Discurso durante a 126ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comentários sobre a audiência da TV Senado. Leitura de e-mails recebidos. Homenagem à cidade de Campo Maior/PI pelo transcurso amanhã de 247 anos de fundação.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO. HOMENAGEM.:
  • Comentários sobre a audiência da TV Senado. Leitura de e-mails recebidos. Homenagem à cidade de Campo Maior/PI pelo transcurso amanhã de 247 anos de fundação.
Aparteantes
Alvaro Dias.
Publicação
Publicação no DSF de 08/08/2009 - Página 34913
Assunto
Outros > SENADO. HOMENAGEM.
Indexação
  • IMPORTANCIA, COMBATE, DESEQUILIBRIO, PODERES CONSTITUCIONAIS, VALORIZAÇÃO, SENADO, ELOGIO, EMISSORA, TELEVISÃO, DIVULGAÇÃO, TRABALHO.
  • LEITURA, MENSAGEM (MSG), INTERNET, CIDADÃO, REGISTRO, HOMENAGEM POSTUMA, EMPRESARIO, ESTADO DO PIAUI (PI), FAMILIA, POLITICO.
  • LEITURA, MENSAGEM (MSG), INTERNET, CIDADÃO, ELOGIO, RUI BARBOSA, PATRONO, SENADO.
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, MUNICIPIO, CAMPO MAIOR (PI), ESTADO DO PIAUI (PI), ELOGIO, PARTICIPAÇÃO, HISTORIA, BRASIL, PRESERVAÇÃO, INTEGRIDADE, TERRITORIO NACIONAL, CUMPRIMENTO, PREFEITO, QUALIDADE, GESTÃO, SAUDAÇÃO, POPULAÇÃO, DESENVOLVIMENTO.
  • ANALISE, POLITICA PARTIDARIA, PERDA, AUTONOMIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DO PIAUI (PI), RISCOS, CANDIDATURA, ORADOR, REELEIÇÃO, SENADO, COBRANÇA, VALORIZAÇÃO, CONTRIBUIÇÃO, DEMOCRACIA, APRESENTAÇÃO, CANDIDATO, ELEIÇÕES, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Paulo Paim, que preside esta reunião de sexta-feira, do Senado da República do Brasil; Parlamentares presentes; brasileiras e brasileiros aqui e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado; Senador Mário Couto, esta televisão do Senado tem uma audiência incrível, e sabemos o porquê: numa democracia o Poder Executivo é que é o poderoso, é o que tem dinheiro, e, através do dinheiro, Senador Mozarildo Cavalcanti, eles usam e abusam do BNDES, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica, da Petrobras, de todas essas instituições.

            Então, são eles que pagam a mídia. Daí ouvi Antonio Carlos Magalhães, esse extraordinário Senador da República que ficou na história porque teve a coragem de fazer uma CPI do Judiciário. Atentai bem, o que seria este País sem a coragem de um Senador nosso? Até outro dia, ele estava aqui.

            O Judiciário. Todo mundo sabe que a Justiça, Mário Couto, é inspiração de Deus. Deus entregou as leis para um dos seus líderes escolhidos, que libertava seu povo. O Filho de Deus não tinha televisão, rádio AM, FM, de que dispomos, ia às montanhas e bradava: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça”. A justiça é divina, mas é feita por homens, muitos dos quais foram tentados pela corrupção, pelo poder.

            E Antonio Carlos Magalhães, numa CPI que só o Senado da República pode fazer... É um contrapoder controlando o outro, freando o outro. Desse equilíbrio é que se aprimora a democracia, desses três instrumentos, dessas três pernas equilibradas. Não chamo nem poder, na minha visão de pai da Pátria do Senado da República do Brasil. Somos instrumentos da democracia.

            O poder é o povo, que trabalha, que paga a conta, os impostos. Assim entendo. Assim, atualizamos o conhecimento da democracia.

            Mas o que seria, se não fosse aquela CPI que nos mostrou os Lalaus da Justiça, a fome na construção física de monumentos. A grandeza da Justiça não está no prédio: está na moral, na ética e na decência. Mas Antonio Carlos Magalhães mostrou os Lalaus da República. Então, isso dá a grandeza do que é o Senado da República.

            E vi, Mário Couto, recentemente, o estadista Fernando Henrique Cardoso terminar uma palestra, dizendo assim: Dizem que a ditadura mais truculenta, quando existe, é a do Poder Judiciário.

            Então, o Executivo não pode ser forte demais, nem o Judiciário, nem nós. Nós, aparentemente, hoje estamos debilitados. Mas não estamos, não. Aqui é o Poder nascido do povo, igual a Luiz Inácio. Nós somos filhos do voto, da democracia. Somados os votos aqui, temos muito, muito, muito mais do que os 60 milhões do Presidente da República.

             Então, esse é o poder, e, quer queiram ou não, ô Mário Couto, é aqui que tem que estar a sabedoria, que o livro de Deus diz que vale mais do que o ouro, do que a prata. Somos nós isso aqui!

            Quero dizer que a audiência dessa televisão é tão grande... Outro dia um ex-Deputado, Carlos Augusto, que foi vereador, jornalista, um dos mais acreditados do Piauí, dizia que, num estudo disso aqui, a TV Senado tem 4% da audiência de todas as televisões. É gente!

            Então, essa é a atualização da força do Senado. Em dia como hoje, não vamos votar, não! Essa sexta-feira nós criamos, Paim, eu, Efraim Morais, Arthur Virgílio, Antero Paes de Barros. Começamos. O Paim era o Vice de Sarney, e isso não era de agrado do Poder Executivo. E o Paim, na sua sabedoria gaúcha, ficava ali e deixava a gente começar, ele era o Vice-Presidente. Mas bastava... Então, talvez eu tenha sido um dos Senadores que mais presidiu esta Casa, porque o faço todas as segundas e sextas-feiras. Então, tenho alguns meses a mais do que Efraim, Antero Paes, Arthur e o próprio Paim. Ele dizia: ‘É o Mão Santa, regimentalmente, porque é o de maior idade.

            Mas o Carlos Augusto dizia que eram 4%. E

             essa televisão é forte! Isso digo que não é aqui, não. Eu já senti em Buenos Aires. O que me fez ser saudado no meio do Señor Tango por vários brasileiros, interrompendo-se o espetáculo? É a televisão. Onde se anda... Uma vez em Miami; brasileiros conhecem, conhecem através da televisão. Lá do Piauí, da Parnaíba.

            Então, queremos dizer que isso é tão forte, que vou traduzir dois e-mails aqui. E corrige... E eles se comunicam. Todos nós recebemos centenas, milhares. Um que recebi aqui, olhe a fé:

Boa tarde, sou morador de Teresina e minha família tem [...] [admiração pelo] Senador Mão Santa. Há 7 dias atrás, perdemos um homem bondoso, caridoso e de enorme coração, que muito fez pelo Piauí. Nesse momento, estamos todos assistindo à TV Senado e seria de imensa satisfação para nós se o Senador pudesse fazer uma homenagem a essa pessoa, que é meu avô. José Ferreira da Silva faleceu quinta-feira, aos 79 anos. Era pai de Solano Silva (ex-prefeito da Ribeira do Piauí), Soliney Silva (ex-deputado estadual do Maranhão e atual prefeito de Coelho Neto), Solimar Silva, Solfiere Silva, Solange Silva e Solon Silva e tinha como esposa Maria de Souza e Silva, mais conhecida como Maricota e fã número 1 do senador.

            Quer dizer, um fato simples como esse, mas que traduz uma maneira que o representante do Piauí tenta fazer por justiça uma das homenagens a uma das importantes famílias do Piauí, que se irradiou pelo Maranhão. E ele, um empresário, trabalhador, brilhante e dono de algumas linhas de ônibus da Capital e do interior do Estado do Piauí.

            Então, aqui recebo a família do nosso José Silva, empresário que deixou, com tristeza, o Piauí, as homenagens que trago do povo do Piauí.

            E esse conturbado momento que o Senado vive aqui traduz o tambor de ressonância do povo brasileiro. Isto é isto mesmo! Esta Casa é o resultado das virtudes e dos defeitos do povo do Brasil. Somos isso: somos o povo do Brasil!

            Tem outro e-mail que salienta muito bem a situação em que vivemos:

Prezado Senador,

V. Exª. cita este brasileiro, cidadão do mundo, Rui Barbosa. Sim, devemos nós jovens nos espelhar neste homem público e principalmente brasileiro. Sou pernambucano, admiro a maneira que se comunica na tribuna. Temos nesta Casa Legislativa representantes dos quais me orgulho.

Sou professor de Biologia, mas costumo ler Rui Barbosa para poder passar para as nossas crianças e adolescentes o sentimento de amor pelos pais, respeitando e agindo de maneira ética, seguindo o seu dia a dia para com o semelhante difícil. Quando temos em nossos poderes pessoas que deseducam e corrompem nossos jovens.

            Em seguida lembra uma poesia, Sinto Vergonha de Mim, de Cleide Canton, que é bela e é longa. Mas esse jovem, biólogo, pernambucano, nos lembra, Mozarildo Cavalcanti, a mensagem do nosso patrono, muito oportuna para os dias de hoje que diz:

De tanto ver triunfar as nulidades,

de tanto ver prosperar a desonra,

de tanto ver crescer a injustiça,

de tanto ver agigantarem-se os poderes

nas mãos dos maus,

o homem chega a desanimar da virtude,

a rir-se da honra,

a ter vergonha de ser honesto.

            Então aqui um jovem, Josué Fernandes Neto, Rua Zeferino Pinho, Recife, Pernambuco. E queria dizer então que esta emissora é tão boa... Ô Senador Alvaro Dias, V. Exª., o mais esperto e experimentado parlamentar. Em 1969, V. Exª. nascia com a juventude na Câmara de Londrina; quer dizer, são quarenta anos de grandeza e de serviços à democracia de Londrina, do Paraná e do Brasil. V. Exª. enriquece este Senado.

            Mas queria dizer, Mozarildo, sobre a força deste Senado, da modernização. Começamos 2003. O Mozarildo, o Alvaro e o Pedro Simon já têm mais anos, têm outros mandatos antes, mas eu comecei em 2003, fevereiro.

            Mozarildo, um grande empresário, Ari Magalhães, que foi Secretário de Fazenda no Piauí, o maior empresário, Deputado Federal, ele me disse que o lugar de que ele gostava mais era Campos de Jordão. E, no primeiro recesso - naquele tempo era julho -, eu disse: “Eu vou conhecer esse Campos de Jordão” e fui com Adalgisa. Pedro Simon, aí eu fui a uma missa de seis horas - minha mãe, franciscana; eu, Francisco -, em Campos de Jordão, como todo domingo eu faço com Adalgisa onde estamos. Aí, quando eu vou saindo, Pedro Simon, eu vi um ex-Deputado Federal do Amazonas, um médico, um corretor, uma professora e um motorista: “Você é o Mão Santa?”. Está vendo, Pedro Simon? E eu lá, do Piauí, da minha Parnaíba, quer dizer, com poucos meses de Senador da República. Aí eu cheguei logo à conclusão - está ouvindo, Senador Alvaro Dias? - que o único mecanismo que me fazia ser conhecido lá, em Campos de Jordão, eu saindo de lá da Parnaíba, dos verdes mares bravios do litoral do Piauí, era a televisão, era o Senado da República, e, na igreja, encontrei com cinco, seis, já indagando. Então, essa é a força, tanto é que, há pouco, recebi alguns telefonemas da cidade historicamente mais importante do Piauí, talvez do Brasil.

            Lembro-me de quando fiz o discurso de 13 de março, dizendo que era a maior data da História do Brasil. Pedro Simon, no seu conhecimento de história disse: “Mão Santa, você tem muita coragem de dizer que o 13 de março, da Batalha de Jenipapo era a data mais importante.” Já em 2003, no início do mandato.

            Mas, hoje, aquela cidade, Campo Maior, em que se deu a Batalha do Jenipapo, historicamente importante porque o Brasil - o pai chamou o filho e disse: “Fique com o sul, que o norte vai continuar ligado a Portugal”. Seria o país Maranhão. Assim foi feita a nossa independência, negócio de pai para filho. O João VI disse: “filho, fica com o sul, que eu trouxe a burocracia européia portuguesa; e eu vou ficar com o norte para Portugal. Será o país Maranhão.” E mandou o seu afilhado e sobrinho Fidié. E essa divisão deixou de acontecer porque lá, no Piauí, expulsamos o comandante português, que veio comandar o exército português para ficar com o norte do Brasil, que seria o país do Maranhão.

            E foi nessa cidade, Campo Maior, que se deu essa batalha. Evidentemente, buscamos irmãos do Ceará - de Granja, de Viçosa - que tinham mais experiência em guerra. O dinheiro era de um empresário parnaibano, Simplício Dias da Silva, cujo pai tinha cinco navios, exportava charque e tinha a terceira... Ouvindo, Pedro Simon? Está no livro As Barbas do Imperador, o melhor livro de história, que diz que só havia três orquestras no Brasil, uma das quais era essa de Simplício Dias que mandou seus escravos para Portugal estudar música - orquestra de negro. Então, está no livro. E foi ele que financiou a guerra. E nós perdemos a batalha, mas os portugueses não puderam voltar para a capital do Piauí, que era Oeiras, porque o povo de Oeiras tomara o Palácio em 24 de janeiro.

            Então, é essa cidade, que comemora, no dia 08 de agosto, os seus 247 aniversários: Campo Maior, palco da Batalha do Jenipapo. E essa batalha deixou de ser uma comemoração de Campo Maior, do Piauí e do Brasil. O Presidente Revolucionário, Castello Branco, que é descendente, também, de família de Campo Maior, piauiense, sabendo a história, tornou essa uma das batalhas mais importantes da História do Brasil. E o Governo, o de Alberto Silva, no palco onde ela se deu, construiu um grande monumento e museu que reporta a história. Então, ela é comemorada a cada ano - 13 de março -, não mais pelo Prefeito, não mais pelo Governador do Estado, mas pelo Exército Brasileiro.

            Então, esta cidade faz a sua comemoração no dia 8, e é Prefeito dela, traduzindo a grandeza dos valorosos homens que lutaram pela independência do Brasil, independente do grito de Dom Pedro: João Félix. João Félix é Prefeito pela quarta vez, porque, quando eu governei o Estado do Piauí, Senador Alvaro Dias, Deus me permitiu criar naquele Estado 78 novas cidades. Municípios povoados.

            Senador Mário Couto, V. Exª que será o próximo Governador do Pará, atentai bem: uma das grandes satisfações nossas foi transformarmos os povoados em cidades. Além do que se vê, há avenidas iluminadas, praças para se namorar, mercado para se comercializar, cadeias para as hordas, educandários para a educação e hospitais para a saúde. O essencial é invisível aos olhos. Quem vê bem vê com o coração. Mário Couto foi ver. Transformaram aqueles homens de campo em novos líderes: Vereadores, Vice-Prefeitos e Prefeitos.

            São essas experiências que fazem com que, realmente, nós, no Brasil nas mesmas proporções, possamos criar novos Estados. Isso engrandeceu o Piauí.

            João Félix, então, foi Prefeito de uma dessas cidades criadas no nosso Governo. Jatobá, pequenininha, Capi, quase nada, mas esse rapaz, de uma capacidade de trabalho extraordinária, com estoicismo, com competência, aliado ao seu irmão, um dos grandes engenheiros e empresários da região, fez de Jatobá uma grande cidade do Piauí e do Brasil.

            De repente, o povo de Campo Maior o trouxe da cidade-filha para a cidade-mãe para ele ser Prefeito e, sem dúvida nenhuma, um extraordinário Prefeito de Campo Maior. Amanhã é o seu aniversário. O Senador Heráclito Fortes já foi, eu irei, e haverá uma série de comemorações. Principalmente, ele vai comemorar a Praça da Bandeira, o calçamento de vários bairros pobres, polos de lazer da população. Campo Maior, graças a essa fecunda administração de Joãozinho Félix, com perspectivas invejáveis na política do Piauí, fez crescer o PIB de Campo Maior. É uma cidade de 50 mil habitantes, porque recentemente criou cinco cidades menores. Ela é de grande influência na história e, sem dúvida nenhuma, o maior produtor de cera de carnaúba, que é a maior exportação. Também se destaca na pecuária extraordinária, na carne de sol; tem vanguarda na produção da carne de sol. A sua culinária destaca o capote. É o galinho d’angola que nós conhecemos. A sua crença maior é no seu padroeiro, Santo Antônio, o que lhe dá também uma grande capacidade.

“Ela lembra João Pessoa: no centro da cidade, tem uma bela lagoa. Então, a gente brava, o vaqueiro tradicional do Piauí, o empresário da cera, o comércio, isso faz com que todos nós hoje possamos viver a euforia desses 247 anos de aniversário de Campo Maior. Ela foi fundada em 8 de agosto de 1762.”

           O Prefeito é João Félix de Andrade Filho, do PPS, esse extraordinário partido, ético. Esse partido tem na sua presidência um dos homens públicos de maior decência na política do Nordeste e do Brasil, Roberto Freire, que já foi candidato a Presidente da República. Sob sua liderança, faz crescer o PPS, Partido Popular Socialista. Quer dizer, ele aprimorou e aperfeiçoou o socialismo.

           Então, são essas as nossas palavras. Recebam, homens e mulheres de Campo Maior, bravas mulheres, que venderam suas jóias propiciando armamentos para a Batalha...

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Senador Mão Santa, para efeito de registro na Casa, fiquei com uma dúvida. V. Exª está entrando no PPS?

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Hein?

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Fiquei com uma dúvida. Deu-me a impressão... Para efeito de registro, V. Exª está saindo do PMDB e entrando no PPS?

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Olha, o Bismarck... Bismarck você já sabe, aquele político da Alemanha, da Áustria, que disse que política é a arte do possível não permitido.

            O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - Permite-me um aparte, Senador Mão Santa?

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Eu acho e eu entendo que, embora eu reconheça a minha luta pelo PMDB, mas o PMDB do meu Estado do Piauí foi todo cooptado pelo PT; ele se acomodou em ser rabo do PT, o que eu acho que não deva ser. Eu acho que um partido que não tem a capacidade, não tem a competência de buscar o poder... Um partido que tem uma história, porque, em 1974, Ulysses Guimarães, sem nenhuma chance, já dava o exemplo de coragem de ser candidato a Presidente da República. Ele está encantado no fundo do mar, envergonhado com os poltrões que estão aí no PMDB.

            Atentai bem, um partido que ganhou... Pedro Simon, ô Pedro, atentai bem. Um partido que ganhou as últimas eleições por seis milhões de votos do PT, que está no Governo e cresce; um partido que tem o maior número de Vereadores, maior número de Prefeitos, maior número de estaduais, maior número de Deputados federais, de Senadores e de Governadores e dizer que não tem um nome? Isso é canalhice, isso nos envergonha. São uns vendilhões, uns energúmenos e uns poltrões.

            Daria três nomes que dignificavam a luta, pelo menos na contribuição democrática, porque soberano é o povo. Dar o direito de o povo decidir.

            Se quisermos um valor histórico, irmão de Ulysses Guimarães, está aí Pedro Simon, grande candidato. Se V. Exª quer um valor conciliador, o nosso Presidente Michel Temer. Se V. Exª quer um valor de experiência administrativa, o Paraná, que nunca deu um Presidente da República, está na hora de pegar Requião, Prefeito e extraordinário Governador.

            Então, nós temos nome. Estamos é cedendo a uma política que nos envergonha. Rui Barbosa está aqui para nos ensinar. Ele está ali, porque, uma vez tentado, quando quis a República se militarizar... Houve um militar, Deodoro, Floriano. No terceiro, ele disse: “Tô fora!” Mário Couto, chamaram Rui Barbosa, dizendo: “Nós lhe damos de novo a chave do cofre” - o Ministério da Fazenda. Ele disse: “Não troco a trouxa de minhas convicções pelo Ministério.” Agora, estão trocando por qualquer besteirinha.

            Diante disso, vejo em perigo minha candidatura a Senador da República. Tive, para cá, 678.840 votos - na mesma proporção de vocês, porque o Piauí só tem três milhões de habitantes. Não é direito. Porque há interesse do PT, há interesse do Governador. Então, o PMDB foi cooptado. Se eu ficar, e eles caparem o direito de ser candidato numa convenção? Acho que quem tem esse direito é o povo do Piauí.

            Então, estamos vendo isso. Peço a Deus e à Divina Providência que ilumine.

            Um dos Partidos com que simpatizo, pela sua Presidência, de Roberto Freire e pelo Piauí - o Prefeito de Campo Maior é um grande líder, João Félix...Seria uma opção o PPS, porque eu não tenho certeza de ter legenda para ser candidato a Senador. No momento, eu confesso que perderia, porque eles mudaram os diretórios. E sabe-se como é uma convenção.

            Eu acho que quem tem que decidir isso é o bravo povo do Piauí, como foi bravo na luta pela democracia. Seria uma covardia minha deixar poltrões, energúmenos negociarem a minha cabeça, que não mais pertence a mim, pertence ao povo do Piauí.

            Com a palavra o Senador Alvaro Dias para um aparte.

            O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - Senador Mão Santa, quero apenas manifestar minha solidariedade a V. Exª, pois acompanho esse impasse. Com seus defeitos e com suas virtudes, mais virtudes do que defeitos, felizmente, V. Exª tem o direito de disputar a eleição e ser julgado pelo povo do Piauí, como disse há pouco. Se há essa camisa-de-força impedindo-o de participar, V. Exª tem que realmente buscar onde se posicionar para poder concorrer, sim. É um direito que lhe assiste. Sei que seu desejo seria permanecer no PMDB, mudança de partido é sempre algo complicado. Mas V. Exª já está autorizado pela direção nacional do PMDB, que permitiu aos que estão insatisfeitos deixar o Partido sem perder o mandato. Então, não há risco de perder o mandato. Creio que V. Exª sabe o que fará e, como seu amigo, nós aqui somos seus amigos, estaremos solidários sempre com a sua decisão.

            Se não o desejam candidato no PMDB, é mais do que justo que V. Exª busque um partido político que permita continuar a sua trajetória política representando o Piauí aqui no Senado Federal. Nós lhe desejamos muito sucesso.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Eu agradeço as palavras do Senador Alvaro Dias e a interferência do Senador Paulo Paim, mas isso é um retrocesso. Outro dia, o ex-Presidente Itamar Franco perdeu a legenda pelo PMDB. Ele queria ser Senador, pelo seu histórico, pelo seu passado. Ele, que foi Governador, talvez tivesse sido eleito Senador da República.

            Mas isso aconteceu lá. Nós vimos as coisas. Eu não posso entregar a minha cabeça, assim como fizeram com São João, aos energúmenos que defendem os interesses pessoais e não a grandeza do Partido e da liberdade.

            Então, essas são as palavras. E ao Deus, aos Céus e ao divino Espírito Santo, que nos deu uma orientação, se for para o bem do povo do Piauí, que eu tome a decisão certa.

            Era o que tinha a dizer.


Modelo1 6/21/248:09



Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/08/2009 - Página 34913