Discurso durante a 115ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Crítica ao descumprimento da promessa do Governo Federal de instalação da CPI da Petrobras.

Autor
Tasso Jereissati (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/CE)
Nome completo: Tasso Ribeiro Jereissati
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS).:
  • Crítica ao descumprimento da promessa do Governo Federal de instalação da CPI da Petrobras.
Publicação
Publicação no DSF de 09/07/2009 - Página 31015
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS).
Indexação
  • FRUSTRAÇÃO, PRONUNCIAMENTO, ALOIZIO MERCADANTE, SENADOR, AUSENCIA, POSIÇÃO, BANCADA, GOVERNO, INSTALAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), CRITICA, TENTATIVA, GOVERNO FEDERAL, OMISSÃO, DENUNCIA, IMPRENSA, COMENTARIO, EXISTENCIA, DIRETOR, EMPRESA ESTATAL, VINCULAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ACUSADO, FAVORECIMENTO, NATUREZA POLITICA, DESVIO, RECURSOS, FINANCIAMENTO, CAMPANHA ELEITORAL, COBRANÇA, PROVIDENCIA, JOSE SARNEY, PRESIDENTE, SENADO, ESTABELECIMENTO, DATA, INICIO, TRABALHO, COMISSÃO DE INQUERITO.

            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE. Sem revisão do orador.) - Pois não, Sr. Presidente, vou ser o mais breve possível.

            Primeiro, quero dizer que o pronunciamento que acabei de ouvir aqui nesta Casa sobre a questão da implantação da CPI da Petrobras é um dos mais decepcionantes que já ouvi nesta Casa, pela substância e pelo cinismo. Afinal de contas, foi várias vezes aqui acordado que, na semana seguinte, se implantaria a CPI em função de todos os trâmites regimentais já estarem cumpridos. Ninguém nesta Casa, em sã consciência, pode achar que falta discussão e que não é uma ação deliberada no sentido de evitar a implantação, prorrogando de maneira que se entre em recesso e, no recesso, venha o esfriamento e se mudem as condições, se transformem as condições para a implantação dessa CPI.

            Realmente, é uma manobra em que se jogam por terra os elementos fundamentais do Parlamento. No Parlamento, a confiança à palavra dada, o seguimento do Regimento são ações que fazem com que esta Casa possa realmente funcionar com elegância, com cordialidade, respeitando as diferentes posições.

            Realmente, para mim, é a assinatura definitiva de que a palavra do Governo não pode ser respeitada, a palavra dos Líderes que falam pelo Governo não tem a menor credibilidade, porque ela não tem realmente conteúdo e não necessariamente vai ser cumprida um dia. Isso, para mim, realmente é o fim de qualquer possibilidade de se trabalhar de uma maneira elegante, vou até dizer de uma maneira qualificada porque, quando a palavra, a confiança, a credibilidade são rasgadas definitivamente, trabalhar de maneira elegante está definitivamente enterrado.

            Por outro lado, Sr. Presidente, gostaria de cobrar de V. Exª. Quando eu disse ontem que, a meu ver, no caso de uma CPI que já foi implantada, já foi aprovada com todos os seus trâmites legais, a autoridade do Presidente da Casa faz com que essa manobra, que foge a toda a tradição da Casa de uma maneira violenta e truculenta, nos leva a mais uma vez recorrer à Justiça para que a Casa possa funcionar normalmente, levando a autoridade desta Casa cada vez mais para baixo. Quando eu pedi a V. Exª uma opinião e uma decisão sobre o assunto, era na expectativa de que V. Exª marcasse uma data para a implantação porque, moralmente, isso tem que ser feito.

            Se existem as condições, e um grupo, por ter maioria, usa de uma série de artifícios com o objetivo de aquilo que é legal e regimental não ser implantado, no intuito de esconder para a Nação inteira o que está acontecendo na Petrobras, é realmente uma violência com a qual não vejo paralelo, pelo menos desde que estou aqui no Senado. Estou completando, Senador Arthur, sete anos de Senado e, pela primeira vez, vi uma violência desta maneira, Senadora Marisa. Pela primeira vez, vi também, de maneira absolutamente cínica, a palavra ser quebrada, se dizer “não, eu asseguro que, no dia 30, vamos implantar essa CPI”, e, pouco tempo depois, não se implanta e se diz que não houve tempo para fazer a reunião para deliberar sobre o assunto.

            Realmente, é triste. Estamos vivendo aqui, ao meu ver, Senador Arthur, independentemente da crise, mais um dia muito triste nesta Casa. Para mim, acordo com Lideranças do Governo já não existem mais. E o pior: para mim também, evidentemente, quando se faz uma violência como esta, é porque há alguma coisa, Senador Antonio Carlos, muito grave a esconder.

            E já vou dizer aqui, para começar a discussão: todo mundo sabe que existe um Diretor ou Subdiretor chamado Wilson Santarosa, que está usando e abusando de recursos da Petrobras para fazer política, para favorecer setores, dinheiro para campanha, dinheiro para outras coisas, isso tem sido praticamente objeto diário de denúncias nos jornais brasileiros. Esse elemento é ligado ao PT e está sendo neste momento protegido pelo PT, pelo Governo, porque ele é ligado diretamente ao Governo Federal e ao PT. Esse elemento está sendo com isso protegido para que não venha à tona para o Brasil inteiro o tamanho da imoralidade que está fazendo por esse indivíduo e um grupo lá dentro.

            Vou a outro nome: Sr. Paulo Roberto, que é Diretor, que é ligado a outros partidos políticos nesta Casa e está sendo, neste momento, protegido de maneira descarada, para que os males, a corrupção que está ocorrendo quase que cotidianamente lá na Petrobras não venham à tona para a população brasileira.

            Então, nós estamos aqui, Sr. Presidente, realmente, hoje, definitivamente, diante da verdadeira desmoralização desta Casa por elementos que estão organizadamente, entrelaçadamente, agindo para proteger um dos maiores casos de corrupção da vida recente deste País. Queria deixar isso claro.

            Sr. Presidente, me desculpe, com todo o respeito que tenho por V. Exª, se não for marcado o dia, agora, ainda nesta semana, é melhor nós irmos para casa porque não temos nada o que fazer aqui a não ser fazer de conta que trabalhamos. Aí, sim, tem que alugar um lugarzinho para um amigo, um lugarzinho para outro, porque nós não temos nenhuma coisa de responsabilidade a fazer aqui a não ser ficar nesse fuxico que estamos vivendo.

            Era isso que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/07/2009 - Página 31015