Discurso durante a 114ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Protesta contra a vergonha de não instalação da CPI da Petrobrás e da falta da seriedade dos líderes.

Autor
Sergio Guerra (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PE)
Nome completo: Severino Sérgio Estelita Guerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS).:
  • Protesta contra a vergonha de não instalação da CPI da Petrobrás e da falta da seriedade dos líderes.
Publicação
Publicação no DSF de 08/07/2009 - Página 30664
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS).
Indexação
  • REPUDIO, DECLARAÇÃO, LIDER, GOVERNO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), FALSIDADE, ALEGAÇÕES, RESPONSABILIDADE, INSTALAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), MANIPULAÇÃO, ADIAMENTO, PREJUIZO, REPUTAÇÃO, SENADO.

            O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, ao longo das últimas duas semanas tenho pessoalmente me empenhado junto a Senadores que inclusive são meus amigos de longa data para a instalação da CPI da Petrobas.

            O Senador Aloizio Mercadante, Líder importante, foi candidato a Governador do seu Estado, candidato a Vice-Presidente da República, me deu várias vezes a garantia de que ia instalar a CPI: uma, duas, três, quatro vezes. Infelizmente, dizia ele, não dependia dele, dependia do Senador Renan Calheiros.

            O Senador Renan Calheiros, que eu conheço há muito tempo, ex-Presidente desta Casa, companheiro, me deu a sua palavra várias vezes de que se dependesse dele a CPI já podia ser instalada. Era preciso ouvir o Senador Mercadante.

            O Senador Mercadante disse-me, depois, que não havia problema entre ele e o Senador Renan, mas havia problema com o Senador Romero Jucá, que, por sua vez, me disse que era preciso ouvir o Senador Mercadante, que, por sua vez, me disse que era preciso ouvir o Senador Renan.

            O Senador Romero cometeu hoje uma imprecisão extraordinária, ele disse que - alegando a iniciativa do Senador Alvaro Dias - era um caso de obstrução. Surrealismo puro. Não se pode fazer obstrução a uma comissão que não foi instalada. É uma figura absolutamente na contramão dos fatos, da realidade, das suposições e da lógica. Invenção, invenção.

            Sr. Presidente, temos que descobrir e resolver aqui, para não termos que resolver na justiça, desmoralizando ainda mais este Senado, se a minoria pode fazer CPI ou não pode - legal, aprovada pelo Plenário, com as assinaturas necessárias - porque está no jornal todo dia que não pode. Depois não se diga que - alegaram até - não queremos fazer, Senador Tasso.

            Nós sabemos quem não quer fazer a CPI da Petrobrás, e sabemos porque não quer. Eu estava essa semana no aeroporto do Rio de Janeiro, apareceu alguém e colocou em meu bolso uma denúncia com o nome de um operador e de um diretor da Petrobras que fazia negócios para ele. Esse é o ambiente interno da Petrobras. Foi um funcionário da Petrobras que colocou em meu bolso aquela denúncia. Isso é o que está acontecendo lá.

            E nós, aqui, estamos fazendo o quê? Tratando aqui de morder as nossas unhas, de arrancar os nossos dedos? E o nosso papel de Senado, está onde? E a Oposição vai fazer o quê? Desequilibrar o Senado mais ainda? Radicalizar aqui as posições? Estabelecer aqui um padrão de agressão insuportável?

            Ninguém pode ficar contra a parede desse jeito. Quando a palavra das pessoas não vale mais do que trinta minutos, ou então é brincadeira, não dá para levar nada a sério. E eu sou ponderado, sou absolutamente equilibrado. Acho que a crise do Senado não é o Presidente do Senado. Acho tudo isso, que é preciso uma grande reforma aqui, para que a gente tenha condições de se explicar lá fora. Mas não dá para funcionar com o Senado desse jeito. Perdoe-me o Senador Renan, perdoe-me o Senador Romero, perdoe-me o Senador Aloizio, mas não dá certo desse jeito. Não se pode tratar um assunto dessa seriedade dessa maneira: inventando alegações, estabelecendo falsas alegações.

            Eu já me empenhei aqui, reuni ali naquela sala, uma, duas, três, quatro vezes, Líderes dos partidos, todos. O Senador Gim Argello deveria estar citado também, porque, na última reunião, ele disse: hoje dá para instalar. Quando chegamos lá dentro, o Senador Mercadante disse: hoje não dá para instalar.

            Então, isso é uma brincadeira, é uma agressão ao bom senso, é uma radicalização sem precedentes aqui, que não nos leva de maneira nenhuma ao equilíbrio. Não se venha cobrar de ninguém equilíbrio e ponderação em um ambiente desses, porque esse é um ambiente que, rigorosamente, compromete a instituição.

            Se queremos transformar esse negócio aqui em uma Venezuela ou coisa parecida, o caminho é esse. É esse o caminho. Depois, não vão mais respeitar a oposição, vão começar a prender gente na rua, colocar a Polícia Federal atrás de pessoas e persegui-las. Não vão respeitar o Judiciário, respeitar mais ninguém. Esse é o caminho. E as pessoas estão fazendo isso achando graça. Achando graça! Disseram que a gente queria quebrar a Petrobras, privatizar a Petrobras. Calúnia! Calúnia! O Presidente da República do Brasil promoveu essa calúnia! 

            Como disse agora que a gente queria ganhar no tapetão a Presidência do Senado, quando nós nunca cuidamos disso e nem queremos a Presidência do Senado. A Presidência que nós queremos, como disse Arthur Virgílio, é outra, a do Presidente Lula. Essa é uma grande fraude. Se houver capacidade de indignação aqui para enfrentar isso, posso acreditar que o Senado melhore, senão não vai melhorar nada. Vai continuar esse ambiente aí que está nos vitimando todos os dias, vitimando o Presidente José Sarney, vitimando todos num processo de crescente desmoralização.

            Essa questão da CPI da Petrobras é uma vergonha. É uma vergonha! Estão querendo segurar ladrão lá. Não querem fiscalização nenhuma. Esses são os fatos.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/07/2009 - Página 30664