O SR. FLÁVIO ARNS (Bloco/PT - PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Só quero ler um requerimento, Sr. Presidente, para que o Senado Federal emita voto de pesar aos amigos e familiares do Monsenhor Vicente de Paulo Penido Burnier, o primeiro padre surdo da América Latina e do Brasil e o segundo do mundo, pelo seu falecimento aos 88 anos de idade, acontecido no dia 16 de julho, em Juiz de Fora, Minas Gerais.

            Nascido em uma época na qual a pessoa com deficiência não contava com as proteções sociais hoje existentes, Monsenhor Vicente realizou uma caminhada precursora e de muita luta para a concretização de sua vocação.

            Surdo de nascença, nasceu em família preocupada em educá-lo com professores especializados desde a infância, quando assimilou a capacidade da fala de modo satisfatório, aprendendo a articular-se inclusive em latim, já vislumbrando o objetivo de atender ao Ministério Sacerdotal, vocação despertada precocemente na juventude.

            Monsenhor Vicente teve a ordenação a padre decidido em Roma pelo próprio Papa Pio XII, em 1951, quando, em encontro com o Santo Padre, falando em italiano, solicitou licença para receber a ordem sacerdotal, uma vez que a condição de surdo, à época, constituía-se em impedimento canônico para o sacerdócio.

            Monsenhor Vicente tinha uma personalidade alegre, animava os recreios no seminário, sendo respeitado jogador nas partidas de futebol e vôlei.

            Tendo fundado dezoito pastorais dos surdos no Brasil e três fora do País, Monsenhor Vicente foi um bravo defensor da pessoa surda, dedicando-se a ela, no contexto de sua vida sacerdotal, pela orientação religiosa e, na atuação social, pela inserção do surdo no mercado de trabalho.

            Para concluir, conhecido como pastor do povo excluído, foi o catequista dos surdos, deixando um caminho muito bem pavimentado com exemplos de vida e conquistas sociais a serem seguidos pelas novas gerações de sacerdotes brasileiros.

            Portanto, o voto de pesar pelo falecimento de Monsenhor Vicente de Paulo Penido Burnier, Minas Gerais, Juiz de Fora, aos 88 anos de idade.

            Agradeço, Sr. Presidente, e peço desculpas inclusive ao amigo Senador Cícero Lucena por ter lido um texto um pouco mais longo, porque, de fato, é importante.

            Obrigado.

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