O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero primeiro saudar o Senador Paulo Paim, a Ministra Dilma Rousseff e o Ministro da Justiça, Tarso Genro, por terem sido os três aprovados pela reunião do Partido dos Trabalhadores no Rio Grande do Sul com vistas às eleições, respectivamente, de V. Exª como candidato ao Senado, de Tarso Genro como candidato ao Governo do Rio Grande do Sul, e da Ministra Dilma Rousseff, apoiada pelo PT do Rio Grande do Sul, como nossa candidata à Presidência. Cumprimento pelo êxito da convenção ali realizada.

            Gostaria, Sr. Presidente, inclusive de cumprimentar, aqui, no plenário, o Senador Garibaldi Alves pela forma com que conduziu hoje, pela manhã, a audiência pública em que estiveram presentes o Sr. Luiz Antônio Dantas, Superintendente da Área de Exportações do BNDES, em nome do Ministro Miguel Jorge, do Desenvolvimento Industrial, bem como do Presidente Luciano Coutinho, do BNDES; O Sr. Horacio Aragonés Forjaz, Vice-Presidente de Assuntos Corporativos da Embraer; e também o Sr. Vivaldo Moreira Araújo, Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região.

            Estão aqui inúmeros trabalhadores da Embraer, tanto de Gavião Peixoto como de São José dos Campos, inclusive o ex-presidente Adilson dos Santos, que passou o bastão, em maio deste ano, para Vivaldo Moreira Araújo.

            E gostaria aqui de reiterar o apelo que eu e outros Senadores fizemos, inclusive o Deputado Ivan Valente, para que possa - quem sabe até se antecipando à decisão da Justiça no próximo dia 10 -, o diálogo hoje havido no âmbito da Comissão de Assuntos Econômicos, contribuir para um entendimento entre a direção da Embraer e a representação dos metalúrgicos, e possam ambos os lados chegar a um entendimento. Inclusive, com o sopro positivo do Governo do Presidente Lula, do BNDES, para verificar como conseguir fazer com que aqueles que foram demitidos, mais de 4,3 mil trabalhadores, possam, se não for possível de pronto, gradualmente, voltar aos quadros da Embraer, até porque as notícias relativas ao desempenho econômico-financeiro da Embraer e da sua própria perspectiva de vendas são positivas.

            Ainda que tenha dito o Vice-Presidente da Embraer que as perspectivas para 2010 não são tão mais promissoras do que as de 2009, a verdade é que, no primeiro semestre e segundo trimestre de 2009, a empresa teve um desempenho bastante interessante: o lucro operacional no segundo trimestre subiu 52,5% em relação ao mesmo período do ano anterior; a margem operacional ficou em 3,3%, frente aos 9,7% do segundo trimestre do ano passado, ou seja, um crescimento de 3,6 pontos percentuais, e a própria divulgação da carteira de pedidos da Embraer mostra que há um quadro bastante positivo e não de dificuldades crescentes.

            Além disso, a recuperação da economia brasileira e os dados de melhoria das economias dos Estados Unidos da América, da Europa, de recuperação na China, no Japão, na África e na Ásia e assim por diante, inclusive na própria América Latina, para a qual a Embraer vende aviões, têm mostrado, felizmente, um caminho positivo.

            Então, prezados Vivaldo Moreira Araújo, Adilson dos Santos e todas as companheiras e companheiros que vieram de longe para acompanhar essa audiência, quero saudá-los.

            Também gostaria, Sr. Presidente, de expor aqui...

            O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - Senador Eduardo Suplicy...

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Com muita honra, Senador Garibaldi Alves Filho.

            O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - Parece que V. Exª vai entrar em outro tema e, antes que V. Exª o faça, gostaria de dar a minha impressão a respeito dessa audiência pública que foi realizada na Comissão de Assuntos Econômicos, que considerei uma audiência muito produtiva, principalmente se tivermos da parte da empresa alguma reconsideração, algum aceno com relação ao aproveitamento dessas pessoas que foram demitidas, dessas trabalhadoras e trabalhadores que foram demitidos. De fato, a privatização deixa a Embraer numa situação que eu não diria confortável, porque se trata de demissões, mas a deixa na situação em que ela está realmente tratando do assunto dentro das prerrogativas, das atribuições, das obrigações que tem a iniciativa privada. Ninguém pode obrigar uma empresa privada a demitir ou admitir pessoas, somente a própria empresa. O Governo não tem uma função mais impositiva perante uma empresa privada. O que aconteceu na Embraer chamou a atenção porque foi uma demissão em massa, uma demissão de 4.372 pessoas, o que, evidentemente, promoveu um choque em toda aquela região, que se viu diante de um problema social que, eu diria, só com o passar do tempo é que se vai ter a recuperação em termos sociais daquela região. Sei que, da noite para o dia, não se terá uma solução, claro, da reabsorção do pessoal, mas seria o caso de se pensar, Senador Eduardo Suplicy, na possibilidade de haver, de certa maneira, um reaproveitamento de acordo com a recuperação da economia e da demonstração, por parte da empresa, de vitalidade com relação à crise internacional. O próprio Vice-Presidente da Embraer falou em desova, quer dizer: “desovamos tantas mil pessoas”, o que não deixou de ser uma coisa chocante. Assim, gostaria de prestar solidariedade aos trabalhadores - já que quem preside a sessão é o que menos fala, para dar oportunidade a que ela tenha o andamento desejado -, e dizer que estou ao lado de V. Exª no encaminhamento dessa questão e, na medida do possível, dentro das atribuições da Comissão, a própria Comissão.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Muito obrigado, Senador Garibaldi Alves Filho. Eu gostaria, inclusive, de transmitir a V. Exª, primeiro, que conduziu muito bem toda a audiência, percebeu a sua relevância. A Embraer é uma empresa de ponta, empresa que, em fevereiro deste ano, diante da crise internacional, foi atingida em profundidade, já que 90% das suas vendas são para o exterior. Mas demitir 4.300, em um quadro de 21.000, é algo que, certamente, causou um enorme impacto em toda aquela região. É fato que, de 2001 para 2008, a Embraer teve um crescimento no número de empregados, de 11 mil e poucos para 20 mil e poucos, então, o saldo ainda é de um crescimento de seis mil. No entanto, para os familiares daqueles que foram afastados, que tinham uma perspectiva de contribuir tão seriamente para o desenvolvimento da empresa, isso representou uma dificuldade enorme, do ponto de vista dos seres humanos.

            Assim, Senador Garibaldi Alves Filho, seguindo a sua orientação, quero me colocar à disposição dos trabalhadores e da direção da Embraer para contribuir com o diálogo. Inclusive, nesses próximos dias, se desejarem que eu, juntamente com outros Senadores e parlamentares, como o próprio Deputado Ivan Valente, contribua de alguma maneira para esse melhor entendimento, estou à disposição.

            Sr. Presidente, gostaria de falar uma palavra, ainda, sobre o que aconteceu ontem, quando o Senador Pedro Simon aqui expressou, com toda sinceridade... E ele, inclusive, disse: “Eu venho aqui com amor para uma missão de paz”. Ora, se há uma pessoa, entre os 81 senadores, que tem história para falar, quando vem em uma missão de paz, de amor... E quero lembrar aqui a primeira epístola de São Paulo aos coríntios, que o Presidente Mão Santa aprecia muito. Ela diz que, mesmo quando as pessoas estão dispostas a remover montanhas, se não for com amor, não estão valendo as coisas. Então, eu avalio que o Senador Pedro Simon, com toda sua história...

(Interrupção do som.)

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Ele, juntamente com o Senador José Sarney, são os mais veteranos nesta Casa, com quatro mandatos... Então, já estão aí há mais de 24 anos. Estão próximos de completar 30 anos de mandato. Eles são as pessoas que, para nós, constituem, muitas vezes, a luz...

            Portanto, quero ressaltar que me surpreendi com a maneira como o Senador Fernando Collor de Mello chegou a falar com o Senador Pedro Simon, porque não detectei, em suas palavras, que houvesse ofensa ao Senador Fernando Collor de Mello. Sinceramente, eu fiquei até... Revi, ontem à noite, na retransmissão, e não percebi que tivesse ocorrido isso. Talvez ele tenha tido uma percepção diferente da minha.

            Mas eu quero dizer o quanto aprecio o Senador Pedro Simon, por quem tenho muita consideração. Avalio que as suas palavras devem ser sempre ouvidas com muita atenção por nós todos. Inclusive, avaliei que, quando o Senador Renan Calheiros mencionou que queria registrar que gosta muito do Senador Pedro Simon, ele disse de um sentimento comum a todos nós.

            Aqui, quero recomendar ao Senador Fernando Collor de Melo que repense a atitude de dizer que nunca mais quer que o Senador Pedro Simon registre o seu nome, a sua palavra, porque, certamente, nós aqui, como ele próprio afirmou, sempre vamos ter que deixar as lanças de lado e nos portarmos com civilidade, através da palavra respeitosa.

            Sr. Presidente, o Senador Aloizio Mercadante inclusive informou aos membros da bancada do PT que, diante da expectativa criada, não seria o caso de termos outra reunião hoje, como se fosse para mudar a nossa posição, que, aqui reafirmo, é a recomendação ao Senador José Sarney para que possa colaborar com o seu próprio direito de defesa e esclarecer integralmente todos os pontos objetos das representações apresentadas ao Conselho de Ética. Daí por que a sugestão que eu formulo: que ele se antecipe à própria decisão do Senador Paulo Duque, Presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, que possivelmente será anunciada amanhã, mas que ele diga: “Eu quero comparecer perante o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar e ali explicar e esclarecer toda e qualquer questão dos diversos pontos das representações e responder a quaisquer dúvidas”. Eu acho que isso muito contribuirá para que tenhamos um caminho de solução para os problemas da Casa.

            O pronunciamento que iria fazer hoje sobre as telecomunicações, vou deixar para amanhã, Sr. Presidente, já que a questão da Embraer e, agora, a do Senado prevaleceram em termos da sua importância imediata.

            Os meus cumprimentos aos trabalhadores da Embraer que aqui nos honram com a sua presença!

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