Discurso durante a 120ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Preocupação com a expansão da pandemia nos países que fazem fronteira com o Brasil. Elogio à atuação do Ministro da Saúde, José Gomes Temporão.

Autor
Sérgio Zambiasi (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RS)
Nome completo: Sérgio Pedro Zambiasi
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE.:
  • Preocupação com a expansão da pandemia nos países que fazem fronteira com o Brasil. Elogio à atuação do Ministro da Saúde, José Gomes Temporão.
Aparteantes
Augusto Botelho.
Publicação
Publicação no DSF de 15/07/2009 - Página 32723
Assunto
Outros > SAUDE.
Indexação
  • APREENSÃO, ACELERAÇÃO, PROPAGAÇÃO, DOENÇA TRANSMISSIVEL, PAIS ESTRANGEIRO, FRONTEIRA, BRASIL, ADVERTENCIA, ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAUDE (OMS), FALTA, CONTROLE, DOENÇA, INEXISTENCIA, VACINA, TOTAL, POPULAÇÃO.
  • REGISTRO, REUNIÃO, SECRETARIO DE ESTADO, SAUDE, REGIÃO SUL, PROPOSIÇÃO, MINISTERIO DA SAUDE (MS), BRASIL, PAIS ESTRANGEIRO, URUGUAI, ARGENTINA, UNIFICAÇÃO, PROTOCOLO, DOENÇA TRANSMISSIVEL, AGILIZAÇÃO, NEGOCIAÇÃO, REFORÇO, CONTROLE, DOENÇA, FRONTEIRA, SOLICITAÇÃO, APOIO, MINISTERIO PUBLICO, ACELERAÇÃO, EXAME, LABORATORIO, DISTRIBUIÇÃO, MEDICAMENTOS, COMBATE, PROPAGAÇÃO, VIRUS.
  • ENUMERAÇÃO, SUGESTÃO, MEDICO, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), PREVENÇÃO, PROTEÇÃO, POPULAÇÃO, INCIDENCIA, DOENÇA TRANSMISSIVEL.
  • ELOGIO, TRABALHO, MINISTRO DE ESTADO, GRUPO, MINISTERIO DA SAUDE (MS), ANTECIPAÇÃO, PREVENÇÃO, DETERMINAÇÃO, MEDIDA DE EMERGENCIA, REDUÇÃO, PROGRESSO, PROPAGAÇÃO, DOENÇA TRANSMISSIVEL, BRASIL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. SÉRGIO ZAMBIASI (PTB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Senador Mão Santa, pela sua manifestação. Eu tenho a minha origem profissional no rádio, na imprensa, tenho profundo respeito pela imprensa e entendo que a imprensa livre, Senador Mão Santa, é a última trincheira da democracia. Calar a imprensa é calar a voz do povo. Uma imprensa livre nos ajuda a aprimorar o Estado de direito, o Estado democrático. Acho isso extremamente importante. Às vezes, nós não gostamos de ler uma ou outra publicação, ouvir um ou outro comentário, mas é próprio da atividade. Por essa razão, manifesto sempre absoluto respeito pela atividade profissional dos jornalistas, dos comunicadores, dos apresentadores, pela importância do seu trabalho na vida de um país.

            Temos uma entidade chamada Jornalistas Sem Fronteiras que são verdadeiros heróis nos quatro cantos do mundo, atuando permanentemente em defesa exatamente do princípio da liberdade, porque a liberdade de imprensa é a liberdade de todos nós. Agora mesmo, em Honduras, vemos os golpistas calando algumas emissoras de rádio que não se somaram, não se associaram ao golpe.

            E agora mesmo, na própria Venezuela, que tenta aderir ao Mercosul de forma plena, nós assistimos, com muito pesar, à ameaça do fechamento de emissoras de rádio, o que é profundamente lamentável. Um país que preza a liberdade deve garantir a liberdade de imprensa e a liberdade de manifestação. E é exatamente por ela que nós tomamos conhecimento, por exemplo, desses casos que nos preocupam, como é o avanço quase incontrolável da gripe A, Senador Jayme Campos. Nós estamos lá, no sul, na fronteira com a Argentina e o Uruguai, e nesses dois países a gripe A avança num estágio galopante.

            No meu Estado, o Rio Grande do Sul, segundo a Secretaria Estadual da Saúde, já foram confirmados mais de 150 casos da nova gripe. É um índice pequeno, baixo perto do que acontece logo ali, do outro lado da fronteira, na Argentina. As informações de hoje dão conta de que, na Argentina, são cerca de 150 mortos e mais de 100 mil contaminados.

            Hoje, pela manhã, nós tivemos, lamentavelmente, a notícia da terceira morte por gripe A no Rio Grande do Sul. Um caminhoneiro morreu, nesta madrugada, na Santa Casa de Uruguaiana, que fica na fronteira com a Argentina, junto a Paso de los Libres, na ponte internacional. É o maior porto seco da América Latina a cidade de Uruguaiana. Tem uma importância estratégica para os laços do Mercosul, especialmente para quem atravessa a Argentina e vai aos portos do Chile.

            O Prefeito de Uruguaiana, José Francisco Sanchotene Felice, e o hospital local confirmaram a morte.

Quando ele foi internado no estabelecimento, o Centro Estadual de Vigilância em Saúde do Rio Grande do Sul confirmou que ele havia contraído a nova gripe. Segundo o Prefeito, ele sofreu uma parada cardíaca. Ele era natural de Itaqui, lá da nossa fronteira também, e teria contraído o vírus na Argentina.

            Essa, como eu comentei, é a terceira morte por gripe A confirmada no meu Estado, Rio Grande do Sul, e a quinta no Brasil. Os outros dois casos fatais foram registrados em São Paulo.

            O mais preocupante, Presidente Mão Santa, V. Exª que é médico, é a informação que acaba de ser divulgada pela Organização Mundial da Saúde. Segundo matéria que está no site da Zero Hora, “a gripe A está fora de controle, afirma a Organização Mundial da Saúde, alertando que não haverá doses de vacina para toda a população”.

            Todos os países precisarão de acesso a vacinas contra a gripe A, pois a pandemia é “incontrolável”, disse uma graduada funcionária da Organização Mundial da Saúde.

            Um grupo de especialistas em vacina concluiu, depois de reunião recente, que a pandemia da gripe A é incontrolável e, portanto, todos os países precisam ter acesso às vacinas”, disse Marie-Paule Kieny, Diretora de Pesquisa de Vacinas da OMS.

            Mas a organização faz um alerta: não haverá vacinas para todos; e 1,8 bilhão de doses já foram adquiridas de forma antecipada, Presidente Mão Santa, sabe por quem? Pelos países ricos. Eles já se anteciparam. Já compraram toda a produção dos laboratórios antecipadamente.

            Aqui no Brasil, felizmente, nós temos o Instituto Butantã, que está com pesquisas avançadas e deverá, logo, logo, garantir a vacina brasileira, e já com um compromisso, inclusive social, humano, solidário, de doar 10% da sua produção de vacinas contra o vírus para a Organização Mundial de Saúde, exatamente para proteger aqueles que são mais pobres.

            No início desta semana, a entidade anunciou recomendações para produção de vacinas e quem devem ser os primeiros vacinados. A vacina só ficará pronta em outubro, mas chegará ao mercado apenas em dezembro, depois de testes clínicos. Dentro da Organização Mundial de Saúde, o temor é de que chegue tarde, já que a segunda onda da gripe no hemisfério norte pode começar com a chegada do inverno naquela região. Por isso, países com recursos, países ricos já estão negociando com os laboratórios, com as empresas produtoras.

            No caso brasileiro, para tratar do ritmo com que a doença se expande, os Secretários de Saúde da Região Sul do País reuniram-se ontem em Porto Alegre. Os Secretários de Saúde de Santa Catarina, Luiz Eduardo Cherem, do Rio Grande do Sul, Osmar Terra, e do Paraná, Gilberto Martin, além de diretores de vigilâncias em saúde dos três Estados deram um passo extremamente importante ontem propondo ao Ministério da Saúde que o Brasil unifique os protocolos da gripe A com o Uruguai e a Argentina.

            Nós ainda estamos enfrentando um problema muito sério no Mercosul, nós que queremos a integração, nós que trabalhamos no Parlamento do Mercosul pela integração, ainda encontramos essas barreiras impressionantes em que um país tem um protocolo diferente do outro, e muitas vezes uma ambulância não pode atravessar uma fronteira seca para tratar, para cuidar de um doente. É algo que, infelizmente, a burocracia insiste em atrapalhar.

            A ideia discutida ontem é de que os três países utilizem a mesma linguagem para tratar da doença e os mesmos conceitos de casos confirmados e suspeitos. De acordo com os Governos da Região Sul, as diferenças nos chamados protocolos estão atrapalhando, por exemplo, as negociações para o reforço do controle da nova gripe nas fronteiras com os países vizinhos.

            O grupo reunido ontem também vai pedir inclusive o apoio do Ministério Público, para acelerar, junto ao Governo, os exames laboratoriais. Além disso, vão pedir mais agilidade na distribuição do Tamiflu, antiviral utilizado no combate à gripe A.

            Quanto à demora nos exames, hoje realizados apenas em três laboratórios, e nenhum lá no Sul, os Secretários anunciaram que os laboratórios dos três Estados podem realizá-los também.

            Os Secretários da Saúde decidiram ainda desenvolver uma ação integrada, visando à cobertura de todos os postos de fronteira, e apresentar uma proposta de unificação dos protocolos a ser encaminhada aos Ministros da Saúde da Argentina, do Uruguai e do Paraguai, juntamente com o Brasil.

            Em um encontro em Buenos Aires, representantes dos Ministérios da Saúde do Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai avaliaram que é possível fazer para conter a proliferação do vírus. O Ministro da Saúde da Argentina, Juan Manzur, disse que existe preocupação entre os países da região sobre as chances de contar com uma vacina nos próximos tempos, já que grande parte da produção da vacina já está “comprometida”, em alusão à venda da substância aos países do hemisfério norte.

            O representante brasileiro de Encontro, Eduardo Hage, Diretor do Departamento de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, garantiu - apesar do aparecimento de novos casos fatais como esse de hoje, lá em Uruguaiana, Rio Grande do Sul - que a gripe A não deve se espalhar no Brasil da mesma forma como evoluiu na Argentina. E volto a chamar a atenção, Presidente Mão Santa, para que a Argentina, com 145 mortes, já é o segundo país no mundo com o maior número de vítimas fatais por gripe A, perdendo apenas para os Estados Unidos e ficando na frente do México, colocando, portanto, as fronteiras do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná em estado de alerta.

            Para evitar mais casos, a coordenadora da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde, da cidade de Caxias do Sul, a médica Maria Ignez Bertelli, sugere que as pessoas utilizem uma “etiqueta respiratória”. Segundo ela, todos devem se precaver e sugere algumas medidas bastante simples que ajudam a proteger contra a doença.

            Aproveito exatamente os canais de comunicação do Senado, rádio e TV, para citar esse elenco simples de sugestões da Drª Maria Ignez Bertelli:

            - Não tossir nem espirrar perto de outras pessoas;

- Usar lenços descartáveis;

- Lavar as mãos com mais freqüência;

- Evitar passar as mãos no nariz, nos olhos e na boca;

- Arejar bem os ambientes;

- Em caso de atestado médico, permanecer em casa, em isolamento;

- Não mandar crianças com gripe forte para a escola.

            São sugestões relativamente simples, mas que, seguramente, dão mais segurança e tranqüilidade para a população.

            Por fim, é justo reconhecer o trabalho do Ministro Temporão à frente da Pasta da Saúde, que, se antecipando aos fatos, quando estourou o problema no México, imediatamente tomou atitudes aqui.

            Por essa razão, vemos o nosso vizinho Argentina com a pandemia assolando, com mais de cem mil argentinos contaminados, e percebemos o Brasil ainda resistindo, com uma barreira sanitária adequada, os Estados de fronteira alertados, trabalhando para que essa barreira sanitária faça um impedimento contra a transmissão do vírus para os brasileiros, mesmo com a nossa extensa fronteira, especialmente lá no Sul, onde esse problema avança assustadoramente, com o pequeno Uruguai, que tem uma população menor do que a da região metropolitana de Porto Alegre, já tem cerca de 15 vítimas fatais.

           Naquelas fronteiras do Sul, o frio é intenso. As temperaturas, nesta semana, no sul do País estão muito baixas. As máximas não estão ultrapassando 17 graus. Quer dizer, o momento mais quente do dia, no sul do País, não ultrapassa 17 graus. Há muita umidade. As noites são gélidas. As noites são de temperaturas negativas, com frio abaixo de zero e, associado a outras questões, facilitam a fragilidade da saúde das pessoas.

           Eu queria registrar o trabalho da equipe do Ministério da Saúde, do Ministro Temporão à frente da Pasta, que se antecipou aos fatos e determinou inúmeras medidas emergenciais que foram fundamentais para minimizar, pelo menos até agora, o avanço da pandemia da gripe “a” ou gripe suína como ela é vulgarmente chamada aqui no Brasil.

            Esse é o registro.

            Senador Augusto Botelho.

            O Sr. Augusto Botelho (Bloco/PT - RR) - Senador Sérgio Zambiasi, traz V. Exª um assunto que realmente está preocupando todos os brasileiros. Eu fiz um aparte a V. Exª só para comunicar que com tristeza soubemos de dois casos confirmados de gripe lá em Roraima, mas com felicidade sabemos que as pessoas já estão em suas casas. Estão bem, e a vigilância sanitária epidemiológica está cercando os familiares, todas as pessoas que tiveram contato com essas pessoas. Eu gostaria de fazer esse aparte a V. Exª para parabenizá-lo pelo discurso e também para parabenizar os trabalhadores da saúde de Roraima, que estão cumprindo com o seu dever e detectando e fazendo vigilância ativa nos dois únicos casos de gripe que apareceram lá e em alguns outros suspeitos. Parabéns a V. Exª pelo discurso e parabéns ao Ministério da Saúde também. Eu tenho confiança de que até agora o trabalho do Ministério da Saúde, por meio da vigilância sanitária e epidemiológica, está sendo feito dentro dos padrões de qualquer serviço de saúde de alto padrão do mundo. Estão sendo acompanhados os casos que são detectados, os contatos daquele caso e também a propaganda, todos que viajam de avião estão vendo que são distribuídos folhetos nos transportes aéreos, nos ônibus e nos portos, para que as pessoas fiquem alerta. E aproveito para fazer mais uma argumentação: uma forma de fazer você evitar gripe é lavar a sua mão com freqüência antes de levar a sua à boca ou aos olhos. É uma coisa simples. Pensamos que a gripe só passa pelo ar, mas a transmissão maior é mediante o contato manual com as secreções. Parabéns pelo seu pronunciamento, nobre Senador Sérgio Zambiasi.

            O SR. SÉRGIO ZAMBIASI (PTB - RS) - Muito obrigado, Senador Augusto Botelho, que antes de ser senador é médico e a palavra do médico sempre tem um crédito maior.

            Para completar, ontem mesmo o Senador Augusto Botelho chamou aqui o Dr. Dirceu Raposo, Presidente da Anvisa, que esteve conosco na Comissão de Assuntos Sociais e, abordado sobre a questão, informou que todos os postos da Anvisa, em toda região de fronteira e aeroportos, estão trabalhando intensamente, exatamente para contribuir, colaborar, ajudar nessas barreiras sanitárias que o Brasil está montando para evitar que a pandemia entre com mais força aqui no Brasil.

            Vê-se que todos os esforços estão sendo feitos. Todos os profissionais da área estão conscientes. Acima de tudo, o Senado, com seus veículos de comunicação, ao permitir que utilizemos este espaço onde se possa também comentar esse tema, ajuda muito no que é fundamental num caso desses, que é esclarecimento e informação.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/07/2009 - Página 32723