Discurso durante a 125ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Manifestação de apoio ao Presidente José Sarney e ao Senador Renan Calheiros, que leu, em plenário, a representação do PMDB.

Autor
Wellington Salgado (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MG)
Nome completo: Wellington Salgado de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO.:
  • Manifestação de apoio ao Presidente José Sarney e ao Senador Renan Calheiros, que leu, em plenário, a representação do PMDB.
Publicação
Publicação no DSF de 07/08/2009 - Página 34766
Assunto
Outros > SENADO.
Indexação
  • MANIFESTAÇÃO, APOIO, PERMANENCIA, JOSE SARNEY, PRESIDENTE, SENADO, SOLIDARIEDADE, RENAN CALHEIROS, SENADOR, VITIMA, CRITICA, OPOSIÇÃO, MOTIVO, LEITURA, REPRESENTAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), ACUSAÇÃO, ARTHUR VIRGILIO, CONGRESSISTA, QUEBRA, DECORO PARLAMENTAR.
  • CRITICA, INEFICACIA, ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA, SENADO, ESCLARECIMENTOS, ORADOR, FALTA, INTERESSE, ELABORAÇÃO, DOCUMENTO, ACUSAÇÃO, MARIO COUTO, SENADOR.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA (PMDB - MG. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Marconi Perillo, Senador Mão Santa, demais Senadores, hoje - e sou membro do Conselho de Ética -, ao tomar conhecimento do documento que o PMDB havia protocolado noite passada, fui ler o documento e tive a oportunidade de estar com o meu Líder. A questão era saber quem é que ia ler o documento desta tribuna. Não poderia ser ninguém que fosse do Conselho de Ética. Sobrou para o Líder do PMDB no Senado ler uma representação feita pelo PMDB do Brasil contra o ilustre Senador.

            Muito bem, o meu Líder, Senador Renan Calheiros, cumpre sua tarefa, vem a esta tribuna ler a representação apresentada pelo PMDB, uma representação, enquanto foram apresentadas 15 contra o Presidente desta Casa, todas lidas daqui, Senador Sérgio Guerra.

            O Sr. Sérgio Guerra (PSDB - PE) - A do PSDB não foi lida por ninguém neste plenário.

            O SR. WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA (PMDB - MG) - Todas lidas daqui. Todos tomaram ciência.

            Então, o que acontece? Quando o PMDB faz uma representação, parece que o PMDB tem tropa de choque, o PMDB não usa da ética, que o PMDB...

            O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - Senador Wellington, só para esclarecer. A do PSDB não foi lida da tribuna; foi, inclusive, durante o recesso.

            O SR. WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA (PMDB - MG) - Está bom. Está bom. V. Exª, a quem respeito muito, é do Estado que representamos, ex-Governador. Vou retirar, então. O PSDB não leu daqui.

            Muito bem. O que acontece? Meu Líder, Senador Renan Calheiros, ao ler a representação, sofre um ataque direcionado ao Líder como se fosse tudo culpa dele. Não foi culpa dele. Foi uma posição do PMDB, que, quando o PSDB avalizou as outras, não eram representações do Senador Arthur Virgílio. Aí criou uma questão partidária. Uma questão partidária.

            Agora, o que quero dizer é o seguinte. Qual é a ética praticada aqui? Eu venho dizendo, há muito tempo, Senador Presidente Marconi Perillo, que, com a ética praticada aqui, dentro do que os Senadores estavam posicionando, não ia sobrar Senador nesta Casa. Porque a ética praticada aqui é fruto da organização errada desta Casa, porque, se esses funcionários que estavam cedidos para outros locais, como para o exterior, se tivessem, de alguma maneira, de botar um ponto, de alguma maneira pegar e vir à Casa, ou qualquer documento, isso não teria acontecido. O que existe nesta Casa, Senador Marconi Perillo, é uma desorganização total. Desorganização total que levou muitos aqui a dizerem que o ex-diretor Agaciel Maia tinha um poder estupendo.

            Eu fui atrás das atas da reunião da Mesa Diretora. De umas 40 reuniões, havia cinco atas, Senador, e não existiam as outras - uma desorganização total nesta Casa. Aí eu fui atrás dos documentos, depois de cada reunião, que saía pela Mesa Diretora. Peguei cada um, original, e xeroquei. Para quê? Para eu estudar o que acontecia. Eu não sou membro da Mesa. Eu não sou membro da Mesa. Sou Vice-Líder do PMDB, mas não sou membro da Mesa. Retirei xerox de todos e fui estudar. Aí a imprensa dá que eu estou montando dossiê contra outros Senadores.

            Ora, nesta Casa, eu não posso pertencer ao Senado Federal e não estudar um assunto. Todo dia se decidem leis e tem-se de estudar assunto. Agora, essa foi a maior injustiça, Senador Marconi, que eu vi com o Senador Renan Calheiros. Tivemos uma decisão para ver quem leria a representação contra V. Exª.

            E quero dizer o seguinte: toda vez que há uma situação, foi dito aqui pela Maioria, pela Minoria, aí é chamado de tropa de choque - tropa de choque para cá, tropa de choque para lá. Ora, eu quero saber o seguinte: qual é a ética que nós vamos praticar aqui dentro? A ética que for criada, eu vou aderir a essa ética. Se a ética de V. Exª é tida como errada, talvez eu tenha alguns erros também. Agora, a ética também praticada pelo Senador Sarney está dentro do padrão da ética do Senado ou não?

            Eu venho avisando, há muito tempo, que esta Casa tem líderes, que, muitas vezes, não são nem líderes, porque, toda vez, quem sobe à tribuna são os mesmos, são as mesmas pessoas.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA (PMDB - MG) - Eu queria um pouco de paciência por parte de V. Exª e também dos demais Senadores.

            O SR. PRESIDENTE (Marconi Perillo. PSDB - GO) - V. Exª terá, como os outros tiveram.

            O SR. WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA (PMDB - MG) - Muito obrigado.

            Então, sempre são os mesmos que sobem à tribuna para falar que tem de tirar o Presidente Sarney, que tem de cair o Presidente Sarney. Ora, eu já avisei aqui: os líderes desta Casa... É uma Casa política. Não precisa ser Líder de partido, não. É líder. Aqui tem ex-Governadores, ex-Senadores, ex-Prefeitos. O Senador Azeredo, do meu Estado, não é Líder, mas tem experiência, sabe como a política funciona.

            Eu já tive conversa com V. Exª e falei: “V. Exª tem de atuar. O estilo mineiro tem de atuar”. Eu falei com V. Exª, já venho falando há uma semana. Isso que está acontecendo no Senado não vai ter fim. Só é bom para quem quer vir para o Senado Federal. E aqui tem Senadores que têm história e que estão sendo destruídos por esse padrão ético que está sendo implantado aqui.

            Qual é o padrão ético desta Casa?

            No padrão ético que for definido, eu me enquadro. Eu tenho de me enquadrar. Eu venho dizendo que a ética praticada não é a ética que a sociedade está aceitando. Eu venho dizendo que as mudanças estavam acontecendo, mudanças vindas da Mesa Diretora, dos Senadores, sentindo nas ruas, trazendo, fazendo a mudança. Houve a mudança nas passagens, houve as mudanças quanto à questão de funcionário. Estava tudo caminhando muito bem. Aí chegamos aonde chegamos. Todo Senador acha que é mais puro do que o outro. Eu sou mais puro, vou sair e vou falar na sociedade melhor do que o outro aqui. Isso não acontece.

            O padrão de ética não está muito bem definido. Eu digo isso todo dia. A mesma... Eu cheguei ao Senado, mas sou fruto do ensinamento que minha mãe me deu, meu pai me deu, meus amigos me deram.

            O Sr. Mário Couto (PSDB - PA) - V. Exª me concede um aparte, Senador?

            O SR. WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA (PMDB - MG) - Claro. Daqui a pouco, Senador.

            Eu sou uma pessoa formada em toda a minha história. Da mesma maneira que eu julgarei o Presidente Sarney, eu julgarei V. Exª. E pode ter certeza de que sempre vai estar na minha cabeça o seguinte: qual é o erro de que estão acusando e qual é a história desse político? É assim que vai ser. É assim que sai daqui e vai para o Conselho de Ética. O Conselho de Ética foi criado para isso. Saindo daqui, vai para lá. Eu vou julgar porque o meu comprometimento é com a minha cabeça. Eu quero dormir tranquilo. Quando estiver mais velho, quero lembrar de tudo o que aconteceu aqui e de que fui justo. Quero dormir o sono dos justos. V. Exª vai ser encaminhado, vai sofrer o que vai sofrer no Conselho de Ética, e vou dar o meu voto, pode ter certeza, com a consciência tranquila.

            O SR. PRESIDENTE (Marconi Perillo. PSDB - GO) - Para concluir, Senador.

            O SR. WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA (PMDB - MG) - Para concluir, um minuto.

            Quando cheguei a esta Casa, ouvi muitos discursos de V. Exª. Sentava ali. Fiquei seis meses sentado para conhecer a personalidade de cada Senador, de cada um. Não adianta que são sempre os mesmos. A personalidade não muda. Depois de 25 anos, está formada. V. Exª vem mudando. Não sei por quê. Não quanto aos valores. Os valores de V. Exª já estavam formados. Vem mudando quanto à maneira de se expressar na tribuna, de segunda-feira para cá, e V. Exª não é homem medroso. Não é. V. Exª mudou de segunda-feira para cá.

            O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - V. Exª está me achando medroso?

            O SR. WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA (PMDB - MG) - Não, de jeito nenhum. Estou falando que V. Exª se comporta como aquele que conheci há quatro anos. Aquele que vi há quatro anos atrás quando eu sentava para ouvir o discurso de V. Exª, esse que V. Exª foi aqui hoje, foi segunda-feira, foi terça-feira, e espero que continue até o final quando eu sair daqui. Vai ser... Esse é o Senador que conheço. Esse é o Senador que admiro.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA (PMDB - MG) - Agora, o estágio que o Senado estava indo ou está indo ainda requer...

            Senador Azeredo, Senador Alvaro Dias, que não é Líder, mas tem capacidade de negociar... V. Exª também. Senador José Agripino, Senador Renan Calheiros, V. Exªs que formam a alma deste Senado. Senador Pedro Simon. Eu já disse para ele que discordo de um monte de pontos, mas, quando eu tiver a idade de V. Exª, se eu aprender com o senhor e chegar ali na tribuna e brigar como briga, acreditando nas minhas convicções, estou feliz. Pode não ser as convicções que V. Exª tem hoje, mas quero brigar como V. Exª briga, porque V. Exª é do meu Partido, e o meu Partido é o maior Partido do Brasil.

            Vocês não pensem que vão chegar aqui, atacar o Presidente eleito pelo meu Partido, um Presidente que tem toda uma história, e vão simplesmente achar que vamos ficar calados. Não vamos ficar calados, não! Eu sou do PMDB...

(Interrupção do som.)

            O SR. WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA (PMDB - MG) - ... sou do maior Partido do País, do qual V. Exª, Arthur Virgílio, também já foi. Eu já tive oportunidade, antes desse problema todo, de sentar com V. Exª. O meu Partido não vai aceitar tudo que aceitou anteriormente.

            Agora, com respeito! Vai aceitar com respeito, mas vai colocar posições firmes, e não tem vergonha de colocar posições firmes aqui da tribuna, não, doa a quem doer, chore quem chorar, reclame quem reclamar! Vai seguir o Regimento Interno do Senado Federal, que os membros do meu Partido também vão seguir, se o Senado achar que a ética praticada por ele não é a ética que nós pregamos aqui. Vai seguir todo mundo no mesmo caminho. Vai para o Conselho de Ética.

            Eu sei como vou votar em todos os casos. Tranquilo, não tenho medo. A minha responsabilidade não é com o PSDB, não é com o PMDB. A minha responsabilidade é com a minha consciência.

            Não venha me dizer que você é público ou é privado. Não, você é um homem formado...

(Interrupção do som.)

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Para concluir.

            O SR. WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA (PMDB - MG) - Essa história de dizer “eu sou homem público, você é homem privado”, não existe isso! Homem é homem igual. Os seus valores são formados da mesma maneira. Público ou privado é a maneira como você tem de decidir na hora certa.

            Eu nunca decidi dentro do Senado, porque sou da iniciativa privada ou não. Sempre decidi acompanhando aqueles que sabem como a população tem que ser ajudada com as leis que estamos fazendo, e sempre fui respeitado em minhas posições.

            Então, eu quero dizer o seguinte: essa questão a que nós chegamos não tem solução sem os senhores mais velhos, os senhores mais experientes; porque a maioria do Senado não está aqui, não. Nessas discussões todas, a maioria das cadeiras está vazia, Senador, todas vazias. Alguns me ligavam, alguns no gabinete. Não querem participar do que está acontecendo aqui; não se sentem orgulhosos do que está acontecendo aqui. As cadeiras estão todas vazias. São poucas...

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Um minuto aí.

            O SR. WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA (PMDB - MG) - São poucas as que estavam com Senadores no momento daquilo que aconteceu aqui. Vou chamar de “aquilo que aconteceu aqui”. Eu acho que o Senador pode colocar o seu posicionamento, e o Partido pode enquadrar quem foi e vai ter de responder. E os Senadores chamados de “tropa de choque”, de “Conselho de Ética já formado”, “capenga”, como um Senador teve a ordem de falar...

            O Sr. Mário Couto (PSDB - PA) - V. Exª não vai me dar um aparte?

            O SR. WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA (PMDB - MG) - Claro que eu vou. Claro que eu vou dar um aparte.

            O Sr. Mário Couto (PSDB - PA) - Estou aguardando.

            O SR. WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA (PMDB - MG) - V. Exª está impaciente. Então, vou dar imediatamente, porque V. Exª, às vezes, fica nervoso. Vou passar...

            O Sr. Mário Couto (PSDB - PA) - Não; às vezes, não. Eu nunca fico nervoso.

            O SR. WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA (PMDB - MG) - V. Exª tem a palavra. V. Exª tem a palavra.

            O Sr. Mário Couto (PSDB - PA) - Eu nunca fico nervoso. O que às vezes eu fico nervoso?

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Senador, pela ordem, não há aparte regimental.

            O Sr. Mário Couto (PSDB - PA) - Não, mas ele é amigo.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Não, mas, no Regimento, não tem esse negócio de amigo, não. Tem Senador.

            O SR. WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA (PMDB - MG) - Para terminar, eu quero dizer o seguinte.

(Intervenção fora do microfone.)

            O SR. WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA (PMDB - MG) - Não dá aparte...

            V. Exª hoje já fez um discurso que eu gostei muito aqui. Eu queria aproveitar que estou na tribuna, para dizer o seguinte: saiu uma notícia de que eu estaria preparando um dossiê contra V. Exª. Eu nunca faria isso.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O Sr. Mário Couto (PSDB - PA) - Não tem o que preparar de mim.

            O SR. WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA (PMDB - MG) - Não, mas eu queria falar aqui, da tribuna, olhando para V. Exª.

            O Sr. Mário Couto (PSDB - PA) - Procure que vai perder seu tempo.

            O SR. WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA (PMDB - MG) - Não, não, não. Não é por aí. Estou dizendo que não tenho interesse nenhum. Eu não trabalho assim. Eu gosto de estudar assunto... Mas de V. Exª não estou estudando nada. Estou estudando assunto da Mesa Diretora do Senado Federal. Esse é o assunto que eu estudo.

            O Sr. Mário Couto (PSDB - PA) - Mas eu quero dizer que não tenho nenhum receio, não.

            O SR. WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA (PMDB - MG) - Presidente, muito obrigado.


Modelo1 5/21/241:35



Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/08/2009 - Página 34766