Fala da Presidência durante a 121ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Apoio ao Presidente do Senado e confiança na atuação da atual Mesa Diretora.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
SENADO.:
  • Apoio ao Presidente do Senado e confiança na atuação da atual Mesa Diretora.
Publicação
Publicação no DSF de 18/07/2009 - Página 33403
Assunto
Outros > SENADO.
Indexação
  • QUALIDADE, SECRETARIO, MESA DIRETORA, ANALISE, DIFICULDADE, CRISE, SENADO, CONFIANÇA, SOLUÇÃO, ERRO, BENEFICIO, DEMOCRACIA, COMENTARIO, PROCESSO, ELEIÇÃO, CONVOCAÇÃO, JOSE SARNEY, SENADOR, ACEITAÇÃO, CANDIDATURA, ELOGIO, VIDA PUBLICA, DISPOSIÇÃO, SERVIÇO, PAIS.
  • ANUNCIO, PLANO, FAMILIA, ORADOR, PERIODO, RECESSO, VISITA, MEMORIAL, JOSE SARNEY, SENADOR, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Presidente Sarney, cabe-me, neste instante, representar a Mesa Diretora do Senado. Então, quero trazer ao Presidente Sarney a confiança total dos que dirigimos o Senado da República.

            Este é um Colegiado. Somos cientes e conscientes de que atravessamos um momento difícil, mas somos conscientes do que a história nos ensina, nós que acreditamos em Deus, nós brasileiros que somos cristãos. O próprio Colégio de Cristo, a Igreja de Cristo, sofreu muitos tumultos em épocas difíceis. Senador Roberto Cavalcanti, um dos cristãos buscou 95 desvios de conduta da Igreja de Cristo, do Colégio de Cristo. Lutero colocou 95 erros de conduta, de ética da Igreja de Cristo. E a Igreja não acabou. Houve uma reforma. Era necessário. Abriram-se outros caminhos que nos levaram aos céus e a Deus.

            A mesma coisa é o Senado da República. Somos conscientes de que estamos diante de alguns erros e de que nós saberemos buscar novos caminhos e fortalecer a instituição da democracia, cujo símbolo maior é o Senado da República.

            E, Presidente Sarney, eu estou representando a Mesa aqui, que tem um dos mais ilustres membros do PSDB, aquele que se dedica e se debruça a bem dirigir o Senado, Marconi Perillo. O PT também está presente na Mesa: o Partido dos Trabalhadores indicou uma das melhores inteligências, a professora Serys Slhessarenko. O Presidente Sarney, na sua sabedoria, poderia ter ganho todos os cargos. Ele foi majoritário, mas buscou dividir o poder com uma tradição de respeito à proporcionalidade. E o DEM está bem representado, como o próprio Presidente Sarney, nas suas palavras, manifestou o agradecimento à obstinação do Senador Heráclito Fortes. O PTB está representado por um jovem empresário, e tive o privilégio de tê-lo como Secretário de Indústria e Comércio; é um jovem, e nunca vi ter tanto zelo pela coisa pública, o João Vicente.

            Eu estou aqui. Eu quero dizer e repito: esta chapa aqui foi garantida por mim e pelo Geraldo Mesquita, que está aí. Isso é normal num pleito democrático, principalmente no Senado da República, que é o ápice da democracia, a Casa da sabedoria, a Casa, que fez até os reis da Inglaterra estarem conscientes de que o parlamento tinha que estar acima deles, onde nasceu essa democracia parlamentar.

            Então, nós, eu e Geraldo Mesquita, fomos nós dois mesmos, vamos assumir. É cada um pelas suas intenções e ideologias. Fomos aos nossos partidos, inspirados em Rui Barbosa, que disse: “O homem que não luta pelos seus direitos não merece viver.” Então, o PMDB, majoritariamente, tinha direito de escolher. E nós todos, nós todos - eu coloquei cinco nomes, o primeiro foi o Presidente Sarney -, nós todos, todos imploramos para ele aceitar. Olha, foi difícil. Não foi fácil não. Tinha cinco nomes enquadrados na fila. O primeiro era o Presidente, e ele resistiu muito. Ele não quis. Ele citou Sêneca aqui: “Para enfrentar as injustiças, eu aprendi: o silêncio, a paciência e o tempo”. Mas V. Exª é obediente a Sêneca quando ele disse: “Quem não sabe a que porto vai ventos nenhum o ajudarão”.

            V. Exª sabe o seu porto. O seu porto é o da democracia, essa construção maior da civilização. V. Exª aceitou porque tem a certeza.

            O PDT buscou o seu melhor nome, a Patrícia Saboya. Agora mesmo, essa mulher lutadora, essa mulher que se dedica aos menos favorecidos, ao menor - e os suplentes... -, entrou de licença agora. Nós vamos perder de ver o encanto da Patrícia. Mas entra na Mesa Diretora César Borges, do PR, homem que foi extraordinário Governador da Bahia, discípulo de Antonio Carlos Magalhães. E, ainda, os outros companheiros, o Adelmir Santana, que é suplente, que a toda hora está obstinadamente acompanhando os nossos trabalhos com a sua experiência administrativa. É líder empresarial, presidente nacional do Sebrae, além de líder político, conhecido no mundo todo. Eu o acompanhei à OIT, em Genebra, e vi o conceito. Cícero Lucena, extraordinário Prefeito de João Pessoa, Vice-Governador, extraordinário Ministro de Integração; e Gerson Camata, esse patrimônio da política do meu Partido.

            Então, nós, Presidente Sarney, estamos remando. E é como o poeta diz: “Navegar é preciso; viver não é preciso”. Navegar era o máximo de inteligência, de coragem, de bravura e de sonho. V. Exª navegou bem. V. Exª é como aquela música Travessia. Eu sei que Moisés atravessou o mar Vermelho; eu sei que Josué, para entrar lá em Canaã, atravessou o Jordão. Mas V. Exª fez a mais difícil travessia da história política do País: tirar-nos das trevas da ditadura para a liberdade democrática. Não foi fácil.

            Então, estamos confiantes, principalmente eu, que o conheço há mais de 50 anos. Sou do vizinho Estado. Ali, passava as férias com as minhas avós, no Alecrim, 380. Então, eu conheço. Professor de Direito das minhas primas, um homem de coragem - lutou contra Assis Chateaubriand. Tem carnaval fora de época, eu tive uma eleição fora de época, contra o mais poderoso homem da imprensa e da história. E o Sarney estava combatendo. Nós o vimos no período Vargas, com Carlos Lacerda, na banda de música dos parlamentares. Sarney, eu vi a sua bravura, e eu sabia. No PDS, quando V. Exª era Presidente, quiseram tumultuar, mudar. V. Exª queria aproximar o Partido ao povo. Não foi permitido, mas V. Exª resistiu, e foi até o fim. E foi buscado pela inteligência, pela destinação de Tancredo; o senhor já estava onde queria estar, sonhando com a literatura e os intelectuais. E o Tancredo o buscou, numa inspiração divina. Imolou-se pela democracia, Deus o chamou, e Sarney ficou, e nós estamos nesta liberdade democrática. Doze mil greves enfrentadas sem nenhuma truculência, sem nenhuma morte, sem nenhuma violência. Não seria aqui.

            Presidente Sarney, eu sei que V. Exª é poeta, e existe aquele poeta que disse: “Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá; as aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá”. Mas ele foi mais feliz, Presidente Sarney! Hoje você vive a inspiração máxima do poeta da Canção do Tamoio, que diz:

Não chores, que a vida

É luta renhida:

Viver é lutar.

A vida é combate,

Que os fracos abate,

Que os fortes, os bravos

Só pode exaltar.

            V. Exª é aquele forte e bravo que saberá como, até este instante, ser a luz do Senado da República do Brasil.

            Eu sou muito orgulhoso de estar aqui. E quero lhe dizer o seguinte: li daqui a carta do outro estadista que o País tem, Fernando Henrique Cardoso. Eu li a carta que ele fez a V. Exª, em solidariedade e respeito ao Memorial José Sarney. Eu quero dizer que eu o visitei, com o meu irmão Paulo. E agora, quando eu for daqui para o recesso, lá para minha Parnaíba, que ama o senhor - o senhor é cidadão de Parnaíba por lei municipal, que outorguei como Prefeito, e o Vereador Candinho entregou -, vou dizer agora para o meu filho, Francisco Júnior - viu, Sarney? -, que eu estou indo para o recesso, que ele prepare uma van, um carro, porque eu quero levar todos os meus sete netos para visitar o Memorial Sarney. Eu quero levar agora, no recesso, os meus netos para ensiná-los civismo, patriotismo e grandeza no museu de V. Exª, que recorda toda a democracia do Brasil na vida do senhor e na vida de Padre Antonio Vieira, que nos encaminha ao céu.

            Continue. Estamos aqui representando a Mesa Diretora, que confia e acredita em V. Exª.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/07/2009 - Página 33403