Discurso durante a 125ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Regozijo pelas negociações levadas a efeito sobre matérias de interesse dos aposentados, oportunidade em que S.Exa. expressa seu empenho em trabalhar pela causa. Críticas à postura pessoal da Governadora Ana Júlia Carepa e lamento pelo caos em que se encontra a saúde e a segurança no Estado do Pará.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PREVIDENCIA SOCIAL. ESTADO DO PARA (PA), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Regozijo pelas negociações levadas a efeito sobre matérias de interesse dos aposentados, oportunidade em que S.Exa. expressa seu empenho em trabalhar pela causa. Críticas à postura pessoal da Governadora Ana Júlia Carepa e lamento pelo caos em que se encontra a saúde e a segurança no Estado do Pará.
Aparteantes
Eduardo Azeredo.
Publicação
Publicação no DSF de 07/08/2009 - Página 34705
Assunto
Outros > PREVIDENCIA SOCIAL. ESTADO DO PARA (PA), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, INICIO, NEGOCIAÇÃO, REPRESENTANTE, APOSENTADO, GOVERNO FEDERAL, BUSCA, ENTENDIMENTO, EXTINÇÃO, FATOR, NATUREZA PREVIDENCIARIA, REAJUSTE, BENEFICIO PREVIDENCIARIO, REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, REUNIÃO.
  • COMENTARIO, NOTICIARIO, IMPRENSA, ESTADO DO PARA (PA), GRAVIDADE, VIOLENCIA, AUMENTO, NUMERO, VITIMA, HOMICIDIO, PRECARIEDADE, SAUDE, FALTA, MATERIAL HOSPITALAR, AUSENCIA, ABERTURA, INQUERITO, APURAÇÃO, RESPONSABILIDADE, MORTE, RECEM NASCIDO, SANTA CASA DE MISERICORDIA, DEFESA, ORADOR, NECESSIDADE, ATUAÇÃO, ASSEMBLEIA LEGISLATIVA, INSTALAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), INVESTIGAÇÃO, PROBLEMA.
  • CRITICA, INEFICACIA, GOVERNADOR, ESTADO DO PARA (PA), ADOÇÃO, PROVIDENCIA, COMBATE, VIOLENCIA, MELHORIA, QUALIDADE, SAUDE, EDUCAÇÃO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Sr. Presidente.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, inicialmente quero, aqui, Senador Paulo Paim, dizer da minha alegria de poder ver o andamento das negociações que se travam entre as classes dos aposentados, Senadores, Deputados interessados e o Governo. Participei de várias, devo participar de mais uma hoje com V. Exª, e quero dizer aos aposentados que nunca senti tão perto a solução deste problema. Devemos ter um pouco mais de calma, de paciência, porque nós sentimos agora, neste momento, que o Governo começa a dar sinais de boa vontade, e nós devemos reconhecer.

            Foram várias reuniões desde o mês de junho, e tenho certeza de que isso não vai demorar tanto tempo. Não adianta dizer que estão nos empurrando com a barriga. Nós somos bastante maduros para saber quando devemos prosseguir e quando devemos parar. Neste momento, nós achamos que devemos prosseguir, pois nós sentimos boa vontade de todos, nós sentimos boa vontade do Presidente da Câmara, do Líder do Governo na Câmara, dos Deputados, dos Senadores e do Governo em querer resolver a situação dos aposentados deste País.

            Confiem na gente, porque nós estivemos bem mais distantes. Há dois anos, tudo estava perdido; agora estamos próximos da solução. Confiem que nós estamos colocando o coração nessa questão, estamos colocando a boa vontade nessa questão, estamos colocando tudo de nós para que se possa melhorar a situação de vocês, aposentados sofridos deste País, tendo à frente o nobre Senador Paulo Paim.

            Mas, Senador Paulo Paim, quero dizer a V. Exª que uma das coisas que me faz bem na vida é falar do meu Estado nesta tribuna. Eu gosto de vir a esta tribuna defender o meu Estado, mostrar a situação ao País, aos governantes, às autoridades, para que saibam o que se passa no meu Estado. Alias, a própria Constituição Federal me obriga a fazer isto: defender o meu Estado.

            Senador, estive ontem nesta tribuna falando de uma questão, fazendo até um aconselhamento à nossa Governadora. V. Exª há pouco falava da Governadora do Rio Grande do Sul, que é do meu Partido. Acho que a Justiça está aí e fará justiça no caso do Rio Grande do Sul e, com certeza, no caso do Pará. Não se pode, logicamente, prejudicar uma população. Nem V. Exª, nem eu estaríamos a favor de um erro que viesse a prejudicar um povo. V. Exª eu conheço, sei do seu caráter, e V. Exª já conhece um pouquinho do Mário Couto.

            Eu cheguei ontem aqui comentando a morte de um menino de doze anos. Não é o primeiro caso de violência no meu Estado. O menino, para salvar outro de seis anos de idade, abraçou-se a este durante um tiroteio entre bandidos e acabou sendo morto, acabou sendo sacrificado. Mostrei os jornais sem querer condenar absolutamente; apenas, como V. Exª fez há pouco, comentei a reportagem de Guilherme Augusto, que trazia uma charge - e pedi até à TV Senado que a mostrasse - da Governadora Ana Júlia Carepa, na qual ela está à mesa de um bar, com um copo de bebida e, lá no fundo, há uma prateleira de bebidas que contêm álcool. Do lado, a reportagem grande dizia: Locomotiva. E fazia uma reportagem dizendo que a Governadora estava se excedendo nos bares e que ela estava para lá de liberal. Fiz esse comentário e, na manhã de hoje, fui informado que algumas rádios do meu Estado estavam me criticando, em função da minha fala de ontem.

            Não vou, obviamente, Senador, deixar jamais de defender o meu Estado. Isso que eu mostrei, isso que eu faço não é acusação a uma mulher, não é querer tirar o respeito que eu tenho pelas mulheres. Outro dia, entenderam mal o Senador Mão Santa. Tentaram ontem aqui transmitir um recado à população, dizendo que eu estaria ofendendo uma mulher. Não é a imagem da mulher, não me referi à imagem da mulher. Eu me referi à imagem da Governadora, da dirigente, da administradora, daquela que assumiu a responsabilidade de dirigir sete milhões de pessoas. Foi para ela que falei.

            Uma Governadora que senta à mesa de um bar repetidamente, todas as semanas, para beber bebida alcoólica publicamente, no mínimo, tem uma atitude altamente condenável.

            E foi comentado também nas rádios que eu estava me envolvendo nos assuntos particulares da Governadora. Na hora em que alguém que tem um mandato de Governador senta-se à mesa comum de um bar e consome bebida alcoólica - e lógico que o álcool muda o comportamento do ser humano -, essa pessoa falta com o respeito àqueles que confiaram nela.

            E ontem, Senador, eu pedi aqui à nossa Governadora que procurasse uma outra maneira de se divertir, para que, logicamente, não lhe faltasse o respeito do povo. Mostrei aqui como está o Estado do Pará, em função da violência. Mostrei aqui - e vou mostrar de novo - que o Estado do Pará está sendo assaltado, massacrado, pisoteado pelos bandidos. E é isso que eu não quero; é só isso que eu não quero! Por isso, eu tenho que falar do meu Estado. Por isso, eu tenho que defender o meu Estado.

            E eu tenho certeza absoluta de que, se a Governadora Ana Júlia levasse a sério a responsabilidade de dirigir o Estado, que tem sete milhões de pessoas, mudaria sua postura. Chega-se ao ponto de desmoralização no Estado. Ora, também uma Governadora que vai aos bares beber! O que pode pensar um ladrão, um bandido, um assaltante desse Estado? É que esse Estado está sem um comando; é que esse Estado está ao léu; é que esse Estado não tem governante; é que nesse Estado pode se fazer o que quiser, pode assaltar, pode matar. E eu já mostrei como a bandidagem tomou conta do meu Estado.

            E eu tenho que ficar calado? E eu tenho que não falar nada? Olha o ponto a que chegamos, Presidente. Olha o ponto a que chegamos! Essa não é a primeira manchete. Por isso que eu uso sempre, sabe, Senador Paim, as manchetes, como V. Exª acabou de fazer. Eu sempre mostro os jornais, as matérias. Eu não faço sem nenhum documento na mão. Olhem aonde chegamos! Olhem o que este jornal do Estado do Pará publica: “O povo pede uma chance à paz”. O povo não aguenta mais.

            O Pará chegou ao caos. A Assembleia Legislativa do Estado do Pará deveria, sim, abrir uma CPI para saber da morte daqueles 180 bebês na Santa Casa de Misericórdia. Dever-se-ia abrir uma CPI para se saber quantos já morreram no Estado do Pará, sem que nenhuma providência seja tomada em relação a isto!

            Pior, Senador! Olhe para mim! Eu vou ler a matéria para V. Exª perceber, um pequeno pedaço da matéria. Não existe coisa mais dramática neste País do que o que se passa no Estado do Pará, Senador! Não existe!

            Mataram um jovem - está aqui - e, no enterro do jovem, roubaram toda a família do jovem. Mataram e ainda foram roubar a família no enterro do jovem! Será que isso existe no mundo? Será que já ouvimos alguma coisa parecida com esta no mundo? No Brasil, tenho certeza de que não. Mas será que no mundo já se ouviu coisa igual a isto? O bandido mata o rapaz e, na saída do enterro do rapaz, ainda assalta a todos. E a Governadora bebendo nos bares, e aí eu tenho que ficar calado.

            Abro outro jornal e vejo a situação da maternidade da Santa Casa de Misericórdia, onde mataram... Sim, mataram; a palavra é mataram, tanto que parou de acontecer. Num período curto, Senador Jefferson Praia, mataram mais de 200 bebês. Sabe, Sabe, Nação, sabe, meu Pará, o que aconteceu? Nada. Absolutamente nada. Nem um inquérito sequer foi aberto para apuração de alguma coisa! Por isso é que ela faz o que quer. Ela domina, ela manda. Nada acontece com ela. Quase 200 bebês mortos! Quase 200 bebês mortos na Santa Casa de Misericórdia! E nenhum processo aberto, nada, nem apuração para se saber quem é o responsável pelo que aconteceu! Hein, Assembleia Legislativa do meu Estado? Assembleia, eu fui Deputado Estadual. Essa é demais! Essa é demais, Assembleia Legislativa! Algo tem que acontecer, alguma providência tem que ser tomada! O Pará não pode olhar isso; o Pará não pode ver isso! Isso é comovente; isso é ingrato com aquelas famílias que hoje choram a morte de seus filhos. Não há dor maior do que essa, Pará!

            Está certo que há abuso. Está certo que o jornalista Guilherme Augusto abusou. Abusou quando fez uma charge com a Governadora gordona. Abusou. A Governadora não é gordona; ela é mais magra do que está aqui, a não ser que a cerveja ou o uísque esteja engordando a Governadora. Mas ela não é tão gorda como está aqui. O jornalista abusou. E aqui eu quero corrigir esta charge: ela é mais magra. Ela não é tão gorda, a não ser que a bebida esteja engordando demais a Governadora.

            Agora, que o fato, se for real - não sei se é -, mas se o fato for real, ela está abusando da sociedade paraense. Ela está abusando. A palavra é esta: é um abuso. É um abuso o que está acontecendo hoje no meu Estado. Os hospitais não funcionam; não têm médicos. Está aqui a tituleira de um jornal, na primeira página, a Maternidade da Santa Casa - aquela mesma que fez com que 200 famílias chorassem a morte de seus queridos filhinhos - volta aos jornais desta semana, que dizem: “Maternidade da Santa Casa não tem nem esparadrapo”.

            Governadora, aí eu não posso ficar calado. Desculpe-me. Nada contra V. Exª, Governadora, mas o meu Estado está sofrendo. A saúde do meu Estado está em caos, Governadora. Esse Hospital da Santa Casa já foi referência nacional e mundial no tempo de Almir Gabriel, ex-Governador do Pará - nacional e mundial. Hoje não tem esparadrapo na maternidade! Aí, Governadora, sinceramente, nós temos que chegar aqui e mostrar ao povo do Pará a incompetência de V. Exª. A incompetência é tão grande que V. Exª não tem a preocupação ou a precaução, Governadora, de chegar na sua casa, chamar os seus amigos, abrir uma garrafa de champanhe ou de vinho e beber na sua casa, Governadora. A senhora tem que ir a bares? A senhora tem que se embebedar em bares? Diz o jornalista aqui, Governadora. Processe o jornalista se for mentira. Estou falando de uma matéria que saiu no jornal Diário do Pará, publicada pelo jornalista Guilherme Augusto. Se for mentira, processe o jornalista. Agora, se for verdade, corrija o seu erro, Governadora! Enquanto o Pará sofre, a senhora se diverte.

            Foi a mesma coisa que aconteceu aqui, no Senado Federal, há um ou dois anos atrás, Srs. Senadores. Pegaram uma menina de 12 a 13 anos de idade... Vejam como sofre a população do meu Estado, os jovens do meu Estado: com 12, 13 anos, uma menina presa numa cadeia, Senador, no meio dos bandidos, numa cela comum. Serviram-se daquela moça, daquela menina, queimaram a menina com cigarro, bateram na menina. A menina gritava pela janela, pedindo socorro diariamente, até que, enfim, algum viu e denunciou.

            A denúncia chegou a este Senado. Eu estava na minha cadeira, sentado. Fiquei altamente decepcionado com a notícia. A notícia correu o Brasil inteiro; a notícia correu o mundo inteiro. E, na hora da notícia, disseram-me: a Governadora está bem ali! Eu convidei o Senador Flexa Ribeiro, paraense, Senador que estava do meu lado, para ir comunicar a nossa Governadora o que havia acontecido no nosso Estado. Quando me aproximei com Flexa Ribeiro, ela estava dançando o carimbó. Dançando o carimbó dentro do Senado Nacional! E já sabia da notícia! A notícia já tinha corrido o Brasil e o mundo inteiro, e a Governadora dançava o carimbó no Senado!

            Governadora, não sou eu que estou inventando; a Veja publicou isso, Governadora! Olhe a vergonha para o meu Estado, Governadora, que a senhora tem causado: a Veja publicou numa página a senhora rodando, dançando o carimbó no momento do trágico acontecimento no Estado do Pará!

            Sabe o que aconteceu com o delegado? Nada. Aliás, aconteceu. Aconteceu, Senador Paim: o delegado foi demitido; passou seis meses demitido e agora foi para um cargo maior. Foi readmitido num cargo maior como prêmio. A Governadora lhe deu um prêmio! “Vou lhe dar um prêmio, vou promovê-lo! Você foi perfeito, delegado: colocou a menina numa cadeia junto com os bandidos, para se servirem dela! Então, você merece um prêmio!” E deu um prêmio: promoveu o delegado!

            Estou inventando isso, Governadora? Não. Está na Veja, Governadora! A Veja publicou também, Governadora, o prêmio que V. Exª deu ao delegado por ele ter feito aquela bandidagem com aquela menina!

            Ameaças? Não tenho medo, não. Não tenho medo! Parta de quem for. Vida limpa, vida limpa, Governadora! Procure! Aliás, há muito que estão procurando.

            Mandaram-me pra cá, Governadora, um milhão e meio de paraenses, confiando neste caboclo marajoara, confiando neste humilde Senador. E, aqui, eu denuncio; aqui, eu cobro; aqui, eu batalho; aqui, eu luto; aqui, eu mostro, Governadora!

            Se for preciso, um dia, elogiá-la, vou elogiá-la. Mas, pelo amor de Nossa Senhora de Nazaré, Governadora, beba na sua casa! Não quero seu mal. Se eu estivesse pedindo para a senhora beber mais, seria ruim. Não estou pedindo para a senhora beber mais nem para deixar de beber. Beba na sua casa, Governadora! Seja prudente, respeite os paraenses que estão morrendo no meio da rua, Governadora! São três paraenses que morrem por dia - dados da Fundação Getúlio Vargas. Três paraenses tombam diariamente.

            Não canso de dizer o que li no jornal: uma mulher chorava e o repórter perguntava a ela: “Mas não tem nada. A senhora está aqui, chorando, sozinha, no meio da rua. Por que a senhora está chorando no meio da rua? Não tem motivo nenhum! Vou levá-la para sua casa”. Ela virou para o repórter e disse: “Estou chorando hoje já por aqueles que vão morrer amanhã”. Isso está publicado no jornal. É matéria; não é invenção minha.

            São doze pessoas que morrem no final de semana na grande capital, ou seja, só em Belém. Essa estatística, Senador, é só de Belém, só da capital. Cinco municípios do interior do Estado foram tomados pelos bandidos. Cinco, Paim! Cinco!

            Sabe, Paim, a Assembléia Legislativa do meu Estado é muito amiguinha, muito amiguinha, porque, se a coisa fosse para valer, se a Assembléia já tivesse aberto uma CPI em relação àqueles bebês da Santa Casa, a Governadora Ana Júlia não estaria mais dirigindo o Estado do Pará.

            Tenho muito, muito, Senador, mas muito critério ao falar nesta tribuna. Muito! V. Exª nunca vai me ver falar aqui sem um documento na mão. Nunca, nunca! Desde que fui Deputado, jamais falei, jamais fui a uma tribuna sem um documento na mão. O que comentei e o que comento é a reportagem de um jornalista, que publica artigo dizendo que a Governadora está se excedendo. E vi nesta matéria uma falta de respeito para com o nosso povo. E não falo da mulher; falo da governante. Cobro dela, cobro daquela que disse ao Estado do Pará que ia governá-lo com dignidade, que ia acabar com a violência, que ia melhorar a educação, que ia melhorar a saúde. E tudo isso não aconteceu.

            Tenho que cobrar e vou cobrar até o final do meu mandato. Tenho certeza de que não cobrarei até o final do meu mandato, porque, daqui a dois anos, o povo do Pará vai raciocinar e vai mudar. Tenho certeza de que o povo do Pará não vai permanecer sofrendo como está. O povo do Pará tem dignidade; é ordeiro, sóbrio, honesto, trabalhador, religioso, e tenho certeza de que ele não quer mais governantes que faltem com a palavra.

            Estou descendo da tribuna, mas tenho muita honra em ouvi-lo.

            O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - Senador Mário Couto, V. Exª sempre fala de forma tão entusiasmada e traz exatamente a preocupação com seu Estado do Pará, Estado que o elegeu com mais de um milhão e meio de votos. Não é por pouco que seu nome é sempre lembrado, com importância, no Estado do Pará. Mas, Senador Mário Couto, quero trazer aqui, aproveitando sua presença, um outro aparte, ainda que rápido, em relação ao nosso Líder Arthur Virgílio. Estive ontem na tribuna exatamente para dizer da importância de, além de continuarmos com o processo de normalização do funcionamento administrativo do Senado, com a correção dos desvios que foram cometidos, como esse abuso de números de diretorias, as questões de horas extras e outras questões que foram levantadas, que pudéssemos encaminhar, normalmente, as questões legislativas, que caminhássemos para discutir questões importantes que estão aí pendentes, como o risco de falta de remédios para combater a chamada gripe suína, as questões ligadas ao dia a dia da saúde, que continuam necessitando de nossa atenção, dentro de uma linha que sempre me norteou, bem ao estilo de Minas Gerais: uma busca mais moderada. Mas, hoje, Senador, tenho de vir aqui para fazer um protesto contra a represália que é feita ao Líder Arthur Virgílio. Tenho em mão a representação que o PMDB apresentou ontem à noite, depois de o Presidente Sarney ter pedido, nesta tribuna, que houvesse paz e que caminhássemos rumo à normalização no Senado. Lamentavelmente, o PMDB, na pessoa da Presidente Iris Araújo, que assinou a representação, vem fazendo um pedido - que é absurdo - de cassação do mandato de Arthur Virgílio, e de uma maneira totalmente indevida. É uma represália; é uma vindita com termos que são totalmente incompatíveis com o que é a vida pública de Arthur Virgílio. A “orgia com o dinheiro público”, Item 2. Associar Arthur Virgílio a “orgia com o dinheiro público”! Senador, é difícil...

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Sabe o que é isso, Senador? Vou resumir. Na tarde de hoje, vamos ter muito o que falar sobre isso. Tenho certeza. Não tenho dúvida de que, hoje, o debate nesta Casa será este. Não tenho dúvida. Depois das três e meia.... Por isso, até deixei para falar no decorrer da sessão. Mas vou resumir o que é isso, até pelo teor da manifestação.

            O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - Quero só registrar esse protesto.

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Essa é exatamente a filosofia do Hitler. Esta é uma filosofia do Hitler: “A melhor defesa é o ataque”. Essa é uma filosofia de Hitler. Por quê? Porque Arthur Virgílio é uma pessoa digna, que não deve nada a ninguém, que não tem o que temer. E, por encarar de frente as coisas, como encara aqui, neste Senado, agem assim: “Vamos parar o Arthur Virgílio de qualquer maneira! É ele! Para! Esse cara é danado! Ele denuncia!”

            E aí querem parar dessa forma. Está errado. O caminho não é esse. Não vão parar nunca. Quanto mais cutucarem a fera, a fera vai abrir mais a boca.

            O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - Sei como é, Senador!

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Então, não adianta. Acho que isso é inoportuno e chega até a ser irresponsável.

            O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - Exatamente.

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Porque mostra à Nação uma maneira de se querer parar alguém que, pelo seu ímpeto, quer defender a Nação, quer resgatar o respeito deste Senado, quer a ética, quer a moralidade. Então, o caminho não é esse. Todos nós ficamos chocados, tocados com isso, porque o Arthur é um Líder por quem temos muito carinho, sabemos da sua postura, da sua dignidade, do seu caráter, e ninguém jamais vai conseguir intimidá-lo.

            Em resumo, é isso. Mas, hoje, vamos ter a oportunidade de conversar muito sobre o assunto, Senador.

            O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - Quero exatamente completar nessa linha. Nosso respeito pela vida de Arthur Virgilio, que foi Prefeito de Manaus, que é um bravo Senador, que tem a nossa confiança como Líder. Não é assim. Não é fazendo represálias, não é fazendo ameaças que se vai chegar ao entendimento aqui no Senado. De maneira alguma. Diz bem V. Exª, Senador Mário Couto: não adianta intimidar o Arthur, não. E mais: se quiserem intimidar o Senador Arthur, vão atingir a todos nós, até algumas pessoas mais cordatas como eu, que gostam de brincar, que sou moderado. Eu sou moderado, sim. Agora, não venham dessa maneira; não venham nos provocar. Essa é uma provocação que atinge a todos nós, do PSDB. Essa é uma ação irresponsável, indevida, de represália; é uma atitude que, realmente, não tem o menor sentido e que merece o protesto de todos nós, que somos representantes do povo brasileiro aqui no Senado Federal. Ao Arthur, portanto, nossa total e irrestrita solidariedade.

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Concordo com V. Exª. Acho que não mexeram com o Arthur; mexeram com a Bancada do PSDB. V. Exª, que não tem se envolvido em casos dessa natureza, assim como eu, até por não gostar, a partir desse momento fomos cutucados. Cutucaram V. Exª, cutucaram a mim, cutucaram a todos. A forma como fizeram e a forma de querer intimidar. Olha se V. Exª concorda comigo, olha se aceitamos isso: se alguém entra no Conselho de Ética contra alguém, não pode entrar porque será atingido violentamente, para que saiba que não é bom entrar. Olha se isto pega neste Senado! Quem terá mais a coragem de denunciar alguém, Senador Jefferson Praia?

            Essa é a tática do Hitler. E a tática do Hitler já não funciona mais nos dias atuais. Não sei se funcionou lá - acho que não, tanto que foi derrotado -, mas, nos dias atuais, não funciona. Ao contrário, motiva as pessoas a encararem mais de frente a situação e a mostrarem à Nação brasileira que não é dessa maneira que se tenta calar alguém. Não vai calar. Eu conheço o Arthur Virgílio. Ao contrário: sensibilizou a Bancada em sua defesa. Se nós estávamos, aqui, olhando a crise e deixando que os nossos Líderes a tocassem, a partir de hoje, nós a tocaremos junto com ele.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/08/2009 - Página 34705