Discurso durante a 120ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Leitura de carta recebida da Diretora da APAE de Piracicaba-SP, informando a preocupação das famílias de excepcionais referente a determinação do Ministério da Educação. Apelo ao presidente da República em favor de mais apoio do governo às APAES de todo o país.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO.:
  • Leitura de carta recebida da Diretora da APAE de Piracicaba-SP, informando a preocupação das famílias de excepcionais referente a determinação do Ministério da Educação. Apelo ao presidente da República em favor de mais apoio do governo às APAES de todo o país.
Publicação
Publicação no DSF de 15/07/2009 - Página 32732
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO.
Indexação
  • LEITURA, CARTA, DIRETOR, ASSOCIAÇÃO DOS PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS (APAE), MUNICIPIO, PIRACICABA (SP), ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DEMONSTRAÇÃO, APREENSÃO, FAMILIA, PESSOA PORTADORA DE DEFICIENCIA, DETERMINAÇÃO, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), EXTINÇÃO, ENSINO ESPECIAL.
  • SOLICITAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, REVISÃO, DECISÃO, GARANTIA, ATENÇÃO, APOIO, ASSOCIAÇÃO DOS PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS (APAE), BRASIL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Augusto Botelho, que preside esta reunião de 16 de julho, Parlamentares na Casa, brasileiras e brasileiros aqui e que nos assistem pelo fabuloso sistema de comunicação do Senado.

            Senador Augusto Botelho, este Senado se atualizou. Nós, diferentemente da antiguidade, do tempo de Rui Barbosa, galerias cheias, de Paulo Brossard, quando fazia discurso aqui de três horas, as galerias... Mas, hoje, o sistema de comunicação do Senado nos leva a falar para o Brasil todo e o mundo.

            É o lado bom do Senado. Tem muitos profissionais competentes aqui, principalmente nessa área de comunicação. A televisão do Senado é muito acreditada e muito bem programada. A rádio AM, a rádio FM, as ondas curtas, o Jornal do Senado, os profissionais que o fazem são muito competentes, o diário e o semanário. De tal maneira que o Senador fala para a Pátria.

            Isso tanto é verdade que, no dia 15 de julho, eu recebi este e-mail, que relatava os inúmeros, centenas, milhares de pobres aposentados, esquecidos, menosprezados, desvalorizados, roubados por nós, Governo - o Governo somos nós, o Executivo, o Judiciário e o Legislativo, que criamos um fator redutor que não existe no mundo.

            O aposentado trabalhou e fez um contrato conosco, com a pátria, com o governo. Anos e anos, trinta, 40 anos de crença, para ganhar dez salários mínimos, e está ganhando cinco; para ganhar cinco, está ganhando dois. Esse é o desespero sempre. São milhares, e nós não conseguimos ainda a sensibilidade para derrubarmos esse fator previdenciário, uma lei do PT, do Paim, que eu fui o Relator.

            Milhares e milhares na área de saúde, dos doentes, nas filas, abandonados, e dos profissionais médicos e odontólogos. É uma vergonha o salário deles. Os que sofrem a falta de segurança neste país. As professorinhas, como sofrem! Cristovam vem já falar, está inscrito. Ele lutou aqui por um teto mínimo, R$900. O país não dá.

            Então, recebemos e lutamos. Mas me comoveu esse aqui. Primeiro, temos de entender Montesquieu, aquele que fez essa democracia, os três Poderes, e é complicada. Depois de fazer essa distinção de “p”, de Poder... Augusto Botelho, ele escreveu o L’esprit des Lois, uns vinte volumes, o Espírito das Leis. Eu me inspiro muito nele. Eu estava aí, presidindo, já que sou da Mesa, e o Flávio Arns, que traduz a grandeza deste Senado. Aqui é a Casa de gente boa. É porque querem acabar com a democracia. E não conseguiram, com todos os mecanismos. Nós estamos em alta. Eu ando no meio da rua. Eu ouço a voz da rua. Hum?

            Augusto Botelho, me convidaram para fazer uma palestra sobre democracia. Rapaz! Eu sei que o Roberto Carlos está fazendo 50 anos, mas... Aí eu perguntei ao meu assessor: Quantos retratos tiramos? Ele: Eu não sei não, mas foram 45 minutos. Então, isso é conversa fiada. O que nós temos? Nós temos é moral. Nós somos filhos do povo, filhos do voto, da democracia. Aqui tem mais voto do que o Luiz Inácio. Ele tem uns votos. Ele tem 60 milhões. Aqui temos 80! Isso é a força da democracia.

            A força, quando começou essa brincadeira... E nós temos que ensinar. O Senado só tem essa razão de ser se nós formos o pai da pátria. Isso aqui começou na Inglaterra. Por isso os reis de lá não caíram. Foi diferente.

            Tinha os reis e começou um parlamento. Aí o rei mandou fechar, o Carlos I. Aí ele entrou em guerra. Carlos I, na Inglaterra. E precisava dinheiro para enfrentar uma guerra contra a Escócia, contra a Irlanda. E ele não conseguia dinheiro. Ele não tinha credibilidade. Aí, ele fez. Pediu ao Parlamento para voltar.

            Atentai bem! Faltou credibilidade no Rei Carlos I. E voltaram. Mas aí um dos líderes Oliver Cromwell nós voltamos, é romano, mas o parlamento legislativo tem que estar acima dos reis. Aí é que começou, tem que entender as coisas, ai deu na herança graciosa. Tem que ser acima. Voltou. Deu força ao Rei, mas... Como nós fazemos aqui, não é.

            O Rei tem que estar abaixo da Lei. O Parlamento tem que estar acima. Aí desde lá... eles convivem. Na Inglaterra que nasceu tudo eles convivem Rei com o parlamento, é descrito o John Locke vem antes.

            Então, tem o parlamento, a democracia parlamentar, a monarquia que é o Rei, mas aceitando o Rei e a Rainha que a lei é a acima deles. Aí nasceu lá. E nasceu... E tinham outros reis que não sabiam conviver com o parlamento. Chegou um deles e disse: l’estat c’est moi. Na França o Luiz XIV, o Estado sou eu. Eles eram muito fortes era Deus na Terra. Deus era um Rei no céu.

            Mas o povo, o povo, o povo, que é soberano, que é o poder, insatisfeito com aqueles regimes foi à rua e gritou: “Igualdade, liberdade e fraternidade.” E caíram os reis do mundo todo.

            Cem anos para chegar no nosso Brasil. Como as coisas são demoradas. Mas é complicada a democracia. Lá onde ela nascera do povo, feito pelo povo e para o povo. Na França, foi complicado. Rolaram cabeças, guilhotina, depois veio Napoleão deu uma ajeitada. E vai. Nós fomos até mais inteligentes; retardatário, mas mais inteligentes. Porque este é um dos melhores Senado da República, da História da democracia do mundo. Porque este homem que foi parlamentar no Império que fez a Lei do Sexagenário, a Lei Áurea. Jogaram flores! A princesa só fez assinar, sancionar. Como as leis boas saem daqui e Luiz Inácio sanciona. Assim deve funcionar o jogo.

            Este homem fez a República, fez a primeira Constituição, foi secretário de fazenda.

            E ele fez uma bravura. Naquele tempo libertou os escravos. Então, eram os poderosos querendo cobrar do Governo dinheiro e indenização.

            Olha, nós devemos ao Rui Barbosa isso. Ai ele pegou e mandou tocar fogo em tudo quanto era processo. Se ele não tivesse feito isso ainda hoje a Justiça estava dando de causa para herdeiro dos donos dos escravos. E ele mandou e foi....

            Ele largou o Governo, porque o Governo não seria aquilo... Alternância do poder. Era um militar, outro e, no terceiro, ele disse: “Estou fora”. O marechal zangou-se. Ele era brabo... A gente ouviu falar no Médici, mas esse era mais duro. Rui Barbosa teve de sair. Quiseram dar o Ministério para ele e ele deu um grande ensinamento para hoje, para os políticos. “Não, você volta a ser o Ministro da Fazenda, porque o povo é doido por cofre, por dinheiro”. Já era antigo. Aí, ele disse: “Não troco a trouxa das minhas convicções pelo Ministério”. Que bonito! O meu Partido, o PMDB, não assimilou isso, não aprendeu isso! Aí, troca-se por qualquer carguinho, se vende.... Rui Barbosa: “não troco a trouxa das minhas convicções pelo Ministério”. Hoje, troca-se por qualquer carguinho. A turma não está nem se oferecendo, está se vendendo. É um negócio...E ele foi perseguido. Teve que fugir.

            Como Senador, andou pelas Buenos Aires, pela Argentina e acabou na Inglaterra. Por isso, nós somos o que somos. Ele passou um longo exílio lá, uma temporada, e aprendeu o modelo democrático dos ingleses, que é bicameral. Por isso, temos Senado e Câmara. A mãe de tudo foi a Inglaterra. Embora seja uma democracia monárquica, mas ela é bicameral. O Senado, eles chamam de Casa dos Lordes - nós apelidamos aqui de Senado; a Câmara é a Câmara dos Comuns. Mas a lei está acima do rei, eles aceitaram, eles convivem.

            É como a Rainha da Inglaterra: reina mas não governa. Quem governa é a lei, e a lei está no poder. Nós somos mais fortes. Pode pular o Luiz Inácio, pode pular essa Justiça, mas nasceu na essência aqui para nós sermos superiores. Por isso é que nós estamos pegando essas pancadas. Querem acabar com a democracia. Quem sustenta somos nós. Não é a UNE de que ele falou, a UNE do passado, da minha geração. Aprendemos com o nosso cantor. Eu me lembro que a gente saía cantando: “Vem, vamos embora que esperar não é saber, quem sabe faz a hora...” Esses daí nos envergonham, estão recebendo é dinheiro do Governo. A minha geração da UNE que acabou a ditadura não foi essa, não. Geraldo Vandré, quantas vezes os canhões, a gente, no Rio de Janeiro. “Vem, vamos embora, esperar não é saber, quem sabe faz a hora...”

            Esses vigaristas estão recebendo dinheiro, compraram tudo. Foi tudo cooptado. Com todos os ataques aqui, nós somos melhores. Compraram alguns poucos, mas nós não. Está aí o Alvaro Dias. Olha aí, bota essa Petrobras toda. Ele repete o Rui Barbosa: “Não troco as minhas ideias”, não troco aquilo que aprendi lá - como é o nome que vocês chamam? Garganta maldita? - na boca maldita. Não troco a verdade que vem lá dos paranaenses pelo pré-sal todo.

            É! Nós resistimos, por isso essas pancadas todas. Só por isso. O resto, tudo foi cooptado.

            É uma vergonha!

            Quem não tem um DAS - há 60 mil -, um DAS 6 nomeado por Luiz Inácio? Brasileiras e brasileiros, moço, sabem quanto é? O Alvaro Dias não sabe, não. Alvaro Dias foi Governador. Ô, Alvaro, no Governo do Estado, só tem DAS 4. Aqui, tem DAS 5 e 6. Só nosso querido Luiz Inácio assina e entrega para um aloprado da vida. Sabem quanto é? R$10.548,00.

            Cabeça branca, médico honrado vai-se aposentar e está lascado se Deus não lhe der outro meio de vida. Já sou, pelo INPS, cirurgião. É tão pouco que nem recebo. Nem vejo. Deixo a mulher, porque dá úlcera. Tenho 42 anos de medicina, e um aloprado ganha R$10.548,00. Está na Bíblia: “Pela porta larga da sem-vergonhice e da facilidade”. É. Está muito bom. Por isso, há um exército. Não todos - os DAS 6, o maior. Há o 5 e vai diminuindo.

            Quantas professoras ganham R$10.548? Quantos médicos, dentistas, soldados? Essa é a verdade. Quem pode dizer sou eu. Eu posso dizer o que o povo quer dizer e não pode. Para tirar daqui, é confusão muita. É muita história. É a maior invenção da civilização. Acabou o Senado, acabou a democracia.

            É isso que eles querem. Mas eles são tontos, eles são despreparados. Eles não nos servem. Eles querem que aqui seja Cuba. Existe? Existe. Eu conheço, eu vou falar em Cuba. Que aqui seja a Venezuela. Eu estive lá. Eu estive lá, a mando, já como Senador. Era Sarney o Presidente, aí ele me botou numa comissão, eu era Senador, fui presidindo. À Venezuela. Eu, Senador, representando o Brasil num encontro de energia.

            Augusto Botelho, aí eu mostrei curiosidade: quero ver o Congresso. Às seis horas, depois do encontro. Para entrar lá, um coronel - bem aí na Venezuela - veio decidir se o Senador do Brasil - porque não era eu, do Piauí; era do Brasil -, podia entrar. Está vendo, Augusto Botelho? Aí eu entrei e vi. Esse Chávez fechou o Congresso, lá. Aí o povo bateu palmas. Juntou as duas. Tinha uns 400; ele botou só 300. Aí acabou logo com o Senado. Deixou 280 dele e deixou uns 20 assim como Alvaro Dias e Mão Santa. Não adianta de nada. Minoria absoluta, e está lá. Então, acabou a democracia, porque a democracia é a divisão de poderes equipotentes e alternância. Assim é igual o rei. O povo foi derrubar os reis. L’état, c’est moi. O Fidel Castro, 50 anos lá e já passou para o irmão. Para o Chávez, da Venezuela, está aberto o caminho. Os outros espertos, do Equador, da Bolívia, do Paraguai, da Nicarágua, já fizeram. Esse de Honduras quis fazer. Enrolou lá. Aqui, nós não deixamos. Aqui quiseram fazer. Esse negócio de CPMF foi um teste.

            Olha, eles quiseram nos corromper muito. É! Vocês têm o melhor Senado. Houve esse escândalo aí; ninguém está negando que houve, mas foi de funcionário. Pode fazer uma CPI na minha vida, na do Alvaro e na do Augusto. Estamos pedindo; é aberta, estamos falando. É! Isto aqui, não deixamos o PT tomar, porque ia para o continuísmo como nos outros países. Agora, por que resistimos? Porque a nossa cultura vem da democracia da Grécia. Reuniam-se na praça, começavam as cinco horas da manhã e, à meia-noite, chegava-se lá e ainda havia vinte. Já pensou na confusão? Daí, eles melhoraram, na Itália, o representativo Senado.

            Cícero - ô, Alvaro Dias, V. Exª que é o Cícero de nossos dias - dizia: “O Senado e o povo de Roma”. Que ensinamento, lá na Itália do Renascimento! O Senado e o povo. Eu posso dizer, eu digo: o Senado e o povo do Brasil, o povo de vergonha. Eu posso falar, eu falo, eu tenho esse sentimento. É só isto aqui que segura. Não há mais nenhuma, tudo foi cooptado. Se eles não têm esses DAS, eles têm a ONG. Vocês já ouviram falar? Hoje eles têm até vergonha em dizer que têm, que recebem ONG. E aqui tentamos fazer uma CPI. Não houve duas, não. Palhaçada! Por isso, as pancadas.

            O que esse Augusto Botelho tem? Por que é que ele não sai no jornal? Eu conheço a vida dele: médico, cabeça branca, homem de vergonha. É, eu me lembro, ô, Alvaro Dias, Diógenes, com uma lanterna, na Grécia, toda noite, procurando um homem de vergonha. Estão aqui. Só há três aqui, agora, mas todos os três têm, e todos os outros. Pode haver um ou outro que não tenha. No Senadinho de Cristo, que era pequenininho, que tinha 12, com ele, 13, apareceu lá um. Pode ser que haja. Mas nós não; somos essa grandeza, somos filhos da democracia, do voto. Essa é a verdade.

            Por isso, esta história. Eu vi, Alvaro Dias, Deus me fez de testemunha. Eu vim do Piauí. Hoje ouvi dizer aqui que o único jornalista que, quando fechava o Congresso, se manifestava contra, Carlos Castelo Branco, do Piauí. E eu vi a última vez que foi fechado este Congresso. Ao renascer da democracia, o Presidente era do Piauí, Petrônio Portella, fez a anistia. Lembra-se, Alvaro Dias? Petrônio, evoluindo, sem trauma, fez votar uma reforma do Judiciário, contrariou os militares. Geisel botou os tanques. Fecharam isto. Eu estava, Alvaro Dias, do lado do Petrônio. E a imprensa toda, a imprensa correta, decente: “Presidente, o que o senhor tem a dizer?” E ele só disse uma frase:

“Este é o dia mais triste da minha vida”. Ô cabra macho, ô moral; eu vi que autoridade é moral. Lá, do Piauí, não era de São Paulo, não era nada. Este é o dia.

            Olha, o Geisel foi meditar e mandou abrir. Ele disse que tinha compromisso: “Vou fazer deste País uma democracia”. Botou o Figueiredo, então viu que tinha errado. Quer dizer as palavras daqui calam os canhões que estavam lá fora. Vocês sabem porque Getúlio se suicidou? Isso aqui tem réplica aqui o que estou dizendo. Não adianta e pode bater aí a imprensa. Aqui, Getúlio, os gregórios. Aí, a propaganda, o governo, a imprensa - a mídia está sempre com o Governo porque o Governo é que paga, é do Banco do Brasil, é do Banco do Nordeste, é da Petrobras, é do diabo. Aqui não tem nenhum anúncio no Senado da República e estava também... No Hitler era mais; no Hitler, era que era, e tinha lá um jornalista do Hitler que dizia: “Uma mentira repetida várias vezes se torna verdade”. Deu no que deu; com Hitler, enganando o povo com dinheiro, deu no que deu, não é? Não tinham parlamento, mas aqui tinha e, no tempo do DIP, Departamento de Informação e Propaganda do Getúlio, não tinha nada, não estava havendo nada, e um Senador veio para cá e disse... Preste atenção, Getúlio suicidou-se em 24 de agosto de 1954. Eles foram em Minas. Esse senador era de Minas. Ele chegou e disse aqui que tudo era mentira, a imprensa... Nós é que somos doentes. Tudo é mentira. A imprensa. Daqui ele disse - não tinha televisão, não; só no rádio -: “Será mentira o órfão? Será mentira a viúva?” Naquele atentado contra Carlos Lacerda que morreu o coronel da aeronáutica, ele fez este discurso: “Será mentira o mar de lama e de corrupção?”.

            Getúlio era um homem bondoso, mas viu que estava cercado de aloprados, criminosos e renunciou à vida. Então, essa é a força deste Senado.

            Aqui eu queria dizer o seguinte, bem dali, eu estava ali, esse orador... Muita gente tinha direito a cinco minutos pelo Regimento. E eu estava presidindo. Mas tem o espírito da lei. Vou dizer o que é o espírito da lei.

            Lá no meu Piauí tem muito tatu. Se eu sair daqui, eu estou com fome porque ainda não almocei - Augusto Botelho, eu o convido a comer um tatu aí -, o Ibama virá, o juiz, o promotor para me prender. Tem tanto restaurante, tanta coisa boa e comer o tatu, que está proibido por lei porque a espécie está em extinção? Mas se for lá no meu Piauí, em São Raimundo Nonato, na seca, sem chover, fome, e um caboclo lá do meu Piauí pegar a espingarda, matar o tatu e dar para os filhos comerem, será que algum juiz vai condená-lo? É a mesma coisa. Se eu comer um tatu aqui, nós estamos... não é? Então, esse é o espírito da Lei. Ele comeu o mesmo tatu.

            Então, no espírito da Lei, eu dei. Era para ele falar cinco minutos. Eu recebi muita reclamação, mas eu estava ouvindo Flávio Arns. Olha, como este Senado é bom! Flávio Arns, parente do Evaristo Arns, da Igreja, da Zilda Arns, benemérita. Olha, tenho as minhas dúvidas se esse Flávio Arns não vai chegar no céu antes de Evaristo Arns, que era Arcebispo. Eu o conheço pela convivência. Ô, homem puro! Ô, homem decente! Cada qual na sua cada qual! Então, esse negócio de deficiente, eu só pergunto para ele. E ele diz: Faz assim. Eu nem penso e voto com ele, porque ele é um homem puro, defendendo as leis. Então, eu o deixei aí, e os outros se danaram, viu Cristovam?

            Flávio Arns é do PT. Este Partido tem trigo também, apesar de ter mais joio. Não tem aquele negócio de separar joio do trigo? O Senador Cristovam conhece mais, porque ele veio de lá, mas eu conheço aqui. Então, o Senador Flávio Arns, falando aqui, fazendo uma análise sobre a educação. Do PT! Flávio Arns! Eu deixei o homem falar!

            Olha, ele provou que este Governo era muito ruim. Está aqui o discurso e está aqui um e-mail. Eu senti a mulher, a professora, que viu a minha postura. Quer dizer, o Governo não ouve os deles mesmos. E o Senado é para ser ouvido. Pedro II, ele deixava a coroa e o cetro lá no Palácio, quando era no Rio de Janeiro, e sentava aqui para ouvir os senadores. Quer dizer, Flávio Arns, do PT, sérias denúncias na educação, na educação de pessoas com deficiências especiais. Olha, ele levou mais de meia hora aí. Deixa o homem.

            Olha aí o que recebi aqui. Isso é importante. Eu sou totalmente contra o Fidel Castro, eu estive lá quando governador, Augusto Botelho, mas tem algumas coisas certas. Então, nós temos que ser decentes. Aquele negócio de perda de liberdade, não sei que, sou contra mesmo, ter alternância de poder. Eu estive lá na Havana. Augusto Botelho, mas eu era convidado oficial, era governador. Então, era o governador de Havana que ficou responsável por mim, não foi o Fidel, não. Mas um programa intenso. Sabe qual foi, Augusto, o primeiro? Primeiro, eles fazem para a política. O primeiro local que tive de ir, não era que queria, não, não era escolha não, era visitar um centro de tratamento de apoio aos deficientes, as Apaes, como... Obrigado, para a gente ver que o Governo tinha esse lado bom, humano.

            Augusto Botelho ainda hoje estou encantado - com todo paredón, falta de liberdade, mas eu não posso deixar de contar isso -, eu, como governador do Piauí, vi em Cuba um centro, passei, não estava, eu queria ver, está vendo, Cristovam, e como eu queria ver outras coisas, hospitais, mas fui forçado a ver - o senhor já foi, Cristovam Buarque, a Cuba? - um centro de tratamento de apoio aos excepcionais, que nós chamamos de deficientes. Fiquei encantado, encantado com o amor, com a dedicação, com o resultado. Vi. Não estava querendo não, mas eles me obrigaram e eu estava lá na terra do homem. O primeiro programa é esse. E, na saída, eu e a Adalgisinha: o senhor vai assistir a um teatro. Os artistas eram esses. Eles cantando, tocando. O senhor visitou esse centro lá, ô Cristovam? Pois é. É impressionante. Então, por que o nosso Luiz Inácio não aprende essas coisas boas? Só quer esse negócio... Isso é bom em Cuba. Então, eu vi.

            Mas atentai bem a essa correspondência que relata. Então, este Governo não está bom. É mentira. Eu não acredito nessa pesquisa não. Ô Cristovam, ora, se tem gente que mata, em São Paulo, nesse partido, tem gente que rouba no Brasil todo - no Piauí, como roubam -, que mente. Não vai contratar esses bichinhos aí, que tem esses institutos doidos por dinheiro, transloucados por dinheiro para falsear dados. Que o nosso Presidente é querido, é; que ele tem maioria, tem; mas essa daí é mentira, porque um Governo que tem a segurança que tem... Quanto vocês dão para a segurança no Brasil? Educação, o Cristovam botou ela no pau. Saúde, eu e o Botelho botamos. E o ensino excepcional dos nossos deficientes, o Flávio Arns dissecou aí. Então, não tem. Que tem maioria, tem. Teve sessenta milhões de votos. Quem vai dizer que não?

            Mas isso aí é aquela que Goebbels diz: “Uma mentira repetida se torna verdade.” Mas eu sou do Piauí, Alvaro Dias e, lá, o caboclo diz que a mentira tem perna curta. Lá o caboclo diz: “É mais fácil tapar o sol com a peneira do que esconder a verdade.” A verdade está aqui.

            Apae de Piracicaba. Olha aí, não é uma cidade do Piauí, não, para dizer que o Mão Santa disse não sei o quê...

            Senador Mão Santa, Francisco de Assis de Moraes Souza, sessão do dia 14. Em 15 de julho ela escreve:

Sr. Senador Mão Santa:

“Eu Cleusa Bellini, Diretora da Apae de Piracicaba, tive a oportunidade de assistir a sessão do dia 14/07/2009, onde o Senador Mão Santa, como Secretário da Mesa, presidindo no momento, apoiou as palavras do Senador Flávio Arns, do PT, denunciando os maus tratos, denunciando o abandono, denunciando a irresponsabilidade do Governo”.

            Não sou eu, não. Estou lendo aqui, já o reflexo passado aqui.

            Ele é do seu Partido, não é? Você é do PT também. Você estava aqui? Viu? Olha aí!

Apoiou as palavras do Senador Flávio Arns, defendendo a classe de Pessoas com Deficiências Especiais, onde nós Apaeanos... [E por que eu peguei? Eu fui do Rotary e quando no Rotary Clube, eu e outros companheiros, criamos a Apae da nossa cidade. Então hoje ela é grandiosa. Aquilo me aproximou e quando Governador, ajudei muito essas Apaes. São uma instituição ímpar, era lá no Professor Cordão, de alta sensibilidade e responsabilidade, amor e altruísmo. Não são essas picaretagens de ONGs, não. Apae é um negócio... Em geral, são pessoas que dirigem e têm um filho deficiente, é um negócio que encanta] estamos desesperados, porque o que faremos com as pessoas que não têm condições de ser inclusas em nenhuma escola, isto está representando que o Ministério de Educação Especial está considerando as pessoas especiais um lixo”.

            Ó como eu falei aqui... consideram, segundo ela, que é professora, que é diretora, corroborando as palavras. Estão considerando as pessoas um lixo!

Pois essas pessoas voltaram a ficar dentro de casa, sem tratamento adequado, tanto na área de educação, saúde e assistência social. Onde nós Apeanos damos um tratamento especializado e com muito carinho.

As escolas especiais são importantíssimas para os cidadãos especiais. Achamos que é uma falta de educação e capacidade o que eles estão fazendo conosco, pois temos certeza que este Ministério [ô Cristovam, é o Ministério que o senhor ocupou; ainda estão queimando aqui] nunca esteve dentro de uma Apae ou Pestalozzi para saber como funciona e como as pessoas especiais são tratadas. É só ir a uma escola “normal” e presenciar uma pessoa especial dentro da sala de aula”.

            Não dá certo você colocar um deficiente em uma escola normal. Não dá certo, viu! Ô, Cristovam, quem é o responsável por isso? Não dá certo. Fui prefeitinho, governador, médico, participei, ajudei, não dá certo. Ô Augusto Botelho, não dá certo. Ela está reclamando disso:

É só ir em uma escola “normal” e presenciar uma pessoa especial dentro da sala de aula, o tratamento que é dado e a incapacidade dos professores da escola “normal”, sendo que nós, Apeanos de Piracicaba, estamos com uma lista enorme de pessoas com deficiências leves que já se encontram incluídos em escolas normais e estão sendo encaminhados às Apaes para serem avaliados, pois não têm condições de acompanhar o ensinamento de uma escola “normal”.

Senhor Mão Santa, sabemos que o senhor é uma pessoa correta e humana [todos nós somos aqui], contamos com a sua ajuda e de todos os Senadores desta Casa.

Agradecemos muito e sabemos que estarão apoiando o Senador Flávio Arns, nesta causa. Precisamos muito de suas ajudas”.

            Então, esse é o apelo.

            Quero dizer que eu sinto que quando governei o Piauí tinha aqueles organismos. Este País é organizado. Esse negócio do Luiz Inácio de “nunca antes”; nunca antes é uma ova! Ele é privilegiado, o Luiz Inácio. Luiz Inácio foi aluno do Senai. O Senai é uma escola de alto gabarito técnico. Os Governos passados eram responsáveis. Esses aloprados não fizeram a nossa Pátria, não. Foi muita história, muito sacrifício, e muita dedicação.

            Inclusive, Luiz Inácio é privilegiado! Ele estudou no Senai. Eu sei o que é Senai. A minha família, lá no Piauí, fundou. O Presidente da Federação das Indústrias... Eu sei da organização, da seriedade. Então, hoje está tudo acabando.

            E lamentamos mais quando recebemos a denúncia da calamidade em que vivem as Apaes do Brasil.

            Então, esse é o apelo que nós fazemos a Sua Excelência o Senhor Presidente da República. Esqueçam os holofotes, afastem os aloprados! Vejam! Está certo que o modelo de Cuba tem essa parte boa de como eles tratam os deficientes especiais.

            Então, fazemos um apelo em nome de todos os deficientes, para que tenham, como no passado tinham, um tratamento de especialidade. Esse é o apelo que faço ao Presidente da República, para que retome uma atenção especial para os excepcionais do nosso Brasil: os nossos irmãos.

            Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


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