Discurso durante a 117ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem pelo transcurso dos 15 anos do Plano Real.

Autor
João Tenório (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AL)
Nome completo: João Evangelista da Costa Tenório
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • Homenagem pelo transcurso dos 15 anos do Plano Real.
Publicação
Publicação no DSF de 10/07/2009 - Página 31445
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO, PLANO, REAL, COMEMORAÇÃO, ESTABILIDADE, ECONOMIA NACIONAL, CONTROLE, INFLAÇÃO, REGISTRO, DADOS, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE), SUPERIORIDADE, BENEFICIO, POPULAÇÃO, BAIXA RENDA, EFEITO, REVERSÃO, PROCESSO, CONCENTRAÇÃO DE RENDA, ELOGIO, GESTÃO, GOVERNO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, MODERNIZAÇÃO, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, PROMOÇÃO, REFORMA ADMINISTRATIVA, REFORMULAÇÃO, PREVIDENCIA SOCIAL, CRIAÇÃO, AGENCIA NACIONAL, REGULAMENTAÇÃO, SERVIÇO PUBLICO, RENEGOCIAÇÃO, DIVIDA PUBLICA, ESTADOS, AJUSTE FISCAL, APROVAÇÃO, LEGISLAÇÃO, RESPONSABILIDADE, NATUREZA FISCAL, PROGRAMA DE ESTIMULO A REESTRUTURAÇÃO E AO FORTALECIMENTO AO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (PROER), DEFINIÇÃO, SUPERAVIT, POLITICA CAMBIAL, AUTONOMIA, OPERAÇÃO, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN).
  • ANALISE, PLANEJAMENTO, CRESCIMENTO ECONOMICO, BRASIL, NECESSIDADE, REDUÇÃO, JUROS, CARGA, TRIBUTAÇÃO, RECUPERAÇÃO, AREA, INFRAESTRUTURA, CONTROLE, GASTOS PUBLICOS, AMPLIAÇÃO, PROCESSO, REFORMULAÇÃO, MODERNIZAÇÃO, PRESERVAÇÃO, VITORIA, ESTABILIDADE, ECONOMIA.

            O SR. JOÃO TENÓRIO (PSDB - AL. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, há pouco mais de uma semana, o Plano Real completou 15 anos de existência. O povo brasileiro pode celebrar uma década e meia de controle eficiente da inflação. E a economia nacional pode festejar o estabelecimento de um marco histórico no que se refere à sua organização e funcionamento.

            Se no início da década de 80, a principal demanda nacional era a redemocratização, com o fim do regime militar o maior desafio do país passou a ser o combate à hiperinflação.

            O Plano Real foi o sétimo plano em uma série de tentativas de organizar a economia nacional e resultou sendo a única bem sucedida em controlar a inflação.

            Em dezembro de 1993, ano em que foi iniciado o programa de estabilização econômica, a taxa de inflação medida pelo IBGE estava em 2.477,15% anuais. Uma década e meia depois, em dezembro de 2008, a taxa era de 5,9%.

            Nesse período de 15 anos, a inflação acumulada no Brasil foi de 244% - menos de 10% dos 2.477% registrados em 1993. Para se ter uma ideia, nos 14 anos e meio anteriores ao programa - de janeiro de 1980 a julho de 1994 - a inflação no país pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE foi de 11.252.275.628.119% (11 trilhões, 252 bilhões, 275 milhões, 628 mil, 119%).

            A vitória sobre a hiperinflação crônica que assolava a economia nacional por décadas representa um ganho extraordinário principalmente para as camadas mais desfavorecidas da sociedade brasileira.

            Muito se fala, e com razão, dos programas sociais deste Governo e do anterior, como o Bolsa Escola ou o Bolsa Família, mas é inegável que o princípio desse processo de redistribuição ou desconcentração de renda se dá por meio do sucesso do Plano Real. Afinal, a inflação descontrolada corroía a renda daqueles que não tinham acesso aos mecanismos de defesa monetária, ou seja, a parcela mais pobre da população.

            A hiperinflação respondia também pela absoluta impossibilidade de planejamento no País, o que repercutia gravemente no setor produtivo nacional.

            O lançamento do real catapultou o Brasil a um novo patamar de desenvolvimento. Com o real, os brasileiros redescobriram o valor do dinheiro e das coisas. Passaram a planejar seu presente e seu futuro. Elevaram seu padrão de renda e bem-estar.

            A economia ganhou um arcabouço mais nítido e moderno, e aqui vale registrar as medidas anteriores à criação da nova moeda, mas sobretudo ressaltar o que foi realizado posteriormente. Até porque o êxito do Plano Real se deve em muito à sustentabilidade fiscal adquirida a partir de medidas fundamentais implementadas pelo governo passado, sendo muitas delas impopulares e fortemente combatidas pelo partido que administra o país hoje.

            Cumpre destacar algumas dessas medidas, tais como as privatizações, as reformas administrativa e da previdência e a criação das agências reguladoras. Todas inseridas na política econômica que corroborava o Plano Real.

            Maior destaque ainda merece a renegociação das dívidas estaduais, medida difícil e onerosa para o cofre da União, porém fundamental para o sucesso do Real. E enfim, após ajuste, e como conclusão deste processo exitoso de controle fiscal, temos a aprovação do que considero a legislação mais importante surgida na última década neste país: a Lei de Responsabilidade Fiscal, festejada hoje por todos, combatida à época por alguns.

            Nestes tempos de crise financeira internacional, não podemos nos esquecer do saneamento do sistema financeiro, o chamado Proer, um dos principais responsáveis pela situação relativamente confortável que o País atravessa, mesmo neste período de crise. Aliás, convém registrar que grande parte do que foi apresentado pelo governo Barack Obama como solução para o sistema financeiro norte-americano é exatamente igual ao que foi feito no Brasil há cerca de uma década.

            E, por fim, não menos importantes, nesta trajetória bem sucedida de ações e medidas fudamentais ao Plano Real, a opção pelo sistema de metas de inflação e pela definição do superávit primário; o câmbio flutuante e para viabilizar tudo isso, de forma inequívoca, a autonomia operacional do Banco Central.

            Como já foi dito por muitos, a agenda do crescimento é um prolongamento natural da agenda da estabilização. E assim estava sendo até o início da crise, e deverá voltar a ser após o fim da mesma. Todavia, esta nova etapa impõe novos desafios, e o ritmo de crescimento que a economia nacional voltará a ter depende fundamentalmente de novas medidas de responsabilidade e comprometimento com o futuro.

            Para dar um novo salto e se equiparar a economias ainda mais pujantes como a chinesa, no entanto, o Brasil ainda precisará avançar muito. Com juros de um dígito, o Brasil terá a chance de resgatar a área de infraestrutura que vem demonstrando seu esgotamento em vários setores. Lembremos a crise dos aeroportos. Há gargalos também nas rodovias, ferrovias, portos, energia e saneamento.

            Além disso, o país também precisa reduzir a carga tributária - uma das maiores do mundo. Para isso, terá de reduzir gastos públicos com funcionalismo, desinchar a máquina estatal e apostar em reformas. Em uma nova reforma da previdência, em uma nova reforma administrativa, que dê maior racionalidade ao funcionamento do Estado, em uma reforma tributária, na reforma trabalhista, e certamente na reforma fiscal.

            O fato é que as reformas a serem feitas não podem se restringir apenas ao equilíbrio fiscal, mas, abranger as empresas de forma a ampliar a formação bruta do capital fixo do setor privado via redução das taxas de juros e pela não absorção total dos recursos da poupança pelo setor público.

            A estabilidade econômica do Brasil é certamente uma vitória de todos os brasileiros, mas é inegável que foi o PSDB, através do ex-Ministro da Fazenda e ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, que lançou as bases da sustentabilidade econômica e financeira.

            A condução da economia do governo anterior, ou seja, a condução do Plano Real mostrou-se tão eficiente e correta que o principal opositor de todo esse processo, o Partido dos Trabalhadores, quando alçado à responsabilidade de governar o País, não teve outra alternativa senão dar continuidade à mesma política. Felizmente, para o Brasil e para a democracia nacional, o Presidente Lula mudou o discurso contrário do passado para ações de continuidade no presente.

            Os desafios para o futuro estão aí, mas, o êxito do Plano Real é uma conquista inquestionável. A partir do Real a sociedade brasileira atingiu um nível de maturidade que atualmente exige de qualquer governante um mínimo de responsabilidade fiscal e estabilidade econômica.

            Graças ao sucesso do Plano Real, é possível afirmar que, independentemente de quem seja o próximo Presidente da República, o compromisso com a disciplina monetária e fiscal será uma obrigação.

            Afinal, depois de 15 anos, já são milhões de adolescentes neste País que não conheceram o flagelo e as agruras da hiperinflação. Algo que para muitos de nós, no início da década de 90, era certamente impensável!

            Era o que eu tinha a dizer.

            Muito obrigado.

 

            


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/07/2009 - Página 31445