixando a Casa pegando fogo, não vai melhorar a credibilidade da gente. Por isso, Senador Pedro Simon, bem-vindo aqui. O senhor estava fazendo falta, e a sua falta é prova de que o Senado é necessário.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Muito obrigado a V. Exª.

            Sr. Presidente, eu quero...

            O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Senador Pedro Simon, peço a V.Exª um aparte também.

            O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - Senador Pedro Simon, primeiramente, quero cumprimentá-lo pelo pronunciamento. Nós já estamos acostumados a ouvi-lo, identificando as aspirações das ruas. As ruas estão bravas conosco. V.Exª interpreta esse sentimento com muita competência. Eu creio que ficar apenas reivindicando do Presidente da Casa que renuncie ou que se afaste é inócuo, até porque todos nós sabemos que é ato de vontade unilateral a licença ou a renúncia. Há algo concreto. Há uma representação proposta por um partido político, o PSOL, que se encontra aguardando procedimentos. E o primeiro procedimento é a instalação do Conselho de Ética do Senado Federal. Este assunto tem que ser retirado do Plenário para o Conselho de Ética. Nós vamos ficar...

(Interrupção do som.)

            O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - Nós vamos ficar, indefinidamente, fazendo apelo ao Presidente Sarney e, indefinidamente, ficaremos na mesma situação, não teremos evolução alguma. Temos que ser mais objetivos, mais práticos. Acho que a falta de objetividade também nos desgasta. A repetição é desgastante. Por isso, cabe fazer aqui um apelo ao PMDB, partido que ainda não indicou seus representantes para o Conselho de Ética... 

            O Sr. Almeida Lima (PMDB - SE. Fora do microfone) - Já indicou.

            O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - O PMDB já indicou?

            O Sr. Almeida Lima (PMDB - SE. Fora do microfone) - Já indicou sim.

            O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - Então, o que falta para instalar o Conselho de Ética? Hoje, pela manhã, o Senador Cristovam sabe disso, nos informavam...

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP. Fora do microfone) - O PT também.

            O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - O PT já indicou também?

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP. Fora do microfone) - Já indicou.

            O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - Então, o que falta para instalar o Conselho de Ética?

            O Sr. Almeida Lima (PMDB - SE) - O PMDB reconduziu os mesmos nomes.

            O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - Então, eu faço um apelo agora ao Presidente Mão Santa que solicite à Secretaria da Mesa o documento para a leitura, indicando os nomes propostos pelos partidos para a composição do Conselho de Ética, a fim de que se possa instalar esse órgão. A ele cabe deliberar sobre o Presidente Sarney, se houve ou não quebra de decoro parlamentar. Há uma representação do PSOL e, me parece, uma denúncia do Senador Arthur Virgílio, que pode se transformar também em representação desde que acolhida pelo Conselho de Ética. Esse é o procedimento. Quanto às investigações, é evidente que o Senado está sob suspeita, e qualquer investigação interna ficará sob suspeição. Daí a importância daquilo que discutimos hoje num grupo de Senadores suprapartidariamente: a formulação de uma representação assinada pelos partidos políticos que se dispuserem a assiná-la, por entidades representativas da sociedade que se dispuserem a assiná-la e por personalidades nacionais que se sujeitarem também a assiná-la, encaminhando-a ao Ministério Público, com todos os indícios relevantes de irregularidades aqui praticadas, para que o Ministério Público possa instaurar os procedimentos, inaugurar a investigação judiciária e, ao final, se for o caso, responsabilizar civil e criminalmente os eventuais envolvidos em ilícitos praticados no Senado Federal. São medidas práticas definitivas. Alguém escreveu - ainda há pouco li - que isso é um recuo. Mas que recuo é esse? Essa é a medida mais forte que se pode adotar agora, nessas circunstâncias. Não há medida mais forte do que, se há questionamento sobre o Presidente da Casa, levá-lo ao Conselho de Ética, julgá-lo no Conselho de Ética; se há dúvida sobre as investigações procedidas no Senado Federal, que se convoque a instituição respeitada, autorizada e competente para propor, inclusive, a responsabilização. Uma auditoria externa pode se realizar, sim, paralelamente, mas ela é meio. Não alcança os objetivos finais da responsabilização civil e criminal, que só o Ministério Público pode alcançar. Portanto, não creio que isso possa ser recuo. Perdoem-me os que escreveram tratar-se de recuo, suspeitando, inclusive, da conduta dos que propuseram essa fórmula. Isso é avanço, não é recuo. A princípio, sequer se admitia a convocação do Ministério Público, a provocação do Ministério Público; sequer se admitia a convocação da Polícia Federal. É evidente que se o Ministério Público instaurar os procedimentos para investigação judiciária, ele estará também convocando a Polícia Federal para o aprofundamento das investigações. Aí, sim, proceder-se-á à quebra de sigilo bancário; aí proceder-se-á de forma judicialmente perfeita para se apurar responsabilidades e para se responsabilizar aqueles que eventualmente se envolveram em ilícitos praticados nesta Casa. Só dessa forma, creio, podemos superar essa crise e buscar reconquistar a credibilidade. Temos que preservar a instituição. Não podemos misturar as coisas. Não podemos sequer admitir que a instituição seja enxovalhada a pretexto de se condenar eventuais integrantes dela.

 (Interrupção de som.)

            O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - Senador Mão Santa, vou dar um aparte ao Pedro Simon já, já. Senador Mão Santa, só para concluir meu aparte, tenho acompanhado nos últimos dias aqui, no plenário do Senado Federal, horários ilimitados. Aqueles que abordavam a crise, no plenário do Senado Federal, tinham a tarde toda, a noite toda, poderiam invadir a madrugada e, se desejassem, poderiam pedir prorrogação. Então, por isso, estou à vontade, aparteando o ilustre Senador Pedro Simon. Até porque entendo que todos devemos ser iguais. Aliás, o Presidente Fernando Henrique Cardoso disse daquela tribuna ontem: “Todos são iguais perante a lei”. E repito aqui: todos somos iguais perante o Regimento da Casa. Se ele é rasgado para alguns, que seja rasgado para todos, ou que não se o rasgue para ninguém. Mas vou concluir, Senador Pedro Simon.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - O termo “rasgado” foi infeliz. Acho que V. Exª deveria dizer: se ele é tolerante para alguns, deve ser tolerante para os outros. Seria melhor.

            O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - Está certo, Senador Pedro Simon, está certo. É uma questão de estilo retórico. Eu gostaria de concluir, dizendo, então, que não há recuo nesse procedimento sugerido. É uma sugestão que um grupo de Senadores oferece aos partidos, às Lideranças desses partidos e aos Presidentes desses partidos, para que se possa organizar a reação contra a crise, em defesa desta instituição sagrada, onde estão alicerces básicos do Estado de Direito Democrático. Não podemos admitir a confusão entre nós, que somos transitórios aqui, que estamos de passagem, e a instituição, que é permanente, definitiva e insubstituível. Muito obrigado, Senador Pedro Simon.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - S. Exª levantou, Sr. Presidente, uma questão importante. Fico contente em saber que o PMDB já indicou os membros do Conselho de Ética. Na verdade...

            Senador Almeida Lima, o PMDB já indicou os membros do Conselho de Ética! 

            O Sr. Almeida Lima (PMDB - SE) - Sim, nobre Senador Pedro Simon, foi a informação a mim passada, ontem à tarde, pelo Líder Renan Calheiros, que reconduziu os mesmos nomes que lá estavam no mandato anterior, no ano passado. 

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Então, Sr. Presidente, só falta a leitura!

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Darei já a resposta. Estou pedindo à Secretaria da Mesa para informar exatamente como está. Em alguns minutos, responderei com exatidão.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Concordo com o Senador Alvaro. Pode até não ser por aí, mas fica sem graça não termos o Conselho de Ética consentido. Quer dizer, a primeira coisa que temos que fazer é consentir o Conselho de Ética. Depois vamos ver o que vai acontecer.

            Então, é uma boa informação essa que o Senador Alvaro levantou, mas o Senador Almeida Lima está dizendo que o PMDB e o PT já indicaram os membros para o Conselho de Ética. Essa parte está superada. Então, Sr. Presidente, digo com muita sinceridade: o ideal seria se a Mesa tivesse condições de reunir alguém, um grupo, para sairmos das interrogações, das frases bonitas, para as coisas objetivas. Por exemplo, ir à Procuradoria Geral e... assim como o Presidente Sarney mandou um ofício para o Ministro da Justiça pedindo para a Polícia Federal vir aqui - não sei se eu faria isso, mas ele fez -, muito mais importante seria a gente conseguir alguém na Procuradoria para coordenar essa questão. Acho que não se pode deixar isso para o 1º Secretário, que está fazendo um esforço importantíssimo, não há dúvida nenhuma, mas é uma missão muito delicada para ficar apenas nisso. Acho que estamos - não V. Exª, nós, os 81 - numa situação de tanta interrogação que tem que haver alguém que venha aqui. No momento em que dissermos: “Procurador-Geral, indique alguém, e que ele venha para acompanhar”, já estaremos dando um passo à frente muito importante.

            O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Senador Simon, antes de mais nada, folgo em vê-lo recuperado e pronto para retomar suas atividades com a eficiência e a eficácia de sempre. Eu ia exatamente falar da situação de ridículo em que se põe o próprio Senado, a demora em se reconstituir o Conselho de Ética. Acabei de conversar, Senador Heráclito Fortes, com o Dr. Haroldo. Tive dele a melhor impressão; ele me passou a impressão de um funcionário verdadeiro, um funcionário público aplicado, dedicado ao serviço público. Disse uma frase muito relevante: tudo o que ele fizer lá, ele o fará sabendo que será auditado. Presumo que seus antecessores estavam tão ciosos do poder que tinham e da longevidade desse poder, garantida pelo mesmo grupo de Senadores que lhes davam sustentação, que se esqueceram da figura da auditoria. Entendo que conversei agora com um funcionário público verdadeiro e pedi a ele para ver lá o tal bunker. Vi tudo. E pedi a ele que instalasse, como tem em tudo que é lugar da Casa, também naquele Anexo I, onde há o elevador privativo, porque não tem na Diretoria-Geral - fui ao quarto andar, também não tem; fui ao quarto andar aleatoriamente; mas, no terceiro andar, não tem -, uma câmera. E, hoje, o aparelho que serve ao gabinete do Dr. Haroldo não registra a entrada e saída de pessoas. Então, não tem. No corredor, tem; na antessala tem câmera, mas não tem na porta do elevador privativo, por onde, certamente, passavam as pessoas mais ligadas ao poder de então. Fui ver o tal bunker, que já está com outra face, com outra fisionomia. Era um esquema bem montado para a conexão de duas pessoas, enfim. E percebi a que ponto o Senado desceu! Fico muito feliz com esta sessão, porque eu estava ali, confesso, um pouco deprimido de falar sozinho. Parecia que esse assunto era proibido. Ontem mesmo, eu me queixava para alguns amigos de que, quando se falava em CPI de Petrobras, apareciam 40 pessoas muito valentes; e, quando se trata de discutir a questão da Casa, a impressão que me dá é a de que muita gente se encolhe, como se tivesse medo de ser o próximo noticiado, com alguma imbecilidade parecida com aquela que arguiram contra mim. Enfim. Fico feliz de ver que a Casa, então, está reagindo. Fiz a denúncia contra o Presidente Sarney no Conselho de Ética. Foi algo de caráter pessoal, porque não foi uma decisão partidária. Eu gostaria muito que virasse uma decisão partidária, mas, de qualquer maneira, fiz a denúncia. Outro partido fez por igual. Imagino que esse é o caminho. Ontem, eu estava vendo, Senador Simon, uma situação muito esdrúxula, porque nós, aqui, votando - e temos que votar - freneticamente, temos que fazer isso, e aquela ideia de que estava tudo normal, quando a gente sabe que não tem normalidade nenhuma. Nós não temos o direito de dizer que estamos normais. O Senado se rebaixando a ponto de nós imaginarmos que alguém pudesse ver normalidade em uma situação que ainda não está explicada... Se ainda não está explicada, não tem normalidade plena, enfim. Eu entendo que o justo seria o afastamento do Presidente Sarney pelo tempo necessário para que se fizesse essa investigação com toda isenção. Vejo muitas irregularidades, muitas coisas difíceis de serem entendidas. Vejo, por exemplo que, em vez de se fazer a sindicância, talvez tivesse sido melhor se ter instaurado logo um processo administrativo disciplinar, porque, Senador Simon, permitiria a suspensão dos diretores, até para não influenciarem... Não era punição ainda não, Senador Tasso, era para impedir que influenciassem o processo aqui dentro, que conversassem com quem quer que fosse. Ou seja, seria suspensão mesmo: “se afaste daqui”. Agora é que é possível se pensar em algo parecido, depois de muito tempo, a meu ver, perdido. O resultado é que, mais uma vez, mostrando a falta de autoridade da Presidência, o Sr. Agaciel Maia sai de licença-prêmio. Eu sou filho de uma funcionária pública. A minha mãe é professora, foi diretora do Instituto de Educação do Amazonas. Licença-prêmio era assim: trabalhava cinco anos e tinha direito a três meses de licença-prêmio. O nome está dizendo: era o prêmio a uma servidora dedicada, que, enfim, fizera por merecer aquilo. Soube que o Sr. Agaciel Maia saiu daqui protegido pela figura da licença-prêmio. Está, então, usufruindo da mesma benesse, do mesmo benefício que caberia a um funcionário aplicado, como me parece ser o Dr. Haroldo, por exemplo. Mas fico muito feliz em saber que a Casa toma esse assunto nas suas mãos. E essas atitudes que são coletivas fortalecem a idéia de que aqui vai haver uma mudança muito profunda. Eu já disse ao meu prezado amigo, Senador Tião Viana, que a mudança vai ser mais profunda do que se ele tivesse sido eleito. Se tivesse sido eleito, haveria mil contingenciamentos à sua atitude, haveria mil pedidos. O Presidente Lula iria ligar: “Não faça isso com fulano porque, afinal de contas, a nossa base não pode ser...

(Interrupção do som.)

            O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Presidente, haveria mil panos quentes, embora eu soubesse que a disposição do Senador era mudar. Mas o que seria a mudança? A demissão de Agaciel, jogando Agaciel para uma diretoria menor; tirava o Zoghbi da sua diretoria e jogava para uma diretoria menor. Ia ficar por aí. Aquela coisa que... No fundo, por mais que ele quisesse e que todos nós que estávamos com ele quiséssemos, as mudanças não seriam tão profundas como serão agora. Se eu posso fazer uma sociologia, uma análise sociológica deste momento que nós vivemos, eu chego a achar que a melhor coisa para o Senado foi mesmo a derrota do Senador Tião Viana e a vitória do Senador Sarney. A melhor coisa, porque o processo adquiriu uma velocidade tão grande que, agora, as mudanças serão, de fato, fortes; serão, de fato, estruturais; serão, de fato, profundas; não serão perfunctórias, não serão subalternas, serão enormes. É uma Casa que é mais do que sesquicentenária, que tem 180 de existência e uma experiência parlamentar extraordinária - é a terceira maior experiência parlamentar do mundo, se nós levarmos em conta que a Inglaterra é a primeira, os Estados Unidos são a segunda em funcionamento contínuo de Parlamento e o Brasil é a terceira; nós temos uma cultura parlamentar -, e chego a acreditar que o instinto de sobrevivência da Casa e mais o fato de a crise ter chegado ao ponto agudo - a gente tem que ir ao sentido grego da palavra “crise’; no grego, significa obstáculo, dificuldade, mas significa também oportunidade - vão nos obrigar a fazer mudanças muito profundas aqui dentro. Os costumes de todos mudarão para melhor e aqueles que forem incompatíveis não poderão permanecer. Os que puderem ter correção se corrigirão, os que forem incompatíveis não poderão permanecer. E volto a dizer a V. Exª que considero muito difícil, sinceramente, que os dois tenham feito aquilo sozinhos, sem cobertura qualquer de Senadores. Acho difícil, acho muito difícil. Então, quando a Comissão de Sindicância conclui que nada há contra Senador nenhum, acho que a gente começa a acreditar em Papai Noel, em história de fada, do boto que encanta as moças no interior do meu Estado, enfim, e as engravida. Entendo que a saída é a investigação séria, profunda, a reforma administrativa séria, profunda, e as mudanças todas que salvaguardem essa instituição, ainda que isso custe muito caro a esta geração de Senadores. Mas o que nos resta fazer neste mandato é todo sacrifício para que esta Casa se soerga, e que se soerga nas bases necessárias para recuperar a respeitabilidade e a credibilidade diante da Nação brasileira. Portanto, quero parabenizar V. Exª por ter retornado ao Congresso gozando de boa saúde e abordando um tema que motivou por tanto tempo seus colegas a aparteá-lo e discutir essa mesma questão. Eu estava estranhando, porque eu estava almoçando e vi V. Exª, sentado, falando. Eu ia dizer a V. Exª, brincando, que este seria o aparte mais longo da história do Parlamento. Depois é que eu soube que V. Exª, em função da recuperação da saúde, está discursando sentado, autorizado que foi pela Mesa. Mas o fato é que as mudanças serão profundas. Ninguém se iluda quanto a isso. As mudanças poderão ser ajudadas ou conduzidas por nós, ou elas serão feitas contra nós, mas as mudanças virão, porque, entre qualquer um de nós ou todos nós e o Senado, qualquer um de nós ou todos nós poderemos perecer, mas o Senado não, qualquer um de nós poderá ter sua carreira interrompida, mas o Senado não pode ter a sua trajetória de baluarte da democracia interrompida. Muito obrigado, Senador Simon.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Senador Pedro Simon, a Mesa já pode responder à dúvida do nosso Senador Alvaro Dias sobre o Conselho de Ética. Eu posso interrompê-lo...

            O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Quero um aparte também, Senador Pedro Simon.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Então, a informação da Drª Cláudia Lyra está aqui. O Presidente Sarney já reiterou várias vezes essa solicitação aqui que nós estamos...

            A composição do Conselho é quem está e quem está faltando. Vamos esclarecer a dúvida suscitada, oportuna e objetiva, do Senador Alvaro Dias.

            Bloco Parlamentar. PSDB está legalizado. Demóstenes Torres e Heráclito Fortes. Está incompleta, porque faltam os documentos que o Regimento exige. Adelmir Santana, o suplente, está legalizado...

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Senador Mão Santa, falta o documento de quem?

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - A Drª Claúdia Lyra diz que tem que apresentar um documento conforme estabelece a resolução. É declaração de bens... Tem que vir acompanhado do nome e as exigências: declaração de bens, declaração de atividades econômicas ou profissionais.

            Então, Adelmir Santana foi indicado e está incompleto.

            Os suplentes: Antonio Carlos Júnior está completo, a Deputada Rosalba Ciarlini e Maria Alves do Carmo Alves. Também está faltando.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Sr. Presidente, preciso de um esclarecimento: apenas no caso do Senador Adelmir Santana; quanto a mim, não?

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Está legalizado, eu disse. V. Exª está correto, completo.

            A Maioria, do PMDB...

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Do PSDB, Senador Mão Santa...

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Eu vou ler, deixa eu ler. Vamos ler ele todo.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - V. Exª está falando do Bloco.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Sim, do PSDB não recebemos ainda, Senador.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Mas eu mandei o meu e suponho que os demais Senadores... Comuniquei por escrito a cada um que fizesse a mesma coisa.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Pois nós vamos esclarecer. É bom!

            Maioria... Eu pedi a Wellington Salgado, que é o líder. Realmente, o nosso partido está em falta: tem os nomes, mas não tem a documentação exigida. Seriam: Wellington Salgado, Almeida Lima, Gilvam Borges e Leomar Quintanilha. Os suplentes: Valdir Raupp, Paulo Duque, Romero Jucá e...

            Então, V. Exª providencie as exigências da Mesa.

            Bloco de Apoio ao Governo: PT, PR, PSB...

            O Sr. Aloizio Mercadante (Bloco/PT - SP) - Sr. Presidente, sobre o Bloco de Apoio, os nomes que estão aí são os nomes que já estavam. Eu não sabia que vencia o mandato porque a Mesa foi renovada. Então, até amanhã cedo, encaminharei todos os nomes do Bloco.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Agradecemos essa sua decisão. Quer dizer que os nomes eu não preciso ler, não é? Não estão... Agora, tem aqui, no documento que está comigo, que um suplente, que é do Bloco, declinou formalmente da indicação. É o Inácio Arruda.

            Agora, PTB. Está correto. Foi indicado João Vicente Claudino.

            O Sr. Magno Malta (Bloco/PR - ES) - Pela ordem, Sr. Presidente.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Está faltando o suplente.

            Também o PDT está correto, mas falta o suplente: Jefferson Praia.

            E o PSDB, também, Arthur Virgílio, estamos providenciando.

            Agora, não tem pela ordem...

            Pedro Simon, V. Exª ainda está com a palavra. É o espírito da lei. Eu pensei que...

            O Sr. Magno Malta (Bloco/PR - ES) - Desculpe, Sr. Presidente, eu achei que estava encerrada a discussão do Pedro Simon.

            Desculpe, Senador Pedro.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Senador Salgado.

            O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Senador Pedro Simon, V. Exª realmente... Eu tenho algum posicionamento... É claro que a minha formação no Senado Federal deu-se, em grande parte, pelo exemplo que V. Exª me deu. Se quem passa pelo Senado não formar sua personalidade política nesta Casa, pegando de cada grande Senador uma parte, realmente não passou por esta Casa, não adquiriu conhecimento, não entendeu como é que esta Casa funciona. Neste meu aprimoramento político nesta Casa, oposição, situação, pontos contrários, eu venho formando a minha personalidade política, quando ouço V. Exª, quando ouço o Senador Arthur Virgílio. Adquiri, além de conhecimento, coragem para falar aquilo em que acredito. Quando hoje escutei o Senador Alvaro Dias, vi que foi o único Senador que pregou o Regimento Interno. Olha, muito bem, vamos encaminhar para o Conselho de Ética, está tudo feito, não há o que se discutir quanto ao posicionamento do Senador Alvaro. Não há; o Regimento Interno foi feito para isto: ser seguido. Cobrou a nomeação no Conselho de Ética, e você não tem argumento. Agora, Senador Pedro Simon, V. Exª sabe o carinho que tenho por V. Exª - carinho, não, porque carinho é uma coisa pessoal -, a admiração e o orgulho de pertencer a um partido que V. Exª fez e ajudou a fazer contra a ditadura e tudo mais. Agora, o que acontece? Eu venho formando a minha personalidade política em função de atitudes que acontecem com pessoas que sofrem atitude e, num momento mais à frente, praticam uma atitude diferente. Aí desperta em mim uma certa ansiedade e uma vontade de falar. Se eu não admirasse V. Exª e os demais Senadores, eu não falaria, eu ficaria calado, à noite ficaria sem dormir, como já fiquei duas semanas atrás, quando recebi um aparte de um Senador, e, por admiração, fiquei calado e fiquei umas duas noites rolando sem dormir. Mas veja bem: eu vejo o seguinte na colocação de V. Exª sobre o Presidente Sarney, na questão de afastamento do Presidente Sarney em função de apuração. E eu quero dizer o seguinte: quando eu faço a minha colocação, eu não estou simplesmente defendendo o Presidente Sarney por defender, não. Eu falo porque acredito no que estou falando. Por exemplo, quando o Presidente Sarney era Presidente, V. Exª, Ministro, surgiu um caso sério em que V. Exª não tinha nada que ver, que foi o caso da carne de Chernobyl no Rio Grande do Sul. Essa carne foi vendida para um empresário do Rio Grande do Sul, V. Exª era Ministro da Agricultura, e o Presidente Sarney, com confiança em V. Exª, sabendo que V. Exª não tinha nada a ver, como ficou provado, mandou apurar o caso, com V. Exª continuando como Ministro. Se eu estiver errado V. Exª me corrija para todo o Brasil. Mas assumiu e falou: “o Pedro Simon é o Pedro Simon. Ele não tem nada que ver com isso. A história dele mostra que ele não é um homem desse tipo. Isso está errado. Essa é uma acusação grosseira que estão fazendo ao Pedro Simon”. E, vamos dizer assim: bancou, como Presidente, V. Exª como Ministro. Levantou-se, apurou-se, demonstrou-se que V. Exª não tinha nada que ver com isso. Mas, em momento algum, o Presidente Sarney falou em afastamento de V. Exª. Se eu estiver errado, V. Exª me corrija para todo o Brasil. Essa é a informação que eu tenho, que a história me mostrou, que eu li e que eu vi. Eu achei que, naquele momento, o Presidente tinha mais confiança em V. Exª, na história que vocês dois tiveram juntos do que numa série de reportagens sobre o que estava acontecendo naquele momento da história. Então, Senador Pedro Simon, quando a gente vê uma posição, uma tomada de atitude... De um jeito foi tomado para com V. Exª e V. Exª prega o jeito contrário, aí realmente eu, para formar a minha personalidade política, tenho que tomar uma decisão. Mas, se a decisão fosse igual, era só eu juntar as duas, e era uma só. Mas não, eu chego num momento de decisão. Será quem está certo? O Senador Pedro Simon, que admiro? Ou será que está certo o Senador José Sarney, que é o meu Presidente neste momento, do meu Partido? Neste momento, eu vou ter que tomar uma decisão, formar minha personalidade política nesta Casa, mas tenho que tomar uma decisão, porque não há uma união das duas decisões. São decisões diferentes, e, agora, vejo-me numa situação de ter que saber qual é a decisão correta: aquela que o Presidente Sarney tomou naquele momento e que mostrou que V. Exª era inocente, e ele sabia que era. Ou a que V. Exª prega agora: o afastamento, em vez de seguir os caminhos regimentais, como prega o Senador Alvaro Dias. Essa é a minha posição.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Em primeiro lugar, não sei se estou ficando velho, acho que estou, mas não tenho a mínima idéia do que V. Exª está falando, não sei quem lhe deu a informação. Eu não tenho a mínima idéia, não sei o que é. Eu não sei. Eu passei pelo Ministério da Agricultura, tive muita honra, saí para ser candidato a Governador, disse várias vezes que muitas vezes fui ao Presidente levando coisas erradas do Ministério, e ele foi o primeiro a tomar as providências.

(Interrupção do som.)

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - O Presidente do IBDF... Quando apurações eu levei a ele, e ele, quase com lágrimas nos olhos, disse: mas isso foi uma indicação do próprio Tancredo. É um amigo meu o pai dele, membro da Academia Brasileira de Letras. Mas, na televisão, no Jornal Nacional, apareceu o Tancredo andando de barco com ele no rio Amazonas, convidando-o para trabalhar no Governo. Ele disse: “eu não, mas o meu filho, reitor da Universidade de Uberaba, pode ser”. Mas o Sarney afastou na mesma hora. Afastou na mesma hora.

            Agora, esse fato a que V. Exª está se referindo, eu não sei. A única coisa que eu tive, com relação a mim no Ministério da Agricultura, foi quando assumi. O Estadão, o jornal de São Paulo, na sua capa na seção de Agricultura, colocou o enterro, um caixão, o defunto era eu, com as velas, dizendo: Pedro Simon, Ministro da Agricultura, não sabe distinguir um abacaxi de uma melancia. Dia de luto para o Brasil. Isso eu tive. Mas, fora isso, não tive nada, absolutamente, posso garantir que não tive nada.

            Agora, a diferença entre mim e V. Exª é que V. Exª não está se dando conta do seguinte: V. Exª está apaixonado por uma tese e fica nela. Eu, quando proponho que o Presidente Sarney se afaste, não estou levantando nenhuma dúvida, nenhuma crítica, nenhuma acusação, nenhuma interrogação. Eu apenas acho que, como diz o filósofo, o homem é ele e as suas circunstâncias. E as circunstâncias é o fato de que estamos vivendo essa época cruel, dramática que o Senado todo está vivendo. E eu disse, quando comecei meu discurso: “de todos que estão aqui, eu sou o mais velho e o mais antigo. Sou um grande responsável. E, depois de mim, o Presidente Sarney, alguns meses mais moço”.

             Ele é um pouco mais responsável do que eu porque ele foi três vezes Presidente e foi quem indicou o Diretor-Geral.

            Então, eu acho...

(Interrupção do som.)

            do Presidente Sarney é ele se licenciar, porque ele, licenciando-se, daria um demonstração, como deu, terminei dizendo aqui, no momento em que ele mandou um ofício para o Ministro da Justiça pedindo para a Polícia Federal intervir aqui, ele está demonstrando que não tem preocupação com nada, que não tem preocupação com nada nesse sentido.

            Agora, que a imprensa, que o diário, que as milhares de manifestações que nós estamos recebendo, ridicularizam nós todos, dizendo que as nossas apurações são para nada, são de mentirinha, não vão dar em nada, aí o que estou dizendo. Quando estou propondo ao Presidente Sarney, eu não estou tendo uma diferença... V. Exª está tendo tanto apreço quanto eu, desculpe-me a sinceridade, eu com 40 anos a mais de experiência que V. Exª. Eu diria mais: que estou sendo mais leal ao Presidente Sarney e preocupado mais com a biografia dele do que V. Exª. Não que V. Exª não queira, mas está errado, porque no momento...

            O SR. PRESIDENTE (José Sarney. PMDB - AP) - Senador Pedro Simon.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - É muito mais importante ter a grandeza de sair, ver e voltar sob aplauso amanhã do que dizer que está aqui porque o Presidente Lula pediu, e nós não temos coragem de falar.

            O SR. PRESIDENTE (José Sarney. PMDB - AP) - Peço a V. Exª para concluir o seu discurso.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Como?

            O SR. PRESIDENTE (José Sarney. PMDB - AP) - Peço a V. Exª para concluir o seu discurso, porque temos que começar a Ordem do Dia.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Eu posso discutir com o Presidente Mão Santa. Com V. Exª, com essa determinação, encerro. Muito obrigado.

 

            


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/07/2009 - Página 30987