Discurso durante a 123ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Voto de pesar pelo falecimento da professora e advogada Luciana Maria Helena Kister Querubim, ocorrido ontem, na cidade de Morretes, Paraná. Preocupação com o avanço da gripe H1N1 no Brasil.

Autor
Flávio Arns (PT - Partido dos Trabalhadores/PR)
Nome completo: Flávio José Arns
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. SAUDE.:
  • Voto de pesar pelo falecimento da professora e advogada Luciana Maria Helena Kister Querubim, ocorrido ontem, na cidade de Morretes, Paraná. Preocupação com o avanço da gripe H1N1 no Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 05/08/2009 - Página 34465
Assunto
Outros > HOMENAGEM. SAUDE.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, PROFESSOR, ADVOGADO, ESTADO DO PARANA (PR), VITIMA, DOENÇA, INICIO, PAIS ESTRANGEIRO, MEXICO, ELOGIO, ATUAÇÃO, VIDA PUBLICA, IMPORTANCIA, CONTRIBUIÇÃO, EXERCICIO, PRESIDENCIA, ASSOCIAÇÃO DOS PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS (APAE).
  • COMENTARIO, VISITA, ESTADO DO PARANA (PR), MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA SAUDE (MS), DEBATE, PROVIDENCIA, COMBATE, DOENÇA TRANSMISSIVEL, APREENSÃO, ORADOR, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, REGIÃO, REGISTRO, ADIAMENTO, AULA.
  • REGISTRO, INICIATIVA, CONSELHO REGIONAL, MEDICINA, SOLICITAÇÃO, MINISTERIO DA SAUDE (MS), ALTERAÇÃO, PROTOCOLO, GARANTIA, MEDICAMENTOS, TRATAMENTO, PREVENÇÃO, AGRAVAÇÃO, DOENÇA TRANSMISSIVEL, OBJETIVO, REDUÇÃO, INCIDENCIA, TRANSMISSÃO, DURAÇÃO.
  • COMENTARIO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, REGISTRO, DIALOGO, PRESIDENTE, COMISSÃO DE ASSUNTOS SOCIAIS (CAS), NECESSIDADE, CONVOCAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA SAUDE (MS), DEBATE, PROBLEMA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. FLÁVIO ARNS (Bloco/PT - PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, agradeço até a observação. Eu estava também inscrito na lista de oradores e agradeço a deferência por ainda poder me manifestar e apresentar um requerimento, que considero importante, de pesar, que diz o seguinte:

Requeiro, nos termos regimentais, que o Senado Federal manifeste voto de pesar à família da professora e advogada Luciana Maria Helena Kister Cherubim, falecida dia 3 de agosto, na cidade de Morretes, Paraná. Sempre com grande dedicação, exerceu o magistério por muitos anos em Curitiba, adotando como lar a cidade de Morretes. Também lá ocupou importantes cargos.

Foi Presidente da Apae, Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, Conselheira Regional da Federação das Apaes do Estado do Paraná, Presidente do Conselho Municipal de Ação Social e Secretária Municipal de Cultura.

Sua formação e competência profissional, somadas a seu peculiar dinamismo, sensibilidade, persistência e compromisso social, determinaram a imagem da grande guerreira que fez do seu dia a dia uma luta vocacional na construção de uma sociedade mais justa e mais humana, principalmente ao promover as pessoas socialmente excluídas. Tudo fez com fé e coragem, razão por que, com seu falecimento, o povo paranaense perde uma representante amiga e carismática.

            Portanto, um voto de pesar pela morte da professora e advogada Luciana Maria Cherubim, esposa de Aloysio Cherubim, a quem conheci por toda a vida e sempre foi exemplo e referência nos trabalhos desenvolvidos pela luta, pela garra, pela competência, pelo dinamismo. Além de tudo, foi Presidente, durante alguns anos, da Apae de Morretes, instituição que este ano está completando 55 anos no Brasil. Há 2.050 Municípios que contam com Apaes, essas associações que unem pais e amigos na luta por cidadania, constituindo-se no maior movimento comunitário do mundo.

            Sr. Presidente, além de pedir que seja dado o encaminhamento a este requerimento e que sejam tomadas as providências cabíveis para conhecimento da família e das entidades de Morretes, eu gostaria de destacar que, no dia de hoje - e o Senador Mão Santa também está copresidindo a sessão -, tivemos em Curitiba a visita do Ministro da Saúde, acompanhado dos técnicos do Ministério da Saúde, para discutir a questão da gripe, a chamada gripe suína - mas que já tem também outro nome -, que está provocando diversas dificuldades em nosso Estado, o Estado do Paraná.

            É uma situação preocupante, sem dúvida alguma. Só na cidade de Curitiba, morre uma pessoa por dia em consequência da gripe. Dos mil casos examinados pelo Lacen, Laboratório Central do Estado do Paraná, que só examina os casos mais graves, foram identificadas quase quatrocentas pessoas portadoras do vírus da gripe. E, quando se identificam quatrocentas pessoas numa amostragem, já com problemas identificados como sendo da gripe, nós podemos multiplicar isso por cinquenta, de acordo com os infectologistas, para ver a incidência da gripe na comunidade. Isso significa que já teríamos, no Paraná, no mínimo cinquenta mil pessoas infectadas pelo vírus da gripe.

            Das pessoas que morrem, metade são jovens saudáveis. Jovens saudáveis! Metade das pessoas que morrem são jovens saudáveis, na faixa etária de 20 a 45 anos de idade. Esse é um problema muito sério.

            Quando nós não atingimos 1% da população infectada com o vírus, certas medidas são essenciais, como, por exemplo, o adiamento das atividades escolares, de todas as atividades, da educação infantil à pós-graduação, o que já foi feito no Estado do Paraná. Inclusive, as escolas estão pensando em retardar o início das aulas ainda mais.

            Ontem, houve uma reunião da Associação Médica do Paraná e também do Conselho Regional de Medicina do Paraná. Ontem à noite, quase à meia-noite, conversei demoradamente com os infectologistas, e eles me relataram os resultados da reunião e o pleito que seria feito para o Ministro da Saúde hoje lá no Estado do Paraná, pois o Ministro estava visitando o Estado para essa finalidade, para discutir. O pleito seria no sentido de que a medicação seja dada não só para aquelas pessoas que já estiverem com o seu quadro agravado, mas que ela seja fornecida para os doentes a partir de certas manifestações, como, por exemplo, febre, dor de cabeça e dor de garganta. O pleito é para que, já neste momento, seja dada a medicação para a população. Que não se espere a complicação do caso.

            No sábado, Senador Mão Santa, aconteceu algo interessante, incrível, inacreditável. Um amigo meu estava internado com a gripe. Outros médicos falaram com o médico que o estava atendendo, e o médico procurou tranqüilizar, dizendo: “Ele está bem, está sem febre, está melhorando, mas vai ficar mais uma noite aqui no hospital, porque, se ele piorar, eu vou dar o medicamento”. Por que “se piorar”? Porque nós temos o tratamento para a gripe, mas a solução para o tratamento está nas mãos do Governo, porque só o Governo distribui a medicação. Nós temos, de acordo com os infectologistas, de olhar as realidades diferentes no País. A realidade...

(Interrupção do som.)

            O SR. FLÁVIO ARNS (Bloco/PT - PR) - ... que nós pudéssemos ter a análise por parte dos especialistas em infectologia de maneira diferente no Brasil, olhando-se o caso do Paraná, do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, onde existem circunstâncias climáticas e geográficas diferentes das de Brasília, do Nordeste. O Brasil é um país grande, tem que ser visto com a suas particularidades.

            Então, o que os médicos, a Associação Médica, o Conselho Regional de Medicina estava solicitando - que espero tenha conseguido, pois, se não tiver conseguido, amanhã teremos de falar no Ministério da Saúde - é que o protocolo do Ministério da Saúde mude, se altere. Quer dizer, o medicamento tem de ser dado pelo médico, tem de ser buscado, dado também em uma instituição, em uma entidade de...

(Interrupção do som.)

            O SR. FLÁVIO ARNS (Bloco/PT - PR) - ... para não acontecer o caso de as pessoas estocarem medicamentos em casa, e que o protocolo indique claramente - esse é o grande pedido - que, aos sinais da doença, o medicamento seja dado.

            Eu me arriscaria a dizer que os jovens estão morrendo em muitas situações em que não precisariam morrer, pois, quando a pessoa vai para a UTI, se diz: “Não, mas a pessoa tem de ir é para a UTI”. Existem quinze pessoas na UTI do Hospital de Clínicas do Paraná, em Curitiba. Quinze pessoas internadas por causa de gripe, mais do que infarto agudo do miocárdio. Quer dizer, as UTIs estão cheias, estão lotadas com pessoas com a gripe. E, quando as pessoas vão para a UTI, a mortalidade é maior do que 50%. Quer dizer, não há mais solução, praticamente, quando se chega ao caso. Eu tenho até receio de dizer isso, porque muitas famílias estão acompanhando a TV Senado e podem estar acompanhando isso.

            Todos nós, famílias e população, para evitar isso, temos de exigir, de acordo com a opinião dos infectologistas, que o protocolo mude e que a medicação seja dada aos sinais da doença, que são: febre, dor de cabeça, dor de garganta. E o médico pode avaliar ao sinal se dá a medicação. Isso diminui a intensidade do problema, diminui a duração do problema e diminui significativamente a transmissão do problema.

            Você já pode imaginar que, no Estado do Paraná, a gente tenha...

(Interrupção do som.)

            O SR. FLÁVIO ARNS (Bloco/PT- PR) - ...pelo menos cinquenta mil pessoas, indo para, talvez, cem mil pessoas infectadas? Que uma pessoa, por dia, esteja morrendo em Curitiba? Não é só no Hospital de Clínicas. Nesses últimos dez dias, morreram nove pessoas. Só em Curitiba, nove pessoas nesses últimos dez dias!

            Então, a gente faz as perguntas também: será que o Ministério da Saúde, de fato, tem o medicamento? Espero que tenha. Esse medicamento, ao que nos consta, foi importado na época da gripe aviária. Ainda está com validade adequada para o atendimento atual em função da outra gripe, chamada, no início, de gripe suína? Está envasado? Podemos ficar tranquilos? Outros países produzem o medicamento? Será que não é o caso de importar desses países onde há estoque disponível para exportação, inclusive com remédio similar, com registro na Anvisa, que é um spray que se utiliza, mas com resultados muito efetivos e muito eficazes?

            Então, essa é uma preocupação de milhões de brasileiros. Temos que nos unir nesse sentido, o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e o Paraná. Os casos estão surgindo no Mato Grosso, na Bahia. De acordo com as estimativas de jornais, serão alguns milhões de pessoas no Brasil com essa situação grave da gripe. E que nós tenhamos o protocolo adequado, que tem de ser alterado, ouvindo-se infectologistas, que estão acompanhando. Chegamos ao cúmulo de os médicos dizerem...

(Interrupção do som.)

            O SR. FLÁVIO ARNS (Bloco/PT - PR) - Chegamos ao cúmulo de os médicos dizerem: “Estou com paciente internado, tem todos os sinais da gripe, tudo indicado, e eu estou tratando essa pessoa com aspirina e com tylenol”. Chegamos a esse ponto aqui, em termos de abordagem da gripe, quando deveria estar sendo utilizado o medicamento adequado para evitar a complicação, evitar a morte, evitar a transmissão, a intensidade e a duração. Por quê? Porque a transmissão é muito menor com o medicamento adequado, e a intensidade e a duração também.

            Então, é um alerta muito sério. Estou me manifestando no plenário hoje e já falei com a Presidente da Comissão de Assuntos Sociais, Rosalba Ciarlini, para chamarmos o Ministro e discutirmos a situação.

(Interrupção do som.)

            O SR. FLÁVIO ARNS (Bloco/PT - PR) - Para encerrar, Sr. Presidente, faço um apelo para que todos nós no Brasil possamos realmente estar convictos de que é uma situação grave, é uma situação difícil, com muitas diferenças da gripe tradicional, afetando os jovens de 20 a 45 anos, por exemplo, saudáveis, que nunca foram afetados pela gripe tradicional. E nós precisamos estar preparados, tecnicamente, cientificamente e politicamente, com remédios à disposição, para que a população tenha o seu direito à saúde assegurado.

            É um dilema grande, e espero abordar este assunto no dia de amanhã também. Não recebi de volta o telefonema do Ministério da Saúde no dia de hoje, mas espero até amanhã ter a resposta e voltar ao tema.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/08/2009 - Página 34465