O SR. JARBAS VASCONCELOS (PMDB - PE. Pela ordem. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu concordo com V. Exª, nós estamos às vésperas do recesso e V. Exª está sendo claro, transparente e enérgico, no sentido de exigir as presenças dos Líderes nesta Casa para resolver o impasse.

            Sr. Presidente, eu venho hoje a esta tribuna para falar de um assunto que é de grande importância para o setor da pecuária de leite em todo o meu Estado de Pernambuco. Trata-se da praga da cochonilha do carmim, que vem devastando há uma década as plantações de palma forrageira no sertão e no agreste pernambucanos.

            É um discurso longo, Sr. Presidente. Eu faço todo um histórico da praga, que, como eu disse, há 10 anos, infelicita a pecuária do agreste e do sertão do semiárido. Faço um documento também descritivo sobre a praga e apresento, também, nesta oportunidade, um requerimento ao Ministro da Agricultura para as providências cabíveis.

            Eu pediria a V. Exª que acolhesse o meu pleito no sentido de dar como lido todo o meu pronunciamento.

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SEGUE, NA ÍNTEGRA, DISCURSO DO SR. SENADOR JARBAS VASCONCELOS.

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            O SR. JARBAS VASCONCELOS (PMDB - PE. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho hoje a esta tribuna para falar de um assunto que é de grande importância para o setor da pecuária de leite no meu Estado de Pernambuco. Trata-se da praga da cochonilha do carmim, que vem devastando há uma década as plantações de palma forrageira no Sertão e no Agreste pernambucanos.

            Para quem desconhece a cochonilha, se trata de um pequeno inseto originário do México e que é a principal base de um corante natural de cor vermelho escuro, utilizado em alimentos e também na produção de medicamentos e de roupas.

            O problema é que esse pequeno animal se alimenta da seiva de cactos, como é o caso da palma - utilizada em larga escala pelos criadores de gado leiteiro em todo o Nordeste.

            Há cerca de 11 anos, a cochonilha mexicana foi introduzida ilegalmente em Pernambuco, iniciando um processo de expansão pelo interior do meu Estado. O que era para ser uma alternativa econômica para pequenos produtos rurais se transformou numa praga que vem devastando as plantações de palma forrageira.

            O setor leiteiro é hoje um dos mais importantes da agropecuária de Pernambuco, com cerca de 470 mil vacas de ordenha e uma produção de 630 milhões de litros de leite por ano. A maior parte desse rebanho se encontra nas regiões do Sertão e do Agreste, que, juntas, representam 87% dos animais.

            A palma é a principal fonte de alimentação para o rebanho nordestino, seja ele bovino, caprino ou ovino. Essa forrageira ganhou espaço na Região porque é resistente ao Semiárido. É possível se colher até 400 toneladas de palma por hectare, a cada dois anos, dependendo da tecnologia empregada.

            Hoje, no Nordeste, a área plantada chega a 500 mil hectares, com Pernambuco respondendo por cerca de 30% desse total. Daí a gravidade da praga da cochonilha que ameaça dizimar essa que é uma das poucas riquezas dessa tão sofrida população do Semiárido nordestino.

            Recentemente estive participando de um encontro do PMDB no município de Garanhuns, localizado na microrregião de Itaparica e distante 229 quilômetros do Recife. Diversos criadores me procuraram para tratar desta praga e eu assumi o compromisso de trazer a questão aqui, à tribuna do Senado Federal.

            Durante o período em que estive à frente do Governo de Pernambuco, entre 1999 e 2006, empreendemos diversas iniciativas para combater a cochonilha, mas ela se apresentou mais resistente do que imaginavam os técnicos da Secretaria de Produção Rural. Por meio da Empresa Pernambucana de Pesquisas Agropecuárias, foram iniciadas ações de controle da praga.

            Outra medida efetiva tomada pela Secretaria de Produção Rural de Pernambuco foi o teste de variedades de palma mais resistentes, que começou a apresentar resultados positivos, com a distribuição das variedades de maior sucesso entre os produtores. Nosso Governo também realizou um cadastramento dos produtores do Sertão do Pajeú, uma das regiões mais prejudicadas.

            A importância desse setor para a economia pernambucana foi reconhecida pelo nosso Governo, que também teve a iniciativa pioneira de criar o Programa do Leite. Esse projeto - que significava um investimento anual de R$ 30 milhões - permitiu ao mesmo tempo combater a fome e as deficiências nutricionais das populações mais carentes e também incrementar a agropecuária.

            Uma iniciativa tão bem sucedida que terminou incorporada pelo Governo Federal. Por tudo isso, é extremamente preocupante o avanço da praga da cochonilha. Já existem informações de que o inseto já foi identificado também no vizinho Estado da Paraíba.

            Senhor Presidente, acredito que é chegada a hora dessa luta contra a cochonilha contar com o apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Temo que essa praga vá além das fronteiras de Pernambuco e coloque em risco toda a bacia leiteira do Nordeste.

            Neste sentido, quero comunicar a esta Casa que estou enviando um relatório sobre a questão e apresentando Requerimento de Informação ao Ministro Reinhold Stephanes, Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, acerca das medidas desta Pasta diante do problema da praga da cochonilha do carmim.

            Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Muito obrigado.

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