Discurso durante a 126ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações a respeito da luta em defesa dos aposentados do Brasil.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PREVIDENCIA SOCIAL. PESCA.:
  • Considerações a respeito da luta em defesa dos aposentados do Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 08/08/2009 - Página 34917
Assunto
Outros > PREVIDENCIA SOCIAL. PESCA.
Indexação
  • RESPOSTA, MENSAGEM (MSG), INTERNET, CIDADÃO, DUVIDA, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, SENADOR, DEFESA, APOSENTADO, PENSIONISTA, PERDA, CONFIANÇA, MOTIVO, ATRASO, VOTAÇÃO, COMENTARIO, HISTORIA, LUTA, BUSCA, AGILIZAÇÃO, MATERIA, BENEFICIO, CLASSE, APOIO, ORADOR, PAULO PAIM, CONGRESSISTA, CRITICA, INCOMPETENCIA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA PREVIDENCIA SOCIAL (MPS), REGISTRO, PROXIMIDADE, SOLUÇÃO, NEGOCIAÇÃO, ENTIDADE, GOVERNO, REITERAÇÃO, COMPROMISSO.
  • COBRANÇA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATENDIMENTO, APOSENTADO, EXPECTATIVA, ATUAÇÃO, LIDER, GOVERNO, CAMARA DOS DEPUTADOS, AGILIZAÇÃO, MATERIA.
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, PESCA, ATENDIMENTO, DENUNCIA, ORADOR, FISCALIZAÇÃO, PUNIÇÃO, IRREGULARIDADE, PRESIDENTE, COLONIA DE PESCADORES.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero dedicar a minha fala de hoje aos aposentados deste País. E sinto que hoje é um dia que se pode, Senador Paulo Paim, dissertar com tranquilidade tudo aquilo que vem ocorrendo e já ocorreu na nossa luta em defesa dos aposentados deste País. Mesmo com a crise instalada neste Senado, nós, em momento nenhum, deixamos de lado esta causa justa. E hoje eu quero, Senador Paulo Paim, chamar a atenção dos aposentados e pensionistas deste País, porque, de vez em quando, recebemos e-mails achando que estamos até enganando a classe.

            Aposentados do meu Brasil, quando cheguei aqui no Senado, uma das primeiras questões com que me preocupei a defender foi a causa dos aposentados. Sabia que a luta era dura. Sabia que não ia ser fácil. Sabia que tinha que começar tirando os projetos da gaveta dos Líderes, que, com a intenção de defender o Governo, prejudicavam os aposentados deste País, com a intenção de servir ao Governo, trancavam os projetos dos aposentados em suas gavetas.

            O País já brigava, naquela ocasião, há mais de três anos. No momento em que cheguei aqui, os projetos estavam engavetados por nove meses na gaveta do Líder do Governo, que ali prendia para que nem se discutisse a questão em plenário. Nem se discutisse a questão em plenário!

            Abracei a causa junto com o seu grande comandante, que, sensibilizado, dizia-me naquela época uma frase que até hoje guardo. Dizia o Senador Paulo Paim para mim: “Senador Mário Couto, essa questão está no meu sangue”. Entendi, a partir daquele momento, a grandeza desse Senador, mesmo sabendo que iria encontrar dificuldade no seu próprio Partido, com o seu próprio Governo, porque teria que bater de frente nesta questão com o Governo. Comecei a aprender a admirá-lo pela sua postura; e a cada dia que passava a vontade minha era maior de ajudá-lo, porque percebia a grandeza da causa que nós defendíamos.

            Não paramos. Tive a infelicidade de chegar neste Senado em meio a crises. Tenho dois anos aqui, dois anos e pouco; e nestes dois anos e pouco, duas crises profundas abalaram esta Casa. Mas mesmo em meio a crises, jamais paramos a defesa desses pobres brasileiros que vivem hoje na marginalidade, que vivem hoje desprezados pelo Governo Federal. Desarquivamos, tiramos da gaveta, Mozarildo, fomos para luta, fizemos vigília - não foi só uma -, tivemos a oportunidade de sentar à mesa com o Sr. Ministro. E eu já disse desta tribuna o que penso do Ministro da Previdência. Tenho a hombridade de elogiar aqueles que merecem. Ontem mesmo elogiei o Ministro da Pesca. Não tenho nenhuma dificuldade em fazê-lo. Não é porque o Ministro da Pesca é do Governo que não tenha que reconhecer os seus méritos. Ontem mesmo recebi um telefonema do Ministro, dizendo todos os pontos que está tomando em defesa dos pescadores deste País. Vários chefes de colônia, dizia-me o Ministro, já foram presos pela Polícia Federal em função da minha denúncia feita nesta Casa. Dizia-me ele que todas as providências foram tomadas e que o Ministério não vai abrir um milímetro da fiscalização, para que os pescadores tenham os seus direitos consagrados. É digno de elogio.

            Não posso fazer a mesma coisa com o Ministro da Previdência, Senador Paulo Paim. Para mim, o Ministro da Previdência é incompetente. Já disse isso várias vezes aqui. Se ele tivesse competência, já teria resolvido o problema dos aposentados. Todos os problemas criados têm solução, Senador. Não existe nenhum que não tenha. Basta boa vontade. E esse Ministro não tem boa vontade. Esse Ministro não percebe a dificuldade e a miséria em que vivem os aposentados deste País. Muitos, muitos morrerão, eu sei disso, antes que nós possamos resolver esse problema, pela dificuldade em que vivem, pela falta de condição, pela falta de remédios em suas residências e talvez até de alimentação.

            A nada chegamos com esse Ministro: fraco, incompetente, insensível. Mostrou a mim até falta de conhecimento das questões. O Senador Paim deu uma verdadeira aula. Deveria o Senador Paulo Paim ser o Ministro da Previdência. Conhece muito mais que ele.

            Lembrei-me de Tasso Jereissati, um Senador cearense tão inteligente, tão capaz, que, comparado com esse cearense, deixa-o muito longe, com todo respeito aos cearenses.

            Homem insensível, porque um ser humano que tenha um pouco de sensibilidade em seu coração, eu não acredito que, vendo a situação dos aposentados neste País, não tenha a mínima sensibilidade. Eu não acredito, Senador Paulo Paim.

            O que dirá o Presidente da República aos aposentados, quando ele, Presidente da República, não estiver mais no cargo, passe um aposentado ao seu lado e pergunte a ele: “Nobre Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, eu sou do Partido dos Trabalhadores, um aposentado, por que você, na presidência, não olhou para nós?” Que dirá o Presidente a um companheiro de seu Partido? Que resposta terá o Presidente da República para falar a um amigo de seu Partido?

            Ele terá que dizer que não fez porque não quis. Ele esteve no poder e, no poder, ele tinha todas as condições de olhar para os aposentados, mesmo com a crise.

            Mesmo com a crise, nós não paramos a nossa luta pelos aposentados do País. Muitos não sabem, muitos desconhecem, alguns criticam, mas saiba, Senador Paulo Paim, que a sua luta é árdua. Na nossa luta sempre estiveram presentes entre nós as associações, as lideranças sindicais, a Cobap. Nós nunca deixamos de convidar, em todas as reuniões com o Governo, as associações. Elas sempre estiveram sentadas à mesma mesa. Junho, intensa negociações; agosto, agora, ontem, amanhã, segunda-feira, terça-feira intensas negociações. E, depois de tanta luta, começamos a ver uma luz no fundo daquele túnel escuro de desgraça por que passam os aposentados deste País.

            Nós não podemos, todos os dias, falar dessas questões na tribuna, porque têm outras importantes, como a do meu Estado, que vive um momento de caos na segurança, na saúde, na educação. Tenho que defender o meu Estado, eu amo o meu Estado e, por isso, não podemos todos os dias falar, mas as negociações estão próximas. Parece, oxalá tomara, que o Presidente Lula começou a entender essa causa.

            E eu sempre disse aqui: eu não entendo, Mozarildo, eu não consigo entender, Mozarildo, como é que um homem como o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem a sensibilidade de pegar aquelas ações sociais que o Presidente Fernando Henrique Cardoso fazia, unificá-las, transformá-las num plano social chamado Bolsa Família, que beneficia hoje mais de onze milhões de famílias, como é que um homem desse pode fazer isso à Nação, pode fazer isso aos pobres dessa Nação? E como é que um homem desse não tem a sensibilidade de olhar para os aposentados desta mesma Nação, deste mesmo País, desta mesma terra, desta mesma República? Parece que os aposentados não moram no Brasil e não são brasileiros. Parece que os aposentados estão fora deste País. Eles são brasileiros, Presidente Lula, igual àqueles que ganham Bolsa Família, com uma diferença, Presidente, eles querem os seus direitos, direitos adquiridos, Presidente! Direitos adquiridos, Presidente! Não estão pedindo esmolas não, Presidente! Não é esmola, não!

            E aí surgiu um jovem. Em toda essa história, surge um jovem Líder do Governo na Câmara, chamado Henrique Fontana. Um jovem que me chamou a atenção pela sua esperteza, pela sua capacidade de liderar, um jovem de uma sensibilidade rara. Esse jovem se propôs a nos ajudar.

            Quem sabe a Virgem de Nazaré não o tenha encaminhado! Quem sabe, depois de tanto pedido que fiz a ela! Quem sabe, Senador Paim. Pode ser até um milagre, Senador. E esse jovem está conduzindo as negociações, representando o Governo de forma muito, mas muito diferente do Ministro. Esse, sim, além de capaz é sensível. Além de capaz, este, sim, é sensível. Conversamos em junho. Aposentados, nós estamos atentos. Pode ter crise, pode não ter, estamos sempre atentos às questões de vocês. Esta próxima semana talvez seja uma das mais importantes de toda esta luta. Sentaremos mais uma vez na terça-feira. Senador Paulo Paim, Senador Mário Couto, as associações, a Cobap. Não sentaremos sem a Cobap. A Cobap tem sido a parceira número um. A Cobap tem sido fundamental. A Cobap tem sido organizada. A Cobap tem sido lutadora nesta questão. Iremos vencer. E não pensem - sem ameaça - que, se nós não chegarmos a um acordo, nós iremos desistir da questão. Jamais. Nós jamais desistiremos.

            Se há uma tristeza que sinto profundamente no meu coração, é a crise por que passa este Senado. Mas, se tem uma alegria no meu coração hoje, é saber que estamos perto, muito perto de uma solução para os aposentados deste País, porque consagraria, sinceramente, todos os meus dois anos e meio de trabalho nesta Casa. Eu poderia olhar para o céu e agradecer a Deus. 

            Isto é mais importante para mim do que qualquer projeto que eu tenha feito nesta Casa. Isto é mais importante para mim do que todas as viagens que fiz para o Estado do Pará. Isto é mais importante para mim do que toda a minha história de vida pública: nós resolvermos a questão dos aposentados deste País, nós acabarmos com o sofrimento dos aposentados deste País. Isso é muito importante para a minha vida pública, Senador Paulo Paim.

            Iremos a mais uma reunião. Estaremos lá com as associações, e são elas, aposentados, não sou eu nem o Senador Paulo Paim, que irão concordar com a proposta. Estaremos lá, concordando com o que as associações concordarem. Nós vamos fazer aquilo que a representação dos aposentados neste País concordarem e desejarem. Nós estamos lá apenas fazendo a nossa obrigação como Senador da República. Lutar por vocês, representá-los a cada momento, não deixar que sejam humilhados; essa é a nossa obrigação primeira.

            Não quero tomar muito tempo, Senador Paulo Paim.

            Vejo Pedro Simon, vejo Mozarildo Cavalcanti, vejo Wellington Salgado esperando a vez para subirem a esta tribuna, por isso, não quero me alongar. Subi hoje, aqui, apenas para falar aos aposentados do meu País, apenas para dizer a vocês da nossa luta, apenas para dizer que, para nós, não há crise; para nós, há uma luta, e não poderemos deixar um minuto de estar atentos a ela, em consideração e respeito a todos vocês.

            Na terça-feira ou na quarta-feira, estaremos aqui, nesta tribuna, dizendo a vocês o que foi proposto, o que foi acordado, mas posso dizer que nunca estive tão otimista como estou agora, que nunca estive acreditando tanto no lado do Governo como estou acreditando neste rapaz, Líder do Governo na Câmara, neste Líder Fontana. Nunca estive acreditando tanto que o Presidente Lula, até que enfim, parece que acordou e começou a perceber que ele estava fazendo uma baita de uma maldade aos aposentados deste País. Maldade, ponha maldade nisto! E estamos fazendo isso, Presidente, para o seu próprio bem. Presidente, V. Exª, Presidente, está muito mal à vista dos aposentados deste País.

            Se V. Exª conseguir amenizar o sofrimento dessa classe social, V. Exª agradeça ao Senador Paulo Paim. Mande uma carta de agradecimento ao Senador Paulo Paim, do vosso partido, que luta por uma causa justa, que luta por V. Exª, pelo prestígio de V. Exª junto aos aposentados deste País, Presidente Luiz Inácio. Esse homem tem de ser louvado. Esse homem tem de ser, pelo Governo, agradecido. Os aposentados votam. O voto é o mesmo, igualzinho, igualzinho a todos os outros votos de todos os eleitores do País, Presidente Lula! O voto do aposentado, Presidente, é igual àquele voto do cidadão que recebe o Bolsa Família, Presidente. Não tem diferença nenhuma, Presidente Lula! Nenhuma! Mas V. Exª, terça-feira, vai dar o sim a essa causa tão justa.

            Desço desta tribuna, Senador Paim, mais uma vez, parabenizando sua postura. Tenho certeza de que o partido de V. Exª reconhece que V. Exª está certo. Tenho certeza de que o Presidente da República reconhece. Tenho certeza de que nós haveremos, nessa semana, de subir a esta tribuna para agradecer. Eu virei agradecer. Eu virei. Com toda a humildade, eu virei agradecer se isso acontecer.

            Eu tenho certeza de que o Presidente Lula irá dizer aos aposentados do Brasil: “Olhem, demorei, esqueci vocês por algum tempo, mas aqui estou, corrigindo o meu erro, aqui estou, corrigindo o meu defeito, aqui estou, corrigindo aquilo que fiz por vocês, que foi a maldade. Não vou mais fazer”. E vai dar exatamente aquilo que V. Exª está pedindo a todos eles.

            Muito obrigado, Senador.


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