Discurso durante a 125ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Solidariedade ao Senador Arthur Virgílio. (como Líder)

Autor
Sergio Guerra (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PE)
Nome completo: Severino Sérgio Estelita Guerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO.:
  • Solidariedade ao Senador Arthur Virgílio. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 07/08/2009 - Página 34760
Assunto
Outros > SENADO.
Indexação
  • MANIFESTAÇÃO, SOLIDARIEDADE, ARTHUR VIRGILIO, SENADOR, CRITICA, DESNECESSIDADE, LEITURA, RENAN CALHEIROS, CONGRESSISTA, DOCUMENTO, AUSENCIA, FUNDAMENTAÇÃO, SOLICITAÇÃO, REPRESENTAÇÃO, CONSELHO, ETICA, APURAÇÃO, QUEBRA, DECORO PARLAMENTAR, LIDER, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB).
  • DEFESA, NECESSIDADE, REFORMULAÇÃO, ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA, SENADO, IMPORTANCIA, AFASTAMENTO, JOSE SARNEY, PRESIDENTE, CONGRESSO NACIONAL, GARANTIA, REALIZAÇÃO, PROCESSO, RECUPERAÇÃO, REPUTAÇÃO, LEGISLATIVO.
  • INFORMAÇÕES, NOTICIARIO, IMPRENSA, POSSIBILIDADE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), ORGANIZAÇÃO, DOCUMENTO, OBJETIVO, DENUNCIA, ORADOR, ALVARO DIAS, TASSO JEREISSATI, SENADOR, REPUDIO, TENTATIVA, AMEAÇA, REITERAÇÃO, CONTINUAÇÃO, TRABALHO, DEFESA, SENADO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero, num primeiro momento, afirmar absoluta, total e irrestrita solidariedade a um Senador que tem a ficha limpa, que tem muitos anos de vida pública, cuja competência e seriedade o Senado inteiro conhece - inclusive seus adversários. Alguém que sempre honrou seu mandato e que honra o PSDB, honra a Bancada Federal do PSDB e honra a democracia nesta Casa, que é o Senador Arthur Virgílio.

            Não falo apenas em meu nome; falo em nome do PSDB inteiro, dos seus Líderes, Governadores, Deputados Federais, Deputados Estaduais, militantes. Arthur Virgílio é um orgulho para o PSDB.

            Tenho a convicção - para mim tão clara quanto a luz do dia - de que o Senador Arthur Virgílio vai concluir toda essa discussão no Senado muito maior do que já é, com muito mais reconhecimento dos brasileiros pela sua coragem, sua determinação e sua convicção democrática. Vimos hoje que sua palavra não é a palavra de um simples Parlamentar, mas a palavra de um grande Parlamentar, de um grande democrata, que foi agredido por uma representação precária, absolutamente agressiva, que não tem nada a ver, nada rigorosamente a ver, com a representação que nós, do PSDB, fizemos com relação ao mandato do Presidente José Sarney.

            Com relação ao Presidente José Sarney, uma rápida digressão. Nós não votamos no Presidente José Sarney e dissemos que não votávamos nele porque entendíamos que o Senador Tião Viana tinha condições gerais e apoios sólidos para fazer mudanças que o Senado precisava que naquele momento fossem empreendidas. Assim, votamos nele. Tivemos de nos explicar muita vezes por que estava o PSDB, que vai disputar uma eleição o ano que vem com o PT, apoiando o candidato do Partido dos Trabalhadores. Apoiamos o Senador Tião porque entendíamos que ele era melhor para o Senado e não estávamos, naquele momento, elegendo nem o Presidente da República nem o Governo do Acre ou coisa parecida; estávamos elegendo o Presidente do Senado.

            Deveria ter sido o Senador Tião Viana. Teria sido muito melhor se fosse assim. Nada de pessoal contra o Senador José Sarney, rigorosamente nada. Ao contrário, tenho uma relação amistosa e amizade com ele que herdei, inclusive, da minha família, de meu pai e de meus irmãos.

            Meu irmão foi companheiro dele na Bossa Nova da UDN e depois foi cassado pela chamada Revolução de 64; cassado por muitos anos, depois, não mais voltou à vida pública, já sem condições físicas para desempenhar mandatos no geral.

            Tenho uma convicção clara do que aconteceu aqui. Acho que o Senado tem sido dirigido rigorosamente por forças que não querem mudar o Senado, e essas forças são as mesmas. Elas podem mudar de partido, mas não mudam de posição. Por essa razão, o Senador José Agripino não conseguiu se eleger com a nossa ajuda; por essa razão, o Senador Tião, do PT, não do DEM, de um Partido teoricamente contrário ao outro, não conseguiu se eleger. Não tem nada a ver com política, nada a ver com partidos em conflito, nada a ver com isso; tem a ver com a estrutura deste Senado que está arcaica, debilitada, superada, incompatível com o momento atual.

            Tão logo começou todo esse processo de desgaste do Presidente Sarney, que - é bom que se diga - jamais teve origem em denúncias do PSDB ou do DEM ou mesmo de partidos aqui no Senado, acontecimentos foram sendo decifrados, publicados, desenvolvidos por várias fontes, mas não por iniciativa parlamentar. Com a evolução dos fatos, no primeiro momento, o DEM, que havia apoiado a candidatura do Presidente Sarney, deixou de fazê-lo, pediu o seu afastamento. Logo a seguir, o próprio PT, o PT do Presidente Lula, o PT que ganhou as eleições brasileiras, o PT, que tem votos e não interesses, tem votos, tem população e tem popularidade no Brasil - as pesquisas o comprovam -, também pediu

         O PT também pediu o afastamento do Presidente José Sarney. Depois pedimos nós, do PSDB, ou, se não me engano, ao mesmo tempo. Fomos ao Presidente para dizer o seguinte: “Presidente, afaste-se da Presidência”.

         Proponho uma ampla reforma do Senado. Não fui compreendido, naquele instante, pelo meu amigo Presidente Marconi Perillo, mas nós propusemos uma reforma total, porque, sem uma reforma total do Senado, real, radical, não vamos resolver nenhum dos problemas daqui e vamos continuar nesta crise o tempo todo. Vamos perpetuar esta crise por muitos anos se não fizermos mudanças que aqui têm que ser feitas. De outro lado, nunca nos negamos a nenhuma forma de colaboração, de discussão com qualquer força política, inclusive com o PMDB, do Senador Renan Calheiros...

(Interrupção do som.)

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE) - ...sempre disse a mim que desejava o entendimento para mudar e melhorar o Senado. O Senador Renan reiterou as suas intenções construtivas uma, duas, dez vezes. O Senador Renan negou todas as acusações que, muitas vezes, eu pude transmitir-lhe em relação a situações como esta: tal Senador está ameaçado; outro Senador está ameaçado; a tropa de choque vai funcionar.

            Eu quero recordar aqui o episódio que resultou no afastamento do Presidente Renan Calheiros. Ele não foi basicamente prejudicado pela denúncia que se fez, muito menos pela sua defesa. O que o prejudicou, de maneira objetiva, foi a permanente obstrução de grupos sectários que o defenderam, obstrução primitiva, obstrução sem razão, obstrução sem conteúdo, que fizeram da defesa do Presidente Renan um compromisso absoluto de inviabilidade na opinião pública.

            Ele se afastou rapidamente da opinião pública, tão precária e tal era a forma de funcionamento de uma chamada tropa de choque que só o fez inviabilizar. Eu terei amanhã pesquisas em Alagoas e saberei qual é o tamanho dos votos e das intenções de votos do Presidente Renan Calheiros em Alagoas. Vou transmitir-lhes.

            Agora, eu quero afirmar aqui, com a maior tranquilidade do mundo, com uma isenção que sempre me caracterizou, com a calma da qual jamais me afastei, com respeito a todos e com reconhecimento a todos, que não dá para continuar com o Senado assim, que o Presidente José Sarney não tem autoridade, liderança, para presidir o Senado.

            Não gosto de dizer isso. Sinto por ele, sinto pela sua família, tenho amigos lá, mas o Presidente José Sarney, tanto mais permaneça aqui, mais o Senado terá dificuldades, mas ele, o Presidente Sarney, comprometerá a sua vida pública.

            Poderia sair de várias formas, numa licença e num pronunciamento de homem de Estado. Não faz, nem fez isso. Fez para nós um discurso ontem que, pelo menos, teve a marca da moderação. Elogio essa marca, que concluiu por um apelo à pacificação.

            Considero esse apelo absolutamente correto, mas vai ser contrariado hoje, de maneira contundente, pela leitura dispensável aqui de uma representação também dispensável, grosseira, injusta, calamitosa, criminosa, ela sim, contra o Líder Arthur Virgílio Neto.

            Arthur Virgílio não merece aquela representação. Arthur Virgílio não merece aquele tipo de crítica. Arthur Virgílio terá erros e acertos, mas é sobretudo um grande homem público. Se sair deste Senado hoje, fará uma grande falta, uma enorme falta à democracia e ao Senado. Por onde andamos no Brasil, não há Parlamentar aqui mais reconhecido, mais aplaudido e mais respeitado do que ele. É um crime! É uma ação absolutamente precária!

            Sinto que o Senador Renan Calheiros, que tem uma vida pública - já foi Senador, Ministro, Deputado -, que começou a sua luta lá pela esquerda, e eu o conheci há muitos anos e o considero em grande parte, em muitos momentos, injustiçado, sinto que o Senador tenha tomado o rumo que tomou. Muito deplorável, absolutamente deplorável a atitude do Senador Renan Calheiros aqui hoje! Ler aquela carta, ler aquela representação de maneira absolutamente insincera não ajuda nem a biografia dele, nem o conceito dele, nem o funcionamento do Senado; ao contrário, praticamente o condena.

            Outra coisa...

(Interrupção do som)

            O SR. PRESIDENTE (Marconi Perillo. PSDB - GO) - Para concluir, Senador.

            O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE) - Para concluir, alguns jornais começam a publicar, e blogs também, notícias do tipo que o Senador Renan, o PMDB... E não é o PMDB. Tenho conversado com o PMDB inteiro. Temos amigos lá, muitos amigos entre Governos Estaduais, Governadores, Líderes, Deputados, Presidente e daí para frente. Mas alguns jornais começam a publicar que o PMDB, ou ele ou seja lá quem for, estaria estruturando denúncias contra Alvaro Dias, Tasso Jereissati e Sérgio Guerra.

            Quero dizer que, lá em casa, meu pai nos ensinou a ter coragem e a ter vergonha. Temos vergonha. Não aceitamos isso, não. Ainda bem que o Senador hoje me disse, e está aqui uma carta dele, que jamais disse, que jamais afirmou, nem jamais teve intenção de fazer representação contra nós três.

            Mas eu não vou para casa, de maneira alguma, com ameaça de ninguém. Não respeito quem ameaça. Quem ameaça não tem coragem, quem ameaça não é político; é uma fraude! Não é democrata; é gente que não tem vergonha! Por que não fala como fala o Senador Arthur Virgílio? Por que não dá o seu ponto de vista e o põe em discussão? Por que a ameaça? Por que a chantagem? Isso é coisa de gente que não tem vergonha!

            Nós não trabalhamos com esse pessoal. Não aceitamos esse pessoal. E tenho a convicção, total, de que ou eliminamos essa tropa de choque, cheia de precariedades, com a inteligência deste tamanho, com nenhuma experiência parlamentar, desses que não se incomodam com a opinião pública - talvez até porque não precise do voto dela... Que essa tropa de choque compreenda que o papel dela não é esse. Que aqui o papel de todos é conversar com todos e resolver na democracia os problemas que têm de ser resolvidos.

            Essa história de maioria, minoria, de minoria que quer ser maioria é uma fraude! Não podemos dividir o Congresso assim, muito menos o Conselho de Ética. O Conselho é da ética, não é do PMDB, nem do PSDB, nem do PT. Ele tem que ser da ética, da defesa da instituição, do diálogo, da discussão, do julgamento correto, para que esta Casa exista, para que ela possa se afirmar em algum lugar.

            Quero saudar, com absoluta convicção, total isenção, absoluta e total consciência tranquila, aqueles que vão resistir. Isso não tem nada a ver com a Oposição, com o PSDB ou qualquer Partido. Isso tem a ver com consciência democrática, com vontade de fazer as coisas melhorarem, de melhorar este País, de acabar com a vergonha dos fatos que se desenvolvem aqui a cada dia. Acabar com isso, partir no outro caminho.

            E o Presidente José Sarney, infelizmente, que já contribuiu para o Brasil, neste momento, não contribui com nada. Não está contribuindo. Sinto por ele. Melhor que estivesse em casa!


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/08/2009 - Página 34760