Discurso durante a 119ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Reflexão sobre as desigualdades sociais no Brasil. Considerações sobre os problemas nas áreas da saúde, segurança e educação.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO. ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL. HOMENAGEM.:
  • Reflexão sobre as desigualdades sociais no Brasil. Considerações sobre os problemas nas áreas da saúde, segurança e educação.
Aparteantes
Cristovam Buarque.
Publicação
Publicação no DSF de 14/07/2009 - Página 32017
Assunto
Outros > SENADO. ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL. HOMENAGEM.
Indexação
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, SENADO, PRESERVAÇÃO, DEMOCRACIA, COMBATE, CORRUPÇÃO, QUESTIONAMENTO, MANIPULAÇÃO, PESQUISA, OPINIÃO PUBLICA, REPUTAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CLASSE POLITICA.
  • LEITURA, TRECHO, NOTICIARIO, DENUNCIA, DEPUTADO ESTADUAL, IRREGULARIDADE, CONTRATO, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DO PIAUI (PI), RECEBIMENTO, AMEAÇA, CASSAÇÃO, MANDATO, APRESENTAÇÃO, DADOS, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE), SUPERIORIDADE, ANALFABETISMO, CRIANÇA, PRECARIEDADE, SEGURANÇA PUBLICA, CAPITAL DE ESTADO, MANIPULAÇÃO, OPINIÃO PUBLICA.
  • ELOGIO, CRIATIVIDADE, ADOLESCENTE, ESTADO DO PIAUI (PI), PRODUÇÃO, AUDIOVISUAL, DIVULGAÇÃO, INTERNET, INICIO, CARREIRA, ARTISTA.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Papaléo Paes, que preside esta sessão de segunda-feira, 13 de julho, parlamentes presentes, brasileiras e brasileiros aqui no plenário e que nos assistem pelo fabuloso sistema de comunicação do Senado.

            Senador Papaléo Paes, uso da palavra, neste instante, com a satisfação do cumprimento da minha missão.

            V. Exª falou muito firme, traduziu o que somos. V. Exª é um médico reconhecido e disse que o povo de sua cidade e de seu Estado mandou-o para cá, para representá-lo. Quero dizer que temos a satisfação do nosso compromisso.

            Segunda-feira, 13 de julho de 2009. Este Senado da República tem quase duzentos anos. Essa brincadeira começou na Inglaterra, quando Oliver Cromwell... Havia um Parlamento, parece-me que, em 1640, Carlos I mandou fechá-lo. E voltou intensamente o absolutismo, antes do grito do povo nas ruas da França. Isso foi em 1640.

            Oliver Cromwell, militarmente, consegue reunir forças e impor o Parlamento ao Rei. Ele não aceitou a Coroa; ficou como um Lorde, governando a Grã-Bretanha: a Inglaterra, a Escócia e a Irlanda. Mas, quando ele saiu, Carlos II reconheceu o Parlamento. Portanto, o Parlamento mais experiente é o da Inglaterra; vem de 1640. Lá, era uma democracia, em que Oliver Cromwell exigiu liberdade de religião, em um estado monárquico. Mas o Parlamento está acima dos reis. A lei está acima dos reis. A lei é igual para todos. A lei tem de ser obedecida. Aí é que começou em 1640. o deles é bem mais velho que o nosso Parlamento, que começou com Pedro I, que fez a primeira Constituição - dissolveu e tudo -, lá por volta de 1822, em 1823. Então, o que somos é baseado no modelo inglês, que foi a mãe do modelo americano.

            Temos de entender é que, neste Senado aqui, pode bater, pode bater a imprensa toda. Podem fazer, sobre mim e sobre o Papaléo, uma CPI. Na nossa cidade - o Prefeito não é do meu lado, é do Governo -, no Estado que eu governei e aqui, pode fazer uma CPI da nossa vida.

            Então, o que queremos dizer é o seguinte: este Parlamento que pega pancada é o único. É único! Essa democraciazinha que tem aqui no Brasil existe só porque a maioria daqui não se rendeu. Corromper... Nós fomos muito mais tentados do que Cristo a nos corrompermos pelos que estão aí. Nós somos a única força que garantiu a democracia de hoje. Não tem outra, não! Todas as instituições aí... Só aqui... Daí a pancada que nós estamos pegando. Porque nós sabemos e sabemos mesmo e entendemos. Um Senador tem de ser o pai da pátria - e assim eu me sinto. É um pai bom, um pai correto e um pai puro. Essa pancada toda é porque nós entendemos e não deixamos este País sair da democracia. Só fomos nós! As outras instituições... E eu vou já botar em e-mail, até no meu Estado, no Piauí. É aqui! Porque nós entendemos que nosso modelo, nossa civilização é essa! Democracia de cunho filosófico, que acredita no homem da Grécia; representativa. Evidentemente, que não podíamos ter! Lá, na Grécia, eles iam para a praça e falavam de cinco horas da manhã até meia-noite. Podia chegar orador depois da meia-noite, porque já tinha vinho e cerveja. Então, isso foi melhorado, passou pela Itália, a Itália do Renascimento, que fez o Senado. Ela é representativa. Nós somos o povo. Sou o povo.

            E um Partido que está no Governo, que já matou em São Paulo, rouba no Brasil todo e mente descaradamente, como é que não compra uma pesquisa desses gigolôs, empresários que só querem ganhar dinheiro?

            Essa é a verdade. Aí, bota... Olhem a incoerência. Eles são ignorantes - a ignorância é audaciosa. Nenhum deles consegue entrar aqui, porque aqui só entra gente com as pernas do estudo e do trabalho. Mas nessa foi. Eu nunca fiz um título de eleitor na minha vida, Papaléo Paes. Não sei nem como é - só o meu mesmo, quando era estudante universitário.

            Então, o Presidente está em todas as pesquisas, e os políticos estão lá embaixo. Eu faria uma pergunta - a ignorância é audaciosa: qual é a profissão do Luiz Inácio? Ele é torneiro? Ele é político. Ele não é o Presidente da República? Ele é o maior político do País e tem mais votos do que eu - por enquanto. Olhe a ignorância desses vendilhões aí da imprensa: “O Luiz Inácio é 100%”. Nem Jesus teve, vocês viram o Barrabás. Mas ele tem. E nós, políticos, o Senado... Que esculhambação é essa, vendilhões de pesquisa para o Governo? Quem paga é a Petrobras, o Banco do Brasil, o Banco do Nordeste e as multinacionais. O Luiz Inácio tem, e os políticos? Puxa, nós estamos pior que o Satanás nas pesquisas que eles soltam. E o Luiz Inácio não é político. O que ele é? Mostrem-me a carteira de trabalho dele.

            Mozarildo, o homem é presidente de sindicato, funda um Partido, o PT, foi Deputado Federal, passou por ali e disse que aquela Casa tinha trezentos picaretas. Ele nunca passou aqui para ver que o jogo é diferente. E ele não é político. E nós estamos desmoralizados.

            É tudo mentira nessas pesquisas. Ora, um grupo que mata... Lá em São Paulo, dizem que ele matou. Não sou de lá não, mas dizem que mataram muito, que roubam muito no Brasil todo e que mentem muito, não vão comprar uma pesquisazinha e falsear? Isso é pecado venial. Não é venial? Dizem que tem o mortal.

            Então, é o seguinte: aqui estamos no Senado, e este Senado melhorou muito no Brasil. Esse homem que está ali - Deus escreve certo por linhas tortas - foi perseguido. Ele libertou os escravos, aí a Princesa assinou, mas a lei foi ele que fez. Ele já tinha feito a Lei dos Sexagenários, a de 65 anos. Jogaram flores no Senado. Esse homem foi Ministro da Fazenda, mas aí, quando viu que os militares queriam continuar e vieram oferecer a ele de novo o Ministério, ele disse: “Estou fora. Não troco a trouxa de minhas convicções por um Ministério”. Civilista, candidatou-se para segurar a democracia. E ele foi perseguido pelo Marechal Floriano, o chamado “Marechal de Ferro”. Olha, este é que era duro, não era o Médici, não. E ele, tendo que fugir, exilou-se. Passando pela Argentina, foi morar lá na Inglaterra.

            Por isso que o nosso modelo é esse, porque esse homem aí exerceu tanta influência, tanta influência... Senador exilado. Então, ele morou lá, conviveu lá, aprendeu.

            Aquela Constituição monárquica, democrática, parlamentar, porque a lei era acima do rei e da rainha. Foi daí que veio este modelo. E os Estados Unidos, filhotes da Inglaterra, fizeram também como aqui. Esse negócio, olha, neste Senado, estou de passagem, eu estou...

            Papaléo, então o que eu tenho a dizer é que melhorou muito conosco! Vou dar exemplos. O primeiro Senado da República tinha 42. Mais de 20 - 21 ou 22 - eram ligados à lei, Professor Cristovam Buarque. Eu estou dando uma de professor, Professor. V. Exª é de economia, nós estamos fazendo a história política, democrática. Mais de vinte, Papaléo, eram da área do Direito. Atentai bem! Onde nós estamos. Dez eram militares, Duque de Caxias, Senador etc. e tal. Sete padres, a Igreja. No começo, só podia ser Senador se dissesse que era católico, senão, não era. Sete padres. Dois médicos e dois ligados ao campo ao meio rural, por isso que sofre... Mais de vinte da área do Direito. Por isso que este País é injusto. E eu posso dizer isso. Há mais de 180 anos eles fazem leis boas para eles mesmos. Quem predominou aqui foram os do Direito.

            Eu perguntaria a vocês, brasileiras e brasileiros, quanto ganha um desembargador, uma pessoa da área jurídica, quanto ganha uma professorinha, um aposentado, um médico, um engenheiro. Então, é essa desigualdade! Aqui é que tem que ser tirada e é aqui que se está tirando.

            Médico, por exemplo, havia três. Já melhorou: agora somos seis ao todo. Eram dois. Ao longo desses anos, olha como são difíceis as conquistas.

            Mas eu queria dizer: esta Casa existe para quê? Para fazer leis boas e justas. As leis que nós temos foram feitas aqui, esta democracia que respiramos, esta Constituição que vivemos foram feitas aqui. Todo mundo se lembra que Ulysses a beijou em 5 de outubro de 1988 e disse que desobedecer a Constituição é o mesmo que rasgar a bandeira do Brasil. Eu já vi isso, não dá certo. E, antes, Rui Barbosa havia dito que só há um caminho, uma salvação: a lei e a justiça. A lei é igual para todos. Então, é aqui!

            Esta Casa foi criada por Deus, não foi pelo cão, pelo satanás, como estão botando, não. Nós somos cristãos, filhos de Deus. A ignorância é que é audaciosa, e os vendilhões aí estão.

            Isso aqui se criou. Diz-se que um dos maiores líderes que Deus botou no mundo, Moisés, para libertar o seu povo, escravo... E Deus lhe deu, lá no Monte Sinai, as tábuas da Lei. Mas o povo desviou-se, não queria obedecer às leis. Ia para o bem-bom, adorar o bezerro de ouro. Então, Moisés enfureceu-se, quebrou as leis e ia desistir quando ouviu a voz de Deus: “busque os mais velhos, os mais sábios, eles o ajudarão a carregar o fardo do povo”.

            A Grécia melhorou, os filósofos, que não tinham religião; bem assim a Itália, a Inglaterra, a França, os Estados Unidos. E esse homem a implantou aqui. Lá, na Itália, um dos nossos dizia assim: “O Senado e o povo de Roma” - Cícero. Eu posso dizer, nós podemos dizer: “o Senado e o povo do Brasil”. Este País não entrou na linha de Cuba, da Venezuela, do Equador, da Bolívia, do Paraguai, da Nicarágua, porque nós não deixamos, porque não é nossa história, não é nossa tradição, a de nossos pais, da nossa luta. Só o Senado.

            Esse negócio de terceiro mandato, fomos nós... Nós entendemos que a mais bela construção da humanidade foi a democracia, uma construção do povo: liberdade, igualdade, fraternidade. Esses reis caíram; todos os reis. Esse grito levou cem anos para chegar aqui. Não caiu da Inglaterra, porque lá havia acontecido antes, e os reis lá se submeteram à lei. Assim quis Oliver Cromwell, um líder que fez o Parlamentarismo Monárquico, onde o direito é soberano.

            Então, nós estamos aqui com a satisfação do cumprimento da missão. Eu sei que querem destruir. E o Senado existe por uma razão muito simples. Nós temos essa visão. Bem aí eu vi, na Venezuela, o Chávez. E nós tivemos sorte. Eu não tenho nada contra o Luiz Inácio; eu até o acho agradável. Ele cumpriu a missão. Ele é o nosso Presidente! Não precisou McCain nos ensinar e dizer: “Barack Obama é o nosso Presidente”. Nós sempre o reconhecemos. Agora, o nosso Presidente tem que ser mais humilde.

            Este poder não tem o dinheiro. Quem tem dinheiro é o Poder Executivo. Tem o BNDES, o Banco do Brasil, Caixa Econômica, a Petrobras, onde há uma corrupção louca lá. A gasolina mais cara do mundo, que vocês pagam. A justiça ameaça, prende, cassa, multa, aterroriza. Aqui, não; mas nós somos mais. A inveja e a mágoa. Bem mais, bem mais! Aqui é a Casa da sabedoria. Está no livro de Deus: “Vale mais do que ouro e prata”.

            Esta Casa tem a seguinte finalidade: fazer leis boas e justas. As que temos aí, as que nós respiramos, foram feitas aqui.

            É para um controlar o outro. Nós podemos dizer, o povo fraquejado não pode. Mas nós somos o povo aqui, fortalecido, com a procuração de toda a Nação.

            Vou dar um exemplo para o Poder Judiciário, que eu acabei de alertar, poder meditar. Quando começou, o primeiro Senado tinha vinte deles. Só havia dois médicos, mas nenhum professor, agora que está chegando o Cristovam aqui, uns três, quatro. No primeiro Senador não tinha; tinha militares, padres.

            Então, um dos nossos teve a coragem de peitar o Judiciário. A outra função do Senado é fiscalizar: fiscalizar o Executivo e o outro Poder. Um dos nossos, Antonio Carlos Magalhães, fez uma CPI do Poder Judiciário. Isso é um instrumento de fiscalização. Esta Casa é para fiscalizar, e um dos instrumentos de fiscalização é a CPI. Quem de nós pode fazer? Vai logo preso, é multado. Mas ele fez, e como foi importante! Mostrou os “lalaus” da vida, a corrupção na construção dos prédios.

            E nós não estamos escapos, não. De repente, a democracia é dinâmica... Neste regime, eu não vou culpar ninguém, mas o Presidente, com a força que os Constituintes lhe deram de nomear a Corte Suprema, o Supremo Tribunal Federal... Isso não existe, sem concurso. Tem gente que o nosso Luiz Inácio nomeou de carteirinha, do PT, há mais de vinte anos incrustado. Ora, se eu sou fluminense, eu quero que o Vasco se lasque. É... Eu estou falando como psicólogo. Então, tem gente que nem sabe fazer o seu diagnóstico, incrustado no sangue, no corpo da perversidão: PT! E haja perseguir, tirar a honra de quem tem honra. É... O jogo é duro, tem que ter o equilíbrio. Não pense que melhorou, não.

            Por isso, nós não deixamos o PT tomar conta desta Casa. Por isso! O PT já tem o Poder Executivo, que é forte, tem muito dinheiro, são muitos aloprados. O Luiz Inácio mesmo disse. Foi ele que os chamou “aloprados”. Um exército de aloprados: 60 mil nomeados pela porta larga, sem concurso, ganhando R$10.548,00, quem tem DAS-6. Não todos, mas um DAS-6 é R$10.548,00. Quantos de vocês ganham isso?

            Então, são fortes. Com um Judiciário em que já nomeou... Porque a lei lhe permitiu. Não teve culpa. Mas foi feito para quatro anos; já se vão sete, oito, e vai para nove, onze. Se nós entregássemos isto aqui para o PT, seria melhor chamar o Hitler ou o Mussolini. L’ Etat c’est moi. Um rei! Ia ser o rei Luiz Inácio. E nós não temos nada contra ele. Mas isso aqui...

         Então, este Poder não podia ficar com o PT. Tudo! Ele teria os Três Poderes. A divisão do poder é que caracteriza, a alternância de poder. Vocês estão vendo aí os modelos: Cuba, Chávez. A primeira coisa que ele fez foi fechar o Senado. Juntou, diminuiu. Eu estive lá e, para entrar, como Senador do Brasil - ô, Cristovam! - tive que pedir permissão a um coronel. Aí me fiz de ingênuo para poder lhe contar isso. Lá havia. Fechou! Havia uns 400, diminuiu para uns 300; juntou, disse que era bom; colocou 290 do lado dele e uns 10 renitentes, como o Mão Santa. Mas está aí. Pode ser até o fim... Pode fazer o que quiser. Os outros foram rápidos: Equador, Bolívia, Paraguai, Nicarágua. Mas não é a nossa história.

         Este é o Senado da República, que procura fazer leis boas e justas, fiscalizar os contrapoderes muito fortes e fazer o que eu vi... Teotônio Vilela, na ditadura, aqui, dizia: “resistir falando e falar resistindo”. É o que nós estamos fazendo.

            Então, vamos. Lá no Piauí, onde governa o PT: “Escândalo: Deputado denuncia contratos de R$3 milhões do Governo do Piauí”. Mas o pior é que querem cassar o Deputado. Onde é que se quer chegar? Deputado lá do meu Estado. Não é do meu Partido, é do seu Partido, Senador Papaléo. Está aqui: Portal GP1.

“O deputado estadual Roncalli Paulo (PSDB) apresenta requerimento hoje na Assembléia Legislativa requerendo cópias dos contratos firmados entre a Agespisa, a Emgerpi, a Secretaria Estadual de Administração e a Secretaria Estadual de Saúde, com o escritório de advocacia Nogueira e Nogueira, de propriedade do coordenador da Central de Licitação do Estado, Alexandre Nogueira de Castro. Os contratos são superiores a R$3 milhões.”

            Mas o pior é que querem cassar o Deputado porque ele denunciou. Vejam onde querem chegar? Já pensou se o PT estivesse aqui? Não tenho nada contra o Tião, não - ele é até um dos seis médicos aqui -, mas não podíamos. Tinha que ser como está. Aí essa campanha toda.

            Então, estão querendo cassar. Para você ver. O Deputado faz uma denúncia...

            E aqui, também do GP1, de novo: “Piauí tem 27% de crianças analfabetas, aponta IBGE”. É o Governo do PT. Já disse uma vez e continuo rezando: três coisas a gente só faz uma vez na vida: nascer, morrer e votar no PT. Não é, Cristovam? Essa é a nossa reza. É a pior do Nordeste. E o GP1 tem aqui este portal: “Piauí tem 27% de crianças analfabetas”. É o Governo do PT.

            Agora queria dizer o seguinte, Papaléo: Zózimo Tavares. O Piauí sempre teve as melhores cabeças pensantes. O melhor Presidente desta Casa foi Petrônio Portella, por duas vezes. Não foi Presidente da República porque Deus não quis. Ele morreu. O Tancredo já estava combinado ser vice dele. Ô, Cristovam, olhe a história: ele me disse - o José de Freitas - que ele iria pelo PDS; Tancredo, pelo PP; e ganharia o PMDB no colégio eleitoral. Essa é a história. Petrônio Portella seria o Presidente, Tancredo seria o vice dele. Interessante que Deus chamou os dois, não é? Chamou um e depois chamou o outro. Mas Tancredo seria o vice de Petrônio. Eu aqui, menino, ele contava.

            Mas, naquela época, o maior jornalista... Ô, Cristovam, V. Exª conheceu pessoalmente Carlos Castello Branco? É do Piauí. Nós somos grandiosos, mesmo. Nós somos a melhor gente, eu vou provar aqui. Podem se enfurecer aí. Tudo é gente boa no Brasil, mas nós somos melhores. Eu vou provar. Ó, Mozarildo...

            O Zózimo Tavares... Eu acho que o Carlos Castello Branco - não tem esse negócio de espiritismo? - encarnou nele. Parece fisicamente. O Zózimo é mais simpático, mas parece. Ele é um grande jornalista, da Academia de Letras, escreve livros, é intelectual. Olhe o que ele diz aqui, o Zózimo Tavares. Não é qualquer um, não. Carlos Castello Branco foi o único jornalista que teve coragem, quando este Congresso era fechado, de falar pelo povo. Ele tinha a “Coluna de Castello”, não é verdade, professor Cristovam?

            Então, este aqui é o substituto dele: Zózimo Tavares. Mozarildo, atentai bem:

“A bancada do governo vem agindo de forma um tanto atabalhoada no Caso Emgerpi [uma subsecretaria cheia de roubos lá no Piauí]. Primeiro, queria que a principal acusada fosse à Assembléia Legislativa prestar esclarecimentos e que o denunciador não fosse. Depois, derrubou em plenário um requerimento da oposição solicitando proteção especial para o denunciante.

Quando a temperatura subiu, os petistas ameaçaram cassar o mandato do deputado Roncalli Paulo (PSDB) por quebra de decoro parlamentar. Na avaliação dos parlamentes do governo, o tucano fez acusações sem prova sobre o pagamento de propina a um dos principais auxiliares do governador Wellington Dias.

Soube-se que Roncalli avisou, através do secretário de governo, deputado Kleber Eulálio, e de outros governistas influentes aos quais tem acesso, que não disse tudo, ainda. O parlamentar alertou-lhes que tem mais munição, de grosso calibre, contra o governo. Publicamente, ele garantiu que não tem medo do processo de cassação: “O risco que corre o pau, corre o machado”. [É do seu partido, o PSDB.]

                   O deputado garantiu também: “Não temo absolutamente nada que venha do PT, porque entendo que não cometi crime algum. O que fiz foi levar ao conhecimento público uma informação que me foi repassada por um empresário. O exercício da função pública sujeita o indivíduo à fiscalização. O governo atual não quer ser fiscalizado. Não fiz acusação a ninguém. Pedi apenas que seja investigada uma denúncia da maior seriedade.

“Na minha opinião, quem tem que se retratar é o PT por todo o mal que fez e está fazendo ao povo do Piauí. Vamos em frente, porque esta é a nossa missão: fiscalizar, legislar e propor.’

         Há indícios de que a bancada do governo vai desistir de apresentar o pedido de cassação do mandato do deputado oposicionista por quebra de decoro parlamentar. O que houve? O PT está inclinado a refluir da sanção por que entendeu, finalmente, que o papel da oposição é fiscalizar ou ficou com medo de novas denúncias do parlamentar da oposição?”

            Esse é o melhor jornalista do Piauí.

                   O que eu queria dizer é que eu não acredito nessas pesquisas do Lula. Quem é o nosso Presidente? Presidente Luiz Inácio.

            Segurança. Quanto é que - é para falar com o Brasil - vocês me dão para a segurança, brasileiras e brasileiros? Segurança do País. Norberto Bobbio, Senador vitalício que a Itália tinha e morreu, o maior teórico, disse que o mínimo que se tem de exigir de um Governo é a segurança à vida, à liberdade e à propriedade.

            Brasileiras e brasileiros, qual a nota para a segurança do Brasil? Deem! Cada um pode julgar. Deem a nota! Deem a nota para a segurança deste País de bárbaros. Isso não é uma sociedade, isso é uma barbárie. Está aí. É isso. Deem a nota, eu não vou dar. Cada um dê.

            Educação. A esta aqui eu já dei. O Piauí tem um terço das crianças analfabetas. No Governo do Piauí.

            O Cristovam sabe de mais coisas sobre a educação no Brasil. Dê a nota, Cristovam, para a educação no Brasil. Professor, você só quer dar a nota nos outros, não quer...

            O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF. Fora do microfone.) - Três.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Três? Rapaz, ele está bom, danado, não é? Ele quer os votos, aqui, do PT. Três? Pois eu dou dois. Eu dou menos. Sim.

            E para a saúde, Mozarildo? Mozarildo, qual é a nota?

            “A saúde está muito boa para mim, Senador.” Tem hora que telefonam para a gente: “Você não quer ir a São Paulo?” “Fazer o quê?” “Não, vai fazer uns exames lá.”. Era assim aqui. “Rapaz, eu estou bom.”  “Não, mas vá!” Então, para quem tem plano de saúde, para quem tem dinheiro, a saúde está boa, mas para os pobrezinhos... Eu conheço, eu sou médico, hein, Papaléo? A consulta do SUS, de que o Mozarildo e o Papaléo falaram, é R$2,50. Uma consulta de um clínico que, às vezes, leva um dia todo examinando e não forma um diagnóstico. Tem uns casos fáceis, mas tem uns casos complicados, não é verdade? Dois e cinquenta.

            Quanto você dá para a saúde no Brasil? Para a do povo, não é para a nossa, não. (Pausa.)

            Dois!

            Papaléo? Acompanhou.

            O Cristovam deu três para a educação; eu dei dois.

            E a segurança? O povo brasileiro que dê. Mas eu vou dar aqui. Piauí! Olha aqui. Olha! Esse povo, esse povo administra, Papaléo, do tempo do Hitler. Aliás, atentai bem! Vocês se lembram que, uma vez, eu falei aqui de um livro do Hitler, Mein Kampf (Minha Luta). Aí, o Jefferson Perez, que já morreu e foi para o céu, disse: “O partido é nacionalista, nazista dos trabalhadores”. Tem até PT, o nome do Partido do Hitler. Aí, foi uma confusão e o Suplicy: “Rapaz, mas troque de galinha para galo”. E eu disse: “Mas, rapaz, o negócio é que a galinha é que põe ovos. Galo não põe ovos, como é que eu vou...? Daqui a 20 anos, vão ler esse discurso e vão dizer: ‘Está doido! Galo não põe ovo.’ O que fica é galinha mesmo.” E ficou “galinha cacarejadora”.

            Estão cacarejando aí. O partido de Hitler tinha isso. Eles chamavam de galinha cacarejadora. É o que nós chamamos de militante, de cabo eleitoral. Então, é só propaganda. Está no livro Mein Kampf (Minha Luta), de Hitler.

            Goebbels, o comunicador, dizia: “Uma mentira, se repetida, se torna verdade.” Mas não é, não. Mudaram as coisas, todo o mundo. Deu no que deu o negócio do Hitler. Deu no que deu, não é? Deu no que deu.

            Você já assistiu, Papaléo, ao O Diário de Anne Frank?

            Já leu, Cristovam, O Diário de Anne Frank, aquela que foi...? Ah, então você sabe no que deu.

            Mas vamos ver a violência. Olha, no Piauí: esta aqui é a avenida principal, Frei Serafim. É atrás da Igreja São Benedito. Eu tomei posse aqui. Aliás, tomei posse aqui, não, fui à missa. Ela é defronte ao Palácio. Você sabe, Cristovam, que vai sempre lá. Olha aqui.

            Esta é a melhor: “Aluga-se”. Sabe por quê? Eu conto o conto: “Irineu’s Photo fecha loja por causa da falta de segurança.” E eles mentem. Olha os descarados. Aí, porque é pessoa importante, é uma empresa tradicional, todo mundo tira fotografia no Ireneu, as noivas, os noivos, os bacanas... Ele fechou mesmo. Aí, para dar uma satisfação, eles mentem, mentem e mentem. Aí, publicaram, lá no jornal, que era isso e que já tinham pego os assaltantes.

            Aí, o Irineu, desses empresários arrojados e homem de vergonha do Piauí, foi lá. Irineu’s Photo. Olha aqui. Essa é do 180graus.

“Arma apontada na sua cabeça, pulo de quase oito metros de altura de dentro da própria loja e prejuízos irreparáveis, um atrás do outro, em um curto espaço de tempo. Foi o que passou o empresário Irineu Fernandes, dono de uma das mais conhecidas e tradicionais empresas do Piauí, a 'Irineu's Photo', que tinha oito sedes em Teresina(...) (Hoje, já diminuiu para a metade; fechou a metade, porque a metade é só roubo, assalto.)

Sexta-feira passada, dia 10 de julho de 2009, sua loja voltou a ser assaltada por bandidos fortemente armados, que lhe renderam dentro da loja da avenida Frei Serafim - a principal e mais bem localizada - e levaram (...) (muito dinheiro e todas as joias). Ainda na sexta-feira a noite, policiais do 1º DP (Centro de Teresina) haviam informado à imprensa que os bandidos haviam sido presos e o material roubado recuperado.

Olha, aqui, a loja. Rapaz, esses bichos são de alta periculosidade. Os bichinhos aqui, perto dos ladrões do PT, deviam ser soltos - se eu fosse Juiz.

Olha o que disse o empresário. Aí, ele foi ver, está ouvindo, Papaléo? “Oh, jornal, prendemos. Somos eficientes.” Aqui, as caras. O empresário foi lá, o que puseram o revólver assim nele. Olha o que diz. Isso é no Brasil todo. Isso que estou dizendo é em Teresina, porque é a minha capital, mas olha:

É balela. Não prenderam nenhum dos bandidos que realizou o assalto à minha loja. Nem me procuraram e nem nada. Eu soube pela imprensa que tinham encontrado os bandidos e as joias. Fui na delegacia e não reconheci nenhum dos bandidos. Eles estiveram na minha frente, apontando arma na minha cabeça. Saberia quem eram. A Polícia não achou nem bandido e nem as jóias roubadas da minha loja”, protestou.

Irineu Fernandes, em entrevista ao 180graus na manhã deste domingo (12/07), disse que cansou: vai fechar a sua principal loja, localizada na Frei Serafim."Coloquei a placa de 'aluga-se este imóvel. Tratar aqui'. Já chega! Não aguento mais. Tenho 36 anos atuando com minha loja no Estado, gerando receita. Mas agora já chega. Não aguento mais passar pelo que passei e estou alugando a minha loja. Não sei mais o que fazer”, desabafou.

O empresário, que é advogado e apaixonado por fotografia, disse que pensa até em mudar de ramo. Ele lembra de um outro assalto, em que passou pelo desespero de pular do prédio de sua loja para não morrer. ‘Este portal mesmo (lembrando matéria do 180graus) já publicou a outra vez que fui assaltado. Eles (bandidos) levaram tudo que era câmera digital e ainda me ameaçaram. Para não morrer, tive que pular lá de cima (...)

            “Aluga-se” - revoltado.

            Isso é a cena no Brasil todo. Então, um Governo em que a segurança, brasileiras e brasileiros, é uma barbárie... Isso não é sociedade civilizada.

            Está aqui: educação. O Professor Cristovam deu três e eu dei dois.

            Vamos desempatar, Papaléo? E você, quanto dá para a educação no Brasil? Dois. Diminuiu. Você está muito bondoso, generoso.

            Sim, e para a saúde também já foi dada.

            Mas eu quero dizer o seguinte, para terminar, porque eu não ia trazer só desgraceira: e tenho um negócio bom aqui.

            O Piauí, fomos nós que garantimos este Brasil grande. O Brasil ia se dividir. O norte seria o país do Maranhão e o sul ficaria com o filho de Dom João VI, português. Nós botamos os portugueses para fora. Nós!

            Rui Barbosa ganhou, em Teresina, a eleição.

“Stefhany faz sucesso com vídeo de produção caseira”. Ela é artista do Piauí e simboliza a grandeza do Piauí. É uma moça da cidade de Inhuma, que antes fazia parte de Valença, cidade de Petrônio Portella, e depois virou município. Ela tem 17 anos - você viu? - e é o maior sucesso artístico. Ela mesma foi para São Paulo - a mãe é artista -, comprou e fez esses negócios que bota na Internet - eu não sou bom de música, não. Mas ela deu show.

“Stefhany faz sucesso com vídeo de produção caseira. [Você viu a jovem piauiense?]

Piauiense de 17 anos vem sendo comparada ao fenômeno Susan Boyle

O nome dela é Stefhany Sousa. [Meu nome é Francisco de Moraes Souza.] Tem 17 anos, aparelho nos dentes e se ama. Se acha linda, absoluta. É caso raro de adolescente sem crise. Possui uma autoestima extraordinária. Aí reside a chave de seu sucesso. Stefhany não passava de uma menina de Picos, cidadezinha no interior do Piauí [é Inhuma; Picos é maior; Picos é a São Paulo do Piauí], que, como centenas de meninas nesse Brasil, acreditava em seu potencial físico e artístico. O que fez? Não esperou que uma fada madrinha a descobrisse por coincidência nos corredores de supermercado. Usou a tecnologia a seu favor. Gravou um vídeo caseiro da sua música de maior sucesso, Eu Sou Stefhany, uma versão de A Thousand Miles, de Vanessa Carlton, que ela ouviu no filme As Branquelas.

O clipe Absoluta mostra Stefhany cantando a música, se produzindo, pegando as chaves do carro e dirigindo sem destino pelas ruas empoeiradas de Inhuma, onde mora, no interior nordestino, enquanto entoa frases do tipo:

“No meu Cross Fox eu vou sair/ Vou dançar/ E me divertir”. Foi um estouro, virou fenômeno instantâneo na Internet com mais de um milhão de acessos no YouTube.

O mais recente capítulo dessa história foi mostrado no programa Caldeirão do Huck, do sábado 27 de junho. Sabendo que entre os sonhos de Stefhany estava cantar na Rede Globo e comprar seu próprio Cross Fox (o do clipe foi emprestado por um vizinho), o apresentador Luciano Huck montou toda a cena. Convidou a cantora para participar da atração, fez uma parceria com a Volkswagen e presenteou-a com um Cross Fox amarelo (a cor que ela queria) zerinho. O público delirou, e a fabricante de carros, satisfeitíssima com o Ibope, já anunciou que contratará Stefhany para cantar nas festas de final de ano da empresa.

- Eu sabia que chegaria lá - comemora Sthefany -. Sou linda. Absoluta.

A mãe da estrela, Nety França, uma ex-cantora de forró, também nunca duvidou do talento da filha. É sua maior incentivadora, quem costura suas roupas, escreve as letras das músicas, verifica os contratos e dirige os clipes. O enredo de Absoluta, aliás, foi ideia dela.

- Minha filha tinha ganhado um chifre do namorado e minha filha é guerreira, não pode ficar chorando pelos cantos. A música fala disso - contou ela ao jornal O Globo.

Ultimamente, Nety dedica-se também a driblar ofertas de revistas masculinas....

- Ela tem muitos fãs...”

            Então, quero dizer que a democracia nos permite...

            Concedo o aparte ao Professor Cristovam Buarque.

            O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Senador Mão Santa, o senhor me fez aqui a provocação de dar uma nota, e dei uma nota quase que intuitivamente.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Mas V. Exª deu uma nota aqui, em Brasília, não é?

            O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Não.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Porque, outro dia, lá no Piauí, havia dezenas e dezenas de escolas que não tinham nem água, nem banheiro. Faziam xixi e cocô lá no mato.

            O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Não. Eu dei uma nota média.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Na certa, é aqui em Brasília, que é a “ilha da fantasia” e poderosa, que ele deu três. Hein?

            O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Não. Aqui tem mais de três. Mas eu vou tentar explicar por que eu cheguei ao número três, embora, naquela hora, eu o fiz intuitivamente. Mas até que quando eu fiz uma reflexão eu vi que o meu número não está distante da realidade. Claro que no Brasil existem escolas com nota zero. Há lugares que a gente chama de escola o que não é escola. Aliás, uma trilha para a qual a gente deve caminhar, Senador Papaléo, é só chamar de escola o que de fato é escola. Ninguém chama de campo de futebol se só tiver uma barra, não é? Se não tiver as duas barras, não é campo de futebol. Mas no Brasil, se só houver um quadro negro em uma das salas e as outras forem sem quadro negro, chamam de escola. Não é escola obviamente. Na verdade, nem quadro negro só. Tem de haver outras coisas. Pois bem: eu fiz, aqui, uma pequena análise e cheguei, refletindo, ao mesmo número três. Não pedi para corrigir - eu ia pedir para corrigir; pedi para me explicar. Primeiro: como é que a gente dá nota 10 comparativamente com outros países? A gente dá nota 10 a países como Finlândia, como Coréia do Sul. São dois países que merecem nota 10. Depois eu vou dizer em que sentido merecem nota 10. Eu daria nota oito aos países da Europa Ocidental - França, Inglaterra, Alemanha. Não são 10. Os Estados Unidos, eu creio que já merecem uma nota sete a média das escolas. Algumas das melhores do mundo estão lá. Mas a média não é igual à da Europa. Eu creio que merecem nota cinco países como Argentina, Uruguai, México, Turquia. O Brasil estaria entre cinco e três, mas eu não daria quatro; eu daria três. E por que não abaixo? Porque há muitos países, os mais pobres do mundo, como na África mais pobre - a África do Sul, não; a África do Sul deve estar entre quatro ou cinco - mas, países muito pobres, como o Haiti e alguns países da América Central é possível que tenham dois ou até um. Então, reafirmo o número que dei intuitivamente - depois de fazer uma análise aqui -: três. E por quê? Como é que a gente chega a essas notas? Analisando, primeiro, o número de analfabetos. Os países que têm notas 10, 8, 7 têm zero de analfabetismo de adultos. Depois, o número dos que concluem o 2º Grau. Esses países também do bloco de cima, praticamente todos terminam o ensino médio. No Brasil, apenas um terço termina o ensino médio. Depois, a qualidade desse ensino médio. O nosso é muito deficiente. E, finalmente, eu diria, o índice de desigualdade. Quanto mais desigual a qualidade da escola, mais baixa deve ser a nota. Porque se todo mundo for sem escola, como a tribo indígena, tribo indígena das isoladas, não as que estão aculturadas, mas uma tribo indígena primitiva, primitiva, ninguém tem escola, mas todo mundo tem a não escola, então, todos estão iguais. No Brasil, um dos problemas mais sérios é a desigualdade. Não é só o fato de que a média seja baixa, é também o fato de que a desigualdade é grande. Por isso reafirmo a nota da escola brasileira, tomando a escola como um todo, eu daria três. Agora, há escolas no Brasil que merecem 10; há escolas no Brasil que merecem zero. Mas quando a gente soma as 200 mil escolas, os 45 milhões de meninos e meninas, os dois milhões de professores, eu creio que aí a nota que eu lhe respondi, em cima da bucha, como se diz, intuitivamente, sem uma reflexão, na verdade saiu da minha cabeça como fruto de uma reflexão antiga, porque quando fui olhar aqui, de fato, acho que é três a nota que merece o conjunto educacional brasileiro, sem deixar de dizer que algumas escolas merecem 10 e outras merecem zero. Mas a média, eu não dou mais de três.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Estou aqui com o livro “Os Melhores Discursos”, e Luther King, como V. Exª, disse: “Essa é a nossa esperança. É com essa fé que eu retorno ao Sul. Eu tenho um sonho”. Este três é o sonho de V. Exª se tivesse sido aprovado o piso para as professoras. Todas as professoras já estão ganhando o piso salarial, Professor Cristovam? Todas as professoras do Brasil já estão ganhando o piso? (Pausa.) Então, V. Exª está como Martin Luther King: “Eu tenho um sonho”. Ele sonhou um piso salarial ridículo de R$900,00, enquanto o .pessoal da área da Justiça ganha 30, 40 vezes mais. Eles não têm quarenta estômagos, e a professorinha um estômago. Então, aceito a nota de V. Exª que, como Martin Luther King, depois de três anos, morreu com este discurso: “Eu tenho um sonho”. É o sonho de V. Exª. O meu sonho é na democracia, que vai garantir a alternância no poder. Alternância no poder é uma riqueza da democracia no Piauí e no Brasil.

            Era o que tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/07/2009 - Página 32017